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sexta-feira, 26 de julho de 2013

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"Trazia consigo a graça 

das fontes quando anoitece. 
Era o corpo como um rio 
em sereno desafio 
com as margens quando desce. 

Andava como quem passa 
sem ter tempo de parar. 
Ervas nasciam dos passos, 
cresciam troncos dos braços 
quando os erguia no ar. 

Sorria como quem dança. 
E desfolhava ao dançar 
o corpo, que lhe tremia 
num ritmo que ele sabia 
que os deuses devem usar. 

E seguia o seu caminho, 
porque era um deus que passava. 
Alheio a tudo o que via, 
enleado na melodia 
duma flauta que tocava. "



   Eugénio de Andrade





José Fontinhas, nome verdadeiro de Eugénio de Andrade, nasceu a 19 de Janeiro de 1923 em Póvoa de Atalaia, uma pequena aldeia da Beira Baixa situada entre o Fundão e Castelo Branco, filho de uma família de camponeses. A sua infância é passada com a mãe, que é a figura dominante de toda a sua vida e da sua poesia. O pai pouco esteve presente, dado que o casamento, efectuado mais tarde, durou muito pouco.Entra para a escola da aldeia natal aos 6 anos. Um ano depois, muda-se com a mãe para Castelo Branco. Em 1932, muda-se novamente para Lisboa onde permanece por um período de 11 anos. Conclui a instrução primária e prossegue os estudos.
Em 1938 escreve uma carta e envia alguns poemas a António Botto, que manifesta interesse em conhecê-lo.
Em 1939 publica o seu primeiro poema, “Narciso” e, pouco tempo depois, passa a assinar com outro nome: nasce o poeta Eugénio de Andrade.Em 1941 faz-se a primeira referência pública à sua poesia na conferência que Joel Serrão, seu amigo, pronunciou na Faculdade de Letras de Lisboa. Um ano depois Eugénio lança o seu primeiro livro de poesia: “Adolescente“.
Em 1943, o poeta muda-se novamente acompanhado pela sua mãe para Coimbra, onde permanece até ao final do ano de 1946, altura em que se fixa novamente em Lisboa. Entretanto, em 1944, cumpre o Serviço Militar e, após a recruta, é colocado nos Serviços de Sáude de Lisboa mas, visto que morava em Coimbra, trata rapidamente de transitar para lá. Fazem-se, nesse ano ainda, as primeiras traduções de poemas seus para francês e, em 1945, a Livraria Francesa publica o seu livro “Pureza“.Entretanto, em 1947, graças a um amigo, ingressa nos quadros do Ministério da Saúde como inspector-administrativo dos Serviços Médico-Sociais, onde permaneceu até 1983. Em 1950 é tranferido para o Porto, cidade onde viveu até à sua morte a 13 de Junho de 2005.É com “As Mãos e os Frutos“, em 1948, que Eugénio de Andrade alcança o sucesso.
A 14 de Março de 1956 morre a sua mãe e morre uma parte do poeta: “A minha ligação à infância é, sobretudo, uma ligação à minha mãe e à minha terra, porque, no fundo, vivemos um para o outro“.
Em 1977 inicia-se a publicação da “Obra de Eugénio de Andrade” pela Editora “Limiar”. Nasce, em 1991, a Fundação Eugénio de Andrade, que está a reeditar toda a obra do poeta, sendo o último volume o número 26, o livro de poesia “O Sal da Língua” (1995).Durante os anos que se seguem até 2005, o poeta fez diversas viagens, foi convidado para participar em vários eventos e travou amizades, como Joel Serrão, Miguel Torga, Afonso Duarte, Carlos Oliveira, Joaquim Namorado, Sophia de Mello Breyner Andresen, Joaquim Manuel Magalhães, e muitos outros…Publicou dezenas de livros de poesia, muitos títulos traduzidos e publicados em 20 línguas e em 20 países: na Alemanha, Itália, China, Espanha, em França, nos Estados Unidos da América, … Eugénio de Andrade é, realmente o poeta português mais divulgado no mundo.
A sua obra tem sido, por outro lado, objecto de estudo e reflexão por parte de escritores e críticos literários quer estrangeiros quer portugueses.A 22 de Março de 2005 foi distinguido, juntamente com a escritora Agustina Bessa-Luís, com o doutoramento “Honoris Causa”, atribuído pela Universidade do Porto durante a cerimónia do 94.º aniversário da sua fundação.





















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   TITO COLAÇO   
26.VII.2013










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