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domingo, 27 de abril de 2014

Ab alio expectes, quod alteri feceris...




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|  Ab alio expectes, quod alteri feceris...  |
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   A sabedoria pelo exemplo   

Nunca digas que és filósofo, e coíbe-te o mais possível de falar por máximas a pessoas vulgares. 
Pratica antes o que prescrevem as máximas. 
Por exemplo: não digas num festim como se deve comer, mas antes come como se deve comer. 
Que te lembres, em boa hora, como agia Sócrates: sempre fugindo da ostentação, acontecia que, quando pessoas o procuravam para serem conhecidas de filósofos, ele próprio tecia o elogio dos recém-chegados, e aos filósofos os apresentava, tal era o seu desejo de que não dessem por ele.
Se, entre pessoas vulgares, a conversa incidir sobre esta ou aquela máxima, mantém-te em silêncio sempre que possas. 
Pois, caso contrário, um grande risco podes correr: vomitar de súbito o que ainda não digeriste. 
E se alguém te disser "Tu nada sabes", e caso não te sintas ofendido por tal despropósito, que saibas começas a ser filósofo. 
Porque não é restituindo aos pastores a erva comida que as ovelhas lhes provam aquilo que ingeriram. 
Uma só coisa é verdadeira: uma vez que as ovelhas digeriram o pasto, elas oferecem ao exterior unicamente a lã e o leite. 
Assim, pois, não ostentes opiniões, através de máximas, entre pessoas vulgares: melhor será que lhes mostres, pelo silêncio, a sapiência que ao longo do tempo foste digerindo. 


 Epicteto 
"Manual"
























   O preço da elevada conduta   

Conduta e carácter do homem vulgar: nunca em si próprio busca proveito ou pena, antes se atem às coisas exteriores. 
Conduta e carácter do filósofo: todo o proveito e pena surtem do íntimo de si próprio. 
Sinais daquele que evolui: não insulta ninguém, não louva ninguém, não se queixa de ninguém, não acusa ninguém, nada diz de si próprio como coisa importante, e nunca afirma saber o que quer que seja. 
Quando embaraçado e contrariado, só a si próprio se responsabiliza. 
Se o louvam, ri-se discretamente de quem o louva, e se o insultam, de nada se justifica. Comporta-se como os convalescentes, e teme enfraquecer o que se consolida antes de recuperar toda a sua firmeza.
Suprimiu em si qualquer espécie de vontade, e animosidades também: só faz pairar uma e outras sobre as únicas coisas que, contrárias à natureza, dependem de nós. 
Os seus arrebatamentos quase nunca o são. 
E caso o tenham na conta de estúpido ou ignorante, nenhuma inquietação o toma. 
Numa palavra: desafia-se a si próprio como se fora um inimigo de quem temesse várias armadilhas. 


Epicteto
"Manual"


























TITO COLAÇO
XXVII ___ IV ___ MMXIV







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