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domingo, 29 de maio de 2011

A Justiça e a Economia


 A melhor forma de fugir às responsabilidades é atribuía-las aos outros. A culpa em Portugal ou morre solteira ou é dos outros… não importa de quem conquanto que não seja nossa.

E esta postura perante a responsabilidade é tanto individual como colectiva: a culpa do estado a que chegou a economia portuguesa é dos outros, do exterior, da Europa… e internamente é de todos menos dos responsáveis e dos agentes económicos.

Um dos principais responsáveis, dizem, é o sistema judicial e são os Tribunais. Por isso é que as grandes empresas não investem ou se retiram de Portugal e vão para países da Ásia ou mesmo da África porque neles os sistemas judiciais merecem inteira confiança já que dispõem de uma Justiça de “topo de gama” em áreas como a laboral e comercial e a do respeito pelos direitos humanos.

O escopo da economia, hoje mais do que nunca, é o lucro e não a Justiça.

Para que a confiança na Justiça regresse a Portugal e o ponha ao nível dos países para onde as multinacionais se transferem, a dita “troika” opinou (por encomenda?) sobre necessárias reformas da justiça, de forma irrealista e desajustada, ouvindo vários “profetas do direito” menos o órgão que deve ser o garante da independência e da eficácia do poder judicial: o Conselho Superior da Magistratura.


Orlando Afonso | Correio da Manhã | 28.05.2011

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Linhas orientadoras para o sector da justiça após acordo com o FMI, BCE e CE


Linhas orientadoras para o sector da justiça após acordo com o FMI, BCE e CE


No quadro do programa de auxílio financeiro à República Portuguesa assegurado pelo Banco Central Europeu, a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional foram assumidos, na área da justiça, compromissos que exigem a adopção imediata de medidas preparatórias que viabilizem o cumprimento dos exigentes prazos acordados.

Com tal objectivo o Ministro da Justiça, definiu, em três despachos (que se enviam em anexo), as linhas orientadoras e as medidas a adoptar pelas diversas entidades do MJ com competência para ultimar os instrumentos necessários.

• Agilização da implementação da reforma do mapa judiciário, com a criação de 39 comarcas, com apoio de gestão acrescido e com novos métodos de gestão: promove-se, assim, a racionalização e a eficiência da gestão das infra-estruturas e serviços públicos;

• Realização, até ao final do mês de Junho, de um levantamento e análise de processos pendentes em atraso no âmbito das execuções cíveis, processos de insolvência, processos de natureza laboral e processos tributários;

• Adopção imediata de medidas preparatórias que viabilizem o cumprimento dos exigentes prazos acordados.

PORTAL DA JUSTIÇA
Gabinete de Imprensa do Ministério da Justiça
25-05-2011


                                                            Um pouco de História:


OS PRINCÍPIOS EM TEMPO DE CRISE Por Dr. Jorge de Almeida Esteves Juiz de Direito

Os princípios em tempo de 
crise  

Jorge de Almeida Esteves - «Vejo muita gente a clamar por reformas da justiça que mais não visam do que cavar a sepultura da independência dos tribunais, e muitos fazem-no com a melhor das intenções, deixando-se levar por um discurso eufemístico e em tudo semelhante a cantos de sereia. O que muitas dessas pessoas ainda não perceberam é que, quando a tarefa ficar concluída, os primeiros a cair nela vão ser elas próprias, pois nessa altura já não terão juízes independentes para defender os seus direitos, porque é para isso mesmo que a independência existe».


OS PRINCÍPIOS EM TEMPO DE CRISE
Por Dr. Jorge de Almeida Esteves
Juiz de Direito


A palavra crise desde há muito que faz parte do léxico dos portugueses e tornou-se hoje em dia algo que é praticamente dominante. Mas importa apurar de que crise ou crises estamos a falar.

Temos a crise da justiça, de que já há muito se fala, sendo especialmente referida como uma crise de eficácia, de excessiva morosidade. Já D. Pedro I se preocupava com os atrasos na justiça e também Filipe I, II de Espanha, começou a governar Portugal, uma das primeiras coisas de que se apercebeu foi de que a justiça funcionava mal, tendo nomeado uma comissão para reformar a justiça, da qual saiu, em 1591, a Ley da Reformaçom da Justiça (pela qual foi criado este Tribunal da Relação). A sempre falada crise da justiça já vem de longa data, mas agora tornou-se, também ela, mais premente com o completo fracasso das reformas da acção executiva.

