Falling into a Dream...
O homem recusa o
mundo tal como ele é, sem aceitar o eximir-se a esse mesmo mundo. Efectivamente,
os homens gostam do mundo e, na sua imensa maioria, não querem abandoná-lo.
Longe de quererem
esquecê-lo, sofrem, sempre, pelo contrário, por não poderem possuí-lo suficientemente,
estranhos cidadãos do mundo que são, exilados na sua própria pátria.
Excepto nos momentos
fulgurantes da plenitude, toda a realidade é para eles imperfeita.
Os seus actos
escapam-lhes noutros actos; voltam a julgá-los assumindo feições inesperadas;
fogem, como a água de Tântalo, para um estuário ainda desconhecido. Conhecer o
estuário, dominar o curso do rio, possuir enfim a vida como destino, eis a sua
verdadeira nostalgia, no ponto mais fechado da sua pátria. Mas essa visão que,
ao menos no conhecimento, finalmente os reconciliaria consigo próprios, não
pode surgir; se tal acontecer, será nesse momento fugitivo que é a morte; tudo
nela termina.
Para se ser uma vez
no mundo, é preciso deixar de ser para sempre.
Neste ponto nasce essa desgraçada inveja que tantos homens sentem da vida dos outros. Apercebendo-se exteriormente dessas existências, emprestam-lhes uma coerência e uma unidade que elas não podem ter, na verdade, mas que ao observador parecem evidentes. Este não vê mais que a linha mais elevada dessas vidas, sem adquirir consciência do pormenor que as vai minando.
Neste ponto nasce essa desgraçada inveja que tantos homens sentem da vida dos outros. Apercebendo-se exteriormente dessas existências, emprestam-lhes uma coerência e uma unidade que elas não podem ter, na verdade, mas que ao observador parecem evidentes. Este não vê mais que a linha mais elevada dessas vidas, sem adquirir consciência do pormenor que as vai minando.
Então fazemos arte
sobre essas existências. Romanceamo-las de maneira elementar. Cada um, nesse
sentido, procura fazer da sua vida uma obra de arte. Desejamos que o amor perdure
e sabemos que tal não acontece; e ainda que, por milagre, ele pudesse durar uma
vida inteira, seria ainda assim um amor imperfeito.
Talvez que, nesta
insaciável necessidade de subsistir, nós compreendêssemos melhor o sofrimento
terrestre, se o soubéssemos eterno.
Parece que, por
vezes, as grandes almas se sentem menos apavoradas pelo sofrimento do que pelo
facto de este não durar.
À falta de uma
felicidade incansável, um longo sofrimento ao menos constituiria um destino.
Mas não; as nossas piores torturas terão um dia de acabar. Certa manhã, após
tantos desesperos, uma irreprimível vontade de viver virá anunciar-nos que tudo
acabou e que o sofrimento não possui mais sentido do que a felicidade.
Somos todos casos excepcionais.
Todos queremos apelar de qualquer coisa!
Cada qual exige ser
inocente, a todo o custo, mesmo que para isso seja preciso inculpar o género
humano e o céu.
Contentaremos mediocremente um homem, se lhe dermos parabéns
pelos esforços graças aos quais se tornou inteligente ou generoso.
Pelo contrário, ele
rejubilará, se se admirar a sua generosidade natural. Inversamente, se
disssermos a um criminoso que o seu crime nada tem com a sua natureza, nem com
o seu carácter, mas com infelizes circunstâncias, ele ficar-nos-á violentamente
reconhecido.
Durante a defesa,
escolherá mesmo este momento para chorar. No entanto, não há mérito nenhum em
ser-se honesto, nem inteligente, de nascença!
Como se não é
certamente mais responsável em ser-se criminoso por natureza que em sê-lo
devido às circunstâncias. Mas estes patifes querem a absolvição, isto é, a
irresponsabilidade, e tiram, sem vergonha, justificações da natureza ou
desculpas das circunstâncias, mesmo que sejam contraditórias. O essencial é que
sejam inocentes, que as suas virtudes, pela graça do nascimento, não possam ser
postas em dúvida, e que os seus crimes, nascidos de uma infelicidade passageira,
nunca sejam senão provisórios.
