Afinal foi autêntico...
Talvez fosse por nunca ter conseguido evitar de me
interessar, por quem se aproximasse de mim, com alguma timidez.
A noite despertava no seu amanhecer espontâneo. Quando de repente
apertou o medo de acordar. De não ter sonhado o suficiente. De acordar, sem aquela
força de querer viver o bastante, para durante o dia, se sentir acordado, o
suficiente.
Foi aí que senti as suas mãos. Passando no meu peito, de
camisa aberta, o ardor desejo. De ser uma ardente ternura ou uma derradeira paixão.
Sim, paixão. Que já senti e tornei a sentir. A que escapou e
voltou a escapar.
O seu olhar estava escondido, de forma quase submissa, de
quem sonha com a vontade de esmagar os seus lábios contra os meus,
desesperadamente contida.
Perguntei. Será que me conhece, ou simplesmente disfarça não
reconhecer.
Com a tamanha certeza, de que o pôr-do-sol virá de novo, que
provocará o meu sorriso. Do inesperado prazer, perpetrado pelo seu atrevimento,
de forma subtil mas confesso, da sua real intenção.
Assim aconteceu, sem pensar. Só sorri. Dizendo sem ouvir, umas
palavras ou algo parecido a tal.
E assim ficou. Este olhar. Na minha mente, impregnado pelo sabor
da sensação, de ter sido amordaçado pelo estrondoso mas silencioso olhar. Subitamente
interrompido.
Permaneci investido nos lençóis, tocando de quando em vez, suavemente,
na cama, o toque fresco do tecido, como que querendo despertar perpetuamente aquele
olhar.
E senti. Querendo sentir.
O sentido do sentimento que me absorveu, daquele olhar.
E sorri. De olhos fechados.
Com a sensação do toque subtilmente provocado no meu peito.
E saboreei, degustando, por esta ternura ardente ou paixão
derradeira. Como as que já senti e escaparam, que voltei a sentir e tornaram a
escapar.
Assim foi. Afinal e autêntico. Ainda que por breves momentos,
mas sentido, autenticamente...
TITO COLAÇO
P.S:
Agradecimento especial à inspiração lida no blogue da Dra. Helena de Brito, à qual comentei no mesmo, desta forma.
Com um abraço caloroso de amizade,
http://helenabrito.blogspot.pt/2013/05/o-que-afinal-e-autentico.html
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