Depois temos a crise económico-financeira que estalou em 2008 com a falência de um dos mais importantes bancos de investimento americano, o Lehman Brothers, e que arrastou para a bancarrota, por decorrência directa, países como a Islândia e a Irlanda.

Depois temos a crise económica portuguesa que, pelo que tem vindo a lume, não tem em grande parte que ver com a crise económico-financeira de 2008. Todos os especialistas que analisaram e comentaram a situação económica do país são unânimes em considerar que essa situação económica é essencialmente imputável ao excessivo despesismo com gastos supérfluos, a má gestão, às derrapagens económico-financeiras das grandes obras públicas, às parcerias público-privadas, a graves erros políticos relativos à não adopção atempada das medidas necessárias para correcção do deficit. Mais do que à crise económica internacional, a situação económica do país é imputável à actuação dos órgãos políticos.

Estas crises têm a ver com os princípios relativos ao Poder Judicial?

Alguma parte das crises é imputável a esses princípios?

Os princípios impedem que as crises se resolvam?

Vejamos alguns dos princípios que constam da Magna Carta dos Juízes aprovada em 2010 pelo Conselho Consultivo de Juízes do Conselho da Europa:

1- O poder judicial constitui um dos três poderes do Estado democrático. A sua missão é garantir a existência de um estado de direito e assegurar a boa aplicação do direito de uma forma imparcial, justa, equitativa e eficaz.

2- A independência e a imparcialidade são duas condições prévias indispensáveis ao bom funcionamento da justiça

3- A independência do juiz deve ser estatutária, funcional e financeira

4- O Estado deve assegurar os meios humanos, materiais e financeiros necessários ao bom funcionamento da justiça. O juiz deve beneficiar de uma remuneração e de um sistema de reforma apropriados e garantidos por lei que o salvaguarde de toda e qualquer influência indevida.

5- O poder judicial deve participar em todas as decisões que afectem o exercício das funções judiciárias (organização judiciária, leis de processo).

Quando Silvio Berlusconi ataca os juízes e pretende alterar as leis que limitam a sua competência, tendo especialmente em vista a sua concreta situação processual, está a tentar resolver alguma das crises acima referidas?

Quando o presidente do Equador, Rafael Correa, leva a efeito um referendo com vista a reformar o sistema de justiça, em que uma das alterações é o poder de nomear 3 dos 5 membros que compõem a comissão que nomeia os juízes para o Supremo Tribunal, está a tentar debelar alguma crise?

Quando, nos Estados Unidos, são defendidas propostas no sentido de os juízes federais passarem também a ser eleitos e poderem ser objecto de pedidos de "impeachment" por causa das decisões que proferem, como forma de os pressionar a não decidirem contra certos interesses instalados, e ainda de o Congresso poder anular por maioria decisões do Supremo Tribunal, têm em vista enfrentar alguma das crises?

Os juízes existem desde que o Homem começou a viver organizado em sociedade. O conflito é algo de natural na sociedade e é necessário que existam juízes para os resolver. Uma sociedade que se organizasse sem juízes e, naturalmente, sem tribunais, seria uma sociedade condenada a regressar aos tempos da justiça privada, em que os mais fortes imporiam a sua vontade a toda a sociedade. Os tribunais são o último reduto dos mais fracos. Os fortes não necessitam dela pois têm a força para impor a sua vontade.

