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sábado, 22 de outubro de 2011

Abolição da Prostituição pelos Direitos das Mulheres (PpDM)



Abolição da Prostituição





A Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (PpDM) lança hoje em Portugal uma campanha europeia de sensibilização para abolir a prostituição, classificando esta prática como uma forma de violência contra as mulheres.

A campanha europeia «Junt@s por uma Europa livre de Prostituição», que será lançada hoje num seminário europeu sobre «Prostituição e Tráfico de Seres Humanos para Fim de Exploração Sexual», apela à União Europeia e aos Estados Membros «para se acabar com a prostituição enquanto violação grave dos direitos humanos das mulheres», disse à agência Lusa a presidente da PpDM, Margarida Medina Martins.

A prostituição «é uma forma grave de violência de género e uma das consequências extremas da desigualdade de género na nossa sociedade. A prostituição viola o direito fundamental à dignidade e perpetua a dominação masculina sobre as mulheres, através da mercantilização da mulher», salienta.

Margarida Medina Martins considera que «a crise económica terá tendência a aumentar a pobreza das mulheres, em termos nacionais e internacionais», o que poderá ter consequências.

«Tememos que as mulheres por questões de sobrevivência tenham de recorrer à prostituição, o que corresponde a uma falha total de todos os mecanismos de protecção e apoio na área dos direitos humanos fundamentais que o país deverá ter», frisou em declarações à Lusa.

Para a responsável, há factores que «conduzem e empurram» as pessoas para estas situações que não estão resolvidas na sociedade.

«Acho que há aqui algum grau de cumplicidade e de responsabilidade dos governos, bem como dos cidadãos, na perpetuação destas situações», frisou.

E, enquanto não forem resolvidas, estas situações «são sempre responsabilidade da sociedade civil e dos governos», que têm de reflectir sobre elas e desenharem estratégias para acabar com estas factores, defende.

Salienta também que o tráfico de seres humanos para fins de exploração sexual constitui uma grave violação dos direitos humanos que, em 98% dos casos, afeta mulheres e crianças.

«Nós temos ideia que o tráfico também tem uma ligação forte às questões da prostituição e da pobreza», refere a presidente da Plataforma, acrescentando: «Há toda uma malha e redes que estão organizadas no sentido de fazer esta exploração das fragilidade que a sociedade tem – como o abandono de crianças, a pobreza, violações - e para as quais os governos têm de dar uma atenção muito especial porque são pessoas muito vulneráveis».

Para Margarida Medina Martins, é preciso colocar este problema nas agendas políticas.

«Nós temos ideia que deixou de ser uma questão localizada. Devido às redes de tráfico, actualmente há um maior risco das pessoas serem utilizadas como objectos e mercadorias que são transaccionadas para outros países», disse salientando que as autoridades têm informação e tecnologia para fazer frente ao tráfico de seres humanos.

«Não podem apenas combater o tráfico de armas e de drogas», defende, realçando que Portugal é a «rota de entrada para a Europa» deste crime.

A campanha que será hoje lançada enquadra-se no Dia Internacional contra o Tráfico de Seres Humanos (18 de Outubro).

Actualmente há cerca de 27 milhões de escravos no mundo, o dobro da totalidade das pessoas que foram deportadas durante os 400 anos da história do tráfico de escravos no Atlântico para as Américas.


20 de Outubro, 2011
Lusa/SOL

domingo, 18 de setembro de 2011

Vital, fazer testamento!

Testamento vital avança

Todos os partidos de acordo. Projectos ainda vão ser detalhados na comissão de Saúde, tal como os relativos aos cuidados paliativos.


São raros os momentos em que todos os partidos estão de acordo. Ontem, PSD, PS, CDS, PCP e BE mostraram-se disponíveis para avançar com o testamento vital. Os projectos vão ser votados hoje, mas todos deverão ser aprovados na generalidade, para depois serem discutidos na comissão parlamentar de Saúde.


A nova lei vai introduzir regras para que cada pessoa possa declarar por escrito que tratamentos pretende receber, caso esteja impossibilitada de exprimir a sua vontade. Os dois partidos da maioria não levantaram entraves aos projectos do PS e do Bloco e não se vão opor à sua aprovação. O deputado do PSD, Nuno Reis, salientou aspectos positivos nas propostas e afirmou que os sociais-democratas estão “dispostos a discutir” porque não “há tabus”. No entanto, o deputado quis salientar que a discussão do testamento vital – ou regime das directivas antecipadas de vontade, como prefere chamar-lhe o PSD – “não é uma antecâmara da discussão da eutanásia”.


Do lado do CDS, a deputada Isabel Galriça Neto disse querer discutir o assunto, dado que o testamento vital “não é uma matéria de esquerda ou de direita”. Apoio também do PS, com a deputada Maria de Belém a afirmar que os socialistas vão aprovar todos os projectos que respeitem a “dignidade da pessoa humana”. Já o Bloco de Esquerda, pela voz de João Semedo, criticou o projecto do CDS: “É um projecto de faz de conta.”


Se houve consenso em relação ao testamento vital, já no que aos cuidados paliativos diz respeito a unidade é difícil de alcançar. O projecto do CDS deve ser aprovado à partida com os votos a favor do PSD e do BE, apesar de ontem ter levantado dúvidas no plenário.


O PCP, que não apresentou projectos neste âmbito, relembrou que a realidade vai frustrar os direitos consagrados nesses projectos: “Estes projectos são como pintar uma parede quando alguém ataca os alicerces”, disse Bernardino Soares.

ionlne  
16-09-2011