Anthem of life...
Anthem of life...
19 de Agosto
Era um belo dia, sem nuvens, um
dia de sombras e luz; depois de chuvas torrenciais, o sol brilhava num céu
azul, claro e límpido.
As montanhas cobertas de neve
encontravam-se tão próximas que era quase possível tocá-las; erguiam-se
nitidamente contra o céu. As brilhantes campinas luziam ao sol, e cada haste de
capim tinha o seu ritmo próprio e graça, mas as folhas se moviam pesadamente. O
vale estava exuberante e ouviam-se risadas; um magnífico dia cheio de sombras.
As sombras são mais vivas do que a realidade; mais longas, mais profundas e
ricas; pareciam ter vida própria, independente e protectora; elas sempre se
mostram acolhedoras.
O símbolo torna-se mais
importante do que a realidade; proporciona segurança; é fácil encontrar
conforto em seu abrigo. Não importa o que se faça, ele jamais contradiz, nem se
altera; tanto faz coroá-lo ou cobri-lo de cinzas.
Extraímos enorme satisfação de
coisas mortas, de um quadro, de uma conclusão, de uma palavra. Apesar de
estarem mortos exalam perfumes que nos dão imenso prazer.
O cérebro é sempre o dia de
ontem, e o presente é a sombra do dia anterior, que se prolonga até o dia
seguinte, um tanto alterada, mas conservando o ranço do passado.
Portanto, o cérebro vive envolto
em sombras, o que é mais seguro e confortador.
A consciência está sempre
recebendo, acumulando, interpretando o que armazena; não pára de absorver por
todos os poros; de acumular, de experimentar o que colheu, de julgar, compilar,
modificar. Não só vê com os olhos, com o cérebro, mas também com todo esse
cabedal de informações e conhecimentos.
A consciência faz do acto de
receber a própria razão de sua existência.
Guarda, em seus íntimos e ocultos
retrocessos, tudo aquilo que absorveu ao longo dos séculos — os instintos, as
memórias, as defesas — sempre acumulando, ou rejeitando, com o intuito de
acumular mais. Ao voltar-se para o mundo exterior, e fá-lo para avaliar,
comparar ou receber. E, dirigindo-se ao interior, o faz com aquela mesma visão
exterior, que pesa, que compara e recebe; o despojamento interior não deixa de
ser uma forma de acumular. E não tem fim esse processo limitado pelo tempo, em
que há um misto de dor, de fugaz alegria e sofrimento.
Mas, observar, ver e escutar sem
a interferência desta consciência uma acção que não visa receber — faz parte do
movimento global da liberdade. Esta acção não tem um ponto de partida, e,
portanto, age em todas as direcções, sem a barreira do tempo-espaço. É completo
o seu acto de escutar e de ver. Disso nasce a atenção. A atenção abrange todas
as distracções.
Só na concentração há o conflito
criado pela distracção. Expresso ou não, verbalizado ou buscando uma expressão,
o pensamento é a totalidade da consciência;o eterno binómio
pensamento-sentimento e vice-versa.
O pensamento nunca está quieto; a
reacção que se exprime nas formas de pensamento, intensifica o processo da
reacção.
A beleza é a sensação expressa
pelo pensar. O amor, igualmente, pertence ao campo do pensamento. E existirá
amor e beleza dentro dos limites do pensamento?
Haverá beleza enquanto o
pensamento funciona?
A beleza, o amor que ele conhece
é o oposto da fealdade e do ódio. Mas, a beleza, tal como o amor, não tem
oposto.
Ver sem a interferência do
pensamento ou da palavra, sem a reacção da memória, difere totalmente do “ver”
baseado no pensamento e na sensação.
É superficial o que se vê com o
pensamento. Ver sem o pensar é visão integral. Contemplar uma nuvem sobre a
montanha, sem o pensamento e as suas reacções, é o milagre do “novo”; e isto
não exprime beleza, porém é imensamente explosivo; um fenómeno único, que
jamais existiu e que jamais se repetirá.
Para ver e ouvir, a consciência
deve aquietar-se, condição essencial para a avassaladora criação. Isto é a
totalidade da vida, não o fragmento do pensamento.
Não existe beleza, mas
simplesmente uma nuvem sobre a montanha; e é isto criação.
Extasiava a beleza dos picos da
serra, iluminados pelo ocaso, diante daquela terra tão imóvel. Só a cor
existia, não diferentes coloridos; só existia o acto de escutar, não uma
variedade de sons.
Ao acordarmos tarde, esta manhã,
quando o sol acossava os montes, notamos aquela abençoada presença, que, como
uma brilhante luz, parecia conter força e energia próprias. Assim como o
murmúrio de águas distantes, percebia-se uma intensa actividade, não do cérebro,
com os seus desejos e frustrações, mas da própria paixão.
O processo continua, variando
sempre de intensidade; às vezes torna-se bem agudo.
Jiddu
Krishnamurti
"Diário de Krishnamurti"
What's
a miracle if life itself is not
Who am I to praise his worth with a hymn
I may stumble over words that I forgot
Just as life itself surely begin
Who am I to praise his worth with a hymn
I may stumble over words that I forgot
Just as life itself surely begin
Sing
me a song for the mountains to move
Sing me the anthem of life
Sing me the anthem of life
Sing me the anthem of life
Sing me the anthem of life
I am skeptical, I like my glass of wine
I don't know your name or what I am to do
One day you'll wonder why so I read between the lines
And you will sing for me the way I sang for you
I don't know your name or what I am to do
One day you'll wonder why so I read between the lines
And you will sing for me the way I sang for you
Sing
me a song for the ocean to part
Sing me the anthem of life
Sing me the anthem of life
Sing me the anthem of life
Sing me the anthem of life
Sing me the anthem of life
Sing me the anthem of life
And so another page is turned
I pray I understand what's happening
But if anything, I do know this
I'll be the best I can
I pray I understand what's happening
But if anything, I do know this
I'll be the best I can
Sing
me a song like the angels rejoice
Sing me an anthem of life
Sing me the anthem
Sing me the anthem of life
Sing me an anthem of life
Sing me the anthem
Sing me the anthem of life
Kamelot
“Anthem”
Things are, to our sensation, beautiful.
Therefore beauty‑in‑se, ideal beauty is a reality.
If
this ideal beauty be real, since it is not of the same order as things, since
it is, I mean, an idea; either both ideas and things exist really, or one is
more real than the other, both equally existing, or one is real and the other
is unreal, one true and the other false.
Let us examine these hypotheses.
To
say, for instance, that the idea of space and extended things are equally real
is, in my belief, untrue judging. For
the things of this world exist by ideas.
(...)
To say that ideas and things are real,
some more than others, is evidently bad judging, not only because the world
appears by ideas but also because reality has no degrees. A thing exists or
it does not exist; this is all, no more is needed.
The
hypotheses remains that one is true and the other false. Now which is truth,
and which is appearance?
The things by which things
are, or these things which exist in virtue of other things?
It is evident then that ideas are real
and things shadows and falseness incarnate.
—
But, we may be answered, these ideas are nothing.
—
Well, if they be nothing, then the exterior universe is nothing, for it exists
by them. By both reasons the world is nothing. It is a shadow and a dream; it
is, as the old philosopher said, the play of child on the sand.
Fernando
Pessoa
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