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quarta-feira, 8 de junho de 2016

Mechanically trained man...










One of the principal questions which one has to put to oneself is this: how far or to what depth can the mind penetrate into itself? 


That is the quality of seriousness because it implies awareness of the whole structure of one's own psychological being, with its urges, its compulsions, its desire to fulfill, and its frustrations, its miseries, strains and anxieties, its struggles, sorrows, and the innumerable problems that it has. 


The mind that perpetually has problems is not a serious mind at all, but the mind that understands each problem as it arises and dissolves it immediately so that it is not carried over to the next day such a mind is serious.


What are most of us interested in? If we have money, we turn to so-called spiritual things, or to intellectual amusements, or we discuss art, or take up painting to express ourselves. 


If we have no money, our time is taken up day after day with earning it, and we are caught in that misery, in the endless routine and boredom of it. 


Most of us are trained to function mechanically in some job, year in and year out. 


We have responsibilities, a wife and children to provide for, and caught up in this mad world we try to be serious, we try to become religious; 


we go to church, we join this religious organization or that or perhaps we hear about these meetings and because we have holidays we turn up here. 


But none of that will bring about this extraordinary transformation of the mind.





Mechanically
trained man...





"Fico a pensar por que estão todos aqui. Por que nos reunimos todos aqui às margens do Ganges? Se alguém fizesse esta pergunta seriamente, qual seria a resposta? 


É simplesmente porque antes os senhores já ouviram este homem falar várias vezes; portanto, dizem, vamos lá ouvi-lo? 


Qual é a relação do que ele diz com o que os senhores fazem? 
São duas coisas separadas? 


Os senhores apenas ouvem o que ele tem a dizer e continuam com as suas vidas de todos os dias? Entenderam a nossa questão?


Nós, como velhos amigos, sentados debaixo de uma árvore, vamos discutir, juntos, não alguns problemas abstractos, teóricos, mas a nossa vida diária, que é muito mais importante. 


Temos tantos problemas: como meditar, que guru seguir, se for um seguidor, que tipo de prática, lazer, a que tipo de actividade diária se dedicar e assim por diante.



E também, o que é o nosso relacionamento com a natureza, com todas as árvores, os rios, as montanhas, as planícies, os vales? O que é o nosso relacionamento com uma flor, com um pássaro? 



E o que é o nosso relacionamento um com o outro, não com o orador, mas um com o outro, com a sua esposa, com o seu marido, com os seus filhos, com o ambiente, com o seu vizinho, com a sua comunidade, com o governo, e assim por diante. 
O que é o nosso relacionamento com tudo isso? 

Ou estamos isolados, preocupados com nós mesmos, intensamente interessados no nosso próprio modo de vida?
















Estamos a fazer estas perguntas como amigos de verdade, não como guru. O orador não tem a mínima intenção de impressioná-los, de lhes dizer o que fazer ou de ajudá-los. Por favor, tenham isso em mente durante todas as palestras. Ele não tem intenção nenhuma de ajudá-los. Vou-lhes dizer por quê, vou lhes dizer a razão, a lógica disso. 



Os senhores tiveram muitos gurus, milhares deles, muita gente para ajudar, cristãos, hindus, budistas, todo o tipo de líder, não apenas políticos, mas os assim chamados religiosos. Os senhores tiveram grandes líderes e pequenos líderes. E onde estão os senhores ao fim desta longa evolução?



Possivelmente, vivemos nesta terra há um milhão de anos, e durante essa longa evolução continuamos bárbaros. Podemos ser mais limpos, mais rápidos na comunicação, ter mais higiene, melhores transportes e assim por diante, mas moralmente, eticamente e se me permitem usar a palavra espiritualmente ainda somos bárbaros. 



Matamos uns aos outros, não apenas na guerra, mas também por palavras, por gestos. Somos muito competitivos. Somos muito ambiciosos. Cada um está preocupado consigo mesmo. 

O interesse pessoal é a nota dominante da nossa vida, preocupação com o nosso próprio bem-estar, com a nossa segurança, com as nossas posses, com o poder, e assim por diante.



