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sexta-feira, 6 de maio de 2011

SENTIR... VERGONHA...


Hoje foi o dia da vergonha       04-Mai-2011  



Vergonha de pertencer a uma geração que não conseguiu cumprir as suas obrigações sociais e previdenciárias e a quem custa olhar nos olhos os parentes, vizinhos, professores, juízes que toda a sua vida se sacrificaram pela sua profissão, sem assessores, mordomos, secretárias ou carro de serviço.



Contribuíram honradamente, viveram com temperança, trabalharam alheados do relógio, cuidaram de nós e agora, toma lá um corte na pensão, na reforma, nas expectativas de vida e, sobretudo, na dignidade. Esta gente que não acumulou pensões, descontou o que lhe exigiram, fez projectos, que em muitos casos chafurdou na guerra, ou conheceu a fome e o racionamento, passa agora mais esta provação.

"Só os que têm pensões de mais de 1.500 €". Que fortuna! Pode ser que no plano relativo até nem seja dramático, mas há por parte do Estado um locupletamento ilícito à custa destes cidadãos que têm um inalienável direito ao conforto. Alguém sabe quanto custa a mensalidade de um lar que não cheire a fim de noite de concerto da Queima, por acaso?

Vergonha de pertencer a uma geração que não conseguiu assegurar às gerações futuras os mesmos sonhos e aspirações dos seus pais e avós e garantir as suas reformas e a sua saúde e educação. Por que preço ficaram as Playstation, os iPhones, os BMW, as férias na República DormenaCama...

Vergonha por mim, por ter acreditado que pagando, contribuindo, tinha direitos. Quero a minha ingenuidade e o meu dinheiro de impostos e taxas de volta.
Vergonha por concluir que me é mais proveitoso nada fazer do que trabalhar.
Vergonha pela estúpida explicação de um acordo de resgate da bancarrota que só foi necessário porque a mitomania saloia levou a que os últimos 5 anos de governo vilão levedassem uma dívida estéril de proporções inimagináveis.
Vergonha porque quem tem responsabilidade e poder é irresponsável e impotente.
Vergonha porque os vendedores de banha da cobra tomaram o poder e agora a cobra vira-se a nós.
Moral da história: é uma catastrófica maçada votar em nativos de Vilar de Maçada.


MRR (Docente na Faculdade de Direito da Universidade do Porto | Torreão Sul | 04.05.2011
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Hoje não foi só um dia vergonha, foi mais um dia de vergonha.
Há pelo menos 500 anos de dias como este.
Já nos Lusíadas, aparece o povo que ainda Hoje somos.
Fomos grandiosos, pois fomos, pois somos.
Na mesquinhice, na inveja, na maledicência, na cultura da mediocridade, continuamos a ser os maiores.
Hoje? Dia da vergonha?
E os outros dias, anteriores a este? Foram o quê?
Não nos esqueçamos que os governantes são do mesmo povo que os governados.
E o amanhã? Não será mais um dia da vergonha?
Como mudar a mentalidade enraízada nos genes?
Como fazer, para que, nem que gradualmente, se consiga olhar e agir como se fossemos um povo trabalhador sem estar mais preocupado com o que o vizinho por mérito próprio conseguiu com árduo esforço, algo que ele nem com as cunhas conseguiu?
Como fazer, para que aquilo que os nossos genes ainda têm, que só é reconhecido lá fora, uma fantástica e prodigiosa capacidade de gerar riqueza com a nossa astúcia e engenho, mas que cá dentro, teimamos em repelar, enxovalhar, a odiar, a escurraçar a quem a tenta aplicar?
Quando teremos uma classe política, escolhida pelas suas profissões. aptidões meritórias de reais conhecimentos, rebuscados, captados no melhor da sociedade civil, capaz de motorizar eficazmente, sem apelo das medidas propagandistas da caça ao voto, mas somente com o único objectivo de alcançar o real desenvolvimento do país?
Ilusão ou esse dia chegará?
Senão, teremos muitos mais dias de VERGONHA pela frente!

TITO COLAÇO  (publicado em IN VERBIS
06.Maio.2011 pelo nome de 
TITUS)
06.Maio.2011

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