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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Your Universe...






Your Universe...





















 O universo é o sonho de um sonhador infinito 

1. Não conhecemos senão as nossas sensações. O universo é pois um simples conceito nosso. 

2. O universo porém — ao contrário de e em contraste com, as nossas fantasias e os nossos sonhos — revela, ao ser examinado, que tem uma ordem, que é regido por regras sem excepção a que chamamos leis. 

3. Àparte isso, o universo, ou grande parte dele, é um «conceito» comum a todos os que são constituídos como nós: isto é, é um conceito do espírito humano. 

4. O universo é considerado objectivo, real — por isso e pela própria constituição dos nossos sentidos. 

5. Como objectivo, o universo é pois o conceito de um espírito infinito, único que pode sonhar de modo a criar. 
O universo é o sonho de um sonhador infinito e omnipotente. 

6. Como cada um de nós, ao vê-lo, ouvi-lo, etc., cria o universo, esse espírito infinito existe em todos nós. 

7. Como cada um de nós é parte do universo, esse espírito infinito, ao mesmo tempo que existe em nós, cria-nos a nós. 
Somos distintos e indistintos dele. 

8. A «Causa imanente», como é definida, tem que, ao criar, criar infinitamente. Em si mesma é infinita como uma, extra-numericamente; nos seres é infinita como inúmera, numericamente. Num caso é o indivisível, no outro infinitamente divisível. As almas são pois em número infinito. 

9. Tudo o que é criado é infinito, pois a Causa Infinita não pode criar senão infinito. Por isso tudo material, se tudo de natureza oposta à Causa Infinita, é infinitamente divisível e multiplicável (eternidade do tempo, infinidade do espaço). 
Só pode criar finitos em número infinito. Por isso tudo espiritual, isto é, não-espacial, como é da natureza da Causa, é indivisível. 
É portanto imortal. 


Fernando Pessoa
"Textos Filosóficos"





















 O centro do universo 

Se todo o indivíduo pudesse escolher entre o seu próprio aniquilamento e o do resto do mundo, não preciso dizer para que lado, na maioria dos casos, penderia a balança. 
Conforme essa escolha, cada um faz de si o centro do universo, refere tudo a si mesmo e considera primeiramente tudo o que acontece - por exemplo, as maiores mudanças no destino dos povos - do ponto de vista do seu interesse. Ainda que este seja muito pequeno e remoto, é nele que pensa acima de tudo. 
Não existe contraste maior do que aquele entre a alta e exclusiva divisão, que cada um faz dentro do seu próprio eu, e a indiferença com a qual, em geral, todos os outros consideram aquele eu, bem como o primeiro faz com o deles.
Chega a ter o seu lado cómico ver os inúmeros indivíduos que, pelo menos no aspecto prático, consideram-se exclusivamente reais e aos outros, de certo modo, como meros fantasmas. 
(...)
O único universo que todos realmente conhecem e do qual têm consciência é aquele que carregam consigo como sua representação e que, portanto, constitui o seu centro. 
É justamente por isso que cada um é em si mesmo tudo em tudo. 


Arthur Schopenhauer
 "A Arte de Insultar"



























































TITO COLAÇO
XXVIII___I___MMXIV










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