Tempus
vixit...
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Os acontecimentos são Homens. As
circunstâncias são gente. Uma batalha, um jantar, um olhar, um beijo — cada uma
destas coisas, porque é uma coisa, é um ente, uma pessoa de certa maneira de
carne e osso.
Nós próprios, os homens, não passamos
de acontecimentos, lentos relativamente a outros, compostos de células, e cada
célula é um acontecimento entre os elementos que a compõem ...e,
assim, até ao infinito interior.
Tudo é separado e tudo é uno. Todos os
acontecimentos fundem-se no grande acontecimento chamado o Universo.
Nada existe , tudo acontece.
É a Deus que acontece tudo.
O erro interior a todas as hipóteses de
como é que o manifestado se abaixa até manifestar-se, ou então manifestando-se,
não encontra maneira de se manifestar senão abaixando-se — esse erro é o de
meter elementos morais num problema inteiramente metafísico.
O manifestado não se manifesta a si
próprio, porque então não se manifestaria, certo que vendo-se a si próprio tal
qual é, não se veria manifestado, mas sim objectivamente, na sua realidade
absoluta.
Se se manifesta a outro ou outros, é
que o manifestado não é tudo; há uma dualidade fundamental no universo. E o
outro deve ser de qualquer modo análogo ao manifestado, para ele se poder
manifestar.
Admitamos que, ao manifestar-se, o
manifestado não se rebaixa ou abaixa. Como, normalmente no
pensamento, a ideia de manifestar-se envolve a de se abaixar, é forçoso
concluir, no caso posto, uma de duas coisas:
(1) A manifestação não inclui
rebaixamento, nem mesmo metafísico (e o rebaixamento metafísico, por isso, é um critério
normal aplicado a um caso puramente metafísico);
(2) Não há manifestação, propriamente
falando: a manifestação é igual ao manifestado. O aparente é o
real.
Fernando Pessoa
“Occultism or a Static
Drame - Os acontecimentos são Homens”
Tantos milhares de anos passaram. Tanta evolução proclamada.
Tanto sangue, guerras e impérios volvidos. Tanta miséria e riqueza criada.
E no
entanto, ainda tanto por criar. Ou recriar.
Aquela
capacidade nata e insistentemente destruída por aquilo a que chamam vulgarmente
de inteligência, e de civilização.
Mas, a
tal civilização, baseada nas diferenças fictícias, criação do homem.
Nas tais
fronteiras físicas e psicológicas, raciais, culturais, religiosas, políticas e
todas as que separam e dividem os homens. Criações do homem.
Supremacia
de uns sobre outros, entre homens, sobre os animais e plantas, sobre tudo que
coexiste neste planeta, num propenso "senhor do mundo".
Ser
"dono" e "criador" de deuses, religiões, credos, nações,
territórios, línguas, dialectos, economias, até dono de uma realidade também
sua filha, a virtual.
Quantos
milhares de anos mais faltarão, para a tão proclamada "evolução"?
Quanto
sangue derramado, guerras e impérios físicos e virtuais serão criados, para
continuar a divisão, e tornar distante a nata capacidade de ser ser-humano, de
uma humanidade ainda nunca vivida?
Quantas
perguntas destas ficarão por responder, prontamente afastadas pela vaidade,
presunção, arrogância, por tudo o que mantém a cegueira do ego, pelo poder do
imediato e materialista, do "eu" sobre o "outro"?
Será
sempre um caminho individualista, solitário, mantido fora da esteira de um
mundo globalmente justo, por ser impossível conciliar a visão de "um"
perante um "todo", em que o bem para um será para todos, e o mal para
um será o mal para todos, na dimensão real de uma humanidade.
A
insignificância dada à vida é patente pela história vivida e contada pelos
homens, repetida, recontada e revivida pelas novas gerações, por outros homens
que caminham pelos mesmos caminhos erróneos, ou seja, pela falta de
"Humanidade". Das continuadas divisões fictícias, criações do homem,
para dividir a espécie humana e perpetuar um poder, a ambição, a cegueira do
ego, prevalecer o "eu" sobre os "outros".
A
tecnologia e os avanços da ciência não são usadas para estreitar esta visão
egocêntrica, individualista, separatista entre os seres-humanos e restantes
seres do planeta. Não fomenta a visão global do bem geral, para diluir as
divisões criadas desde os primórdios, mantendo ainda assim o "eu"
sobre os "outros", persistindo a miséria, a violência e o sofrimento
dentro de si mesmo e entre os homens.
Nem os
ganhos da noção já atingida pela capacidade tecnológica, da macro e
nano-tecnologia, das belas imagens do espaço sideral, do nosso lindo planeta
azul, da sensação de extrema pequenez e singela parte de um todo, nos faz dar
as mãos e força para viver aquilo que nos torna únicos nessa imensidão de
universos e talvez de outras humanidades.
TITO COLAÇO
22.02.2015
22.02.2015
He's pale with fear
This little boy
Cause night is coming on
This child's room will
Turn into a grave
To sacrifice his brain
His tiredness conquered him at last
So now he's fast asleep
Through all his dreams
He's waiting for
A sign of the deadly beast
He's sitting in the middle of
A hall with one red door
And listening to an unknown voice
With a friendly tempting call
Now face your fears
You must open the door
Come to the other side
Pluck up courage and face your fears
He has been cursed
Since he was young
This nightmare pesters him
So, as a man
It's still the same
He fears the same old dream
In all the years he never tried
To open the red door
Every night a senseless fight
The terror continues
He's sitting in the middle of
A hall with one red door
And listening to an unknown voice
With a friendly tempting call
Now face your fears
You must open the door
Come to the other side
Pluck up courage and face your fears
Then after an empty life
Old man's lying in his bed to die
The voice entreats him for the last time
And a doomed man has no more fear
He's opening the red door and then
The sun breaks through the clouds of pain
You better face your fears
This little boy
Cause night is coming on
This child's room will
Turn into a grave
To sacrifice his brain
His tiredness conquered him at last
So now he's fast asleep
Through all his dreams
He's waiting for
A sign of the deadly beast
He's sitting in the middle of
A hall with one red door
And listening to an unknown voice
With a friendly tempting call
Now face your fears
You must open the door
Come to the other side
Pluck up courage and face your fears
He has been cursed
Since he was young
This nightmare pesters him
So, as a man
It's still the same
He fears the same old dream
In all the years he never tried
To open the red door
Every night a senseless fight
The terror continues
He's sitting in the middle of
A hall with one red door
And listening to an unknown voice
With a friendly tempting call
Now face your fears
You must open the door
Come to the other side
Pluck up courage and face your fears
Then after an empty life
Old man's lying in his bed to die
The voice entreats him for the last time
And a doomed man has no more fear
He's opening the red door and then
The sun breaks through the clouds of pain
You better face your fears
Dreamscape
“Face your fears”
Tito
Colaço
XXII _ II _ MMXV
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