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segunda-feira, 22 de julho de 2013

Sim, sei de onde venho!

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"Sim, sei de onde venho!  
Insatisfeito com a labareda. 
Ardo para me consumir. 
Aquilo em que toco torna-se luz, carvão aquilo que abandono: Sou certamente labareda."  


                                             Ecce Homo 
 Friedrich Nietzsche 






























Ó noite, porque hás-de vir sempre molhada! 
Porque não vens de olhos enxutos
e não despes as mãos
de mágoas e de lutos!

Poque hás-de vir semimorta,
com ar macerado e de bruxedo,
e não despes os ritos, o cansaço,
e as lágrimas e os mitos e o medo!

Porque não vens natural
Como um corpo sadio que se entrega,
e não destranças os cabelos,
e não nimbas de luz a tua treva!

Poque hás-de vir com a cor da morte
- se a morte já temos nós!
Porque adormeces os gestos,
porque entristeces os versos,
e nos quebras os membros e a voz!

Porque é que vens adorada
por uma longa procissão de velas,
se eu estou à tua espera em cada estrada,
nu, inteiramente nu,
sem mistérios, sem luas e sem estrelas!

Ó noite eterna e velada,
senhora da tristeza, sê alegria!
Vem de outra maneira ou vai-te embora,
e deixa romper o dia!


                  Ó noite, porque hás-de vir sempre molhada! 
 Eugénio de Andrade 





































                                                  Tito Colaço                        22-07-2013               ...............         ............... 
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