Inicialmente a administração da justiça era algo que incumbia ao Rei, que, por isso, nomeava os juízes. Os juízes eram, assim, totalmente dependentes do Rei, o que era o mesmo que dizer que eram dependentes do poder político. Ora, o princípio da separação de poderes, por um lado, e o princípio da independência dos tribunais, por outro lado, tiveram a sua génese exactamente na limitação do poder do Rei. Este, inicialmente, concentrava em si todo o poder. Para o limitar, separaram-se os poderes do Estado e a cada poder passou a corresponder um órgão próprio: o poder executivo cabia ao Rei e ao seu Governo, o legislativo à Assembleia eleita pelo povo e o poder judicial aos Tribunais. Mas a separação de poderes não basta para limitar o poder do Rei. Era também necessário que os poderes do Estado fossem independentes uns dos outros, não só para poderem exercer as suas funções, mas também para exercerem um controle recíproco sobre os outros poderes do Estado. Ora, a função jurisdicional do Estado, sendo aquela à qual incumbia a resolução dos conflitos de interesses que surgissem na sociedade, assim como a violação da legalidade, sendo por isso o principal baluarte do Estado de Direito, era onde se fazia sentir com mais premência a necessidade de independência. Thomas Jefferson, na declaração de independência dos Estados Unidos, para defender que os Tribunais teriam que ser independentes dos restantes poderes do Estado, argumentou com o facto de o Rei Jorge III, ao nomear os juízes, fazia com que eles ficassem unicamente dependentes da sua vontade e por isso, se queriam continuar a exercer a sua função, não podiam, por receio, decidir contra a Coroa ou até mesmo contra o Parlamento. Daí que Thomas Jefferson considerasse a independência dos Tribunais como algo de essencial para a organização política de qualquer sociedade e essa independência manifestava-se acima de tudo na independência face ao poder político.

Sendo os juízes essenciais para a organização política de qualquer sociedade, é óbvio que certas alterações, como aquelas que acima exemplificativamente se referiram, pretendem apenas o regresso à situação em que os juízes eram dependentes da vontade do Rei, passando agora, numa versão mais moderna, a serem dependentes dos poderes político-sociais e económicos instalados.

O que incomoda a esses poderes é a existência de juízes que agem de forma independente, isenta, imparcial, e que o fazem em obediência à lei, que é igual para todos. O que interessaria aos poderes político-sociais e económicos instalados era que os juízes fossem, no que a eles respeita, inócuos, não incomodativos, tal qual como o eram no tempo do Rei.

A justiça e os juízes não estão acima de qualquer crítica. Não é isso que a independência significa. Pode-se e deve-se exercer o direito de crítica. Aliás, a justiça e a actividade dos juízes em particular, é a que está mais sujeita ao escrutínio externo, quer por via das partes, quer por via dos recursos, quer por via dos Conselhos Superiores, quer também por via da comunicação social. E a crítica é também importante para que o sistema funcione melhor, sugerindo-se práticas e alterações para essa melhoria.

Mas não podemos usar o argumento da maior eficiência da justiça, que é necessária sem dúvida, para mexer em aspectos fundamentais dos princípios que devem reger este poder do Estado.

Ajuda resolver a crise, seja a da justiça, seja a económica, a alteração das regras de acesso às Relações e ao Supremo Tribunal? Ou a exigência de mestrados e doutoramentos para o concurso aos tribunais especializados equiparados a círculo? Porque se desvaloriza e menospreza o juiz de carreira, criando um sistema em que será quase impossível a progressão? Porque se pretende alterar as regras de composição do CSM, passando este Conselho a ser composto maioritariamente por membros indicados pelo poder político? E, noutro âmbito, podemos colocar no mesmo plano as reduções salariais da função pública e as reduções salariais dos juízes? A independência económica dos juízes é ou não importante para garantir a sua independência?

Os princípios em nada influem com a crise. Antes pelo contrário. A crise resultou exactamente da falta de princípios, quer jurídicos, quer éticos, quer de justiça social. Temos de ter uma justiça eficaz, é certo, e isso é importante para sairmos da crise e todos nós estamos animados do espírito de dar o nosso contributo para uma justiça mais célere e mais eficaz. Mas se não tivermos uma justiça independente, para além de tal significar o fim do Estado de Direito, a sociedade estará desprotegida, nomeadamente contra a criminalidade que mais mina os fundamentos sócio-económicos do Estado e que é a corrupção e a lavagem de dinheiro.

Acresce que quanto aos princípios que regem o Poder Judicial, nomeadamente o da independência, nunca se ouviu quem quer que fosse clamar contra esse princípio, dizendo que ele está ultrapassado, que não responde às necessidades actuais da vida em sociedade, que deve ser alterado.

