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quarta-feira, 1 de junho de 2016

Worshippers of words and labels...












































O modo de encarar a vida, ou, pelo menos, certos aspectos da vida, varia de país para país, de região para região. A humanidade, sem dúvida, é a mesma em toda a parte. 

Sucede, porém, que em toda a parte é diferente. É a mesma nas coisas essenciais, nos sentimentos fundamentais; mas, as mais das vezes, não são as coisas realmente essenciais que ela tem por essenciais, nem os sentimentos fundamentais que a preocupam como fundamentais. 

Em todos os tempos, em todas as terras, é o local, o superficial, o ocasional, o que mais tem preocupado a humanidade.



Fernando Pessoa













































Labels seem to give satisfaction. We accept the category to which we are supposed to belong as a satisfying explanation of life. 



We are worshippers of words and labels; we never seem to go beyond the symbol, to comprehend the worth of the symbol. 


By calling ourselves this or that, we ensure ourselves against further disturbance, and settle back. 


One of the curses of ideologies and organized beliefs is the comfort, the deadly gratification they offer. 



They put us to sleep, and in the sleep we dream, and the dream becomes action. How easily we are distracted! 


And most of us want to be distracted; most of us are tired out with incessant conflict, and distractions become a necessity, they become more important than what is. 


We can play with distractions, but not with what is; distractions are illusions, and there is a perverse delight in them.







Worshippers
of words and labels...






"O que acontece quando não dão nome às coisas? 

Conseguem olhar para uma emoção, para uma sensação, de um modo mais directo, e assim terem uma relação bastante diferente com ela, tal como têm com uma flor quando não lhe dão nome. 

São forçados a olhá-la com os olhos do novo.


Quando não dão nome a um grupo de pessoas, são compelidos a olhar para cada rosto individualmente, sem tratarem todas aquelas pessoas como uma massa. 


Assim sendo, encontram-se muito mais alerta, muito mais observadores, mais compreensivos; têm um sentimento mais profundo de piedade, de amor; mas se as tratarem como uma massa, esse sentimento desaparece.


Se não colocarem um rótulo, têm de observar cada sentimento à medida que ele surge. 


Quando colocam um rótulo, será que o sentimento é diferente do rótulo? Ou será que o rótulo desperta o sentimento?


Se eu não der nome a um sentimento, ou seja, se o pensamento não estiver a funcionar meramente por causa de palavras ou se eu não pensar em termos de palavras, imagens ou símbolos, o que a maioria de nós faz, então o que acontece?


Certamente, então a mente não é apenas o observador. 


Quando a mente não está a pensar em termos de palavras, símbolos, imagens, não há nenhum pensador separado do pensamento, o qual é a palavra.

Então a mente está tranquila, não é verdade? 

Não foi acalmada, está tranquila. Quando a mente se encontra verdadeiramente tranquila, então podemos lidar de forma imediata com os sentimentos que surgem.

Só quando damos nome aos sentimentos, e assim os fortalecemos, é que eles têm continuidade; estão armazenados no centro (ego), a partir do qual nós damos novos rótulos, ou para os reforçarmos ou para os comunicarmos."







"O estado verbal foi cuidadosamente construído ao longo dos séculos, na relação entre o indivíduo e a sociedade; portanto a palavra, o estado verbal é tanto um estado social como um estado individual.


Para comunicarmos tal como estamos a fazer, eu necessito de memória, de palavras, tenho de saber falar inglês, e vocês têm também de saber inglês; é algo que foi adquirido século após século. 

A palavra está não só a ser desenvolvida nos relacionamentos sociais, mas também como uma reacção nesse relacionamento social para com o indivíduo; a palavra é necessária.


A questão é: levou tanto tempo a construir-se o simbólico, o estado verbal, será que ele pode ser banido de forma imediata?




Será que com o tempo nos iremos ver livres do aprisionamento verbal da mente, o qual levou séculos a construir? Ou será que ele deve ruir de forma imediata?


Agora, poderão dizer: `Tem de levar tempo, não consigo fazê-lo no imediato´. 
Isto significa que precisam de muitos dias, significa uma continuidade relativamente ao que tem acontecido, apesar de ser modificado ao longo do processo, até que alcancem um estado em que já não há mais caminho a percorrer. Têm sido e são capazes de o fazer?


Porque temos medo, somos preguiçosos, indolentes, dizemos: `Para quê incomodarmo-nos com tudo isto? É demasiado difícil´; ou `Não sei o que fazer´, portanto adiam, adiam, adiam. Mas têm de ver a verdade da continuação e da modificação da palavra.



A percepção da verdade sobre algo é imediata, não vem com o tempo. Poderá a mente ter essa percepção instantaneamente, no próprio acto de se questionar?



Poderá a mente ver a barreira da palavra, compreender a importância da palavra num instante e ficar naquele estado em que já não se encontra aprisionada pelo tempo?



Já devem ter experimentado isto; só que, para a maioria de nós, trata-se de algo que acontece muito raramente."


















"Será possível amar sem a interferência do pensamento? 
O que entendem por pensamento?


O pensamento é uma resposta às memórias de dor ou de prazer. Não existe pensamento sem o resíduo que é deixado pelas experiências incompletas. 
O amor é diferente da emoção e do sentimento. 


O amor não pode ser trazido para o campo do pensamento; ao passo que o sentimento e a emoção podem.


O amor é uma chama sem fumo, sempre viva, criativa, alegre. Um tal amor é perigoso para a sociedade, para o relacionamento. 

Portanto, o pensamento entra em cena, modifica-o, guia-o, legaliza-o, coloca-o fora de perigo; então podemos viver com ele... 

Mas, não sabem que quando amam alguém, amam toda a humanidade? Não sabem o quanto é perigoso amar o Homem?


Quando tal acontece, não existem barreiras, nacionalidades; quando tal acontece, não existe nenhuma ânsia de poder e de posição, e as coisas assumem os seus devidos valores. Um homem assim constitui um perigo para a sociedade.










Para que o amor possa existir, o processo da memória tem de terminar. A memória só aparece quando a experiência não é total, e completamente compreendida. 


A memória é apenas o resíduo da experiência; é o resultado de um desafio que não está inteiramente compreendido. 
A vida é um processo de desafio e de resposta.


O desafio é sempre novo, mas a resposta é sempre velha. 
Esta resposta, que é condicionamento, que é o resultado do passado, deve ser compreendida e não disciplinada ou condenada e posta de lado. 
Significa viver cada dia pela primeira vez, total e plenamente.


Este viver de modo completo só é possível quando existe amor, quando o vosso coração está repleto, mas não de palavras ou das coisas criadas pela mente. 
Só onde existe amor deixa de haver memória; então cada movimento é um renascimento."




Jiddu Krishnammurti
"O livro da vida"























































t.


































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