Páginas

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Try a new way...









Try

a new way...











"Quase todos nós somos escravos das palavras, que se tornaram desmedidamente importantes. As palavras são necessárias como meio de comunicação, mas para a maioria de nós, a palavra é a mente, e das palavras nos tornamos escravos. Enquanto não compreendermos esta profunda questão da verbalização e a importância da palavra, e enquanto formos servis às palavras, continuaremos a pensar mecanicamente, como computadores. 
O computador é a palavra e o problema. Sem o problema e a palavra, o computador não existiria, nenhum valor teria. Para a maioria dos entes humanos, também a palavra e o problema são de sobremaneira importantes. Assim sendo, cumpre examinar esta questão das palavras.






Não sei se estamos bem conscientes de quanto estamos escravizados à palavra, ao símbolo, à ideia. Nunca pomos em dúvida a importância da palavra. Empregamos o termo palavra, tendo em mente o símbolo, o processo de dar nome, com a sua extraordinária profundeza ou superficialidade, processo mediante o qual pensamos ter compreendido todo o significado da vida: Não parecemos perceber, nenhum de nós, a extensão em que a mente, todo o processo do nosso ser, está na dependência da palavra, do símbolo, do nome, do termo; e quer-me parecer que, enquanto formos escravos das palavras e nesse nível permanecermos, toda a nossa actividade, física e psicológica, será necessariamente superficial.

Muito se fala e se discute hoje em dia sobre a filosofia das palavras, e a construção de uma estrutura, um sistema de palavras. Penso que devemos estar bem conscientes desta questão e considerar o papel, superficial ou profundo, que ela tem na nossa vida; e devemos investigar, para descobrir se a mente pode em algum tempo libertar-se da palavra.

Ora bem: desejo examinar esta questão, porque a palavra, no meu sentir, é o passado, não é o presente activo. Num mundo como o actual, em que há tanta violência, tanto ódio e brutalidade, a palavra compaixão é quase sem significado. Todos estamos bem conscientes do que se está a passar no mundo; rivalidades, ambições e frustrações, enormes brutalidades, ódios e violências, resultantes do choque dos partidos políticos; a direita contra a esquerda, a esquerda contra a direita. Certas palavras são `destorcidas´ conforme as conveniências e perderam de todo o seu verdadeiro significado. Há violência em todos nós, consciente ou inconscientemente. Existe agressividade, o desejo de ser ou `vir a ser´ algo, o impulso para nos `expressarmos´ custe o que custar, para nos preenchermos sexualmente, nas relações sociais, no escrever, no pintar. Tudo isso são formas de violência.

Não sei em que profundidade cada um de nós está consciente de tudo, sem necessidade de demonstração. Há crueldade em espantosa escala, num mundo em que pequeno grupo de pessoas assume o controle absoluto de milhões de seres, dirigindo-lhes tiranicamente a vida, como acontece no Oriente e na Rússia. E não sei, tampouco, em que profundidade estamos conscientes da nossa própria crueldade, das nossas próprias e agressivas ambições, do nosso impulso para preencher-nos a todo o custo, de modo que uma palavra como compaixão pouco nos significa.







Se não ocorrer, como já disse, uma completa mudança, uma total mutação da consciência individual, qualquer sociedade alicerçada em impulsos aquisitivos e agressivos está fadada a tornar-se mais e mais cruel, mais e mais tirânica, mais e mais adepta dos valores materiais, significa isso que a mente se irá escravizar cada vez mais a esses valores. Não sei se estais conscientes disso. Provavelmente, a maioria de vós lê diariamente os jornais e, infelizmente, as pessoas se habituam com isso, a ler relatos de crueldades, assassínios, brutalidades. De tanto se lerem tais coisas, todos os dias, embota-se-nos a mente, e por conseguinte, com elas nos acostumamos. Nessas condições, desejo examinar ou apreciar nesta manhã a questão de como romper as camadas desse feio e estúpido condicionamento do ambiente, que tornou a mente escrava das palavras, e também escrava da estrutura social em que vivemos.

Como tenho tentado explicar, acho que a crise surgida no mundo não é económica, nem social, porém uma crise na mente, na consciência; e não pode haver solução para esta crise, a menos que se verifique uma mutação profunda, fundamental, em cada um de nós. Mas tal mutação só se tornará possível se compreendermos o inteiro processo da verbalização, ou seja, a estrutura psicológica da palavra. Por favor, não façais pouco caso disso, dizendo: `Só isso?´ Esta não é uma questão de que possamos desembaraçar- nos tão facilmente, porque a palavra, o símbolo e a ideia têm extraordinário domínio sobre a mente. Estamos a falar sobre a necessidade de produzir uma mutação na mente, e para tal requer-se a cessação da palavra. Ao ouvirdes pela primeira vez uma asserção desta natureza, desconhecereis talvez o seu significado, e direis: `Que disparate!´. Mas eu não vejo como a mente possa ser totalmente livre, enquanto não tivermos compreendido a influência da palavra, e isso significa que temos de compreender todo o processo do nosso pensar, visto que todo ele está baseado na palavra.

Notai, por favor, que isto não é uma palestra intelectual. Tenho horror à mente intelectual, urdidora de palavras sem muita significação. Sujeitastes-vos a muitos incómodos para virdes aqui, e seria bastante lamentável se não levásseis verdadeiramente a sério o que estamos a dizer. Por certo, devemos considerar este problema da palavra com toda a determinação e profundeza.

