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Any
doubt???
Ninguém é
feliz
quando treme
pela sua
felicidade
Ninguém é feliz quando treme pela sua felicidade. Não
se apoia em bases sólidas quem tira a sua satisfação de bens exteriores, pois
acabará por perder o bem-estar que obteve.
Pelo contrário, um bem que nasce
dentro de nós é permanente e constante, e vai sempre crescendo até ao nosso
último momento, todos os demais bens ante os quais se extasia o vulgo, são bens
efémeros.
"E então? Quer isso dizer que são inúteis e não podem dar
satisfação?"
É evidente que não, mas apenas se tais bens estiverem na
nossa dependência, e não nós na dependência deles.
Tudo quanto cai sob a alçada
da fortuna pode ser proveitoso e agradável na condição de o seu beneficiário
ser senhor de si próprio em vez de ser servo das suas propriedades.
É um erro
pensar-se, Lucílio, que a fortuna nos concede o que quer que seja de bom ou de
mau, ela apenas dá a matéria com que se faz o bom e o mau, dá-nos o material de
coisas que, nas nossas mãos, se transformam em boas ou más.
O nosso espírito é mais poderoso do que
toda a espécie de fortuna, ele é quem conduz a nossa vida no bom ou no mau
sentido, é nele que está a causa de nós sermos felizes ou desgraçados.
Um homem
mau faz tudo redundar em mal, mesmo quando aparentemente as coisas se
apresentavam excelentes; um espírito justo e íntegro sabe corrigir os erros da
fortuna, sabe, pela sua mesma sabedoria, temperar as ocorrências adversas e
difíceis de suportar; um tal espírito é capaz de acolher a felicidade com
gratidão e temperança, de enfrentar a adversidade com firmeza e coragem.
Imaginemos um homem experiente, que não faz nada sem ter analisado totalmente a
questão, que nunca tenta nada que esteja acima das suas forças: tal homem nunca
alcançará aquele supremo e completo bem acima de todas as contingências se não
se sentir seguro em face da insegurança.
Se observares os outros (já que
costumamos ser melhores juízes em causa alheia), ou se te analisares a ti
próprio sem parcialidade, serás forçado a admitir que aqueles bens que tens por
desejáveis e preciosos te serão inúteis se previamente não te preparares para a
falibilidade do acaso e do condicionalismo que o acompanha.
Séneca
“Cartas a Lucílio”
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“A
Verdade é uma terra sem caminho”
J. Krishnamurti
TITO COLAÇO
XVII _X _ MMXIV
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