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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

The hypocrisy...







The hypocrisy...



























The hypocrisy...










































 The hypocrisy... 


























O sofrimento 
do hipócrita






Ter mentido é ter sofrido. O hipócrita é um paciente na dupla acepção da palavra, calcula um triunfo e sofre um suplício.
A premeditação indefinida de uma acção ruim, acompanhada por doses de austeridade, a infâmia interior temperada de excelente reputação, enganar continuadamente, não ser jamais quem é, fazer ilusão, é uma fadiga.
Compor a candura com todos os elementos negros que trabalham no cérebro, querer devorar os que o veneram, acariciar, reter-se, reprimir-se, estar sempre alerta, espiar constantemente, compor o rosto do crime latente, fazer da disformidade uma beleza, fabricar uma perfeição com a perversidade, fazer cócegas com o punhal, pôr açúcar no veneno, velar na franqueza do gesto e na música da voz, não ter o próprio olhar, nada mais difícil, nada mais doloroso.
O odioso da hipocrisia começa obscuramente no hipócrita.
Causa náuseas beber perpétuamente a impostura.
A meiguice com que a astúcia disfarça a malvadez repugna ao malvado, continuamente obrigado a trazer essa mistura na boca, e há momentos de enjôo em que o hipócrita vomita quase o seu pensamento.
Engolir essa saliva é coisa horrível.
Ajuntai a isto o profundo orgulho. 
Existem horas estranhas em que o hipócrita se estima. 
Há um “eu“ desmedido no impostor.
0 verme resvala como o dragão e como ele retesa-se e levanta-se.
O traidor não é mais que um déspota tolhido que não pode fazer a sua vontade senão resignando-se ao segundo papel.
É a mesquinhez capaz da enormidade. 
O hipócrita é um titã-anão.





Victor Hugo
"Os trabalhadores do mar"

















































































   Tito Colaço   
 XXIII _ XII _ MMXIV 






















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