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domingo, 19 de janeiro de 2014

Try...












Try...














 O método é necessário para a procura da Verdade 


Os mortais são dominados por uma curiosidade tão cega que, muitas vezes, envenenam o espírito por caminhos desconhecidos, sem qualquer esperança razoável, mas unicamente para se arriscarem a encontrar o que procuram: é como se alguém, incendiado pelo desejo tão estúpido de encontrar um tesouro, vagueasse sem cessar pelas praças públicas para ver se, casualmente, encontrava algum perdido por um transeunte. 

(...) 

não nego que tenham por vezes muita sorte nos seus caminhos errantes e encontrem alguma verdade; contudo, não estou de acordo que sejam mais competentes, mas apenas mais afortunados. Ora, vale mais nunca pensar em procurar a verdade de alguma coisa que fazê-lo sem método: é certíssimo, pois, que os estudos feitos desordenadamente e as meditações confusas obscurecem a luz natural e cegam os espíritos. Quem se acostuma a andar assim nas trevas enfraquece de tal modo a acuidade do olhar que, depois, não pode suportar a luz do pleno dia. 
É a experiência que o diz: vemos muitíssimas vezes os que nunca se dedicaram às letras julgar o que se lhes depara com muito maior solidez e clareza do que aqueles que sempre frequentaram as escolas. 
Entendo por método regras certas e fáceis, que permitem a quem exactamente as observar nunca tomar por verdadeiro algo de falso, e, sem desperdiçar inutilmente nenhum esforço da mente, mas aumentando sempre gradualmente o saber, atingir o conhecimento verdadeiro de tudo o que será capaz de saber. 


René Descartes
"Regras para a direcção do espírito"

















     DOS POETAS     


“Desde que conheço melhor o corpo — dizia Zaratustra a um dos seus discípulos — para mim o espírito já não é espírito senão até certo ponto; e todo o “imorredouro” não é também mais do que símbolo”.

“Já te ouvi falar assim — respondeu o discípulo — e nesse tempo acrescentavas: “Os poetas, porém, mentem demais. Por que dizias que os poetas mentem demais?”

“Por que? — disse Zaratustra. — Perguntas por que?

Eu não pertenço ao número daqueles a quem é lícito interrogar sobre o seu porque.

Será de ontem por acaso o que eu tenho experimentado? Há muito tempo que experimento os fundamentos das minhas opiniões.

Precisaria ser um tonel de memória para poder arrecadar as minhas razões.

Bastante me custa já arrecadar as minhas opiniões e mais de um pássaro me foge.

E também acontece introduzir-se-me no pombal qualquer bicho estranho para mim, o qual treme quando o agarro.

No entanto, que te dizia um dia Zaratustra? Que os poetas mentem demais?

Zaratustra, contudo, também é poeta.

Julgas então que eu falava verdade?

Por que julgas isso?”

O discípulo respondeu: “Eu creio em Zaratustra”, Zaratustra, porém, meneou a cabeça sorrindo.

“Não me salve a fé — respondeu — e a fé em mim mesmo, ainda menos do que nenhuma.

Supondo, todavia, que alguém dissesse seriamente que os poetas mentem demais, esse alguém teria razão: nós mentimos demasiado.

Sabemos também pouco demais e aprendemos mal demais; por conseguinte, forçoso é mentirmos.

Logo, quem entre nós, poetas, não terá adulterado o seu vinho? Muitas misturas envenenadas se têm feito em nossas tabernas: tem-se realizado nelas o indiscritível.

E é por sabermos pouco que nos seduzem os pobres de espírito, especialmente quando são mulheres novas.

E até desejamos as coisas que as velhas contam entre si à noite. É o que em nós mesmos chamamos o eterno feminino.

E como se existisse um caminho secreto que conduzisse ao saber e se subtraísse aos que aprendem qualquer coisa, assim cremos no povo e na sua sabedoria.

Todos os poetas, porém, julgam que aquele que está deitado na erva ou numa encosta solitária, com o ouvido à escuta, aprende algo do que se passa entre o céu e a terra.

E se experimentam ternas comoções os poetas supõem sempre que a própria Natureza está apaixonada por eles.

