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sábado, 5 de julho de 2014

Aegroto dum anima est, spes est...


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  Aegroto dum anima est, spes est...  
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  Há dentro de nós um poço  
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Há dentro de nós um poço. 
No fundo dele é que estamos, porque está o que é mais nós, o que nos individualiza, a fonte do que nos enriquece no em que somos humanos. 
E a vida exterior, o assalto do que nos rodeia, o que visa é esse íntimo de nós para o ocupar, o preencher, o esvaziar do que nos pertence e nos faz ser homens. 
Jamais como hoje esse assalto foi tão violento, jamais como hoje fomos invadidos do que não é nós. 
É lá nesse fundo que se gera a espiritualidade, a gravidade do sermos, o encantamento da arte. 
E a nossa luta é terrível, para nos defendermos no último recesso da nossa intimidade. 
Porque tudo nos expulsa de lá, quando essa intimidade for preenchida pelo exterior, quando a materialidade se nos for depositando dentro, o homem definitivamente terá em nós morrido.
Já há exemplos disso. Um dos mais perfeitos chama-se robot. 
É invencível pensarmos o que será o homem amanhã. E nenhuma outra imagem se nos impõe com mais força. 
Mas o que desse visionar mais nos enriquece a alma é que o homem então será possivelmente feliz. 
Porque ser homem não é ter felicidade mas apenas ser humano. 
Não há grandeza nenhuma ser feliz, e é decerto por isso que se diz que os felizes não têm história. A única felicidade compatível com a grandeza é a que já não tem esse nome, mesmo que o tenha. Chamemos-lhe apenas compreensão ou aceitação. 


 Vergílio Ferreira 
"Conta-corrente IV"

































TITO COLAÇO
V ___ VII ___ MMXIV







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