Páginas

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Talent is not a wisdom…










Talent is not a wisdom















Talent 
is not a 
wisdom


















Talent is not a wisdom

































Talento
não é sabedoria






Deixa-me dizer-te francamente o juízo que eu formo do homem transcendente em génio, em estro, em fogo, em originalidade, finalmente em tudo isso que se inveja, que se ama, e que se detesta, muitas vezes.
O homem de talento é sempre um mau homem.
Alguns conheço eu que o mundo proclama virtuosos e sábios. Deixá-los proclamar.
O talento não é sabedoria. Sabedoria é o trabalho incessante do espírito sobre a ciência.
O talento é a vibração convulsiva de espírito, a originalidade inventiva e rebelde à autoridade, a viagem extática pelas regiões incógnitas da ideia.
Agostinho, Fénelon, Madame de Staël e Bentham são sabedorias. 
Lutero, Ninon de Lenclos, Voltaire e Byron são talentos.
Compara as vicissitudes dessas duas mulheres e os serviços prestados à humanidade por esses homens, e terás encontrado o antagonismo social em que lutam o talento com a sabedoria. Porque é mau o homem de talento? 

Essa bela flôr porque tem no seio um espinho envenenado?
Essa esplêndida taça de brilhantes e ouro porque é que contém o fel, que abrasa os lábios de quem a toca? 
Aqui tens um tema para trabalhos superiores à cabeça de uma mulher, ainda mesmo reforçada por duas dúzias de cabeças académicas! 
Lembra-me ouvir dizer a um doido que sofria por ter talento. Pedi-lhe as circunstâncias do seu martírio sublime, e respondeu-me o seguinte com a mais profunda convicção, e a mais tocante solenidade filosófica: os talentos são raros, e os estúpidos são muitos.
Os estúpidos guerreiam barbaramente o talento: são os vândalos do mundo espiritual.
O talento não tem partido nesta peleja desigual. Foge, dispara na retirada um tiroteio de sarcasmos pungentes, e por fim, isola-se, segrega-se do contacto do mundo, e curte em silêncio aquele fel de vingança, que, mais cedo ou mais tarde, cospe na cara de algum inimigo, que encontra desviado do corpo do exército.
Aí tem a razão por que o homem de talento é perigoso na sociedade. O ódio inspira-lhe a eloquência da traição. 





Camilo Castelo Branco
“Coisas que só eu sei”















































































































Tito Colaço
XXVI _ XII _ MMXIV

































0 comentários:

Enviar um comentário