Nada
do que te digam te serve, porque és servido de tudo.
De
tantos mestres, e autores de grandes obras humanas existentes, nada de novo te podem
dizer, porque novo realmente nada é, do que te digam ou te ensinem, da
mesma fonte teve, e dessa também tens, e és ou serás.
Tudo
o que precisas ouvir e saber, sentes e és em ti.
Espera
por ti, para te ouvires, o que tens para te dizer, o mesmo que outrora já te
disseram, te dizem e te dirão, o mesmo que outrora disseste, dizes e dirás.
Seja
em que capa te moveres, seja por que olhos, te olhares, o teu ser em ti continuará
a ser, mesmo que no espelho visível não te reconheças, nem saibas quem já foste
e quem és.
Tempo
virá que saberás quem realmente és, e aí sabendo quem és, saberás de quem és, e
quem são os teus, e que um e outro são um só, e que um não se divide.
Pensa
que numa escada, cada degrau tem uma altitude que os difere, e o que estiver
mais perto da porta, não é mais importante do que o antecedeu, porque serão
todos necessários para a subida gradual e equilibrada.
Pensa
que nessa escada, pode ter patamares, que servem de níveis para que a subida
não seja tão ingreme, logo não ser tão dura e difícil de subir.
Pensa
que esses patamares podem ser etapas que vais passando, sem que para isso,
tenhas de ser outro ser, porque continuas o mesmo que iniciou a subida, mas que
durante a mesma, tiveste a necessidade de vestir outras roupagens para
experimentar várias formas de subir.
Dessas
formas de subir, algumas não são tão concretizadoras mas ainda assim
necessárias para se poder vivenciá-las.
Por
vezes, essas formas de subir, obrigam-nos a fazer uma pausa, e reflectir se foi
a mais adequada e se teremos de a reajustar para continuar.
De
degrau a degrau, vamos nos despindo dessa roupagem, por já não ser necessário
tanta experimentação e de termos reajustado e laminado qual a mais concretizadora
para subir a nossa escada.
Cada
vez que despimos essa roupagem, vamos nos reconhecendo e a nossa verdadeira
forma.
Essa
verdadeira forma, múltipla de tantas outras e semelhante às restantes, no cume
da subida se encontram e se unem, visto serem parte da mesma.
No
cume dessa subida, encontras a porta na mesma entrada que todas as outras formas
que também lá chegaram, essas que são a tua, como a tua é a delas.
Na
passagem dessa porta, entram como um todo, porque só um todo entra pela mesma.
Os
degraus são a tua progressão, as roupagens são as tuas vidas que vais
experimentando, para essa subida que é a ascensão, em que a porta será o cume, para
a luz e para além desta, do que somos, parte de uma energia infinita e una, para
os outros projectos cósmicos, que o criador do Tudo tenha criado.
TITO COLAÇO
IX ___ VII ___ MMXIV
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