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segunda-feira, 23 de março de 2015

Falling into a Dream...











Falling into a Dream...














O homem recusa o mundo tal como ele é, sem aceitar o eximir-se a esse mesmo mundo. Efectivamente, os homens gostam do mundo e, na sua imensa maioria, não querem abandoná-lo.
Longe de quererem esquecê-lo, sofrem, sempre, pelo contrário, por não poderem possuí-lo suficientemente, estranhos cidadãos do mundo que são, exilados na sua própria pátria.
Excepto nos momentos fulgurantes da plenitude, toda a realidade é para eles imperfeita.
Os seus actos escapam-lhes noutros actos; voltam a julgá-los assumindo feições inesperadas; fogem, como a água de Tântalo, para um estuário ainda desconhecido. Conhecer o estuário, dominar o curso do rio, possuir enfim a vida como destino, eis a sua verdadeira nostalgia, no ponto mais fechado da sua pátria. Mas essa visão que, ao menos no conhecimento, finalmente os reconciliaria consigo próprios, não pode surgir; se tal acontecer, será nesse momento fugitivo que é a morte; tudo nela termina.
Para se ser uma vez no mundo, é preciso deixar de ser para sempre.
Neste ponto nasce essa desgraçada inveja que tantos homens sentem da vida dos outros. Apercebendo-se exteriormente dessas existências, emprestam-lhes uma coerência e uma unidade que elas não podem ter, na verdade, mas que ao observador parecem evidentes. Este não vê mais que a linha mais elevada dessas vidas, sem adquirir consciência do pormenor que as vai minando.
Então fazemos arte sobre essas existências. Romanceamo-las de maneira elementar. Cada um, nesse sentido, procura fazer da sua vida uma obra de arte. Desejamos que o amor perdure e sabemos que tal não acontece; e ainda que, por milagre, ele pudesse durar uma vida inteira, seria ainda assim um amor imperfeito.
Talvez que, nesta insaciável necessidade de subsistir, nós compreendêssemos melhor o sofrimento terrestre, se o soubéssemos eterno.
Parece que, por vezes, as grandes almas se sentem menos apavoradas pelo sofrimento do que pelo facto de este não durar.
À falta de uma felicidade incansável, um longo sofrimento ao menos constituiria um destino. Mas não; as nossas piores torturas terão um dia de acabar. Certa manhã, após tantos desesperos, uma irreprimível vontade de viver virá anunciar-nos que tudo acabou e que o sofrimento não possui mais sentido do que a felicidade. 















Somos todos casos excepcionais. Todos queremos apelar de qualquer coisa!
Cada qual exige ser inocente, a todo o custo, mesmo que para isso seja preciso inculpar o género humano e o céu.
Contentaremos mediocremente um homem, se lhe dermos parabéns pelos esforços graças aos quais se tornou inteligente ou generoso.
Pelo contrário, ele rejubilará, se se admirar a sua generosidade natural. Inversamente, se disssermos a um criminoso que o seu crime nada tem com a sua natureza, nem com o seu carácter, mas com infelizes circunstâncias, ele ficar-nos-á violentamente reconhecido.
Durante a defesa, escolherá mesmo este momento para chorar. No entanto, não há mérito nenhum em ser-se honesto, nem inteligente, de nascença!
Como se não é certamente mais responsável em ser-se criminoso por natureza que em sê-lo devido às circunstâncias. Mas estes patifes querem a absolvição, isto é, a irresponsabilidade, e tiram, sem vergonha, justificações da natureza ou desculpas das circunstâncias, mesmo que sejam contraditórias. O essencial é que sejam inocentes, que as suas virtudes, pela graça do nascimento, não possam ser postas em dúvida, e que os seus crimes, nascidos de uma infelicidade passageira, nunca sejam senão provisórios.
Já lhe disse, trata-se de escapar ao julgamento. Como é difícil escapar e melindroso fazer, ao mesmo tempo, com que se admire e desculpe a própria natureza, todos procuram ser ricos. Porquê?
Já o perguntou a si mesmo?
Por causa do poder, certamente.
Mas sobretudo porque a riqueza nos livra do julgamento imediato, nos retira da turba do metropolitano para nos fechar numa carroçaria niquelada, nos isola em vastos parques guardados, em carruagens-cama, em camarotes de luxo.
A riqueza, caro amigo, não é ainda a absolvição, mas a pena suspensa, sempre fácil de conseguir...

(...)

Não amaremos talvez insuficientemente a vida?
Já notou que só a morte desperta os nossos sentimentos?
Como amamos os amigos que acabam de deixar-nos, não acha?!
Como admiramos os nossos mestres que já não falam, com a boca cheia de terra!
A homenagem surge, então, muito naturalmente, essa mesma homenagem que talvez eles tivessem esperado de nós, durante a vida inteira. Mas sabe porque nós somos sempre mais justos e mais generosos para com os mortos?
A razão é simples! Para com eles, já não há deveres.
É assim o homem, caro senhor, tem duas faces. Não pode amar sem se amar.
Observe os seus vizinhos, se calha de haver um falecimento no prédio. Dormiam na sua vida monótona e eis que, por exemplo, morre o porteiro. Despertam imediatamente, atarefam-se, enchem-se de compaixão. Um morto no prelo, e o espectáculo começa, finalmente.
Têm necessidade de tragédia, que é que o senhor quer?
É a sua pequena transcendência, é o seu aperitivo.
É preciso que algo aconteça, eis a explicação da maior parte dos compromissos humanos. É preciso que algo aconteça, mesmo a servidão sem amor, mesmo a guerra ou a morte. Vivam, pois, os enterros!










Albert Camus



                

1 st “O Homem Revoltado”
2 nd “A Queda”





























Dreams are often associated with our hidden desires, frustrations or sometimes it serves as a warning for us to be extra careful to every little thing that we do.
But what does a dream and its symbols truly mean, are they something that we should be scared of? 
Or is this just an interpretation of our vivid imagination?





“Dream Interpretation is the process of assigning meaning to dreams. In many ancient societies, such as those of Egypt and Greece, dreaming was considered a supernatural communication or a means of divine intervention, whose message could be unravelled by people with certain powers. 
In modern times, various schools of psychology and neurobiology have offered theories about the meaning and purpose of dreams.”





One of the most common dreams would be falling into a somewhat like a cliff but you always get back to consciousness and you really didn't hit the bottom of that dark space.

Interpretation: You are in the process of regaining control on your life.











































She lives on the cover
Of a chocolate‑box.
Her wide hat comes over
Her too golden locks.


Near her many a blossom
Of a bad green tree
Her hand's on her bosom
And she looks past me.


Haply she is like
Someone I ne'er knew,
And can memory strike
In a way untrue.


A vague maiden made
Of bad printing work,
Of colours ill‑laid
……


Haply she's someone,
Real, person, and true
In a world, or none,
Our thoughts can construe.


Somehow she is there
And that means something
Real, but not near
Our imagining.


Why was she made that
There and thus, if she
Is not God‑known. What
Is reality?


Nothing that we can
Interpret or dream
Quite exhausts the span
Of what she can seem.


God is very complex.
Life is very wide.
Who knows? She resembles
Much that is denied.


This is idle, but
Perhaps out of here
Its sense may abut
On some notion clear.


Life is shallow water,
Dreams are ripples gone.
To think is to falter
What's known is unknown.






Fernando Pessoa

In Poesia Inglesa



























Tito Colaço




XXIII _ III _ MMXV






































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