Ora, se removemos a palavra, que resta? A palavra representa o passado, não? As inumeráveis imagens, as camadas de experiência, estão todas baseadas na palavra, na ideia, na memória. Da memória provém o pensamento, e ao pensamento atribuímos importância desmedida; mas eu contesto decididamente esta importância. 
O pensamento não pode, em circunstância nenhuma, cultivar a compaixão. Não estou a empregar a palavra compaixão para designar o posto, a antítese do ódio ou da violência. Mas se cada um de nós não tiver um profundo sentimento de compaixão, tornar-nos-emos cada vez mais brutais e desumanos, uns para com os outros. Teremos mentes mecânicas, semelhantes a computadores, exercitadas unicamente para executar certas funções; continuaremos a buscar a segurança física e psicológica, e perderemos a extraordinária profundidade e beleza, o significado integral da vida. Falando de compaixão, não me refiro a uma coisa adquirível. Compaixão não é a palavra, mera coisa do passado, porém algo que está no presente activo; ela é o verbo, e não a palavra, o nome, ou substantivo. Há diferença entre o verbo e a palavra. O verbo é do presente activo, enquanto a palavra é sempre do passado, e por conseguinte, estática. Podeis dar vitalidade ou movimento ao nome, à palavra, mas isso não é o mesmo que o verbo, sempre activamente presente. Não estou, absolutamente, a empregar o termo `presente´ no sentido `existencialista´.




Em geral, vivemos num ambiente de agressão, violência, brutalidade, e como os que nos rodeiam, somos impelidos pela ambição, pelo impulso a preencher-nos. Qualquer talento que tenhamos, qualquer insignificante capacidade para pintar quadros, escrever poesias, etc., exige expressão, e desta fazemos uma coisa de enorme importância, por meio da qual esperamos conquistar glória ou renome. Em graus diferentes, tal é a vida de todos nós, com todas as suas satisfações, frustrações e desesperos.

Ora, a mutação deve verificar-se na própria semente do pensamento, e não nas expressões exteriores dessa semente; e isso só acontecerá se compreendermos o inteiro processo do pensamento, que é a palavra, a ideia. Tomai, por exemplo, uma palavra, Deus. A palavra Deus não é Deus; e só alcançaremos essa imensidade, essa coisa imensurável, qualquer que ela seja, quando já não existir a palavra, o símbolo, quando já não houver crença nem ideia, quando houver completa independência da segurança.

Referimo-nos, pois, a uma mutação que se deve operar na própria mente, na própria semente do pensamento. Como vimos ao examinarmos esta questão, o que chamamos pensamento é reacção, é a resposta da memória; a resposta do nosso fundo, do nosso condicionamento religioso e social. Ele (o pensamento) reflecte a influência do nosso ambiente, etc., etc. Enquanto não se extinguir aquela semente, não haverá mutação, e por conseguinte, não haverá compaixão. Compaixão não é sentimentalidade, não é aquela mole comiseração ou empatia que conhecemos. A compaixão não é cultivável pelo pensamento, pela disciplina, pelo controle, pela repressão, e tampouco por sermos amáveis, corteses, gentis, etc. A compaixão só começa a existir quando o pensamento deixou, radicalmente, de existir. Se estais a ouvir esta asserção pela primeira vez, ela poderá não ter significado para vós. Direis: `Como terminar o pensamento?´, ou `O que acontecerá à mente que for incapaz de pensar?` Fareis inúmeras perguntas. Mas já nos entendemos sobre este assunto; já o examinamos suficientemente, embora, talvez, sem entrarmos em minúcias.




O que desejo examinar é a questão relativa à observação do ego, do eu. Mas, primeiramente, precisamos compreender o que significa observar, para em seguida examinarmos o que significa esta palavra `eu´. Considerai a palavra observação. O que significa ela? Em regra, observarmos coisas mortas, coisas passadas, coisas acabadas. Nunca observamos uma coisa viva, em movimento, activa.

Por favor, enquanto falo, enquanto explico, não vos deixeis enredar na explicação, na palavra, porém observai a vós mesmos; notai como vós vedes, como vós observais. O que agora vai ser considerado é muito importante, e será muito difícil compreendê-lo, se se não compreender primeiramente a beleza da observação.

Em geral, observamos com o senso de concentração, isto é, de destacar a coisa observada da contextura da qual faz parte. 
Há (para nós) observador e coisa observada, e, por conseguinte, surge o conflito entre o observador e a coisa observada, a luta para eliminá-la ou modificá-la; ou, ainda, a pessoa se identifica com aquilo que foi observado, o que inevitavelmente acarretará outros problemas. Tal observação é meramente um processo de análise, a respeito do qual já falamos. É isso o que na generalidade fazemos; analisamos aquilo que observamos. Eu desejo saber, desejo compreender essa entidade extremamente complexa, essa consciência que sou eu próprio, e digo: `Observarei a mim mesmo´. E, fazendo-o, fico a olhar um único pensamento, separadamente do processo total do pensamento. Isso é como observar aquele rio recolhendo numa taça um pouco d’água, e olhá-la separadamente do movimento pleno, do fragor e da força da própria corrente. Para observarmos a corrente, devemos prestar atenção a cada onda que se forma, por mais insignificante que seja, prestar atenção à curva que descreve essa onda antes de quebrar-se na margem do rio; temos de mover-nos juntamente com aquelas águas extraordinariamente rápidas. Na observação, não há tempo para interpretarmos, não há tempo para dizermos que isto ou aquilo é errado, que isto é belo, e aquilo é feio, que isto deve ser e aquilo não deve ser. Não há censor, quando se observa uma coisa que se move, uma coisa tão vital como aquele rio, não pode de modo nenhum haver um censor, um juiz. Só há censor, juiz, quando separamos uma pequena porção da água do rio para a olharmos.

