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domingo, 18 de agosto de 2013

Vivemos numa paz de animais domésticos...





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  Vivemos numa paz de animais domésticos  




Uma cobra de água numa poça do choupal, a gozar o resto destes calores, e umas meninas histéricas aos gritinhos, cheias de saber que o bicho era tão inofensivo como uma folha. 
Por fidelidade a um mandato profundo, o nosso instinto, diante de certos factos, ainda quer reagir. Mas logo a razão acode, e o uivo do plasma acaba num cacarejo convencional. 
Todos os tratados e todos os preceptores nos explicaram já quantas espécies de ofídios existem e o soro que neutraliza a mordedura de cada um. 
Herdamos um mundo já quase decifrado, e sabemos de cor as ervas que não devemos comer e as feras que nos não podem devorar. Vivemos numa paz de animais domésticos, vacinados, com os dentes caninos a trincar pastéis de nata, tendo aos pés, submissos, os antigos pesadelos da nossa ignorância. 
Passamos pela terra como espectros, indo aos jardins zoológicos e botânicos ver, pacata e sabiamente, em jaulas e canteiros, o que já foi perigo e mistério. E, por mais que nos custe, não conseguimos captar a alma do brinquedo esventrado. 
O homem selvagem, que teve de escolher tudo, de separar o trigo do joio, de mondar dos seus reflexos o que era manso e o que era bravo, esse é que possuiu verdadeiramente a vida e o mundo. Diante duma natureza inteira e una, também ele tinha necessariamente de ser inteiro e uno. Sem amigos e sem vizinhos, sozinho contra as árvores e contra as sombras, ele era uma fortaleza em si, tendo na própria pele as ameias. Que totalidade a de um ser que não pode confiar senão em si! 
Socialmente, seremos assim (e somos, certamente) mais fáceis de conduzir, mais úteis, mais progressivos. 
Mas, individualmente, a que distância estamos de um homem das cavernas! Que tamanho o dele, a caçar bisões, e que pequenez a nossa, a ganhar taças em torneios de tiro aos pombos! 
O nosso gritinho de horror diante de qualquer lesma dá bem a perdição a que chegámos. Civilizamo-nos, mas à custa da nossa mais profunda integridade, dispersando-nos nas coisas que fomos desvendando. 
Na cobra de hoje ninguém viu sinceramente veneno ou morte. Vimos todos, sim, o manual que aprendemos no liceu. E o estremecimento das meninas histéricas, eco delido do uivo profundo de pavor e de incerteza dos nossos antepassados, foi dum ridículo tal que respingou outros aspectos e outros recantos da existência. 
Que espécie de sinceridade profunda, de lealdade incontroversa, haverá, por exemplo, em acreditar em Deus com a bomba atómica na mão? 
É bem que o homem faça todas as experiências, inclusivamente consigo. Que liberte a energia das pedras e se liberte também a si de todas as clausuras. Mas os instintos? Poderá, na verdade, ele viver desfalcado dessa força que o fechava como um punho e lhe dava uma coesão igual à dos átomos antes de serem bombardeados? Pelo caminho que levamos, um dia virá em que tudo em nós será consciência, compreensão e sabedoria. Mas nessa mesma hora estaremos desempregados no mundo. Todos saberemos resolver a equação da vida na ardósia negra onde dantes eram as trevas da nossa virgindade criadora, mas talvez já não haja vida, então. 



Miguel Torga
"Diário (1945)"



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Seems like everybody's got a price
I wonder how they sleep at night
When the sale comes first and the truth comes second
Just stop for a minute and smile

Why is everybody so serious?
Acting so damn mysterious
Got your shades on your eyes and your heels so high
That you can't even have a good time

Everybody look to their left yah
Everybody look to their right
Can you feel that? Yeah
We'll pay them with love tonight

It's not about the money, money, money
We don't need your money, money, money
We just wanna make the world dance
Forget about the price tag

Ain't about the cha-ching, cha-ching about the yah
Ain't about the ba-bling, ba-bling
Wanna make the world dance
Forget about the price tag

We need to take it back in time
When music made us all unite
And it wasn't low blows and video hoes
Am I the only one gettin' tired?

Why is everybody so obsessed?
Money can't buy us happiness
Can we all slow down and enjoy right now
Guarantee we'll be feelin' alright

Everybody look to their left
Everybody look to their right
Can you feel that? Yeah
We'll pay them with love tonight

It's not about the money, money, money
We don't need your money, money, money
We just wanna make the world dance
Forget about the price tag

Ain't about the cha-ching, cha-ching
Ain't about the ba-bling, ba-bling
Wanna make the world dance
Forget about the price tag

Yeah, yeah, well, keep the price tag and take the cash back
Just give me six strings and a half stack
And you can keep the cars, leave me the garage
And all I, yes, all I need are keys and guitars

And guess what, in 30 seconds I'm leaving to Mars
Yes, we leaving across these undefeatable odds
It's like this man, you can't put a price on life
We do this for the love, so we fight and sacrifice every night

So we ain't gon' stumble and fall, never
Waiting to see, a sign of defeat, uh uh
So we gon' keep everyone moving their feet
So bring back the beat and then everybody sing, it's not about

It's not about the money, money, money
We don't need your money, money, money
We just wanna make the world dance
Forget about the price tag

Ain't about the cha-ching, cha-ching
Ain't about the ba-bling, ba-bling
Wanna make the world dance
Forget about the price tag

It's not about the money, money, money
We don't need your money, money, money
We just wanna make the world dance
Forget about the price tag

Ain't about the cha-ching, cha-ching
Ain't about the ba-bling, ba-bling
Wanna make the world dance
Forget about the price tag
yah pricetag


Jessie J

"Price"







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Tito Colaço
18_08_2013
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