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sábado, 15 de abril de 2017

Free of fear...






Free  of fear?



"Man finds nothing so intolerable as to be in a state of complete rest, without passions, without occupation, without diversion, without effort.
 
Then he feels his nullity, loneliness, inadequacy, dependence, helplessness, emptiness.”

 
Blaise Pascal









"Os efeitos do medo e as suas acções, que se baseiam na memória, são destrutivos, contraditórios e paralisantes. Percebem isso?
 
Não apenas as palavras, mas de facto?
 
Percebem que, quando estão com medo, ficam em completo isolamento e que qualquer acção que ocorra a partir desse isolamento será fragmentária e, por conseguinte, contraditória? Assim, há luta, dor e tudo o mais.
 
Por outro lado, a acção nascida da percepção do medo sem as respostas da memória é uma acção completa. Tentem isso! Façam isso!
 
Fiquem atentos quando estiverem a voltar para casa, sozinhos: os seus antigos medos ressurgirão. Observem, então, verifiquem se esses medos são medos actuais ou medos projectados pelo pensamento a partir da memória.
 
À medida que o medo aparece, verifiquem se observa a partir da resposta do pensamento ou se está simplesmente a observar.
 
Estamos a falar da acção, porque vida é acção. Não estamos a dizer que só uma parte da vida é acção.
 
A vida como um todo é acção, e essa acção está rompida; quebrar a acção é o processo da memória, com os seus pensamentos, com o isolamento. Isso ficou claro?
 
...
 
Senhor, quando faz uma pergunta dessas, é preciso investigar a questão da memória.
É preciso ter memória, quanto mais clara e mais definida ela for, melhor. Se vai funcionar em termos tecnológicos, ou mesmo se quer ir para casa, é preciso ter memória.
 
Mas o pensamento como resposta da memória, e a projecção do medo a partir dessa memória, é uma acção bastante diferente.
 
Mas, o que é o medo? O que acontece que faz surgir o medo? Como surgem esses medos? Podem, por favor, me dizer?
 
...
 
Ou seja, a mente está presa a alguma lembrança. `Quando eu era jovem, como tudo era maravilhoso!´
 
Ou, então, estou-me a apegar a alguma coisa que poderia acontecer; então, eu cultivei uma crença que irá me proteger.
 
Eu estou preso à memória, estou preso a uma peça da mobília, estou preso ao que estou a escrever porque através disso ficarei famoso.
 
Estou preso ao nome, à família, à casa, a várias lembranças, e assim por diante. Eu me identifiquei com tudo isso. Por que acontece esse apego?
 
...
 
Não, senhor; por quê o apego?
O que significa a palavra apego?
 
Eu dependo de algo. Eu dependo de que todos prestem atenção, para poder vos falar; eu estou a depender e, portanto, estou ligado a vocês, porque através dessa ligação obtenho certa energia, certo élan, e todo o resto dessas idiotices!
 
Então eu estou apegado, e isso significa o quê?
 
Eu dependo de vocês, eu dependo dos móveis. Estou apegado à mobília, à crença, ao livro, à família, à mulher, eu sou dependente daquilo que me dá bem-estar, prestígio, posição social.
 
Assim, a dependência é uma forma de apego. Mas por que eu dependo?
 
Não me respondam, examinem isso em vocês mesmos. Dependemos de algo, não é verdade?
 
Do seu país, dos deuses, da crenças, das drogas que toma, da bebida!
 
...
 
Será que é o condicionamento social que faz depender?
 
Isto é: somos parte da sociedade; a sociedade não é independente de nós. 
 
Fizémos a sociedade, que é corrupta; nós a construímos.
E ficámos aprisionado nessa jaula, somos parte dela.
Então, não culpe a sociedade. Percebe as implicações dessa dependência? Do que se trata? Por que depende?
 
...
 
Espere, ouça com atenção. Eu dependo de algo porque esse algo preenche o meu vazio: Eu dependo do conhecimento, dos livros; porque isso recobre o meu vazio, a minha superficialidade, à minha estupidez; assim, o conhecimento adquire uma importância extraordinária.
 
Falo da beleza dos quadros porque eu mesmo dependo disso.
A dependência, portanto, indica o meu vazio, a minha solidão, a minha insuficiência, e isso me toma dependente de você. Isso é um facto, não é verdade?
 
Não vamos teorizar, não vamos discutir isso; é assim. Se eu não fosse vazio, se eu não fosse insuficiente, não me importaria com o que você iria dizer ou não.
Eu não dependeria de nada.
 
Porque sou vazio e solitário, eu não sei como proceder com a minha vida.
 
Escrevo um livro tolo e isso satisfaz à minha vaidade. Então eu dependo, o que significa que tenho medo da solidão; tenho medo desse meu vazio. Dessa forma, eu o preencho com objectos materiais, ou com ideias, ou com pessoas.
 
Não estarão com medo de pôr a descoberto a própria solidão?
Já desnudaram a solidão, a insuficiência, o vazio que sentem? Isso está a ocorrer agora, não é mesmo?
 
Portanto, têm medo desse vazio, agora. O que irão fazer? O que está a acontecer?
 
 

 
 
Antes, estavam apegados a pessoas, a ideias, a tudo, enfim; e percebem que essa dependência recobre o seu vazio, a sua superficialidade.
 
Ao perceber isso, libertam-se, não é verdade? Agora, qual é a resposta? Será esse medo a resposta da memória? Ou esse medo é real, e o vê?
 
... 
 