Não estamos preocupados com nós mesmos, espiritualmente, religiosamente, nos negócios? 


Na verdade, no mundo inteiro, todos estamos preocupados com nós mesmos. Isto significa nos isolarmos do resto da humanidade. Isto é um facto; não estamos a exagerar. Não estamos a dizer algo que não seja verdade.













Onde quer que se vá, e este orador percorreu o mundo todo e ainda viaja, o que está a acontecer? Aumenta o número de armamentos, a violência, o fanatismo, e o grande e profundo sentimento de insegurança, de incerteza e separação, vocês e eu, é uma característica comum da humanidade. 



Por favor, estamos a encarar os factos, não teorias, não algum tipo de afirmação teórica, filosófica, distante, estamos a olhar para os factos. Não para os meus factos em oposição aos seus, mas factos. Todos os países do mundo, como devem saber, adquirem armas, todos os países, sejam pobres, sejam ricos. Certo?



Olhem para o vosso próprio país, a imensa pobreza, a desordem, a corrupção, todos os senhores sabem disso, e a compra de armas. 

Costumava ser uma moca para matar o outro; agora pode-se vaporizar a humanidade aos milhões com uma bomba atómica ou uma bomba de neutrons. 


Uma imensa revolução está a ocorrer, da qual sabemos muito pouco. O processo tecnológico é tão rápido que da noite para o dia aparece uma coisa nova. Mas, eticamente, somos o que temos sido durante um milhão de anos. Os senhores percebem o contraste?



Tecnologicamente, temos o computador, que pode sobrepor o homem, que pode inventar novas meditações, novos deuses, novas teorias. E, meus amigos, isto é, os senhores e eu, o que vai acontecer com os nossos cérebros? 


O computador pode fazer quase tudo o que os seres humanos conseguem fazer, excepto, claro, fazer amor ou olhar para a lua nova. Isto não é uma teoria; está a acontecer agora. Portanto, o que vai acontecer connosco enquanto seres humanos?


Queremos entretenimento. Provavelmente, isso faz parte da ideia que fazem de entretenimento, vir aqui, sentar, ouvir e concordar ou discordar, e voltar para casa e continuar com as suas vidas; é uma espécie de entretenimento, como ir à igreja, ao templo, à mesquita, ao futebol ou ao cricket.
Por favor, isto não é um entretenimento. 


Os senhores e eu, o orador, devemos pensar juntos, e não apenas sentar calmamente e absorver uma estranha atmosfera, uma `punya´; desculpem-me, não é nada disso.



Vamos pensar juntos, sensatamente, logicamente, olhar para a mesma coisa juntos. Não como os senhores olham, ou como eu olho, mas juntos observar a nossa vida diária, que é bem mais importante do que qualquer outra coisa, observar a cada minuto do nosso dia. 



Então, primeiramente, vamos pensar juntos, não apenas ouvir, concordar ou discordar, o que é muito fácil. Desejamos fervorosamente que pudessem pôr de lado a concordância e a discordância! Isto é muito difícil para a maioria das pessoas que estão ansiosas demais para concordar ou discordar. 



As nossas reacções são tão rápidas; nós classificamos tudo, homem religioso, homem não-religioso, mundano, e assim por diante. 

Portanto, se puderem, nesta manhã pelo menos, ponham de lado a concordância e a discordância, e apenas observem juntos, pensem juntos. Farão isso? 

Deixem completamente de lado a sua opinião e a minha opinião, o seu modo de pensar e o modo de pensar da outra pessoa, e apenas observem juntos, pensem juntos.



A concordância e a discordância dividem as pessoas. É ilógico dizer `sim, eu concordo consigo´, ou `eu não concordo consigo´, porque os senhores estão ou a projectar, agarrando-se à sua opinião, ao seu julgamento, à sua avaliação, ou a descartar o que foi dito.