Já lhe disse,
trata-se de escapar ao julgamento. Como é difícil escapar e melindroso fazer,
ao mesmo tempo, com que se admire e desculpe a própria natureza, todos procuram
ser ricos. Porquê?
Já o perguntou a si
mesmo?
Por causa do poder,
certamente.
Mas sobretudo porque
a riqueza nos livra do julgamento imediato, nos retira da turba do
metropolitano para nos fechar numa carroçaria niquelada, nos isola em vastos
parques guardados, em carruagens-cama, em camarotes de luxo.
A riqueza, caro
amigo, não é ainda a absolvição, mas a pena suspensa, sempre fácil de
conseguir...
(...)
Não amaremos talvez
insuficientemente a vida?
Já notou que só a
morte desperta os nossos sentimentos?
Como amamos os amigos
que acabam de deixar-nos, não acha?!
Como admiramos os
nossos mestres que já não falam, com a boca cheia de terra!
A homenagem surge,
então, muito naturalmente, essa mesma homenagem que talvez eles tivessem
esperado de nós, durante a vida inteira. Mas sabe porque nós somos sempre mais
justos e mais generosos para com os mortos?
A razão é simples!
Para com eles, já não há deveres.
É assim o homem, caro senhor, tem duas faces. Não pode amar sem se amar.
É assim o homem, caro senhor, tem duas faces. Não pode amar sem se amar.
Observe os seus
vizinhos, se calha de haver um falecimento no prédio. Dormiam na sua vida
monótona e eis que, por exemplo, morre o porteiro. Despertam imediatamente,
atarefam-se, enchem-se de compaixão. Um morto no prelo, e o espectáculo começa,
finalmente.
Têm necessidade de
tragédia, que é que o senhor quer?
É a sua pequena
transcendência, é o seu aperitivo.
É preciso que algo aconteça, eis a explicação da maior parte dos compromissos humanos. É preciso que algo aconteça, mesmo a servidão sem amor, mesmo a guerra ou a morte. Vivam, pois, os enterros!
É preciso que algo aconteça, eis a explicação da maior parte dos compromissos humanos. É preciso que algo aconteça, mesmo a servidão sem amor, mesmo a guerra ou a morte. Vivam, pois, os enterros!
Albert Camus
1 st “O
Homem Revoltado”
2 nd “A
Queda”
Dreams are often associated with our hidden desires,
frustrations or sometimes it serves as a warning for us to be extra careful to
every little thing that we do.
But what does a dream and its symbols truly
mean, are they something that we should be scared of?
Or is this just an
interpretation of our vivid imagination?
“Dream Interpretation is the process of assigning
meaning to dreams. In many ancient societies, such as those of Egypt
and Greece, dreaming was considered a supernatural communication or a
means of divine intervention, whose message could be unravelled by people with
certain powers.
In modern times, various schools of psychology and neurobiology
have offered theories about the meaning and purpose of dreams.”
One of the most common dreams would be falling into a
somewhat like a cliff but you always get back to consciousness and you really
didn't hit the bottom of that dark space.
Interpretation: You are in the process of regaining control on your life.
Interpretation: You are in the process of regaining control on your life.
She lives on the cover
Of a
chocolate‑box.
Her
wide hat comes over
Her
too golden locks.
Near
her many a blossom
Of a
bad green tree
Her
hand's on her bosom
And
she looks past me.
Haply
she is like
Someone
I ne'er knew,
And
can memory strike
In a
way untrue.
A
vague maiden made
Of
bad printing work,
Of
colours ill‑laid
……
Haply
she's someone,
Real,
person, and true
In a
world, or none,
Our
thoughts can construe.
Somehow
she is there
And
that means something
Real,
but not near
Our
imagining.
Why
was she made that
There
and thus, if she
Is
not God‑known. What
Is
reality?
Nothing
that we can
Interpret
or dream
Quite
exhausts the span
Of
what she can seem.
God
is very complex.
Life
is very wide.
Who
knows? She resembles
Much
that is denied.
This
is idle, but
Perhaps
out of here
Its
sense may abut
On
some notion clear.
Life
is shallow water,
Dreams
are ripples gone.
To
think is to falter
What's
known is unknown.
Fernando
Pessoa
In
Poesia Inglesa
Tito Colaço
XXIII _ III _ MMXV
0 comentários:
Enviar um comentário