Muito antes pelo contrário, ouvimos sempre a proclamação da defesa da independência por parte dos responsáveis políticos. Mas depois a prática é a que se vê: criação de orgânicas judiciárias que prevêem a existência de hierarquias internas entre os juízes, reduções acentuadas do respectivo vencimento que colocam em risco a independência económica, desvalorização do juiz de carreira, controle do órgão de gestão e disciplina por parte do poder político. E falam destas medidas como se isso em nada afectasse a independência do poder judicial e até como forma de responder à crise da justiça e à crise económica.

Vejo muita gente a clamar por reformas da justiça que mais não visam do que cavar a sepultura da independência dos tribunais, e muitos fazem-no com a melhor das intenções, deixando-se levar por um discurso eufemístico e em tudo semelhante a cantos de sereia. O que muitas dessas pessoas ainda não perceberam é que, quando a tarefa ficar concluída, os primeiros a cair nela vão ser elas próprias, pois nessa altura já não terão juízes independentes para defender os seus direitos, porque é para isso mesmo que a independência existe.



Jorge de Almeida Esteves
Presidente do Fórum Permanente Justiça Independente

(Intervenção na Conferência realizada no Porto, em 20.05.2011 - justicaindependente.net)


Julgados de Paz. 
     - Confirmação de uma aposta.

Há uma proposta de modo a ampliar não apenas a sua rede, mas também o tipo de casos que podem resolver. Seja qual for a perspectiva que escolhamos para surpreender os Julgados de Paz, eles sempre se encontram seguros da sua missão de contribuir decisiva e especialmente para satisfação da Justiça.


Se principiarmos pela perspectiva histórica, encontramos o riquíssimo lastro desta instituição secular, com várias encarnações, desde os tempos da nossa Idade Média, mas com antecedentes mais antigos, até às manifestações oitocentistas e do século passado, até chegarmos à sua actual configuração. Em qualquer caso, sempre os Julgados de Paz se caracterizaram pela procura da pacificação comunitária, através de decisões sentidas e acolhidas pelas populações, provenientes de uma autoridade que é compreendida mais do que temida ou suportada.


Se enveredarmos pela Constituição, aí encontramos, no artigo 209.º, n.º 2, a consagração dos Julgados de Paz como verdadeiros tribunais, a par das demais jurisdições aí consagradas, comuns e administrativas. Os Julgados de Paz surgem, na nossa actual ordem constitucional, como tribunais muito particulares, quer quanto ao modelo institucional, quer quanto ao modelo processual.


Por um lado, o seu modelo institucional assenta numa parceria pública-pública, entre administração central e local, que, rompendo com slogans ultrapassados, que empurram para o Estado central todas e quaisquer responsabilidades, recupera a importante herança de administração da Justiça de proximidade.


Por outro lado, o modelo processual dos Julgados de Paz, regulado em lei própria, para além de uma flexibilidade que lhe permite assegurar decisões numa média de três meses, introduz no seu fluxo um momento optativo de mediação pública, onde as partes, antes de ficarem sujeitas à decisão do juiz de paz, podem procurar chegar a acordo entre si, com ajuda de um mediador.


Não surpreende, pois, que, a partir de uma última perspectiva, a do trio de representantes do FMI, UE e BCE, os Julgados de Paz sejam uma aposta ganha, para renovar. Com efeito, o Memorando de Entendimento devota o seu ponto 7.7. especificamente aos Julgados de Paz, indo ao encontro de uma iniciativa do Governo - a proposta de lei de revisão dos Julgados de Paz, de modo a ampliar não apenas a sua rede, mas também o tipo de casos que podem resolver. Este reconhecimento da importância dos Julgados de Paz não deve surpreender, por tudo o que fica dito. Deve apenas renovar a determinação com que devemos defender e desenvolver esta importante instituição de serviço público de Justiça. Director do GRAL - Gabinete para a Resolução Alternativa de Litígios (Ministério da Justiça).


Domingos Soares Farinho | Público | 25.05.2011

terça-feira, 10 de maio de 2011

Disparam gastos na segurança mas sem travar aumento do crime


A despesa do Estado com Segurança e Ordem Pública aumentou para mais do dobro em 15 anos. Mas o maior investimento não se traduziu numa diminuição dos crimes. Foram os Governos socialistas que mais aumentaram a despesa com a segurança e que admitiram mais polícias.