Assim, por favor, compreendei bem claramente que, no momento em que separamos uma coisa do contexto de que faz parte, a fim de observá-la, damos nascimento ao censor e, por conseguinte, apresenta-se o conflito, a palavra, todo o processo de verbalização, com o seu preenchimento e agonia da frustração. Vós vos separais da coisa que estais a observar, e depois, dizeis: `Estive a observar a mim mesmo e vi que sou isso, que sou aquilo outro, mas não tenho possibilidade de ir mais longe´. É óbvio que não, porquanto se trata das observações de um observador exterior, que se separou da corrente, do movimento, da celebridade do pensamento. Se isto não está claro, examiná-lo-emos no fim desta palestra.




Observar a si mesmo, sem conflito, é como seguir a corrente, antecipando-se às cataratas, antecipando-se aos movimentos de cada onda, por mais insignificante, vendo cada seixo que faz a onda quebrar-se. Isto não é teoria. Estou a apreciar a questão cientificamente, objectivamente; não me estou a fazer sentimental, nem a formular ideias ou hipóteses; estou a ser realista. 
Quando tiverdes apreendido realmente o profundo significado da observação, descobrireis que o próprio processo de observar, de ver, é o fim do conflito, porque se eliminou a separação entre o observador e a coisa observada; apagou-se completamente esta divisão, e por conseguinte, não estais a observar o pensamento como entidade separada. Vós sois esse pensamento, e não um pensador que observa o pensamento. Quando estais verdadeiramente a seguir algo que é muito vivo, muito rápido, algo que está em espantoso movimento, não tendes tempo para julgar, para avaliar, para condenar, ou para vos identificardes com essa coisa. Ela é tão dinamicamente vital, que não tendes tempo, e isto é importante, não tendes tempo para verbalizá-la, dar-lhe nome, aplicar-lhe um termo; tudo isso são funções separatistas.
Assim, se está compreendido isto, examinemos essa coisa complexa chamada ego, que é o `eu´, o campo da consciência. Estamos a tratar de descobrir se é exacto, e não apenas uma ideia minha ou vossa, que para se promover uma completa mutação, uma revolução total na consciência, o pensamento nenhuma interferência pode ter nisso.

O pensamento não é compaixão; seria totalmente absurdo pensar tal coisa. Não se pode cultivar a compaixão, tampouco o amor. Não importa o que façais, não podeis produzir amor com a mente, não podeis fabricá-lo com o pensamento. 
Ora, pode-se observar os movimentos tanto conscientes como inconscientes dessa entidade total chamada ego, tendo-se sempre em mente que o tempo não existe? 
Tempo é a palavra. No momento em que dizeis: `Isto é cólera´. `Isto é ciúme´, `Isto é mau´, já separastes a coisa de vós mesmos e estais a olhar para uma coisa morta; por conseguinte, não estais a observar a vós mesmos. E, se não conhecerdes a vós mesmos, tudo o que vos diz respeito, o vosso pensamento não tem razão de ser; em todo o movimento do pensamento, em toda a acção, estais meramente a funcionar às cegas, tal e qual uma máquina. 
A maioria de nós não pensa de maneira completa, porém fragmentadamente; o que pensamos num nível é contrariado noutro nível pelo nosso pensamento. Sentimos uma coisa num dado nível, e a negamos noutro nível, de modo que a nossa acção diária é também contraditória, fragmentária, e essa acção gera conflito, aflição, confusão.

Notai, por favor, que tudo isso são evidentes factos psicológicos e que para os compreenderdes não necessitais de ter um único livro de psicologia ou de filosofia, porque tendes o livro dentro de vós, o livro composto pelo homem através dos séculos.






Estamos pois, não apenas a tratar da acção mas também da compaixão; porque a acção encerra a compaixão. A compaixão não é uma certa coisa separada da acção, não é uma ideia à qual se ajusta a acção. Tende a bondade de olhar isso, de considerá-lo atentamente, porque, para a maioria de nós, a ideia é importante, e dela nasce a acção. Mas a ideia separada da acção gera conflito. 
A acção inclui a compaixão; não está apenas no nível tecnológico, ou no nível das relações entre marido e mulher ou entre o indivíduo e a comunidade, porém é um movimento total do nosso ser inteiro. Refiro-me à acção fragmentada. Quando houver observação, e por conseguinte, não houver observador, sendo observador a ideia, a palavra, e começardes a compreender toda essa complexidade chamada `ego´, `eu´, conhecereis então essa acção total e não a acção separatista, fragmentária, em que há conflito.

Não sei se estais a compreender.


Qual o significado do meu falar? Vós estais aí sentados, e eu a falar. Qual o significado disso? Eu não estou a falar para me preencher. Não é o meu `métier´, o meu ganha-pão. Por que, então, estou a falar? Por que estais a escutar, e o que é que estais a escutar? 
Vós e eu estamos a fazer juntos uma viagem, para descobrirmos o que é o facto, o que é a verdade; não uma ideia abstracta da verdade, uma palavra separada do facto, porém, o facto real. 
Vê-se o estado catastrófico em que está o mundo, e sente-se a necessidade de uma tremenda revolução, de completa mutação da mente, de modo que o ente humano seja um verdadeiro ente humano; um ente livre de problemas, livre do sofrimento, ente que viva uma existência plena, rica, completa, e não seja a criatura torturada, coagida, condicionada, que ora é. Eis por que falo, e espero que pela mesma razão me estejais a escutar.
Agora, o que significa observar, digamos, o movimento da ambição? Estou a dar para exemplo a ambição, como uma das coisas feias da nossa vida, ainda que alguns dentre vós a possam achar bela. O que significa observar a estrutura, a anatomia da ambição? (Não a palavra, porque a palavra não é a coisa). A palavra `árvore´ não é a árvore.