Então, nesta manhã, só por diversão, por entretenimento, se preferem, vamos esquecer as nossas opiniões, os nossos julgamentos, as nossas concordâncias ou discordâncias e deixar o cérebro verdadeiramente limpo, não de forma devocional, emocional ou romântica, mas um cérebro que não se envolva em todas as complicações de teoria, opinião, aceitação, dissensão. Podemos fazê-lo?


Então, vamos prosseguir. O que é o pensamento? Todo o ser humano no mundo, do mais ignorante, do mais rude, da pessoa mais humilde de uma pequena vila, ao mais altamente sofisticado cientista, tem algo em comum: o pensamento.


Todos nós pensamos, o aldeão que nunca leu nada, que nunca foi à escola, à faculdade ou à universidade, e a maioria dos senhores aqui, que estudaram. O homem que senta sozinho lá no Himalaia, ele também pensa. E este pensamento persiste desde o começo. 



Então, primeiro, os senhores devem fazer a pergunta: o que é o pensamento? O que é isso sobre o que os senhores pensam? Primeiro, respondam a essa pergunta, não a partir dos livros, do Gita, ou dos Upanishads, ou da Bíblia, ou do Corão.






O que é o pensamento? Nós vivemos pelo pensamento. A nossa acção diária é baseada no pensamento. O senhor pode pensar de um jeito, e ele pode pensar de outro jeito, mas ainda é pensamento. Então, o que é? 


Pode-se pensar se não se tem memória? Os senhores podem pensar no passado e no futuro, o que farão amanhã ou na próxima hora, ou o que fizeram ontem ou nesta manhã? O que no mundo tecnológico do computador chama-se arquitectura.



Então, temos de descobrir, juntos, não o modo de pensar dos indianos ou dos europeus, ou o modo particular de pensar do budista, do hindu, do muçulmano, do cristão, ou de qualquer outra seita, mas o que é o pensamento. 



A não ser que realmente entendamos o processo do pensamento, a nossa vida sempre será muito limitada. Assim, temos de examinar muito profundamente, muito seriamente, todo o processo do pensamento que modela a nossa vida.



O homem criou deus pelo seu pensamento; esse deus não criou o homem. Deve ter sido um deus muito medíocre que criou estes seres humanos que estão a lutar uns com os outros, perpetuamente. Portanto, o que é o pensamento e por que temos criado problemas com ele?




Por que temos problemas? Temos uma porção deles, problemas políticos, problemas financeiros, problemas económicos, os problemas de uma religião contra a outra, problemas aos milhares.















O que é um problema e qual o significado da palavra problema? Segundo o dicionário, significa algo repentinamente lançado em alguém, um desafio, algo que se tem de olhar de frente, que se tem de encarar. Não se pode evitá-lo, não se pode fugir dele, não se pode eliminá-lo; ele está lá, como um dedo dolorido.



Por que durante toda a nossa vida, desde o momento em que nascemos até à morte, temos problemas, com a morte, com o medo, com centenas de coisas?




Os senhores estão a fazer esta pergunta, ou eu a estou a fazer para os senhores? Desde o momento em que nascem, os senhores têm problemas. 


Vão para a escola lá, têm de ler, de escrever, e isso torna-se um problema para a criança. Um pouco mais tarde, ela tem que aprender matemática, e isto torna-se um problema. 
E a mãe diz, `faça isto, não faça aquilo´, e isso torna-se um problema.



Assim, desde a infância, somos educados com problemas, o nosso cérebro é condicionado com problemas; ele nunca está livre de problemas. 



Quando os senhores crescem, tornam-se adolescentes, fazem amor, aprender a ganhar dinheiro, a seguir ou não a sociedade, tudo isso torna-se um problema. E no fim os senhores se submetem à sociedade, ao ambiente. 



Todo o político do mundo resolve um problema, e assim, cria outros problemas. Já notaram isso? 

O próprio cérebro humano, que fica dentro da cabeça, tem problemas. Então, pode ele libertar-se de problemas para resolver problemas? 

Compreendem a minha pergunta?




Se o cérebro não está livre de problemas, como pode resolver qualquer problema? Isto é lógico. Certo? 