A despesa do Estado com segurança e ordem pública aumentou para mais do dobro nos últimos 15 anos. Em 1995, os gastos com as policias foram de 1278,4 milhões de euros e, em 2009, essa verba tinha disparado para 3185,7 milhões. De acordo os dados disponíveis em matéria de despesa pública, na base da Pordata, há 15 anos a segurança de cada português custava ao Estado 127 euros.
Agora, essa despesa aumentou para quase 300 euros por cidadão.
Mas, quando se cruza a linha de evolução desta despesa com a cur: va da criminalidade, segundo os valores publicados pela Direcção-Geral da Política de Justiça, concluiu-se que o maior investimento não se traduziu numa diminuição dos crimes e da insegurança. Pelo contrário. Neste mesmo período, o País registou um aumento de 30% de crimes, sendo que, nos últimos dez anos, os crimes contra o Estado foram os que mais cresceram (mais 72%).
Na verdade, a falta de eficiência, no sentido de produzir resultados com menos despesa, é mais notória nos Governos socialistas. António Guterres, que chega a S. Bento em 1995, parte de um orçamento para a segurança e ordem pública, deixado por Cavaco Silva, de 1278.4 milhões de euros. Mas, quando deixa a liderança do País, em 2002, tinha aumentado a despesa nesta rubrica em 85%. A criminalidade, no seu período de liderança (1995 a2002), teve a maior subida de sempre, mais 19%.
Com José Sócrates, o cenário é semelhante. Mais 22% de despesa com a segurança (passou de 2591.5 milhões, em 2005, para 3185,7 em 2009) e mais 7,4% de criminalidade registada no mesmo período. Nos anos de Governo PSD/CDS, juntando Durão Barroso e Santana Lopes, a despesa com as polícias também foi aumentada, mas menos (cresceu 9,4%). Em contrapartida, o investimento feito contribuiu, pelo menos, para estabilizar a criminalidade, com um ligeiro aumento de apenas 0,7%.
Idêntica lógica prevalece com as admissões de polícias (ver texto ao lado). Apesar de Portugal estar abaixo da média europeia em taxa de crime per capita -405 crimes por cada dez mil habitantes - posicionando-se em 18.° lugar na UE, o Estado entende que deve reforçar o efectivo policial. Principalmente os responsáveis socialistas.
Enquanto com Barroso/Santana houve menos 943 polícias contratados, contabilizando a Polícia Judiciária, a PSP, a GNR e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, com Sócrates, dados actualizados de 2010 apontam para quase 50 mil elementos nas forças e serviços de segurança. Mais 3096 polícias.
Mas, tal como com o investimento, o período em que se contratam mais polícias não corresponde a uma diminuição da criminalidade. Entre 2005 e 2010, os crimes subiram 7,4%.
Na opinião de Nelson Lourenço, catedrático da Universidade Nova, “as forças e serviços de segurança têm de conquistar a sua eficácia e eficiência, mas isso não acontece com o aumento do número de elementos, mas sim reforçando as capacidades tecnológicas e, obviamente, tirando os inúmeros polícias do exercício de funções civis”.
Do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), André Inácio nota que, “efectivamente, tem-se investido em equipamentos, nem sempre os mais adequados, atendendo a necessidades individuais de cada polícia, sem uma perspectiva global de racionalização de meios”. O inspector da PJ, em funções no Instituto Nacional de Aviação Civil, dá como exemplo o recente caso dos blindados para a PSP “para ‘concorrer’
Apostar em tecnologias e coordenação estudo O professor Nelson Lourenço, um dos autores de um estudo sobre a reforma do modelo de segurança interna, Nelson defende que a Lourenço despesa com a segurança deve ser canalizada para “dotar as polícias de mais tecnologia”. Este catedrático não vê o aumento de polícias como solução para melhorar a “eficiência e eficácia” do sistema. “Há muitos polícias a desempenhar funções civis, e o que é preciso é acabar com as redundâncias que existem no sistema, com duplicações de competências e demasiados actores. Deve haver ainda uma maior integração e coordenação entre os diversos actores”. Este investigador sublinha que há “muitas duplicações de competências, como na investigação criminal”. Em conclusão, Nelson Lourenço sustenta que “não é admitindo mais polícias que a eficiência do sistema melhora, mas sim dotando-o de mais tecnologias e mais ciência”.