Podeis dizer: `Sim, com efeito´; mas psicologicamente, quando observamos em nós mesmos a ambição, imediatamente nos identificamos com esse estado, com essa palavra, e nela ficamos enredados. É fácil perceber que a palavra árvore não é a árvore; mas é outra questão muito diferente observardes em nós mesmos, sem a palavra, esse estado extraordinário chamado ambição. 
Esse estado é formado em vós, no vosso pensamento, no vosso próprio ser, pela sociedade, pelo ambiente em que viveis, pela vossa educação, pela Igreja, pelo agressivo esforço humano, através de séculos incontáveis, para realizar, avançar, matar, etc. 
E o importante é observar em vós mesmos esse estado, não só agora que dele estamos a falar, mas também observá-lo quando a caminho do escritório, quando ledes no jornal o elogio de um certo herói ou homem bem-sucedido. Se o observardes (esse estado) sem lhe dar nome, vereis que não é uma coisa estática, porém um movimento não identificado com a palavra, e por conseguinte, não identificado com o nome, com a vossa pessoa; e se o observardes com intensidade, com certa celeridade, transcendereis a ambição. Ela terá perdido a sua importância, e todavia, podereis estar totalmente em acção. Mas é dificílimo observarmos esse estado em nós mesmos, olharmos o pensamento sem o observador, sem o pensador que o observa.

A observação não exige nenhuma acumulação de conhecimento, ainda que o conhecimento seja obviamente necessário, num certo nível: o conhecimento do médico, o conhecimento do cientista, o conhecimento da História, de todos os factos passados. Afinal de contas, isto é conhecimento: estar informado sobre os acontecimentos passados. Não há conhecimento do amanhã; só podeis conjecturar a respeito do que poderá acontecer amanhã baseado no vosso conhecimento do passado. 




A mente que observa com o conhecimento é incapaz de acompanhar com rapidez a corrente do pensamento. Só pelo observar, sem o crivo do conhecimento, começareis a ver a estrutura total do vosso próprio pensar. 
E, nesse observar, que não significa condenar ou aceitar, porém simplesmente observar, vereis que o pensamento terminará. 
A casual observação de um pensamento não conduz a parte alguma. Mas, se observardes o processo do pensar, sem vos tornar um observador separado da coisa observada; se perceberdes o inteiro movimento do pensamento, sem aceitá-lo nem condená-lo, então essa própria observação dará fim imediato ao pensamento, e a mente, por conseguinte, se tornará compassiva, estará num estado de constante mutação."

Jiddu Krishnamurti
"O libertador da mente"




















"There is one mind common to all individual men. Every man is an inlet to the same and to all of the same. He that is once admitted to the right of reason is made a freeman of the whole estate. What Plato has thought, he may think; what a saint has felt, he may feel; what at any time has befallen any man, he can understand. Who hath access to this universal mind is a party to all that is or can be done, for this is the only and sovereign agent. Of the works of this mind history is the record. Its genius is illustrated by the entire series of days. Man is explicable by nothing less than all his history.
Without hurry, without rest, the human spirit goes forth from the beginning to embody every faculty, every thought, every emotion, which belongs to it, in appropriate events. But the thought is always prior to the fact; all the facts of history preexist in the mind as laws. Each law in turn is made by circumstances predominant, and the limits of nature give power to but one at a time. A man is the whole encyclopaedia of facts. The creation of a thousand forests is in one acorn, and Egypt, Greece, Rome, Gaul, Britain, America, lie folded already in the first man. Epoch after epoch, camp, kingdom, empire, republic, democracy, are merely the application of his manifold spirit to the manifold world.
This human mind wrote history, and this must read it. The Sphinx must solve her own riddle. If the whole of history is in one man, it is all to be explained from individual experience. There is a relation between the hours of our life and the centuries of time. As the air I breathe is drawn from the great repositories of nature, as the light on my book is yielded by a star a hundred millions of miles distant, as the poise of my body depends on the equilibrium of centrifugal and centripetal forces, so the hours should be instructed by the ages and the ages explained by the hours. Of the universal mind each individual man is one more incarnation. All its properties consist in him. Each new fact in his private experience flashes a light on what great bodies of men have done, and the crises of his life refer to national crises. Every revolution was first a thought in one man’s mind, and when the same thought occurs to another man, it is the key to that era. Every reform was once a private opinion, and when it shall be a private opinion again it will solve the problem of the age. The fact narrated must correspond to something in me to be credible or intelligible. "


Ralph Waldo Emerson
"Essays"













t.






































sábado, 27 de fevereiro de 2016

The future of Humanity...











The future
of
Humanity...


























































"A essência do ensinamento de Jiddu Krishnamurti, está contida na declaração que fez em 1929, quando disse: 'A verdade, é uma terra sem caminho'
Os homens dela não se podem aproximar por qualquer organização, por qualquer credo, por qualquer dogma, sacerdote, ou ritual, nem por qualquer conhecimento filosófico ou técnica psicológica. Ele, (o homem) tem de encontrar a verdade através do espelho das relações, através do percebimento do conteúdo da sua própria psicose, pela observação, e não por qualquer dissecação intelectual e analítica! 
O homem construiu em si mesmo imagens, como uma cerca de segurança, imagens religiosas, políticas, pessoais. Estas manifestam-se como símbolos, ideias, crenças. A carga destas imagens domina o pensamento do homem, as suas relações e a sua vida diária. Estas imagens são a causa real dos problemas, pois dividem o homem do homem. A sua percepção da vida está `enformada´ nestes conceitos, já estabelecidos na sua mente. Este conteúdo é comum a toda a humanidade. A `individualidade´, é o nome, a forma e a cultura superficial que ele adquire pela tradição e pelo ambiente. A unicidade do homem não se encontra na superficialidade, mas sim na completa liberdade do conteúdo da sua consciência, que é comum a toda a humanidade. Ele não é, portanto, um `indivíduo´.