E que se lhe acerca ao ouvido a murmurar coisas secretas e palavras carinhosas. Disso se gabam e se gloriam, perante todos os mortais.

Ai! Existem tantas coisas entre o céu e a terra que só os poetas sonharam!

E mormente no céu: porque todos os deuses são símbolos e artifícios de poeta.

A verdade é que sempre nos sentimos atraídos para o alto, isto é, para o reino das nuvens: lá colocamos os nossos manequins de mil cores, e chamamos-lhes deuses e Super-homens.

Que todos esses deuses e Super-homens são bastante leves para poder ocupar esses lugares.

Ah! Como estou farto de todo o deficiente que se empenha em ser um acontecimento!

Ah! como estou farto dos poetas!”

Quando Zaratustra disse isto, o discípulo ficou irritado contra ele, mas calou-se. Zaratustra emudeceu igualmente e os olhos volveram-se-lhes para o íntimo como se olhassem ao longe. Por fim começou a suspirar e a tomar alento!

“Eu sou hoje e de antes — disse — mas em mim há qualquer coisa que é amanhã, de depois de amanhã e do futuro.

Estou enfastiado dos poetas, dos antigos e dos novos: para mim todos são superficiais, todos são mares esgotados.

Não pensaram profundamente; por isso mesmo não sentiram fundo.

Um tanto de voluptuosidade e um tanto de tédio; eis ao que se reduziram as suas meditações.

Os seus arpejos apenas me parecem hálito e fuga de fantasmas. Até hoje que sabem eles da alacridade dos sons?

Também os acho pouco asseados: todos turvam as suas águas para parecer profundas.

Gostam de se fazer passar por conciliadores; mas, para mim, são sempre pessoas de meios termos, de composições e miscelâneas, e sórdidos.

Ai! Lancei as minhas redes aos mares deles para apanhar peixes, mas tão só pesquei a cabeça de um deus antigo.

Assim deu o mar uma pedra ao faminto. E os próprios poetas parecem vir do mar.

Certo, neles encontram-se pérolas: devem parecer-se ainda mais a duros testáceos. E ao invés de alma tenho visto freqüentemente no seu interior espuma salgada.

Também do mar aprenderam a sua vaidade: não é o mar o primeiro dos pavões reais?

Até diante do mais feio búfalo abre a sua cauda: nunca se há de cansar do seu leque de rendas, prata e seda.

O búfalo olha essas coisas com enfado, pois tem o pensamento em areias, matas e pântanos.

Que lhe importam a ele a beleza e o Oceano, e as galas do pavão? Eis o símbolo que ofereço aos poetas.

O seu espírito próprio é o rei dos pavões e um oceano de vaidade.

O espírito do poeta quer espectadores; assim fossem búfalos!

Eu, porém, enfastiei-me desse espírito e vejo chegar um tempo em que ele próprio se enfastiará de si mesmo.

Já vi poetas transformarem-se e procederem contra si próprios.

Tenho visto redentores do espírito: saíram dos poetas”.

Assim falava Zaratustra.


 Nietzsche_
"Assim falava Zaratustra."

























































Someone said life is for the taking
Here I am with my hand out waiting for a ride
I've been living on my great expectations
What good is it when I'm stranded here
And the world just passes by
Where are the signs to help me get out of this place

If I should stumble on my moment in time,
How will I know?
If the story's written on my face, does it show?
Am I strong enough to walk on water
Smart enough to come in out of the rain?
Or am I a fool going where the wind blows (wind blows)?

Here I sit halfway to somewhere
Thinking about what's in front of me and what I left behind
On my own, supposed to be so easy
Is this what I've been after
Or have I lost my mind?
Maybe this is my chance and it's coming to take me away, yeah

If I should stumble on my moment in time,
How will I know?
If the story's written on my face, does it show?
Am I strong enough to walk on water
Smart enough to come in out of the rain?
Or am I a fool going where the wind blows (wind blows)?

Here I am walking naked through the world
Taking up space, society's child
Make room for me, make room for me,
make room for me

Am I strong enough to walk on water?
Smart enough to come in out of the rain?
Or am I a fool
Going where the wind blows (where the wind blows),
Going where the wind blows?


Mr. BIG
"Goin' Where The Wind Blows"
















TITO COLAÇO
XIX____I____MMXIV











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