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terça-feira, 8 de abril de 2014

Agere non loqui...





        

                                                                        
    Agere non loqui...    
                                                                        

 Controlar a ira 











Se deste vazão à ira, fica certo de que, além do mal nela implícito, revigoraste o hábito e acrescentaste lenha à fogueira. 
Quando és vencido por uma tentação da carne, não consideres isso simples derrota: considera, também, que revigoraste os teus hábitos dissolutos. 
Os hábitos e as faculdades são necessariamente afectados pelos actos correspondentes. 
Os que antes não existiam, agora aparecem; os demais cobram vigor e domínio. 
Esta é a versão que os Filósofos dão das moléstias da mente: supõe que algum dia cobiçaste ter dinheiro: se a razão, em dose suficiente para provocar a consciência do mal, intervir, a cobiça é anulada e a mente recupera imediatamente a sua autoridade original; contudo, se não recorreres a nenhum remédio, jamais poderás esperar tal recuperação; ao contrário, a próxima vez em que for excitada pelo objecto correspondente, a chama do desejo irromperá mais prontamente do que antes. 
Pela frequência da repetição, a mente, ao fim e ao cabo, fica calejada e, assim, esta moléstia mental produz Avareza confirmada.
Quando alguém teve febre, mesmo depois de voltar à normalidade, não se encontra nas mesmas condições de saúde que antes, a menos que a sua cura seja completa. 
Algo de semelhante ocorre com as moléstias da mente. 
Sempre ficam traços e empolas e, a menos que sejam efectivamente eliminadas, golpes subsequentes no mesmo local produzirão, não mais meras empolas, mas feridas. 
Se não queres ser propenso à ira, não lhe cultives o hábito; não lhe dês nada que possa contribuir para agravá-la. A princípio, fica quieto e conta os dias em que não estás irado: 
"Eu costumava irritar-me todos os dias; depois, dia sem dia não; mais tarde, a intervalos de dois dias e, logo em seguida, de três!" 
Se conseguires passar trinta dias sem te irares, faz um sacrifício aos Deuses, em sinal de agradecimento. 


Epicteto
"O festival da vida"
























  Quem te injuria não te injuria  

Reconsidera o seguinte: quem te injuria não te injuria; quem te agride não te agride; quem te ultraja não te ultraja. 
Então quem te ultraja, agride e injuria? 
O juízo, o julgamento, a sentença de quem assim procede contigo, e também a tua opinião sobre o acto de que foste vítima.
Assim, pois, quando alguém provocar a tua ira, sabe que essa tua opinião é que irado te torna. 
Sendo assim as coisas, não te precipites e doma as tuas ideias. 
Porque segura é uma coisa: se ganhares tempo e pausa a fim de ponderares o acontecido, então, facilmente, serás senhor de ti mesmo. 


Epicteto
"Manual"




































TITO COLAÇO
VIII___IV___MMXIV













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