Esta declaração foi escrita pelo próprio Jiddu Krishnamurti, em 21 de Outubro de 1980:

"A liberdade não é uma reacção; a liberdade não é uma escolha. É pretensão do homem achar, que, porque ele tem escolha, é livre. A liberdade, é pura observação sem direcção, sem medo de castigo ou recompensa. A liberdade é sem motivo; a liberdade não se encontra no fim da evolução do homem, mas está presente desde o primeiro passo da sua existência. Na observação, apercebemo-nos da falta de liberdade. A liberdade é encontrada na consciência sem escolha da nossa existência e actividades diárias. O pensamento é tempo. O pensamento nasce da experiência e do conhecimento que são inseparáveis do tempo e do passado. O tempo, é o inimigo psicológico do homem. Sendo as nossas acções baseadas no conhecimento, portanto, no tempo, o homem é sempre um escravo do passado. O pensamento é sempre limitado, daí vivermos em constante conflito e luta. Não existe evolução psicológica.
Quando o homem se tornar consciente do movimento dos seus próprios pensamentos, ele aperceber-se-á da divisão existente entre o pensador e o pensado, entre o observador e o observado, entre o experimentador e o experimentado. Ele descobrirá que esta divisão é uma ilusão. Então, existirá apenas pura observação, que é interior, sem qualquer sombra do passado ou do tempo. Este vazio temporal interior, provoca uma mutação profunda e radical na mente.
A negação total é a essência do positivo. Quando existe a negação de todas as coisas trazidas à psicose, pelo pensamento, só então existe amor, que é compaixão e inteligência.“



"O ponto de partida dos nossos diálogos foi a questão: 
`Qual é o futuro da humanidade?´

Estes diálogos constituem uma investigação série desse problema, e à medida que prosseguiam, emergiam muitos dos temas básicos dos ensinamentos de Krishnamurti. Assim, a questão do futuro da humanidade parece, à primeira vista, implicar que uma solução deve, de um modo fundamental, envolver o tempo. Todavia, como salienta Krishnamurti, o tempo psicológico, ou o 'vir-a-ser' , é a verdadeira origem da corrente destruidora que está a pôr em risco o futuro da humanidade. Questionar o tempo desse modo significa, porém, questionar a suficiência do pensamento e do conhecimento enquanto meios de se lidar com esse problema. Mas se o conhecimento e o pensamento não são suficientes, o que é, de facto, necessário? 
Isso, por sua vez, leva à questão de se a mente é limitada pelo cérebro humano, com todo o conhecimento que ele acumulou através dos séculos. O cérebro parece estar irremediavelmente preso nas malhas desse conhecimento, que hoje nos condiciona tão profundamente e que deu origem àquilo que, de facto, é um programa irracional e auto-destruidor. Se a mente encontra-se limitada por esse estado do cérebro, então o futuro da humanidade deve ser, realmente, muito sombrio.
No entanto, Krishnamurti não considera tais limitações inevitáveis. Pelo contrário, ele salienta que a mente é essencialmente livre da tendência deformante inerente ao condicionamento do cérebro e que, através do discernimento que se origina na própria atenção não direccionada, destituída de um centro, ela pode alterar as células do cérebro e remover o condicionamento destrutivo. Neste caso, a existência desse tipo de atenção torna-se de importância crucial e devemos, portanto, dedicar a essa questão a mesma intensidade de energia que geralmente dedicamos a outras actividades da vida que realmente são de interesse vital para nós."


David Bohm 
(O Futuro da Humanidade - págs. 9 e 10 (partes do prefácio) 
Diálogos entre Krishnamurti e o físico David Bohm











O futuro da humanidade?

The future of Humanity  
is a dialogue between Krishnamurti and David Bohm which took place in England in 1983.Starting with the questions – Are psychologists really concerned with the future of man? Are they concerned with the human being conforming to the present society, or going beyond that? – the conversation embarks on the incredible journey of the unconditioned mind and asks if the consciousness of mankind can be changed through time.

As discussed intelligently by Krishnamurti and Bohm in the following video, I don’t think many people will take the time to contemplate seriously on the psychological divisions created by our own thought processes.

This conditioning we call knowledge, which has been accumulated in the past, has contributed towards making us ever more divisive. This has unfortunately caused conflict within ourselves and with each other.

As I no doubt believe, those would-be masters who hold power and who wish nothing more than for us to fight each other rather than fight them, have conveniently used every indoctrinating tool at their disposal. Be it the imparting of divisive knowledge carried out by the political system, educational system, religion, and every ideology or authority figure we choose to accept as truth.


Right this minute, we need to look within ourselves to liberate our minds from this conditioning so that unity and peace can hopefully be achieved, not only within but more importantly the world too. But somehow, I don’t think we will see any sort of positive change anytime soon – especially not in my lifetime.








































"A nossa política educacional baseia-se em duas enormes falácias. A primeira é a que considera o intelecto como uma caixa habitada por ideias autónomas, cujos números podem aumentar-se pelo simples processo de abrir a tampa da caixa e introduzir-lhes novas ideias. A segunda falácia, é que, todas as mentes são semelhantes e podem lucrar como o mesmo sistema de ensino. Todos os sistemas oficiais de educação são sistemas para bombear os mesmos conhecimentos pelos mesmos métodos, para dentro de mentes radicalmente diferentes. Sendo as mentes organismos vivos e não caixotes do lixo, irremediavelmente dissimilares e não uniformes, os sistemas oficiais de educação não são como seria de esperar, particularmente afortunados. Que as esperanças dos educadores ardorosos da época democrática cheguem alguma vez a ser cumpridas parece extremamente duvidoso. Os grandes homens não podem fazer-se por encomenda por qualquer método de ensino por mais perfeito que seja.
O máximo que podemos esperar fazer é ensinar todo o indivíduo a atingir todas as suas potencialidades e tornar-se completamente ele próprio. Mas o eu de um indivíduo será o eu de Shakespeare, o eu de outro será o eu de Flecknoe. Os sistemas de educação prevalecentes não só falham em tornar Flecknoes em Shakespeares (nenhum método de educação fará isso alguma vez); falham em fazer dos Flecknoes o melhor. A Flecknoe não é dada sequer uma oportunidade para se tornar ele próprio. Congenitamente um sub-homem, ele está condenado pela educação a passar a sua vida como um sub-sub-homem.

