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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Human perfectibility...








Human perfectibility...






Nasce o ideal da nossa consciência da imperfeição da vida. Tantos, portanto, serão os ideais possíveis, quantos forem os modos por que é possível ter a vida por imperfeita.
A cada modo de a ter por imperfeita corresponderá, por contraste e semelhança, um conceito de perfeição.
É a esse conceito de perfeição que se dá o nome de ideal.
Por muitas que pareça que devem ser as maneiras por que se pode ter a vida por imperfeita, elas são, fundamentalmente, apenas três.
Com efeito, há só três conceitos possíveis de imperfeição, e portanto, da perfeição que se lhe opõe.

Podemos ter qualquer coisa por imperfeita simplesmente por ela ser imperfeita, é a imperfeição que imputamos a um artefacto mal fabricado.
Podemos, por contra, tê-la por imperfeita porque a imperfeição resida, não na realização, senão na essência.
Será quantitativa ou qualitativa a diferença entre a essência dessa coisa imperfeita e a essência do que consideramos perfeição; quantitativa como se disséssemos da noite, comparando-a ao dia, que é imperfeita porque é menos clara; qualitativa como se, no mesmo caso, disséssemos que a noite é imperfeita porque é o contrário do dia.
Pelo primeiro destes critérios, aplicando-o ao conjunto da vida, tê-la-emos por imperfeita por nos parecer que falece naquilo mesmo por que se define, naquilo mesmo que parece que deveria ser.
Assim, todo o corpo é imperfeito porque não é um corpo perfeito, toda a vida vida imperfeita porque, durando, não dura sempre, todo o prazer imperfeito porque o envelhece o cansaço, toda a compreensão imperfeita porque, quanto mais se expande, em maiores fronteiras confina com o incompreensível que a cerca.
Quem sente desta maneira a imperfeição da vida, quem assim a compara com ela própria, tendo-a por infiel à sua própria natureza, força é que sinta como ideal um conceito de perfeição que se apoie na mesma vida.
Este ideal de perfeição é o ideal helénico, ou o que pode assim designar-se, por terem sido os gregos antigos quem mais distintivamente o teve, quem, em verdade, o formou, de quem, por certo, ele foi herdado pelas civilizações posteriores.

Pelo segundo destes critérios teremos a vida por imperfeita por uma deficiência quantitativa da sua essência, ou, em outras palavras, por a considerarmos inferior, inferior a qualquer coisa, ou a qualquer princípio, em o qual, em relação a ela, resida a superioridade.
É esta inferioridade essencial que, neste critério, dá às coisas a imperfeição que elas mostram. 
Porque é vil e terreno, o corpo morre, não dura o prazer, porque é do corpo, e por isso vil, e a essência do que é vil é não poder durar, desaparece a juventude porque é um episódio desta vida passageira, murcha a beleza que vemos porque cresce na haste temporal.
Só Deus, e a alma, que ele criou e se lhe assemelha, são a perfeição e a verdadeira vida.
Este é o ideal que poderemos chamar cristão, não só porque é o cristianismo a religião que mais perfeitamente o definiu, mas também porque é aquela que mais perfeitamente o definiu para nós.

Pelo último dos mesmos critérios teremos a vida por imperfeita por a julgarmos consubstanciada com a imperfeição, isto é, não existente, porque a não existência, sendo a negação suprema, é a absoluta imperfeição.
Teremos a vida por ilusória, não já imperfeita, como para os gregos, por não ser perfeita, não já imperfeita, como para os cristãos, por ser vil e material, senão imperfeita por não existir, por ser mera aparência, absolutamente aparência, vil portanto, se vil, não tanto com a vileza do que é vil, quanto com a vileza do que é falso. É deste conceito de imperfeição que nasce aquela forma de ideal que nos é mais familiarmente conhecida no budismo, embora as suas manifestações houvessem surgido na Índia muito antes daquele sistema místico, filhos ambos, ele como elas, do mesmo substrato metafísico.
É certo que este ideal aparece, com formas e aplicações diversas, nos espiritualistas simbólicos, ou ocultistas, de quase todas as confissões.
Como, porém, foi na Índia que as manifestações formais dele distintivamente apareceram, podemos ser imprecisos, porém não seremos inexactos, se dermos a este ideal, por conveniência, o nome de ideal índio.


















Converter em realidades os nossos sentimentos e propensões individuais, transformar as nossas disposições de ânimo em medidas do universo, acreditar que, porque desejamos justiça ou amamos a justiça, a Natureza terá necessariamente de ter o mesmo desejo ou o mesmo amor, supor que, porque uma coisa é má, ela pode ser tornada melhor sem a piorar, estas são atitudes românticas e definem todos os espíritos que se revelam incapazes de conceber a realidade como algo situado fora deles próprios, como crianças implorando por luas nesta Terra.
Quase todas as modernas reformas sociais são concepções românticas, um esforço para acomodar a realidade aos nossos desejos.
O aviltante conceito da perfectibilidade humana.






