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segunda-feira, 9 de março de 2015

The mirror of beliefs and feelings...












Beliefs 
and
Feelings...












The mirror of
beliefs and
feelings...






















Beliefs and Feelings...
























Os sentimentos fixos e de forma constante qualificados de paixões constituem, também, possantes factores de opiniões, de crenças e, por conseguinte, de conduta. Certas paixões contagiosas tornam-se, por esse motivo, facilmente colectivas. A sua acção é, então, irresistível. Elas precipitaram muitos povos uns contra os outros nas diversas fases da história.

As paixões podem excitar a nossa actividade, porém, alteram, as mais das vezes, a justeza das opiniões, impedindo de ver as coisas como realmente são e de compreender a sua génese.
Se nos livros de história são abundantes os erros, é porque, na maior parte dos casos, as paixões ditam a sua narrativa. Não se citaria, penso eu, um historiador que haja relatado imparcialmente a Revolução.
O papel das paixões é, como vemos, muito considerável nas nossas opiniões e, por conseguinte, na génese dos acontecimentos.
Não são, infelizmente, as mais recomendáveis que têm exercido maior acção.
Kant reconheceu a grande força social das piores paixões. A maldade é, no seu juízo, um poderoso elemento do progresso humano.
Parece, infelizmente, muito certo que, se os homens tivessem seguido o preceito do Evangelho “Amai-vos uns aos outros”, ao invés de obedecerem ao da Natureza, que os incita a se destruírem mutuamente, a humanidade vegetaria ainda no fundo das primitivas cavernas.



(...)



Traçar o papel das ilusões na génese das opiniões e das crenças seria refazer a história da humanidade.
Da infância à morte, a ilusão envolve-nos. Só vivemos por ela e só ela desejamos. Ilusões do amor, do ódio, da ambição, da glória, todas essas várias formas de uma felicidade incessantemente esperada, mantêm a nossa actividade. Elas iludem-nos sobre os nossos sentimentos e sobre os sentimentos alheios, velando-nos a dureza do destino.
As ilusões intelectuais são relativamente raras; as ilusões afectivas são quotidianas. Crescem sempre porque persistimos em querer interpretar racionalmente sentimentos muitas vezes ainda envoltos nas trevas do inconsciente.
A ilusão afectiva persuade, por vezes, que entes e coisas nos aprazem, quando, na realidade, nos são indiferentes.
Faz também acreditar na perpetuidade de sentimentos que a evolução da nossa personalidade condena a desaparecer com a maior brevidade.
Todas essas ilusões fazem viver e aformoseiam a estrada que conduz ao eterno abismo. Não lamentemos que tão raramente sejam submetidas à análise. A razão só consegue dissolvê-las paralisando, ao mesmo tempo, importantes móbeis de acção. Para agir, cumpre não saber demasiado. A vida é repleta de ilusões necessárias.
Os motivos para não querer multiplicam-se com as discussões das coisas do querer. Flutua-se então na incoerência e na hesitação. “Tudo ver e tudo compreender”, escrevia Mme. de Stael, “é uma grande razão de incerteza”.
Uma inteligência que possui o poder atribuído aos deuses de abranger, num golpe de vista, o presente e o futuro, a nada mais se interessaria e os seus móbeis de acção ficariam paralisados para sempre.
Assim considerada, a ilusão aparece como o verdadeiro sustentáculo da existência dos indivíduos e dos povos, o único com que se possa sempre contar. Os livros de filosofia esquecem-no por vezes.



(...)



A idade moderna contém tanta fé quanto tiveram os séculos precedentes. Nos novos templos pregam-se dogmas, tão despóticos quanto os do passado, e estes contam fiéis igualmente numerosos.
Os velhos credos religiosos que outrora escravizavam a multidão, são substituídos por credos socialistas ou anarquistas, tão imperiosos e tão pouco racionais como aqueles, mas não dominam menos as almas. A igreja é substituída muitas vezes pela taberna, mas aos sermões dos agitadores místicos que aí são ouvidos, atribui-se a mesma fé.
Se a mentalidade dos fiéis não tem evoluído muito desde a época remota em que, às margens do Nilo, Isis e Hathor atraíam aos seus templos milhares de fervorosos peregrinos, é porque, no decurso das idades, os sentimentos, verdadeiros alicerces da alma, mantêm a sua fixidez.
A inteligência progride, mas os sentimentos não mudam.
A fé num dogma qualquer é, sem dúvida, de um modo geral, apenas uma ilusão.
Cumpre, contudo, não a desdenhar. Graças à sua mágica pujança, o irreal torna-se mais forte do que o real.
Uma crença aceite dá a um povo uma comunhão de pensamentos que originam a sua unidade e a sua força.
Sendo o domínio do conhecimento muito diverso do terreno da crença, opô-los um ao outro é tarefa inútil, embora diariamente tentada.
As leis que regem a psicologia da crença não se aplicam somente às grandes convicções fundamentais, que deixam uma marca indelével na trama da história. São também aplicáveis à maior parte das nossas opiniões quotidianas relativamente aos seres e às coisas que nos cercam.
A observação mostra que, na sua maioria, essas opiniões não têm por sustentáculos elementos racionais, porém elementos afectivos ou místicos, em geral de origem inconsciente.
Se nós as vemos discutidas com tanto ardor, é precisamente porque elas pertencem ao domínio da crença e são formadas do mesmo modo.
As opiniões representam geralmente pequenas crenças, mais ou menos transitórias.
Seria, pois, um erro supor que se sai do terreno da crença, quando se renuncia às convicções ancestrais.
Teremos ensejo de mostrar que, as mais das vezes, ainda mais se aprofundou nesse domínio.
Sendo as questões suscitadas pela génese das opiniões da mesma natureza que as relativas à crença, devem ser estudadas de modo análogo.
Muitas vezes distintas nos seus esforços, crenças e opiniões pertencem, no entanto, à mesma família, ao passo que o conhecimento faz parte de um mundo inteiramente diverso. 







Gustave Le Bom
"As Opiniões e as Crenças"

















































































“Few people would question nowadays that emotions influence beliefs but until recently little scientific research has been done on exactly how this effect takes place. 
This important new book, with contributions from some of the leading figures in the study of emotion, explores the relationship between emotions and beliefs from a number of different psychological perspectives. 
Combining theory with research, it seeks to develop coherent theoretical principles for understanding how emotions influence the content and strength of an individual's beliefs and their resistance or openness to modification.”




Cambridge University Press


“Emotions and Beliefs: How Feelings Influence Thoughts”

Edited by
Nico H. Frijda, Antony S. R. Manstead and Sacha Bem






































































































































Tito Colaço





IX _ III _ MMXV





































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