Portanto, o cérebro, que carrega a memória, que adquiriu um tremendo conhecimento industrial, tem sido alimentado, educado, para ter problemas. 



Agora estamos a perguntar se esse cérebro, primeiro, pode libertar-se dos problemas, de modo a poder resolvê-los. 
Os senhores podem primeiro libertar-se dos problemas? 
Ou isso é impossível?


O nosso cérebro está condicionado pela estreiteza de várias religiões; pela especialização, pelo ambiente em que vivemos, pela nossa formação, pela pobreza ou pela riqueza, pelos votos que os senhores fizeram como monges. Não sei por quê, mas os senhores fizeram os votos e eles tornam-se uma tortura, um problema.



Portanto, os nossos cérebros estão extraordinariamente condicionados como homens de negócios, como donas de casa, e assim por diante. E desse estreito ponto de vista olhamos para o mundo.




Logo, temos de discutir a questão não apenas de ter problemas, mas também do que é o pensamento. Por que pensamos? Há um modo diferente de acção? Há um modo diferente de abordar a vida, de viver o dia-a-dia, que em absoluto não requeira pensamento?














Primeiramente, teremos de olhar muito de perto, juntos; descobrir por nós mesmos e então agir. Portanto, vamos discuti-lo. O que é o pensamento? 


Se os senhores não pensassem, não estariam aqui. Os senhores tomaram providências para vir aqui, em determinada hora, e também o fizeram para voltar. Isto é pensamento.


O que é o pensamento, filosoficamente? Filosoficamente, significa o amor à verdade, o amor à vida, e não passar num exame na universidade. Portanto, vamos descobrir, juntos, o que é o pensamento.


Se os senhores não tivessem nenhuma memória sobre o ontem, absolutamente nenhuma, os senhores pensariam? Claro que não, não podem pensar se não têm memória, certo? Então, o que é a memória? 


Os senhores fizeram alguma coisa ontem, e isso está registado no cérebro, e de acordo com essa memória, os senhores pensam e agem. Os senhores lembram-se de alguém que os tenha elogiado, de alguém que os tenha ferido, disse coisas feias. Isto é, a memória é a consequência do conhecimento. 
E o que é o conhecimento?



Isso é um tanto difícil. Todos nós acumulamos conhecimento; os grandes eruditos, os grandes professores, cientistas adquirem um tremendo conhecimento. Então, o que é o conhecimento?
Como o conhecimento opera? 
O conhecimento vem quando há experiência. 



Alguém sofre um acidente de automóvel, isto torna-se uma experiência. Dessa experiência nasce o conhecimento. E deste conhecimento vem a memória. Da memória vem o pensamento. Certo?


Então, o que é a experiência? É aquele incidente, o acidente com o carro, que é registado no cérebro como conhecimento. 



Experiência, conhecimento, memória, pensamento: isto é lógico, não é o meu modo de encará-lo ou o dos senhores encará-lo.

















Portanto, toda a experiência, seja a experiência de deus ou a sua, é limitada. Os cientistas a aumentam a cada dia, e o que pode ser aumentado é sempre limitado, certo?


Eu sei pouco, e tenho de saber mais, o senhor está a acrescentar. A experiência de algo é sempre limitada e há algo mais a ser acrescentado. 


Logo, a experiência é limitada, o conhecimento é limitado, para sempre. Por conseguinte, a memória é limitada, e o pensamento é limitado, certo?




E onde há limitação, há divisão, como os sikhs, os hindus, os budistas, os muçulmanos, os cristãos, o democrata, o republicano, o comunista. 

Todos eles baseiam-se no pensamento e, portanto, todos os governos são limitados, toda a actividade dos senhores é limitada. Seja a pensar da forma mais abstracta ou a tentar ser muito nobre, ainda é pensamento, certo?



Assim, dessa qualidade limitada do pensamento, pois este é sempre limitado, as nossas acções são limitadas. 


Agora, os senhores começam a indagar com todo o cuidado: o pensamento pode ter o seu justo lugar e nenhum outro? Entendem a minha pergunta? 
Há alguma acção que esteja livre da limitação?



