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quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Live in this world...






 
 
"O homem é o animal mais cruel para consigo; e sempre que ouvirdes alguém chamar-se "pecador" ou "penitente", ou falar da "sua cruz", não vos esqueçais de ouvir a voluptuosidade que respiram essas queixas e essas acusações."

 
 
 
 
 
 
Live
in this
world...
 
 
 
 
 
 
 
 
"A sociedade humana é uma tentativa: eis o que eu ensino: uma longa investigação; mas procura o que mando.
 
Uma tentativa, meus irmãos, e não um "contrato". Rompei com tais palavras dos corações covardes e dos amigos de composições!"
 
 
 
 
  Friedrich Nietzsche
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"What is very important is to ask ourselves these fundamental questions, and to be utterly responsible in finding not only the answer, but, in the very answering of these questions, to act.
 
 
Because with us action is not part of the question and its answer. Surely in the fact of asking these fundamental questions and in discovering the answers for ourselves, that very discovery must be expressed in action.
 
 
The questioning, the answering and the action are simultaneous and not separate.
 
 
Because when they are separate then everything is broken up into departments, categories; and out of that division arise prejudices, conflicts, opinions and judgments.
 
 
 
Whereas, it seems to me, if we could really ask, in the very asking we would discover the understanding of question and action; they are not separate.
 
 
 
And during these talks, I hope we shall be able not only to ask ourselves these questions but also to understand them, not intellectually or verbally, but with our hearts and with our minds. In this process of understanding, action takes place."
 
 
 
 
 
 
 





"It is definitely possible to bring about a totally new mind. But there are certain indications, certain necessary characteristics which do bring about that quality of newness.
 
 
They are affection or love and integrity. Most of us do not know what it means to be affectionate.
 
 
To us, it is a word which we casually use without much significance. Love is of course something very carefully guarded, something with which we are not so familiar, though we use the word so glibly, so facilely - love of the country, love of truth, love of life and many many loves that we talk about; and I do not think it has anything to do with this.
 
 
The ingredient - if I may use that word which is absolutely necessary is the quality of affection and integrity.
 
 
I don't mean by integrity any form of pattern of belief, nor do I mean it as integrity according to the experience through which one has to live; but I mean that integrity that comes about when you begin to observe every movement of your own thought and when no thought is hidden.
 
 
You do not wear a mask, you do not any longer pretend to be something other than what you actually are; and therefore there is no discipline, no fancy, no worship; and out of that comes the external sense of integrity I mean that kind of integrity, not the man who has belief and lives according to that belief, not the man who is sincere but with certain ideals, not the man who follows a certain discipline or tries to bring about an integration emotionally or intellectually.
 
Such efforts do not bring out integrity.
 
 
On the contrary, they increase conflict, misery. Whereas the integrity that we are talking about is the quality of seeing the fact every minute, not trying to translate the fact in terms of pleasure and pain, but letting the fact flower without choice, without opinion - out of which seeing comes integrity which is never altered. Now these two, affection and integrity, are necessary."



 
  Jiddu Krishnamurti






 
 
 









 
 
 
 

 
 
 
 
“A posse é para o meu pensar uma lagoa absurda — muito grande, muito escura, muito pouco profunda. Parece funda a água porque é falsa de suja.
 
A morte? Mas a morte está dentro da vida. Morro totalmente? Não sei da vida. Sobrevivo-me? Continuo a viver.
 
O sonho? Mas o sonho está dentro da vida. Vivemos o sonho? Vivemos.
Sonhamo-lo apenas? Morremos. E a morte está dentro da vida.
 
Como a nossa sombra a vida persegue-nos. -E só não há sombra quando tudo é sombra.
A vida só nos não persegue quando nos entregamos a ela.
 
O que há de mais doloroso no sonho é não existir. Realmente, não se pode sonhar.
 
O que é possuir? Nós não o sabemos. Como querer então poder possuir qualquer coisa?
 
Direis que não sabemos o que é a vida, e vivemos... Mas nós vivemos realmente?
Viver sem saber o que é a vida será viver?”
 
 
 
 
Fernando Pessoa
 
 
 
 










































 
 
 
“Is it not possible to live in this world without ambition, just being what you are?
 
 
If you begin to understand what you are without trying to change it, then what you are undergoes a transformation.
 
 
I think one can live in this world anonymously, completely unknown, without being famous, ambitious, cruel.
 
 
One can live very happily when no importance is given to the self; and this also is part of right education.
 
 
The whole world is worshipping success. You hear stories of how the poor boy studied at night and eventually became a judge, or how he began by selling newspapers and ended up a multi-millionaire.
 
 
You are fed on the glorification of success.
 