Carências na investigação criminal
OSCOT - André Inácio, membro do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), atribui os fracos resultados à “falta de coordenação entre as diversas forças de segurança e órgãos de polícia criminal, ao parco investimento em formação de actualização, aliado a um sistema de justiça lento, descredibilizado, em que se esquece que um dos fins das penas deverá ser o de servir de elemento desincentivador à prática de ilícitos criminais”.
Por outro lado, “a criação de competências de investigação criminal nas polícias sem as dotar de formação adequada traduz-se em significativas carências no domínio processual penal e de estratégia de investigação criminal, que vão sendo supridas com as experiências no terreno, numa lógica de tentativa e erro que tem como consequência o arquivamento de muitos processos-crime”.
Estas são “algumas das razões que explicam que Portugal seja o quarto país da Europa com maior número de polícias e onde a população não se sente segura”.
Portugal é o quarto país com mais polícias ‘per capita’
As principais forças e serviços de segurança (PSP, GNR, PJ e SEF) tinham, em 2010, um efectivo de 49 943 elementos Portugal é o quatro país da União Europeia (UE) com o número mais elevado de polícias por habitante. Com uma taxa de quase 49 polícias por dez mil habitantes, Portugal fica muito acima da média europeia, que se situa nos 33,7 e só é ultrapassado por Chipre, Itália e Espanha.
Países com problemas muito maiores de segurança, como é o caso de Turquia, Grécia, Irlanda ou Reino Unido, têm muito menos polícias para a totalidade da população residente.
Apesar deste paradoxo, nos últimos anos, principalmente com os dois Governos de José Sócrates, a opção para responder ao aumento de criminalidade que se tem verificado tem sido o recrutamento de mais polícias. Mas a tendência de subida dos crimes que se vem verificando nos últimos 15 anos não foi travada.
Quando foi ministro da Administração Interna de Sócrates, António Costa constatou que este cenário era insustentável - cerca de 94% das despesas com as forças de segurança são com o pessoal - e propôs um conjunto de medidas para racionalizar recursos humanos e materiais, congelando as admissões.
Mas, quando saiu, a reforma ficou na gaveta. E, como presidente da Câmara de Lisboa, deixou de defender ideias que tinha apoiado antes, como a de encerrar metade das esquadras em Lisboa libertando mais de mil agentes da PSP para policiamento de proximidade.
O seu sucessor, Rui Pereira, lançou a mais repetida “palavra de ordem” do seu mandato: “Vamos admitir mais dois mil elementos, mil para a PSP, mil para a GNR!” Contas feitas, conseguiu fazê-lo na PSP, mas fracassou no reforço da GNR, em que as pré-aposentações não permitiram o saldo positivo das admissões. A GNR é a única força de segurança que perdeu elementos nos últimos dez anos. Eram 25 817 em 2001 e, em 2010, o efectivo ficava-se pelos 23 209.

Valentina Marcelino | Diário de Notícias | 09.05.2011

domingo, 8 de maio de 2011

EUROPOL: Criminalidade organizada em Portugal...

Europol. Portugal é um dos centros da criminalidade organizada na Europa


Além de porta de entrada de cocaína e haxixe, a Península Ibérica serve agora como ponto de concentração de grupos criminosos que se dedicam ao tráfico de seres humanos



Portugal e Espanha continuam a ser portas de entrada da droga na Europa.

A polícia europeia, Europol, identifica Portugal e Espanha como principais pontos de concentração de meios criminosos na Europa, principalmente no tráfico de seres humanos e como porta de entrada para o tráfico de cocaína e haxixe no espaço da União Europeia (UE), revela um relatório publicado ontem a que o i teve acesso.

O documento refere que as organizações criminosas instaladas na Península Ibérica acolhem e exploram pessoas de acordo com a procura dos mercados europeus. Os imigrantes chineses são explorados nas fábricas têxteis, os europeus de Leste na agricultura, os sul-americanos na indústria do sexo e as crianças romenas são empurradas para a mendicidade e para o roubo.