Isto é, sendo o pensamento limitado, nós reduzimos todo o universo a uma coisa muito pequena. 

Transformamos a nossa vida nessa coisa pequena, como o pensamento: devo ser isto, não devo ser aquilo, devo ter poder. Estão a acompanhar? 

Nós reduzimos a imensa qualidade da vida a uma coisa pequena e insignificante.













Então, é possível ficar livre do pensamento? 
O que significa, tenho de pensar para vir aqui; se sou um burocrata, tenho de pensar em termos de burocracia; se vou para a fábrica e aperto parafusos, devo ter um certo conhecimento para isso. Por que eu deveria ter conhecimento sobre mim mesmo?



Sobre o eu superior, sobre o eu inferior e tudo mais? Por que devo ter conhecimento sobre isso? É muito simples, é o interesse pessoal; na verdade, só estou preocupado comigo mesmo. 




Podemos fingir que há espírito fraterno, podemos falar sobre a paz, jogar com as palavras, mas somos sempre egocêntricos. 

Assim, surge daí a pergunta: com esse egocentrismo, que é na essência um profundo egoísmo, pode haver alguma mudança efectiva? Podemos ser totalmente altruístas? Então, temos de indagar: o que é o ego?



O que são os senhores, independentemente do nome e da profissão, dos seus votos, de seguir algum guru? O que são os senhores? 

Ou me expressarei de outro modo, os senhores são o seu nome, a sua profissão; os senhores fazem parte da comunidade, fazem parte da tradição? 
Não repitam o que diz o Gita, os Upanishads ou seja lá quem for; isso é inútil.


O que os senhores são, na realidade? Esta é a primeira vez que esta pergunta é feita aos senhores o que os senhores são? Os senhores são o seu medo, o seu nome, o seu corpo? 

Os senhores não são o que pensam que são, a imagem que construíram de si mesmos? Os senhores não são tudo isso? Não são a sua raiva? Ou a raiva está separada dos senhores?



Vamos lá, senhores, os senhores não são os vossos medos, as vossas ambições, a vossa ganância, a vossa competição, a vossa insegurança, a vossa confusão, a vossa dor, o vosso pesar, não são tudo isso? 

Não são o guru que seguem? Então, não são tudo isso com que se identificam? Ou são algo mais elevado, o super-ego, a super-consciência?












Se os senhores dizem que têm uma super-consciência, um eu superior, isto também faz parte do pensamento; portanto, aquilo que é chamado de pensamento superior, de eu superior, ainda é muito pequeno.



Então, o que os senhores são? Eu digo que os senhores são um feixe de tudo aquilo que é associado pelo pensamento. 
O que quer que os senhores pensam, isso os senhores são. 

Pode-se inventar todo o tipo de coisa, mas essa invenção também é o que o homem é. Certo?




Juntando tudo, isso chama-se eu, o meu ego, a minha personalidade, o meu eu superior, o meu deus. E eu invento todo esse tipo de coisas. 

Quem juntou tudo isso? Ou há uma só estrutura? Quem dividiu tudo isso? Quem disse que sou hindu ou muçulmano? Isso é uma propaganda? 

Quem criou a divisão entre os países? 

O pensamento? Ou foi o desejo, a aspiração de ser identificado, de estar seguro?















Estou a perguntar respeitosamente, quem criou a divisão? Foi o pensamento? 
É claro, mas por trás do pensamento há algo mais. Quem está a fazer tudo isso, salvo o pensamento? 




O que é o desejo, o que é o anseio, o que é o movimento que há por trás disso? É a segurança, não é? 

Eu quero estar seguro; é por isso que sigo um guru. Quero estar seguro no meu relacionamento com os senhores, com a minha mulher ela é a minha mulher, segura, protegida, a salvo. O desejo, o anseio, a resposta, a reacção, é por segurança, eu tenho de estar seguro, a salvo.



Todos nós queremos segurança, mas nunca nos perguntamos, existe alguma segurança? 

Existe algum lugar em que eu possa dizer que estou a salvo? 



