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quinta-feira, 6 de março de 2014

Bliss your way...







Bliss your way...




























  Felicidade independente  


Das coisas que há no mundo, umas estão na nossa mão e outras não. 
Na nossa mão estão a opinião, a suspeita, o apetite, o aborrecimento, o desejo e, numa palavra, todas as obras que são nossas. 
Não estão na nossa mão o corpo, a fazenda, nem a honra (reputação), nem o senhorio, nem com efeito nenhuma das que não são obra nossa. 
As coisas que estão na nossa mão, de sua natureza são livres e senhoras sem impedimento nem embaraço. 
E as que não estão na nossa mão, de si são fracas, servis, embaraçadas e sujeitas. 
Pois olha que, se tiveres por livre o que se sua natureza não o for, e por teu o que em efeito não o é, haverás de embaraçar-te, e lamentar-te, e queixar-te dos deuses e dos homens. 
Mas se só o que é teu tiveres por tal, e por alheio, como o é, o que não é teu, não haverá nunca quem te faça força; a ninguém acusarás; de ninguém te queixarás; nenhuma coisa farás contra tua vontade; não terás nenhum inimigo; ninguém te fará mal; nem receberás nenhum dano nem perda.
Se vires algum homem muito honrado, ou poderoso, ou por qualquer outra via engrandecido, olha que não te deixes levar por essas aparências e o tenhas por bem-aventurado; porque se a importância, e ser do sossego se puder ser no que está em nossa mão, nem a inveja, nem a emulação terão lugar em nada; e tu mesmo, antes que ser imperador, cônsul, ou senador, tomarias ser livre e senhor de ti mesmo: para o que há um só caminho, que é o desprezo de todas as coisas que não estão na nossa mão. 
Traz sempre diante dos olhos a morte, desterros e tudo que se tem por trabalho, e mais que tudo a morte. 
E com isto nem terás nenhum pensamento baixo, nem desejarás nada com muita força. 
Das coisas que servem ao corpo não se há-de tomar mais de quanto convenha para o ânimo; como de comer, beber, vestido, e casa, e serviço: o que não serve senão de vaidade, ou de delícias, deita-o de ti. 
Quando alguém te fizer mal, ou disser de ti, lembra-te que cuidava que fazia bem naquilo, e assim lhe pareceu; porque não pode ser que ele siga o teu entendimento, senão o seu. E se ele julga mal das tuas coisas, sua é a perda, pois que vive enganado. 
Porque se um julga a verdade por mentira, não é por isso ofendida a verdade, senão o que a não conheceu. Com esta consideração sofrerás com ânimo o que disser mal de ti, e a tudo dirás: assim lhe pareceu a ele. 
Se a razão, que deve regular todas as coisas, é desregrada, quem a regulará a ela? 


Epicteto
"Manual"































TITO COLAÇO
VI____III____MMXIV















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