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terça-feira, 11 de junho de 2013

A exacta glória é a póstuma...



  A exacta glória é a  póstuma  



A exacta glória é a póstuma, a que nenhum dente rói, e que só desce sobre um nome depois da ressurreição intemporal do seu possuidor. 
Todos sabemos que a imortalidade do poeta lhe nasce das cinzas. 
Mas o artista enquanto vive é homem. Rege-o tanto uma lei de cima como uma lei de baixo. E por isso, pela transitória fama entre meia dúzia de condicionados contemporâneos, é capaz de matar um irmão. 
Velhos e novos aprestam nesta triste luta as mesmas armas e as mesmas unhas. Os velhos querem guardar os loiros; os novos querem tirar-lhos das mãos. E sem haver a mais pequena esperança de paz entre as duas forças. É da própria natureza dos contendores que nenhum ceda. 
A sofreguidão é tanto da fisiologia senil, como da infantil... 


Miguel Torga
"Diário (1943)"






















 TITO COLAÇO 
11.06.2013

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