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sábado, 6 de dezembro de 2014

Dangerous convictions...















       Dangerous
  convictions...










A convicção 
é sempre cega



O intelecto humano, quando assente numa convicção (ou por já bem aceite e acreditada porque o agrada), tudo arrasta para seu apoio e acordo. 
E ainda que em maior número, não observa a força das instâncias contrárias, despreza-as, ou, recorrendo a distinções, põe-nas de parte e rejeita, não sem grande e pernicioso prejuízo. 
Graças a isso, a autoridade daquelas primeiras afirmações permanece inviolada. 
E bem se houve aquele que, ante um quadro pendurado no templo, como ex-voto dos que se salvaram dos perigos de um naufrágio, instado a dizer se ainda se recusava a aí reconhecer a providência dos deuses, indagou por sua vez:"E onde estão pintados aqueles que, a despeito do seu voto, pereceram?".
 Essa é a base de praticamente toda a superstição, trate-se de astrologia, interpretação de sonhos, augúrios e que tais: encantados, os homens, com tal sorte de quimeras, marcam os eventos em que a predição se cumpre, quando falha, o que é bem mais frequente, negligenciam-nos e passam adiante.
Esse mal insinua-se de maneira muito mais subtil na filosofia e nas ciências.
Nestas, o de início aceite tudo impregna e reduz o que se segue, até quando parece mais firme e aceitável. 
Mais ainda: mesmo não estando presentes essa complacência e falta de fundamento a que nos referimos, o intelecto humano tem o erro peculiar e perpétuo de mais se mover e excitar pelos eventos afirmativos que pelos negativos, quando deveria rigorosa e sistematicamente atentar para ambos.
Vamos mais longe: na constituição de todo o axioma verdadeiro, têm mais força as instâncias negativas.


Francis Bacon
“Novum organum”

































































































Tito Colaço
VI _ XII _ MMXIV


























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