Omnia furare...
Omnia furare...
ALUNO: Porque é que os
adultos roubam?
KRISHNAMURTI: Tu não roubas algumas vezes? Não sabes de algum miúdo que roubou
alguma coisa que queria de outro?
É exactamente a mesma
coisa pela vida afora, seja jovem ou velho, apenas as pessoas mais velhas o
fazem com mais esperteza, com uma porção de palavras bonitas, estes querem
riqueza, poder, posição, conspiram, filosofam e planeiam para conseguir.
Roubam,
mas isso não é chamado roubo, usa-se alguma palavra respeitável. E porque roubamos?
Primeiro, porque da forma
como a sociedade está agora constituída, priva muitas pessoas das necessidades
da vida, alguns segmentos da população têm alimento, roupas e abrigo
insuficiente, e daí fazem alguma coisa a respeito disso.
Há também aqueles que
roubam, não porque têm alimento insuficiente, mas porque são o que é chamado de
anti-social. Para estes roubar tornou-se um jogo, uma forma de excitação, o que
significa que não tiveram educação verdadeira.
Educação verdadeira é
compreender o significado da vida, não apenas estudar exageradamente para
passar nos exames.
Existe também roubar num
nível mais elevado, o roubo das ideias de outras pessoas, o roubo de
conhecimento.
Quando estamos à procura
do “mais” sob qualquer forma, estamos
obviamente a roubar. Porque estamos sempre a pedir, a mendigar, a querer e a
roubar?
Porque em nós mesmos não
há nada, interna e psicologicamente somos como um tambor vazio. Estando vazios,
tentamos nos preencher não só roubando coisas, mas imitando os outros.
Imitação é uma forma de
roubo: tu não és nada, mas ele é alguém, então vais pegar um pouco da glória
dele, copiando-o. Esta corrupção passa por toda a vida humana, e muito poucos
estão livres dela.
Então o importante é
descobrir se o vazio interior pode ser preenchido.
Enquanto a mente estiver à
procura para se preencher, estará sempre vazia; quando não estiver mais
preocupada em preencher o seu próprio vazio, só então esse vazio deixa de
existir.
Jiddu Krishnamurti
“Think
on these things”
Occasion cannot make me weak or strong
For mine own soul
the true occasion is,
Nor shall I measure
fact more short or long
Except the soul's
rod space exceed or miss.
Like a revolving many‑coloured sphere
My soul turns to
the event one casual side,
And shows to it
what was already there;
Its hue with the
turned hue the effect decide.
So, various by position, not by shape,
Outward in truth
but by its motion’s seeing,
The produced act
cannot foreseeing escape
Save it take colour
of act for shape of being.
I am the same; change cannot change me for
More than mine own
illusion of what is more.
Fernando
Pessoa
“Poesia Inglesa”
I am the same; change cannot change me for
More than mine own illusion of what is more...
0 comentários:
Enviar um comentário