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domingo, 24 de fevereiro de 2013

POEMAS extraídos de WHY NOT de TITO COLAÇO & THOMAS ELIASSON




Crença e Intolerância

A necessidade de fé não foi absolutamente provocada pelas religiões; foi ela, ao contrário, que as suscitou. 
As divindades não fazem mais do que fornecer um objecto ao nosso desejo de crer. Desde que ele se desvia das divindades, o homem entrega-se a uma fé qualquer, quimeras políticas, sortilégios ou feitiços.
(...) Uma das mais constantes características gerais das crenças é a sua intolerância. Ela é tanto mais intransigente quanto mais forte é a crença. Os homens dominados por uma certeza não podem tolerar aqueles que não a aceitam. 


Gustave Le Bon

 "As Opiniões e as Crenças "
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Toda a Virtude Assenta na Justa Medida

Toda a virtude assenta na justa medida, e a justa medida baseia-se em proporções determinadas. 
A firmeza não pode sequer tentar elevar-se, e o mesmo se dirá da confiança, da verdade, da lealdade. Pode acrescentar-se alguma coisa àquilo que é perfeito? Nada, de outro modo não seria perfeito, pois algo se lhe acrescentou. 
Nada, por conseguinte, se pode adicionar à virtude, pois se tal fosse possível era porque algo lhe faltava. Também a honestidade não é passível de qualquer acréscimo, pois o que é a honestidade decorre do raciocínio acima exposto. 
E quanto ao mais, o respeito pelas normas sociais, a justiça, a legalidade, não achas que são conceitos do mesmo tipo, definidos por critérios igualmente rigorosos? Para uma coisa ser susceptível de acréscimo essa coisa tem de ser imperfeita. 
Todo o bem obedece a esta mesma lei: o interesse privado e o interesse público são tão dissociáveis como, que sei eu?, aquilo que merece o louvor se não distingue do que merece o nosso esforço. 
Por conseguinte, todas as virtudes são tão iguais entre si como todas as realizações da virtude e todos os homens dotados dessas virtudes. 
                               

Séneca
 "Cartas a Lucílio "

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A Busca da Verdade

O que constitui o valor do homem não é a verdade, que qualquer pessoa pode possuir ou supõe possuir, mas o empenho sincero que o homem empregou para descobrir a verdade. 
Pois é por meio da busca pela verdade, e não com a posse desta, que as suas forças se ampliam, e somente nisto consiste a sua perfeição sempre crescente. 



Gotthold Lessing

 "Eine Duplik"

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Amamos os Nossos Defeitos

Consentimos que nos apontem os nossos defeitos, aceitamos as punições que deles decorrem, sofremos pacientemente por causa desses defeitos. 
Mas perdemos a paciência se nos obrigam a pô-los de lado. Certos defeitos são imprescindíveis à existência dos indivíduos. 
Ser-nos-ia desagradável ver amigos de longa data porem de lado alguns dos seus particularismos. 


Johann Wolfgang von Goethe

"Máximas e Reflexões "

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É Actuando que Devemos Abandonar

Eu odeio, no fundo, toda a moral que diz: «Não faças isto, não faças aquilo. Renuncia. Domina-te...». 
Gosto, pelo contrário, da moral que me leva a fazer uma coisa, a refazê-la, a pensar nela de manhã à noite, a sonhar com ela durante a noite, e a não ter jamais outra preocupação que não seja fazê-la bem, tão bem quanto for capaz entre todos os homens. 
A viver assim despojamo-nos, uma a uma, de todas as preocupações que não têm nada a ver com esta vida: vê-se sem ódio nem repugnância desaparecer hoje isto, amanhã aquilo, folhas amarelas que o menor sopro um pouco vivo solta da árvore; ou mesmo nem sequer se dá por isso, de tal modo o objectivo absorve o olhar, de tal modo o olhar se obstina em ver para diante, não se desviando nunca, nem para a direita nem para a esquerda, nem para cima nem para baixo. 
«É a nossa actividade que deve determinar o que temos de abandonar; é actuando que deixaremos», eis o que amo, eis o meu próprio placitum! Mas eu não quero trabalhar para me empobrecer mantendo os olhos abertos, não quero essas virtudes negativas que têm por essência a negação e a renúncia. 