O senhor desconfia da sua mulher, a sua mulher desconfia do senhor. O senhor desconfia do seu patrão porque quer o lugar dele. É tudo muito sensato. Podem achar graça agora, mas cada ser humano quer ter um lugar onde possa estar a salvo, seguro, onde não haja competição, onde não seja maltratado, importunado. 


Os senhores não querem tudo isso? Mas nunca perguntam: existe alguma segurança? Se a querem, devem também fazer a pergunta: existe alguma segurança?



Então, surge a questão: por que os senhores querem segurança? Há segurança nos vossos pensamentos? 














Há segurança nos vossos relacionamentos, com a mulher e com os filhos? Há segurança no emprego? O senhor pode ser um professor, cuidadosamente protegido, mas há professores mais qualificados; então, o senhor quer tornar-se o vice-chanceler. Onde está a segurança? 


Pode não haver nenhuma segurança, em absoluto. Pensem nisso, senhores, vejam que beleza, não ter nenhum desejo de segurança, nenhum anseio, nenhum sentimento, de qualquer tipo, em que haja segurança. No lar, no escritório, na fábrica, no parlamento, e assim por diante, há segurança? 



Talvez a vida não tenha segurança; a vida foi feita para ser vivida, não para criar problemas e depois tentar resolvê-los. É para ser vivida e acabar. Este é um dos nossos medos, morrer, não é?

















Portanto, nesta manhã, aprendemos um com o outro, e não ajudamos um ao outro, aprendemos, ouvimos de verdade o que o orador está a dizer? 


Os senhores ouviram com os ouvidos, viram os factos do mundo que são os senhores, pois o mundo são os senhores? Ou tudo são ideias? Há uma diferença entre facto e ideia; a ideia nunca é o facto. 


A palavra `microfone´ não é o microfone, este objecto que está na frente do orador. Mas fizemos da palavra o objecto. Portanto, os hindus não são os senhores, a palavra não são os senhores. 
Os senhores são o facto, não a palavra. Então, podemos ver a palavra, ver que ela não é o objecto? A palavra `deus´ não é deus. A palavra é totalmente diferente da realidade.



Assim, perguntamos o mais respeitosamente possível: o que aprenderam nesta manhã, o que realmente aprenderam, de que modo que agirão, e não apenas dirão sim, certo, e irão para casa, e continuarão como antes.




O mundo está num grande caos. Não sei se o percebem; há muitas dificuldades no mundo, muita miséria. Os senhores estão confusos, portanto, estão a criar tudo isso no mundo que os cerca. 




Se não alterarem a si próprios, o mundo não pode alterar-se, não pode mudar. Porque, no mundo, aonde quer que se vá, cada ser humano passa pelo mesmo fenómeno pelo qual os senhores estão a passar, incerteza, infelicidade, medo, insegurança, desejo de segurança, de controle, o seu guru é melhor do que o meu, e assim por diante. Entendem?

















O orador não é um optimista nem um pessimista. Estamos a apresentar os factos, não os factos do jornal. Estamos a conversar sobre as nossas vidas, não a vida de um guru, ou de um imperador, ou de alguma outra pessoa. Estamos a falar, juntos, sobre as nossas vidas. Elas são como as do resto do mundo. 



Os seres humanos são tremendamente infelizes, inseguros, desditosos, desempregados aos milhões, submetidos à pobreza, à fome, ao sofrimento, à dor, assim como os senhores; os senhores não são diferentes deles.


















Podem chamar-se de hindus ou muçulmanos, ou de cristãos, ou do que quiserem, mas, conscientemente, lá dentro, são como o resto do mundo. 




Os senhores podem ser morenos escuros, eles podem ser morenos claros, ter um governo diferente, mas todo o ser humano partilha deste mundo terrível. 

Nós fizemos o mundo, compreendem? 














Nós somos a sociedade. Se querem que a sociedade seja algo diferente, os senhores têm de começar, têm de pôr as suas casas em ordem, as casas que são os senhores."





Jiddu Krishnamurti
"O futuro é agora"









































t.




































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