O relatório dá o exemplo das mulheres nigerianas que são levadas por via terrestre para Espanha e dos menores de idade angolanos que são explorados em Portugal pelos seus compatriotas mais ricos.

Além de Portugal e Espanha, o relatório da Europol ("Avaliação da ameaça da criminalidade organizada") revela mais quatro bases do crime organizado na Europa (ver texto ao lado), a partir das quais se facilita o tráfico de mercadorias ilícitas e se procuram novos mercados e novas oportunidades. A polícia europeia identificou estas bases de acordo com a proximidade a grandes mercados de destino, a existência de infra-estruturas comerciais e de transportes, a prevalência de grupos criminosos e as oportunidades para a imigração ilegal.

Relativamente à cocaína, Portugal e Espanha figuram, à semelhança dos anos anteriores, como duas das principais portas de entrada na UE. Todavia, a Europol refere que uma das vias mais importantes do tráfico que usa a Península Ibérica é entre a Colômbia e a Galiza, o que faz com que a importância de Portugal tivesse baixado ligeiramente.

Ainda no que diz respeito à cocaína, o documento aponta para uma crescente utilização da rota dosBalcãs para os mercados do sudoeste europeu através da expedição de contentores ou de carga aérea. Alguma redução nas apreensões marítimas nesta região nos últimos dois anos indicam, segundo o relatório, que o transporte de droga para o sudoeste europeu também tem sido feito por via aérea, com aviões ligeiros, correios de droga e serviço postal.

O documento assinado pela Europol refere ainda que a maior parte do haxixe consumido na UE ainda vem de Marrocos. Espanha e Portugal continuam a ser os principais pontos de entrada deste tráfico dominado por organizações criminosas marroquinas e europeias, incluindo grupos de holandeses e de britânicos que coordenam a distribuição no Noroeste da Europa, para a Alemanha, Reino Unido e países nórdicos.

iinformação
por Augusto Freitas de Sousa, Publicado em 05 de Maio de 2011 

Sonda da Nasa confirma previsões da Teoria da Relatividade de EINSTEIN!

Sonda da Nasa confirma previsões da Teoria da Relatividade a 05 de Maio de 2011!

 
(Imagem: Nasa)    Terra arrasta Espaço e Tempo quando gira. 

A sonda da Nasa Gravity Probe B confirmou previsões feitas a partir da teoria geral da relatividade de Albert Einstein, segundo avançou a Agência Espacial Americana. Testar as ideias do físico alemão era exactamente a missão da nave lançada em 2004, mas os cientistas queriam saber se o espaço e o tempo realmente eram distorcidos perto de um corpo gravitacional – como é a Terra.

Segundo Einstein, à medida que o planeta gira, vai movendo o tempo e o espaço.Francis Everitt, autor principal do estudo publicado na edição desta semana da revista especializada «Physical Review Letters» e investigador da Universidade Stanford, confirma a teoria referindo que é como se a Terra estivesse submersa em mel e conforme o planeta gira, o mel gira com ele – o mel, neste caso, seriam o tempo e o espaço.

Para chegar a esta conclusão, a sonda usou em órbita quatro giroscópios, que medem a direcção no espaço, apontados para uma estrela específica. Se a gravidade não afectasse o tempo e o espaço, iriam manter-se apontados na mesma direcção. No entanto, houve movimentação, provando a teoria.

O projecto da Gravity Probe B é um dos mais antigos da ciência espacial, começando a ser desenhado em 1959 em Stanford, apenas quatro anos após a morte de Einstein. Francis Everitt se juntou à missão em 1962, um ano antes da própria Nasa. Após o fim de seu trabalho, a nave foi retirada das missões.

Jornal de Ciência, Tecnologia e Empreendorismo
Ciência Hoje
2011-05-05

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Um vídeo para levantar o moral português!

Um vídeo para levantar o moral português!

Em resposta à anunciada intenção da Finlândia não alinhar no empréstimo da União Europeia aPortugal, eis um vídeo capaz de levantar o moral de qualquer português. E onde não faltam umas quantas alfinetadas aos nossos amigos finlandeses...


Vídeo exibido nas Conferências do Estoril, que durante três dias decorreram no Centro de Congressos do Estoril, hoje encerradas com uma comunicação de Mohammed El Baradei, Prémio Nobal da Paz e antigo diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica.