Friedrich Nietzsche

"A Gaia Ciência"

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A Grandeza de Carácter

Obedecer aos próprios sentimentos? 
Arriscar a vida ao ceder a um sentimento generoso ou a um impulso de momento... Isso não caracteriza um homem: todos são capazes de fazê-lo; neste ponto, um criminoso, um bandido, um corso certamente superam um homem honesto. O grau de superioridade é vencer em si esse elã e realizar o acto heróico, não por um impulso, mas friamente, razoavelmente, sem a expansão de prazer que o acompanha. 
Outro tanto acontece com a piedade: ela há-de ser habitualmente filtrada pela razão; caso contrário, é tão perigosa como qualquer outra emoção. 
A docilidade cega perante uma emoção - tanto importa que seja generosa ou piedosa como odienta - é causa dos piores males. A grandeza de carácter não consiste em não experimentar emoções; pelo contrário, estas são de ter no mais alto grau; a questão é controlá-las e, ainda assim, havendo prazer em modelá-las, em função de algo mais. 


Friedrich Nietzsche

"A Vontade de Poder "

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Não Há Vício que se não Esconda Atrás de Boas Razões

Não há vício que se não esconda atrás de boas razões; a princípio, todos são aparentemente modestos e aceitáveis, só que a pouco e pouco vão-se expandindo. Não conseguirás pôr fim a um vício se deixares que ele se instale. 
Toda a paixão é ligeira de início; depois vai-se intensificando, e à medida que progride vai ganhando forças. É mais difícil libertarmo-nos de uma paixão do que impedir-lhe o acesso. Ninguém ignora que todas as paixões decorrem de uma tendência, por assim dizer, natural. 
A natureza confiou-nos a tarefa de cuidar de nós próprios, mas, se formos demasiado complacentes, o que era tendência torna-se vício. 
Aos actos necessários juntou a natureza o prazer, não para que fizéssemos deste a nossa finalidade mas apenas para nos tornar mais agradáveis aquelas coisas sem as quais é impossível a existência. 
Se o procuramos por si mesmo, caímos na libertinagem. Resistamos, portanto, às paixões quando elas se aproximam, já que, conforme disse, é mais fácil não as deixar entrar do que pô-las fora. 


Séneca

"Cartas a Lucílio"

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Crítica e Auto-Crítica

Assim como o homem carrega o peso do próprio corpo sem o sentir, mas sente o de qualquer outro corpo que quer mover, também não nota os próprios defeitos e vícios, mas só os dos outros. 
Entretanto, cada um tem no seu próximo um espelho, no qual vê claramente os próprios vícios, defeitos, maus hábitos e repugnâncias de todo o tipo. Porém, na maioria da vezes, faz como o cão, que ladra diante do espelho por não saber que se vê a si mesmo, crendo ver outro cão.
Quem critica os outros trabalha em prol da sua própria melhoria. Portanto, quem tem a inclinação e o hábito de submeter secretamente a conduta dos outros, e em geral também as suas acções e omissões, a uma atenta e severa crítica, trabalha na verdade em prol da própria melhoria e do próprio aperfeiçoamento, pois possui o suficiente de justiça, ou de orgulho e vaidade, para evitar o que amiúde censura com tanto rigor. 

Arthur Schopenhauer

"Aforismos para a Sabedoria de Vida "

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O Verdadeiro é Simples

O verdadeiro, o bom, o inigualável é simples e é sempre idêntico a si mesmo, seja qual for a forma sob a qual ocorre. 
Pelo contrário, o erro, sobre o qual sempre recairá a censura, é de uma extrema diversidade, diferente em si mesmo, em luta não apenas contra o verdadeiro e bom mas também consigo mesmo, sempre em contradição consigo próprio. 
É por isso que em todas as literaturas as expressões de censura hão-de ser sempre muito mais que as palavras destinadas aos louvores. 


Johann Wolfgang von Goethe

 "Máximas e Reflexões"

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Sonhos Prometedores

Tenho mais pena dos que sonham o provável, o legítimo e o próximo, do que dos que devaneiam sobre o longínquo e o estranho. 
Os que sonham grandemente, ou são doidos e acreditam no que sonham e são felizes, ou são devaneadores simples, para quem o devaneio é uma música da alma, que os embala sem lhes dizer nada. 
Mas o que sonha o possível tem a possibilidade real da verdadeira desilusão. 
Não me pode pesar muito o ter deixado de ser imperador romano, mas pode doer-me o nunca ter sequer falado à costureira que, cerca da nove horas, volta sempre a esquina da direita. 
O sonho que nos promete o impossível já nisso nos priva dele, mas o sonho que nos promete o possível intromete-se com a própria vida e delega nela a sua solução. Um vive exclusivo e independente; o outro submisso das contingências do que acontece. 


Fernando Pessoa

"O Livro do Desassossego "


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POEMAS extraídos de WHY NOT  de TITO COLAÇO & THOMAS ELIASSON
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24.02.2013

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