Fernando Pessoa

1st - “Textos de crítica e de intervenção
2nd - "A Educação do Estóico" 
(Barão de Teive)


































































































Human perfectibility...


























Human perfectibility...


























 Feliz Ano Novo 
 Happy New Year 



Gëzuar Vitin e Ri
Glückliches neues Jahr (Gutes Neues Jahr)
Urte Berri
Feliz Año Nuevo
Feliç Any Nou
Feliz Aninovo
Sretna Nova godina
Godt Nytår
Šťastný Nový Rok
Onnellista uutta vuotta
Joyeux Nouvel An
Feliĉigan Novan Jaron
Buon anno
Gelukkig Nieuwjaar
Godt Nyttår
La mulţi ani
Gott Nytt År
Šťastný Nový Rok
Yeni Yılınız Kutlu Olsun
Shaná Tová
Счастливого Нового Года
明けましておめでとうございます
Честита Нова Година








Tito Colaço
XXXI _ XII _ MMXIV








































Full of Life...





Full of Life...












       Full of Life...      




















O poema original




Original é o poeta
que se origina a si mesmo
que numa sílaba é seta
noutra pasmo ou cataclismo
o que se atira ao poema
como se fosse ao abismo
e faz um filho às palavras
na cama do romantismo.
Original é o poeta
capaz de escrever em sismo.

Original é o poeta
de origem clara e comum
que sendo de toda a parte
não é de lugar algum.
O que gera a própria arte
na força de ser só um
por todos a quem a sorte
faz devorar em jejum.
Original é o poeta
que de todos for só um.

Original é o poeta
expulso do paraíso
por saber compreender
o que é o choro e o riso;
aquele que desce à rua
bebe copos    quebra nozes
e ferra em quem tem juízo
versos brancos e ferozes.
Original é o poeta
que é gato de sete vozes.

Original é o poeta
que chega ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.

Esse que despe a poesia
como se fosse mulher
e nela emprenha a alegria
de ser um homem qualquer.



Ary dos Santos
“Resumo”






























Nunca encontrei uma pessoa oca.
Nunca encontrei uma vida sem significado quando se procura realmente o seu significado.
É esse o perigo de dizer que não procuramos, porque foi assim que chegámos ao ponto em que sentimos que a vida não tinha qualquer significado.
Bem vê, nós repudiámos tantas formas de terapia. 
Quer dizer, tantos de nós repudiam actualmente a filosofia, a religião ou qualquer outro padrão que nos mantinha coesos anteriormente.
Repudiámos tudo.
Até repudiámos a terapia da arte.
Por isso não nos restou realmente mais que olhar para dentro, e os que o fazem descobrem que toda a vida tem significado porque a vida tem significado.
Fomos seriamente prejudicados por pessoas que disseram que a vida era irracional e de qualquer modo não significava nada. 
Mas assim que começamos a olhar, descobrimos o padrão e descobrimos a pessoa.
Nunca encontrei aquilo a que se poderia chamar uma pessoa totalmente oca. 





Anais Nin
"Fala uma mulher"
































Step outside this spinning wheel and you'll see its turning
All the shadows now will disappear and you're burning
You can't change the world,but you can change yourself
Slowly turning dust into a shape
Embrace the sun,you won't get hurt
Don't be afraid,is it so hard to understand?
Embrace the sun,embrace the sun
Inhale the air,there's nothing wrong
Just breathe,caress the flame of life and you'll be strong
Embrace the sun,embrace the sun
At the end of the sea you will find there is no horizon
And don't fantasize but your fortune is here for a reason
You can't change the world,but you can change yourself
Try to turn the dust into a shape
Embrace the sun,you won't get hurt
Don't be afraid,is it so hard to understand?
Embrace the sun,embrace the sun
Inhale the air,there's nothing wrong
Just breathe,caress the flame of life and you'll be strong
Embrace the sun,embrace the sun
Face your life and stop pretending
Now you're caught in the eye of the world
Now it's time for an ending
Oooohh!
You won't get hurt
Don't be afraid,is it so hard to understand?
Embrace the sun,embrace the sun
Inhale the air,there's nothing wrong
Just breathe,caress the flame of life and you'll be strong
Embrace the sun,embrace the sun
Don't be afraid
You won't get hurt
Don't be afraid





Firewind
“Embrace the sun”



















































































































Tito Colaço
XXXI _ XII _ MMXIV