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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Not too late...




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Not too late...

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     O observador é diferente da coisa que ele observa?     


Você, o observador, está observando o facto que chama de ser solitário. 
O observador é diferente da coisa que ele observa? 
Só é diferente enquanto lhe dá um nome, mas se não lhe dá um nome, o observador é o observado. 
O nome, o termo só actua para dividir. 
E aí você tem que batalhar com aquela coisa. Mas se não há divisão, se há integração entre o observador e o observado, o que só existe quando não há nomear – você pode tentar e verá – então a sensação de medo passa inteiramente. 
É o medo que lhe impede de olhar quando diz, és vazio, és isso, és aquilo, estás desesperado. 
E o medo existe apenas como memória, que vem quando nomeia, mas quando és capaz de olhar uma coisa sem nomear, então, certamente, essa coisa és tu mesmo. 
Então chegou a esse ponto, quando não estás mais nomeando a coisa da qual tem medo, então tu és a coisa. 
Quando és a coisa, não há problema, há? 
É apenas quando não queres ser aquela coisa, ou quando te esforças para coisa ser diferente do que é, que o problema surge. Mas se és a coisa, então o observador é o observado, eles são um fenómeno só, não separados, então não há problema, há? 
Por favor experimente isso, e verás o quão rápido a coisa é resolvida e ultrapassada, então outra coisa toma lugar. 
A nossa dificuldade é chegar a esse ponto, onde podemos olhar para isso sem medo, e o medo surge apenas quando começamos a reconhecer isso, quando começamos a dar um nome, quando queremos fazer algo sobre isso. 
Mas, quando o observador vê que ele não é diferente da coisa à qual chama vazio, desespero, então a palavra não tem mais significado. 
A palavra deixou de ser, não está mais em desespero. 
Quando a palavra é removida, com todas as suas implicações, então não há senso de medo ou desespero. 
Então, se seguires adiante, quando não há medo, desespero, quando a palavra não é mais importante, então, certamente, há uma tremenda libertação, uma liberdade, e nessa liberdade há ser criativo, que dá frescura à vida. 
Para colocar isso noutras palavras: Nós abordamos esse problema do desespero através de canais habituais. Isto é, nós trazemos as nossas memórias passadas para traduzir aquele problema, e o pensamento, que é o resultado da memória, que é erguida em cima do passado, nunca pode solucionar aquele problema, porque é um problema novo. 
Todo o problema é um problema novo, e quando o abordas, sobrecarregado com o passado, ele não pode ser resolvido. 
Não podes abordá-lo através de uma tela de palavras, que é o processo do pensamento, mas quando a verbalização cessa, porque entendeste todo o seu processo, então a deixas , então estás apto a ver o problema de modo novo, então o problema não é o que imaginas que ele é. 
Então, podes dizer no final desta questão, "O que posso fazer? 
Aqui estou eu em desespero, em confusão, em sofrimento, não me deste um método para seguir, para me tornar livre." 
Mas, certamente, se entendeste o que eu disse, a chave está aí: uma chave que abre muito mais do que imaginas, se  fores capaz de usá-la.


  J. KRISHNAMURTI  
The Collected Works, Vol. V Ojai 4th Public Talk 24th July 1949














































     TITO COLAÇO     
XIV ___ VIII ___ MMXIV








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