(...)

"É possível que a religião da solidão seja de certa maneira superior à religião social e formalizada. O que é certo é que ela apareceu mais tarde no decurso da evolução. Além disso, os fundadores das religiões e seitas históricamente mais importantes têm sido todos, com excepção de Confúcio, solitários. Talvez seja verdade dizer-se que, quanto mais poderosa e original for uma mente, mais ela se inclinará para a religião da solidão, e menos ela será atraída no sentido da religião social ou impressionada pelas suas práticas. Pela sua própria superioridade a religião da solidão está condenada a ser a religião das minorias. Para a grande maioria dos homens e das mulheres a religião ainda significa, o que sempre significou, religião social formalizada, um assunto de rituais, observâncias mecânicas, emoção das massas. Perguntem a qualquer dessas pessoas o que é a verdadeira essência da religião, e eles responderão que ela consiste na devida observância de certas formalidades, na repetição de certas frases, na reunião em certos tempos e em certos lugares, da realização por meios apropriados de emoções comunais. "


(...)

"A educação actual e as actuais conveniências sociais premeiam o cidadão e imolam o homem. Nas condições modernas, os seres humanos vêm a ser identificados com as suas capacidades socialmente valiosas. A existência do resto da personalidade ou é ignorada ou, se admitida, é admitida somente para ser deplorada, reprimida ou, se a repressão falhar, sub-repticiamente rebuscada. Sobre todas as tendências humanas que não conduzem à boa cidadania, a moralidade e a tradição social pronunciam uma sentença de banimento. Três quartas partes do Homem são proscritas. O proscrito vive revoltado e comete vinganças estranhas. Quando os homens são criados para serem cidadãos e nada mais, tornam-se, primeiro, em homens imperfeitos e depois em homens indesejáveis.
A insistência nas qualidades socialmente valiosas da personalidade, com exclusão de todas as outras, derrota finalmente os seus próprios fins. O actual desassossego, descontentamento e incerteza de propósitos testemunham a veracidade disto. Tentámos fazer homens bons cidadãos de estados industriais altamente organizados: só conseguimos produzir uma colheita de especialistas, cujo descontentamento em não serem autorizados a ser homens completos faz deles cidadãos extremamente maus. Há toda a razão para supor que o mundo se tornará ainda mais completamente tecnicizado, ainda mais complicadamente arregimentado do que é presentemente; que graus cada vez mais elevados de especialização serão requeridos dos homens e mulheres individuais. O problema de reconciliar as reivindicações do homem e do cidadão tornar-se-á cada vez mais agudo. A solução desse problema será uma das principais tarefas da educação futura. Se irá ter êxito, e até mesmo se o êxito é possível, somente o evento poderá decidir."

Aldous Huxley
"Sobre a democracia e outros estudos"






































t.
































sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

State of a mind...










State 
of a 
mind...














Lonely the wind calls
Over the fields
Of the blue and the grey
And slowly the night falls
It hides and conceals
Oh, the blue and the grey

Your thoughts of pride and glory
These things won't bring you home
It's every young man's story
Your castle walls are strong
No fear, no desperate worry
Forget where you belong
With every step you hurry
You have to carry on
We never end up learning
You'll never be returning

You're running like a blind man
Nobody knows
If you're blue or you're grey
So tell me how it started
What can you say?
Whether you're blue
You're blue or you're grey

Your thoughts of pride and glory
These things won't bring you home
It's every young man's story
Your castle walls are strong
No fear, no desperate worry
Forget where you belong
With every step you hurry
You have to carry on
We never end up learning
You'll never be returning

When
When it comes to pass
And you
You breathe your last
When
When it comes to pass

Your thoughts of pride and glory
These things won't bring you home
It's every young man's story
Your castle walls are strong
No fear, no desperate worry
Forget where you belong
With every step you hurry
Got to hurry
You have to carry on
We never end up learning
You'll never be returning





"É necessário perceber, compreender, que só há pensamento, como reacção da memória, reacção da experiência, pois o pensamento é isso. Pergunto-vos uma coisa, e ou respondeis prontamente, ou precisais de algum tempo para responder. A presteza da resposta indica que sabeis muito bem a resposta, que estais bem familiarizado com ela. Mas, se vos pergunto algo de muito mais profundo, que ignorais ou que esquecestes, tendes de reflectir. Este `reflectir´ é a procura, durante o intervalo de tempo.

Pensar, pois, é um processo mecânico; não é nada de sublime, de maravilhoso. Os cérebros electrónicos estão também `a pensar´; isto é, o cérebro electrónico `responde´ de acordo com os dados que lhe foram fornecidos, que constituem o seu `conhecimento´; e depois, quando lhe é feita uma pergunta, ele `responde´. Connosco dá-se exactamente a mesma coisa. Actuamos através da associação, da experiência, do conhecimento prévio; e quando provocado, esse conhecimento `responde´; essa resposta é pensamento. Se se percebe que todo o pensar é uma reacção da memória, e por conseguinte, mecânico, portanto, coisa morta e não vital, altera-se toda a nossa estrutura de conflito. Começa-se então a aprender a respeito do pensar. Descobre-se, então, quanto é importante compreender toda a estrutura da memória, aprender a respeito dela; e que a memória é a sede de todas as reacções. Os cientistas andam ocupados em investigar o problema da memória e a importância desta em certos níveis. E eu vos estou a dizer que a memória é importante em certos níveis; e que noutro nível ela é sumamente destrutiva, pois resulta do tempo, do passado; e se estais sempre a `responder´ da base do passado, o vosso pensar, obviamente, procede do passado, de modo que nunca estais livre para olhar qualquer coisa de maneira completamente nova.

