Páginas

sexta-feira, 21 de junho de 2013

I. KANT - IDEIA DE UMA HISTÓRIA UNIVERSAL COM UM PROPÓSITO COSMOPOLITA.



  kantKANTkantKANTkantKANTkantKANTkantKANTkant  
  kantKANTkantKANTkantKANTkantKANTkantKANTkant  



,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,

     Ideia de uma história universal com um propósito cosmopolita      

,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,


 Com este ensaio, publicado em 1784 (no Berlinische Monatschrift), de merecida fama e muito bem cinzelado, Kant ingressou de vez no rol dos que, com maior ou menor pertinência e profundidade (desde Voltaire, J.G. Herder e, mais tarde, G.W.F. Hegel, K. Marx e muitos outros), reflectiram sobre a história, o seu enigma, as suas trevas, as suas insinuações e a imprevisibilidade do seu rumo. 
 Trata-se, como o próprio autor sugere, de um jogo intelectual, de uma espécie de "experiência mental ou imaginária"que se vai desdobrando, não sem algum humor contido da parte de Kant, nas nove proposições bem entretecidas acerca do mecanismo secreto e subjacente ao devir da humanidade no seu todo: a natureza, no seu desígnio oculto, serve-se dos impulsos dos homens, acossados pela loucura, vaidade e perfídia, vitimas da sua indolência e do seu egoísmo (individual ou colectivo), para realizar todas as virtualidades e possibilidades da nossa espécie, sem espaço ou tempo na vida demasiado curta do indivíduo, e que só podem chegar à maturidade no recinto do género humano na sua totalidade e ao longo de todas as idades. 
 É uma história de progresso crescente, irrompendo precisamente da característica fundamental do homem, a sua sociabilidade insociável, o antagonismo das tendências sociais e anti-sociais que nos atravessam e em nós surgem com rostos sempre diferentes, embora procedentes de uma raiz idêntica, feita de brutalidade e de rudeza. Estas, no entanto, devido aos perigos que consigo trazem e à mútua destruição que, sem qualquer travão, garantiriam, forçam-nos a caminhar para a cultura e a desabrochar em universalidade sob o reino do direito. 
 Semelhante antagonismo suscita um aperfeiçoamento jurídico da humanidade em direcção a uma sociedade civil que administre a justiça e o relacionamento legal dos Estados entre si, até desembocar, por fim, na criação de uma federação universal e cosmopolita que assegure a paz perpétua entre as nações. 
 Esta reflexão é decerto, como refere Kant, um quiliasmo ou milenarismo 
filosófico, mas nasce da fé típica da razão prática e expressa a esperança fundamental em que esta se encontra enredada e envolvida. Ao mesmo tempo, porém, mostra como o grande atractor de toda a visão kantiana é a filosofia moral, aqui muito bem entrosada com o seu pensamento político. Esta junção de política e moralidade revela-nos que o filósofo de Königsberg está ainda dentro da grande tradição clássica, desde Platão em diante, a qual não admite qualquer hiato entre a contemplação e a difícil administração dos negócios humanos - um rasgo igualmente marcante da visão da filosofia como sabedoria e como "exercício espiritual"em sentido lato. 


 Tradutor:
   Artur Morão   


 Consultar em: 

































  TITO COLAÇO  
 21.06.2013 





0 comentários:

Enviar um comentário