 
With achievement of great success there is also great sorrow; but most of us are caught up in the desire to achieve, and success is much more importante to us than the understanding and dissolution of sorrow.”

 
 
 Jiddu Krishnamurti
"The book of life"
 
















 











 t.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

sábado, 15 de abril de 2017

Free of fear...






Free  of fear?



"Man finds nothing so intolerable as to be in a state of complete rest, without passions, without occupation, without diversion, without effort.
 
Then he feels his nullity, loneliness, inadequacy, dependence, helplessness, emptiness.”

 
Blaise Pascal









"Os efeitos do medo e as suas acções, que se baseiam na memória, são destrutivos, contraditórios e paralisantes. Percebem isso?
 
Não apenas as palavras, mas de facto?
 
Percebem que, quando estão com medo, ficam em completo isolamento e que qualquer acção que ocorra a partir desse isolamento será fragmentária e, por conseguinte, contraditória? Assim, há luta, dor e tudo o mais.
 
Por outro lado, a acção nascida da percepção do medo sem as respostas da memória é uma acção completa. Tentem isso! Façam isso!
 
Fiquem atentos quando estiverem a voltar para casa, sozinhos: os seus antigos medos ressurgirão. Observem, então, verifiquem se esses medos são medos actuais ou medos projectados pelo pensamento a partir da memória.
 
À medida que o medo aparece, verifiquem se observa a partir da resposta do pensamento ou se está simplesmente a observar.
 
Estamos a falar da acção, porque vida é acção. Não estamos a dizer que só uma parte da vida é acção.
 
A vida como um todo é acção, e essa acção está rompida; quebrar a acção é o processo da memória, com os seus pensamentos, com o isolamento. Isso ficou claro?
 
...
 
Senhor, quando faz uma pergunta dessas, é preciso investigar a questão da memória.
É preciso ter memória, quanto mais clara e mais definida ela for, melhor. Se vai funcionar em termos tecnológicos, ou mesmo se quer ir para casa, é preciso ter memória.
 
Mas o pensamento como resposta da memória, e a projecção do medo a partir dessa memória, é uma acção bastante diferente.
 
Mas, o que é o medo? O que acontece que faz surgir o medo? Como surgem esses medos? Podem, por favor, me dizer?
 
...
 
Ou seja, a mente está presa a alguma lembrança. `Quando eu era jovem, como tudo era maravilhoso!´
 
Ou, então, estou-me a apegar a alguma coisa que poderia acontecer; então, eu cultivei uma crença que irá me proteger.
 
Eu estou preso à memória, estou preso a uma peça da mobília, estou preso ao que estou a escrever porque através disso ficarei famoso.
 
Estou preso ao nome, à família, à casa, a várias lembranças, e assim por diante. Eu me identifiquei com tudo isso. Por que acontece esse apego?
 
...
 
Não, senhor; por quê o apego?
O que significa a palavra apego?
 
Eu dependo de algo. Eu dependo de que todos prestem atenção, para poder vos falar; eu estou a depender e, portanto, estou ligado a vocês, porque através dessa ligação obtenho certa energia, certo élan, e todo o resto dessas idiotices!
 
Então eu estou apegado, e isso significa o quê?
 
Eu dependo de vocês, eu dependo dos móveis. Estou apegado à mobília, à crença, ao livro, à família, à mulher, eu sou dependente daquilo que me dá bem-estar, prestígio, posição social.
 
Assim, a dependência é uma forma de apego. Mas por que eu dependo?
 
Não me respondam, examinem isso em vocês mesmos. Dependemos de algo, não é verdade?
 
Do seu país, dos deuses, da crenças, das drogas que toma, da bebida!
 
...
 
Será que é o condicionamento social que faz depender?
 
Isto é: somos parte da sociedade; a sociedade não é independente de nós. 
 
Fizémos a sociedade, que é corrupta; nós a construímos.
E ficámos aprisionado nessa jaula, somos parte dela.
Então, não culpe a sociedade. Percebe as implicações dessa dependência? Do que se trata? Por que depende?
 
...
 
Espere, ouça com atenção. Eu dependo de algo porque esse algo preenche o meu vazio: Eu dependo do conhecimento, dos livros; porque isso recobre o meu vazio, a minha superficialidade, à minha estupidez; assim, o conhecimento adquire uma importância extraordinária.
 
Falo da beleza dos quadros porque eu mesmo dependo disso.
A dependência, portanto, indica o meu vazio, a minha solidão, a minha insuficiência, e isso me toma dependente de você. Isso é um facto, não é verdade?
 
Não vamos teorizar, não vamos discutir isso; é assim. Se eu não fosse vazio, se eu não fosse insuficiente, não me importaria com o que você iria dizer ou não.
Eu não dependeria de nada.
 