Assim, à mente que está a aprender, e não a adquirir conhecimento, só interessa o pensar, e não o pensador, porque este foi criado pelo pensamento. Vede, isto é muito simples. Se gosto de uma coisa, nela penso constantemente; o pensar nela proporciona-me prazer, e por conseguinte, dou a essa coisa de que gosto uma continuidade, que se torna memória. E, se não gosto de uma coisa, trato de repeli-la, o que, a seu turno, dá continuidade a essa coisa. Considerai, pois, isto, aprendei a respeito disto: Que todo o nosso pensar é mecânico; e que, sendo o pensamento mecânico, o mero cultivo do pensamento nunca libertará o homem; por mais que logreis requintar, controlar, eliminar o pensamento, nunca sois livre. O que vos cabe fazer é aprender tudo o que concerne ao pensar, e dessa maneira, vos tornardes original. O aprender não é acumulativo.

Não há mais tempo para falarmos sobre o medo; fá-lo-emos no próximo domingo ou em qualquer dia em que aqui nos reunirmos. Mas é necessário compreender muito claramente certas coisas, que o acto de aprender é completamente diferente do acto de adquirir conhecimento; que o aprender liberta energia, ao passo que a acumulação de conhecimentos e o actuar de acordo com eles, restringe a energia; que essa restrição, essa repressão da energia é conflito; que a verdadeira fonte do conflito é a separação entre o pensador e o pensamento; que, quando só há pensamento e por conseguinte não há condenação de nada, resistência a nada, só há o simples acto de aprender constantemente; que esse aprender torna a mente jovem, nova, `inocente´; e por fim, que essa mente não pode ser atingida pela idade.

Assim, a mente que é capaz de olhar, de ver, de escutar e aprender, é uma mente muito disciplinada, da disciplina nascida do aprender e não do ajustamento. A própria palavra `disciplina´ significa aprender; mas, infelizmente, a traduzimos com o significado de ajustamento, pressão, etc. E, para aprender, necessita-se de atenção, e não de concentração, assunto de que trataremos noutro dia. Tudo isso requer energia e, por conseguinte, alimentação adequada, etc.

A mente religiosa é sempre jovem, isto é, está sempre a aprender, e por conseguinte, fora do tempo. Só essa é a mente religiosa. Não aquela que vai aos templos, essa não é mente religiosa; não a que lê livros e está sempre a citar e a pregar moral; não é essa a mente religiosa. A mente que recita orações, que repete, repete, repete, está, no fundo, atemorizada e obcecada pelo conhecimento; portanto, não é uma mente religiosa. Religiosa é a mente que está a aprender, e por conseguinte, nunca em conflito, em tempo algum, a qual, por conseguinte, é uma mente nova, inocente. Essa mente está só. A mente necessita de estar inteiramente só, porque só assim pode transcender a si própria."


Jiddu Krishnamurti
"Uma nova maneira de agir"













"Deterioration is the central factor - is it not? - whatever may be the way of our life. The artist may feel it in one way, and the teacher in another; but if we are at all aware of others, and of our own mental processes, it is fairly obvious with the old and with the young, that deterioration of the mind does take place. Deterioration seems to be inherent in the very activities of the mind itself. As a machine wears itself out through use, so the mind seems to worsen through its own action.

"We all know this," said the educated lady. "The fire the creative force fades away after one or two spurts, but the capacity remains, and this ersatz creativity becomes in time a substitute for the real thing. We know this only too well. My question is, how can that creative something remain without losing its beauty and force?"

What are the factors of deterioration? If one knew them, perhaps it might be possible to put an end to them.

"Are there any specific factors clearly to be pointed out?" asked the former party member. "Deterioration may be inherent in the very nature of the mind."

The mind is a product of the society, of the culture in which it has been brought up; and as society is always in a state of corruption, always destroying itself from within, a mind that continues to be influenced by society must also be in a state of corruption or deterioration. Isn't that so?
"Of course; and it is because we perceived this fact," explained the ex-Communist, "that some of us worked hard and rather brutally, I'm afraid, to create a new and rigid pattern according to which we felt society should function. Unfortunately a few corrupt individuals seized power, and we all know the result."

May it not be, sir, that deterioration is inevitable when a pattern is created for the individual and collective life of man? By what authority, other than the cunning authority of power, has any individual or group the right to create the all-knowing pattern for man? The church has done it, by the power of fear, flattery and promise, and has made a prisoner of man.

"I thought I knew, as the priest thinks he knows, what is the right manner of life for man; but now, along with many others, I see what stupid arrogance that is. The fact remains, however that deterioration is our lot; and can anyone escape from it?"

"Can we not educate the young," asked the teacher, "to be so aware of the factors of corruption and deterioration, that they will instinctively avoid them, as they would avoid the plague?"

Aren't we going round and round the subject without getting at it? Let us consider it together. We know that our minds deteriorate in different ways, according to our individual temperaments. Now, can one put an end to this process? And what do we mean by the word `deterioration'? Let us go slowly into it. Is deterioration a state of mind that's known through comparison with an incorruptible state which the mind has momentarily experienced and is now living in the memory of, hoping by some means to revive it? Is it the state of a mind that is frustrated in its desire for success, self-fulfilment, and so on? Has the mind tried and failed to become something, and does it therefore feel itself to be deteriorating?

