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segunda-feira, 9 de junho de 2014

Faber est quisque tortunae suae...





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  Faber est quisque tortunae suae...  

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        Viver sempre perfeitamente feliz        

Viver sempre perfeitamente feliz. A nossa alma tem em si mesma esse poder de ficar indiferente perante as coisas indiferentes. 
Ficará indiferente se considerar cada uma delas analiticamente e em bloco, lembrando-se que nenhuma nos impõe opinião a seu respeito nem nos vem solicitar; os objectos estão aí imóveis e somos nós que formamos os nossos juízos sobre eles e os entalhamos, por dizê-lo assim, em nós mesmos, e está em nosso poder não os gravar e, se eles se insinuam nalgum cantinho da alma, apagá-los de repente.
Depois os cuidados que te pungem não duram, bem depressa deixará de viver. 
E por que tens um penoso sentimento de serem assim as coisas? 
Se são conformes à natureza aceita-as alegremente e sejam-te propícias. 
Se vão ao arrepio da natureza, busca o que for conforme à tua natureza, e corre nessa direcção, fosse-te ela menos propícia; merece indulgência quem procura o seu próprio bem. 


Marco Aurélio
"Pensamentos"









      O Homem é um mistério. Deve ser desvendado...     

A minha alma já não é susceptível aos seus impulsos violentos anteriores. 
Nela tudo é tão sossegado como no coração de um homem que esconde um segredo fundo.
Eu estou a aprender bastante acerca de "o que é o homem e o que é a vida", eu posso estudar carácteres humanos a partir de escritores com quem eu passei a maior parte da minha vida, livremente e com alegria.
Isto é tudo o que eu posso dizer sobre mim próprio. 
Tenho confiança em mim próprio. O homem é um mistério. Deve ser desvendado, e se tal levar uma vida inteira, não digas que é um desperdicio de tempo. Eu estou preocupado com este mistério porque eu quero ser um ser humano...


 Fiodor Dostoievski 
"Cartas seleccionadas"




















  Somos uma turba e ninguém  


Somos uma turba e ninguém: um ninguém que vive, porque é sangue e carne, e existe porque é esqueleto ou pedra, e uma turba da espectros que nos acompanha desde a Origem, e é a nossa mesma pessoa multiplicada em mil tendências incoerentes, forças contraditórias, em vários sentidos ignotos... 
E lá vamos, a tactear as trevas, ladeando, avançando, recuando, como pobres jumentos aflitos e às escuras, sob as esporas que o espicaçam para a frente e as rédeas que o puxam para trás.
Pobres jumentos aflitos e às escuras!
Escouceiam, orneiam, levantam a garupa. De que serve?
As patas ferem o ar e aquela voz de soluços, que faz rir, não chega ao céu. 

(...) 

Deus, criando as almas, condenou-as à suprema solidão. 
Algumas iludem a pena. 
Imaginam conviver com as árvores e os penedos. 
Falam às árvores e aos penedos, queixando-se dos seus desgostos. 

(...) 

Somos uma turba e ninguém. Somos Deus e o Demónio, o Céu e a Terra e outras letras grandes e Ninguém. 


 Teixeira de Pascoaes 
"O Pobre tolo"














   A sociedade é a imagem do Homem   


O aperfeiçoamento da Humanidade depende do aperfeiçoamento de cada um dos indivíduos que a formam.
Enquanto as partes não forem boas, o todo não pode ser bom.
Os homens, na sua maioria, são ainda maus e é, por isso, que a sociedade enferma de tantos males.
Não foi a sociedade que fez os homens, foram os homens que fizeram a sociedade. 
Quando os homens se tornarem bons, a sociedade tornar-se-á boa, sejam quais forem as bases políticas e económicas em que ela assente. Dizia um bispo francês que preferia um bom muçulmano a um mau cristão. Assim deve ser. As instituições aparecem com as virtudes ou com os defeitos dos homens que as representam. 



 Teixeira de Pascoaes 
"A saudade e o saudosismo"













































  TITO COLAÇO  
  IX ___VI ___ MMXIV  










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