Porque sou vazio e solitário, eu não sei como proceder com a minha vida.
 
Escrevo um livro tolo e isso satisfaz à minha vaidade. Então eu dependo, o que significa que tenho medo da solidão; tenho medo desse meu vazio. Dessa forma, eu o preencho com objectos materiais, ou com ideias, ou com pessoas.
 
Não estarão com medo de pôr a descoberto a própria solidão?
Já desnudaram a solidão, a insuficiência, o vazio que sentem? Isso está a ocorrer agora, não é mesmo?
 
Portanto, têm medo desse vazio, agora. O que irão fazer? O que está a acontecer?
 
 

 
 
Antes, estavam apegados a pessoas, a ideias, a tudo, enfim; e percebem que essa dependência recobre o seu vazio, a sua superficialidade.
 
Ao perceber isso, libertam-se, não é verdade? Agora, qual é a resposta? Será esse medo a resposta da memória? Ou esse medo é real, e o vê?
 
... 
 
Assisti a um desenho animado ontem pela manhã. Um garoto diz a outro garoto: `Quando eu crescer, serei um grande profeta; falarei de verdades profundas, mas ninguém irá me ouvir.´
 
E o outro garoto responde: `Então, para que vai falar, se ninguém vai escutar?´ `Ah´, respondeu o primeiro, `nós, os profetas, somos muito obstinados.´ (Risos)
 
Bem, agora revelou o seu medo através do apego, que é dependência. Ao examinar isso vê o seu vazio, a sua superficialidade, a sua insignificância e sente medo. O que acontece, então?
Os senhores percebem isso?
 
...
 
Tenta fugir através do apego, através da dependência. Portanto, recai no velho padrão. Mas, se perceber que, na verdade, esse apego e essa dependência recobrem o seu vazio, não fugirá, certo?
 
Se não perceber esse facto, estará condenado a fugir. Tentará preencher o vazio de outras maneiras.
 
Antes o preenchia com drogas, agora o preenche com sexo ou com alguma outra coisa. Então, ao perceber esse facto, o que acontece?
 
Continuem, senhores, desenvolvam esse raciocínio!
 
Eu vivi apegado à minha casa, à minha mulher, aos meus escritos, a ficar famoso; eu percebo que o medo aparece porque eu não sei como proceder com o meu vazio; portanto, eu dependo; portanto, eu me apego.
 
O que faço quando sou tomado por esse sentimento de enorme vazio interior?
 
...
 
É o medo. Eu descubro que estou com medo; por conseguinte, apego-me. Será esse medo a resposta da memória ou será ele a descoberta real?
 
Descobrir é algo bem diferente de uma resposta do passado.
Mas qual delas ocorre connosco?
 
Será a verdadeira descoberta?
Ou será a resposta do passado?
Não me respondam. Descubram, escavem bem fundo em vocês mesmos."



Jiddu Krishnamurti
"Sobre o medo"



















"E eu, verdadeiramente eu, sou o centro que não há nisto senão por uma geometria do abismo; sou o nada em torno do qual este movimento gira, só para que gire, sem que esse centro exista senão porque todo o círculo o tem.
 
Eu, verdadeiramente eu, sou o poço sem muros, mas com a viscosidade dos muros, o centro de tudo com o nada à roda."


Fernando Pessoa
"O livro do desassossego"









 "Is it possible for the mind to empty itself totally of fear?
 
Fear of any kind breeds illusion; it makes the mind dull, shallow.
 
Where there is fear there is obviously no freedom, and without freedom there is no love at all.
 
And most of us have some form of fear; fear of darkness, fear of public opinion, fear of snakes, fear of physical pain, fear of old age, fear of death. We have literally dozens of fears.
 
And is it possible to be completely free of fear?

We can see what fear does to each one of us. It makes one tell lies; it corrupts one in various ways; it makes the mind empty, shallow.
 
There are dark corners in the mind which can never be investigated and exposed as long as one is afraid.
 
 
 
 
 
Physical self-protection, the instinctive urge to keep away from the venomous snake, to draw back from the precipice, to avoid falling under the tramcar, and so on, is sane, normal, healthy.
 
But I am asking about the psychological self-protectiveness which makes one afraid of disease, of death, of an enemy. When we seek fulfillment in any form, whether through painting, through music, through relationship, or what you will, there is always fear.
 
So, what is important is to be aware of this whole process of oneself, to observe, to learn about it, and not ask how to get rid of fear. When you merely want to get rid of fear, you will find ways and means of escaping from it, and so there can never be freedom from fear."


Jiddu Krishnamurti
"The book of life"









t.