"It's all of that," said the educated lady. "At least, I seem to be in one, if not all, of the states you have just described."

When did that flame of which you were speaking earlier come into being?

"It came unexpectedly, without my seeking it, and when it went away, I was unable to get it back. Why do you ask?"

It came when you were not seeking it; it came neither through your desire for success, nor through the longing for that intoxicating sense of elation. Now that it has gone, you are pursuing it, because it gave momentary meaning to a life that otherwise had no meaning; and as you cannot recapture it, you feel that deterioration has set in. Isn't that so?

"I think it is - not only with me, but with most of us. The clever ones build a philosophy round the memory of that experience, and thereby catch innocent people in their net."

Doesn't all this point to something which may be the central and dominant factor of deterioration?

"Do you mean ambition?"

That's only one facet of the accumulating core: this purposive, self-centred focus of energy which is the `me' the ego, the censor, the experiencer who judges the experience. May it not be that this is the central the only factor of deterioration?

"Is it a self-centred, egotistic activity," asked the artist, "to realize what one's life is without that creative intoxication? I can hardly believe it."

It's not a matter of credulity or belief. Let's consider it further. That creative state came into being without your invitation, it was there without your seeking it. Now that it has faded away and become a thing remembered, you want to revive it, which you have tried to do through various forms of stimulation. You may occasionally have touched the hem of it, the outer edges of it, but that's not enough, and you are ever hungering after it, Now, is not all craving, even for the highest, an activity of the self? Is it not self-concern?

"It seems so, when you put it that way," conceded the artist. "But it is craving in one form or another that motivates us all, from the austere saint to the lowly peasant."

"Do you mean," asked the teacher, "that all self-improvement is egotistic? Is every effort to improve society a self-centred activity? Is not education a matter of self-expansive improvement, of making progress in the right direction? Is it selfish to conform to a better pattern of society?"

Society is always in a state of degeneration. There is no perfect society. The perfect society may exist in theory, but not in actuality. Society is based on human relationship motivated by greed, envy, acquisitiveness, fleeting joy, the pursuit of power, and so on. You can't improve envy; envy has to cease. To put a civilized coating on violence through the double talk of ideals, is not to bring violence to an end. To educate a student to conform to society is only to encourage in him the deteriorating urge to be secure. Climbing the ladder of success, becoming somebody gaining recognition - this is the very substance of our degenerating social structure and to be part of it is to deteriorate.
"Are you suggesting," inquired the teacher rather anxiously, "that one must renounce the world and become a hermit, a sannyasi?"

It's comparatively easy, and in its way profitable, to renounce the outward world of home, family, name, property; but it's quite another matter to put an end - without any motive, without the promise of a happy future - to the inner world of ambition, power, achievement, and really to be as nothing. Man begins at the wrong end with things, and so ever remains in confusion. Begin at the right end; start near to go far.

"Must not a definite practice be adopted to put an end to this deterioration, this inefficiency and laziness of the mind?" asked the government official."

Practice or discipline implies an incentive, the gaining of an end; and isn't this a self-centred activity? Becoming virtuous is a process of self-interest, leading to respectability. When you cultivate in yourself a state of non-violence, you are still violent under a different name. Besides all this, there is another degenerating factor: effort, in all its subtle forms. This doesn't mean that one is advocating laziness.

"Good heavens, sir, you are certainly taking everything away from us!" exclaimed the official. "And when you take everything away, what's left of us? Nothing!"

Creativeness is not a process of becoming or achieving, but a state of being in which self-seeking effort is totally absent. When the self makes an effort to be absent, the self is present. All effort on the part of this complex thing called the mind must cease, without any motive or inducement.

"That means death doesn't it?"

Death to all that's known which is the `me'. It is only when the totality of the mind is still, that the creative, the nameless, comes into being.

"What do you mean by the mind?" asked the artist.

The conscious as well as the unconscious; the hidden recesses of the heart as well as the educated bits of the mind.

"I have listened," said the silent lady, "and my heart understands."



Jiddu Krishnamurti
Commentaries on Living Series III Chapter 15
 'Deterioration of The Mind'















Lived your life, a working man
Every day just the same
Passing time the best you can
Running home through the rain
Now it's all gone
But carry on

You sit alone into the night
And think about what could be
You missed the chance you had in life
A father to your family
It's not what it seems
When you've got dreams

Inside your head
No one sees
They fear to tread
Inside your head
You're still free
It must be said

Every word you used to say
Answers to everything
Your old world of yesterday
There's so much you could bring
While you still breathe
You will believe

Inside your head
No one sees
They fear to tread
Inside your head
You're still free
It must be said

No one has done it all
Even today
Big or the small
And when people might call
Don't run away
You just stand tall

Inside your head
No one sees
They fear to tread
Inside your head
You're still free
It must be said

Inside your head
No one sees
They fear to tread
Inside your head
You're still free
It must be said













(...)
Inside me are locked and tied to the ground
All the movements that make up the universe,
The thorough fury and of the atoms,
The fury of all flames, the rage of all winds,
The furious foam of all rivers, that rushes,

The rain with stones thrown from catapults
Of huge armies of dwarfs hidden in the sky.

I am a formidable dynamism obliged to the balance
To remain inside my body, to not overflow of my soul.
Roars, bursts, wins, cracks, rumbles, shakes,
Quivers, trembles, foam, blows, violates, explodes,
Lose yourself, transcend yourself, circle yourself, live yourself, disrupt and flee,
Be with my whole body all the universe and life,
Burns with all my being all lights and lamps,
Scratch with all my soul all the lightning and fires,
Survives me in my life in all directions!




"After all" by Álvaro de Campos 
(Fernando Pessoa)















t.