Assisti a um desenho animado ontem pela manhã. Um garoto diz a outro garoto: `Quando eu crescer, serei um grande profeta; falarei de verdades profundas, mas ninguém irá me ouvir.´
 
E o outro garoto responde: `Então, para que vai falar, se ninguém vai escutar?´ `Ah´, respondeu o primeiro, `nós, os profetas, somos muito obstinados.´ (Risos)
 
Bem, agora revelou o seu medo através do apego, que é dependência. Ao examinar isso vê o seu vazio, a sua superficialidade, a sua insignificância e sente medo. O que acontece, então?
Os senhores percebem isso?
 
...
 
Tenta fugir através do apego, através da dependência. Portanto, recai no velho padrão. Mas, se perceber que, na verdade, esse apego e essa dependência recobrem o seu vazio, não fugirá, certo?
 
Se não perceber esse facto, estará condenado a fugir. Tentará preencher o vazio de outras maneiras.
 
Antes o preenchia com drogas, agora o preenche com sexo ou com alguma outra coisa. Então, ao perceber esse facto, o que acontece?
 
Continuem, senhores, desenvolvam esse raciocínio!
 
Eu vivi apegado à minha casa, à minha mulher, aos meus escritos, a ficar famoso; eu percebo que o medo aparece porque eu não sei como proceder com o meu vazio; portanto, eu dependo; portanto, eu me apego.
 
O que faço quando sou tomado por esse sentimento de enorme vazio interior?
 
...
 
É o medo. Eu descubro que estou com medo; por conseguinte, apego-me. Será esse medo a resposta da memória ou será ele a descoberta real?
 
Descobrir é algo bem diferente de uma resposta do passado.
Mas qual delas ocorre connosco?
 
Será a verdadeira descoberta?
Ou será a resposta do passado?
Não me respondam. Descubram, escavem bem fundo em vocês mesmos."



Jiddu Krishnamurti
"Sobre o medo"



















"E eu, verdadeiramente eu, sou o centro que não há nisto senão por uma geometria do abismo; sou o nada em torno do qual este movimento gira, só para que gire, sem que esse centro exista senão porque todo o círculo o tem.
 
Eu, verdadeiramente eu, sou o poço sem muros, mas com a viscosidade dos muros, o centro de tudo com o nada à roda."


Fernando Pessoa
"O livro do desassossego"









 "Is it possible for the mind to empty itself totally of fear?
 
Fear of any kind breeds illusion; it makes the mind dull, shallow.
 
Where there is fear there is obviously no freedom, and without freedom there is no love at all.
 
And most of us have some form of fear; fear of darkness, fear of public opinion, fear of snakes, fear of physical pain, fear of old age, fear of death. We have literally dozens of fears.
 
And is it possible to be completely free of fear?

We can see what fear does to each one of us. It makes one tell lies; it corrupts one in various ways; it makes the mind empty, shallow.
 
There are dark corners in the mind which can never be investigated and exposed as long as one is afraid.
 
 
 
 
 
Physical self-protection, the instinctive urge to keep away from the venomous snake, to draw back from the precipice, to avoid falling under the tramcar, and so on, is sane, normal, healthy.
 
But I am asking about the psychological self-protectiveness which makes one afraid of disease, of death, of an enemy. When we seek fulfillment in any form, whether through painting, through music, through relationship, or what you will, there is always fear.
 
So, what is important is to be aware of this whole process of oneself, to observe, to learn about it, and not ask how to get rid of fear. When you merely want to get rid of fear, you will find ways and means of escaping from it, and so there can never be freedom from fear."


Jiddu Krishnamurti
"The book of life"









t.





































 

The only desire...






The only desire...








 

"O que é a vida real?
 Um menino fez esta pergunta. Jogar, comer boas comidas, correr, pular, empurrar — essa é a vida real para ele.
 
Vejam, dividimos a vida entre verdadeiro e falso. A vida verdadeira é fazer algo de que gostem com todo o seu ser, para que não haja uma contradição interna, nem guerra entre o que estão a fazer e o que acham que deveriam fazer.
 
A vida será então um processo inteiramente integrado, no qual haverá muita alegria. Mas isso só poderá acontecer quando não mais depender psicologicamente de ninguém em particular ou de uma sociedade, quando houver, no seu íntimo, um desapego completo, pois somente assim haverá a possibilidade de realmente amar aquilo que faz.
 
Se estiver num estado de total revolta, não importa se trabalha num jardim, se tornou-se primeiro- ministro ou se realiza alguma outra coisa. Amará aquilo que faz, e desse amor virá uma sensação extraordinária de criatividade."


Jiddu Krishnamurti
"Pense nisso"

















"To transform the world, we must begin with ourselves; and what is important in beginning with ourselves is the intention.
 
The intention must be to understand ourselves and not to leave it to others to transform themselves or to bring about a modified change through revolution, either of the left or of the right.
 
It is important to understand that this is our responsibility, yours and mine; because, however small may be the world we live in, if we can transform ourselves, bring about a radically different point of view in our daily existence, then perhaps we shall affect the world at large, the extended relationship with others."



Jiddu Krishnamurti
"The book of life"








 
"Cheguei à minha verdade por muitos caminhos e de muitas maneiras; não subi por uma escada só à altura donde os meus olhos olham ao longe.
E nunca perguntei o caminho sem me contrariar. — Sempre fui contrário a isso. — Sempre preferi interrogar e submeter à prova os próprios caminhos.
 
Provando e interrogando foi assim que caminhei, e naturalmente é mister aprender também a responder a semelhantes perguntas.
 
Eis o meu gosto: não é um gosto bom nem mau; mas é o meu gosto, e não tenho que o ocultar nem que me envergonhar dele.
 
`Este é agora o meu caminho; onde está o vosso?´
Era o que eu respondia aos que me perguntavam `o caminho´. Que o caminho... o caminho não existe."
 
 
Friedrich Nietzsche
"Assim falou Zaratustra"




















 
 
 
 
 
 
t.