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domingo, 1 de março de 2015

Vanitate...











Vanitate ...









Vanitate...















A fraqueza dos nossos sentidos impede-nos o gozar das coisas na sua simplicidade natural.
Os elementos não são em si como nós os vemos: o ar, a água, e a terra a cada instante mudam, o fogo toma a qualidade da matéria que o produz, e tudo enfim se altera, e se empiora para ser proporcionado a nós.
A virtude muitas vezes se acha com mistura de algum vício; no vício também se podem encontrar alguns raios de virtude; incapazes de um ser constante, e sólido, dificilmente se pode dar em nós virtude sem mancha, ou perfeito vício: a justiça também se compõe de iniquidade, semelhante à harmonia, que não pode subsistir sem dissonância, antes com correspondência certa, a dissonância é uma parte da harmonia.
Vemos as coisas pelo modo com que as podemos ver, isto é, confusamente, e por isso quase sempre as vemos como elas não são.
As paixões formam dentro de nós um intrincado labirinto, e neste se perde o verdadeiro ser das coisas, porque cada uma delas se apropria à natureza das paixões por onde passa. Tomamos por substância, e entidade, o que não é mais do que um costume de ver, de ouvir, e de entender; a vaidade, que de todas as paixões é a mais forte, a todas arrasta, e dá ao nosso conceito a forma que lhe parece; o entendimento é como uma estampa, que se deixa figurar, e que facilmente recebe a figura que se lhe imprime.

A vaidade propõe, e decide logo, de sorte que quando as coisas chegam ao entendimento já este está vencido; o que faz é aprovar o preconceito anterior, que a vaidade lhe introduz, e assim quando a vaidade busca o entendimento é só por formalidade, e só para a defender, e autorizar, e não para aconselhar.
O discorrer com liberdade, supõe uma exclusão de todas as paixões; que os homens se possam isentar de algumas, pode ser, mas que de todas fique isento ao mesmo tempo, é muito difícil.

(...)

Muitas vezes obramos bem por vaidade, e também por vaidade obramos mal: o objecto da vaidade é que uma acção se faça atender, e admirar, seja pelo motivo, ou razão que for.
Não só o que é digno de louvor é grande; porque também há coisas grandes pela sua execração; é o que basta para a vaidade as seguir, e aprovar.
A maior parte das empresas memoráveis, não tiveram a virtude por origem, o vício sim; e nem por isso deixaram de atrair o espanto, e admiração dos homens.
A fama não se compõe apenas do que é justo, e o raio não só se faz atendível pela luz, mas pelo estrago. A vaidade apetece o estrondoso, sem entrar na discussão da qualidade do estrondo: faz-nos obrar mal, se desse mal pode resultar um nome, um reparo, uma memória.
Esta vida é um teatro, todos queremos representar nele o melhor papel, ou ao menos um papel importante, ou em bem, ou em mal.
A vaidade tem certas regras, uma delas é, que a singularidade não só se adquire pelo bem, mas também pelo mal, não só pelo caminho da virtude, mas também pelo da culpa; não só pela verdade, mas
também pelo engano: quantos homens tem havido a quem parece que de algum modo enobreceu a sua iniquidade!

(...)

Nada contribui tanto para a sociedade dos homens, como a mesma vaidade deles: os Impérios, e Repúblicas, não tiveram outra origem, ou ao menos não tiveram outro princípio, em que mais seguramente se fundassem: na repartição da terra, não só fez ajuntar os homens os mesmos géneros de interesses, mas também os mesmos géneros de vaidades, e nisto se vê dois efeitos contrários; porque sendo próprio na vaidade o separar os homens, também serve muitas vezes de os unir. Há vaidades, que são universais, e compreendem Vilas, Cidades, e Nações Inteiras; as outras são particulares, e próprias de cada um de nós; das primeiras resulta a sociedade, das segundas a divisão.

(...)

Para nada ser permanente em nós, até o ódio se extingue: cansamo-nos de aborrecer: a nossa inclinação tem intervalos, em que fica isenta da sua maldade natural; não esquece porém o ódio, que teve por princípio a vaidade ofendida; assim como nunca o favor esquece quando se dirige, e tem por objectivo a vaidade de quem recebe o benefício.
A nossa vaidade é a que julga tudo: dá estimação ao favor, e regula os quilates à ofensa; faz muito do que é nada; dos acidentes faz substância; e sempre faz maior tudo o que diz respeito a si.
Nos benefícios pagamo-nos menos da utilidade, que do obséquio; nas ofensas consideramos mais o atrevimento da injúria, que o prejuízo do mal; por isso se sente menos a dor das feridas, do que o arrojo do impulso; e assim na vaidade se formam cicatrizes firmes, e seguras; porque a lembrança do agravo a cada instante as faz abrir de novo, e verter sangue.





Matias Aires
"Reflexões sobre a vaidade dos Homens e carta sobre a fortuna"






























Can you tell what kind of ego you have? 
Do all humans have it? 
Do we need it to survive and thrive in this world? 
Are we born with it and how does it evolve over time?

If one pays attention – be it at work, school, college, out shopping, at the movies, on vacation — one will easily catch glimpses of the ego in others. 
And, with practice and open-mindedness, it will be easy to recognize it in oneself. 
The ego covers the spectrum from that of the all-puffed up, glaringly loud ones to those who cower and cringe from the lack of self-esteem and lots of varying versions in between them.

In ordinary terms, ego is defined as “one’s image of oneself”, “inflated feeling of pride in your superiority to others” and “consciousness of your own identity”.
One will instantly recognize it in feuding parties, phrases like, “Let me show him who calls the shots”; “No one will ever get away with double crossing me that way again!” or “So they think I am not good enough for their company, let me teach them a thing or two.”. 
Then there are situations where one person “feels unworthy of another’s company because I am not pretty enough, not good enough”.
They tend to either express the speaker’s inflated feelings of superiority or deflated feelings of inferiority, and both stem from the egoic mind. 

The truth is we become what we think. So, if we think we are superior to our fellow beings, we self-crown ourselves as such, but, that crown will easily be toppled when others see through the perceived façade that the mind wants to possess. 
In the process, however, there might be untold damage that will arise before the truth emerges.

Everyone comes into this world as infants with clean slates. This slate then gets written on by one’s nurturers – usually parents to begin with, then family, relatives, friends, peers, etc throughout one’s formative years. 
He or she is instilled with their values and principles, which have in turn been molded by their personal experiences – at the familial, cultural and societal levels. In turn, the value systems they hold, stem from beliefs and practices of their individual and collective, physical, thinking world.





























































































































             Tito Colaço             





I _ III _ MMXV
































































































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