Expresso
Sexta feira, 6 de maio de 2011

SENTIR... VERGONHA...


Hoje foi o dia da vergonha       04-Mai-2011  



Vergonha de pertencer a uma geração que não conseguiu cumprir as suas obrigações sociais e previdenciárias e a quem custa olhar nos olhos os parentes, vizinhos, professores, juízes que toda a sua vida se sacrificaram pela sua profissão, sem assessores, mordomos, secretárias ou carro de serviço.



Contribuíram honradamente, viveram com temperança, trabalharam alheados do relógio, cuidaram de nós e agora, toma lá um corte na pensão, na reforma, nas expectativas de vida e, sobretudo, na dignidade. Esta gente que não acumulou pensões, descontou o que lhe exigiram, fez projectos, que em muitos casos chafurdou na guerra, ou conheceu a fome e o racionamento, passa agora mais esta provação.

"Só os que têm pensões de mais de 1.500 €". Que fortuna! Pode ser que no plano relativo até nem seja dramático, mas há por parte do Estado um locupletamento ilícito à custa destes cidadãos que têm um inalienável direito ao conforto. Alguém sabe quanto custa a mensalidade de um lar que não cheire a fim de noite de concerto da Queima, por acaso?

Vergonha de pertencer a uma geração que não conseguiu assegurar às gerações futuras os mesmos sonhos e aspirações dos seus pais e avós e garantir as suas reformas e a sua saúde e educação. Por que preço ficaram as Playstation, os iPhones, os BMW, as férias na República DormenaCama...

Vergonha por mim, por ter acreditado que pagando, contribuindo, tinha direitos. Quero a minha ingenuidade e o meu dinheiro de impostos e taxas de volta.
Vergonha por concluir que me é mais proveitoso nada fazer do que trabalhar.
Vergonha pela estúpida explicação de um acordo de resgate da bancarrota que só foi necessário porque a mitomania saloia levou a que os últimos 5 anos de governo vilão levedassem uma dívida estéril de proporções inimagináveis.
Vergonha porque quem tem responsabilidade e poder é irresponsável e impotente.
Vergonha porque os vendedores de banha da cobra tomaram o poder e agora a cobra vira-se a nós.
Moral da história: é uma catastrófica maçada votar em nativos de Vilar de Maçada.


MRR (Docente na Faculdade de Direito da Universidade do Porto | Torreão Sul | 04.05.2011
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Hoje não foi só um dia vergonha, foi mais um dia de vergonha.
Há pelo menos 500 anos de dias como este.
Já nos Lusíadas, aparece o povo que ainda Hoje somos.
Fomos grandiosos, pois fomos, pois somos.
Na mesquinhice, na inveja, na maledicência, na cultura da mediocridade, continuamos a ser os maiores.
Hoje? Dia da vergonha?
E os outros dias, anteriores a este? Foram o quê?
Não nos esqueçamos que os governantes são do mesmo povo que os governados.
E o amanhã? Não será mais um dia da vergonha?
Como mudar a mentalidade enraízada nos genes?
Como fazer, para que, nem que gradualmente, se consiga olhar e agir como se fossemos um povo trabalhador sem estar mais preocupado com o que o vizinho por mérito próprio conseguiu com árduo esforço, algo que ele nem com as cunhas conseguiu?
Como fazer, para que aquilo que os nossos genes ainda têm, que só é reconhecido lá fora, uma fantástica e prodigiosa capacidade de gerar riqueza com a nossa astúcia e engenho, mas que cá dentro, teimamos em repelar, enxovalhar, a odiar, a escurraçar a quem a tenta aplicar?
Quando teremos uma classe política, escolhida pelas suas profissões. aptidões meritórias de reais conhecimentos, rebuscados, captados no melhor da sociedade civil, capaz de motorizar eficazmente, sem apelo das medidas propagandistas da caça ao voto, mas somente com o único objectivo de alcançar o real desenvolvimento do país?
Ilusão ou esse dia chegará?
Senão, teremos muitos mais dias de VERGONHA pela frente!

TITO COLAÇO  (publicado em IN VERBIS
06.Maio.2011 pelo nome de 
TITUS)
06.Maio.2011