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sábado, 6 de setembro de 2014

Ab imo pectore: Curso de iniciação ao LATIM











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LIÇÃO VIRTUAL N. 1

1. ORIGEM E EVOLUÇÃO DO LATIM

O latim deriva de línguas arcaicas faladas no Lácio e em Roma, consolidando-se gramaticalmente a partir do século III a.C. Do local de sua origem (Lácio – região da Itália central = Latium, no idioma deles) provém o nome LATIM.
Teve o seu período clássico entre os anos 81 a.C e 17 d.C., época dos principais escritores latinos: Cícero, César, Vergílio, Horário, Ovídio, Tito Lívio, entre outros.
O apogeu do Império Romano e as guerras de conquistas levaram o latim popular, falado pelos soldados romanos, para outras regiões da Europa, onde interagindo com idiomas locais, deu origem às línguas neolatinas.
Como acontece em todo o idioma, havia a língua gramaticalmente correcta dos literatos e a língua popular, falada pelo povo de pouca instrução e sem preocupação com a correcção gramatical. Foi esta última que se espalhou pela Europa, e no caldeirão dos dialectos regionais, comandou a formação das línguas neolatinas, inclusive o português.
O português foi o resultado da mistura do latim com o galego, principal língua falada na região do Condado Portucalense, que hoje corresponde à região norte de Portugal. Foi uma das línguas derivadas que mais demorou a se formar, sendo provavelmente este o motivo de ser o português tão semelhante ao latim.
O latim literário continuou a ser adoptado e utilizado durante muitos séculos pelos escritores cristãos, mesmo depois de não ser mais falado como linguagem corrente na sua região de origem. Por influência dos monges, o latim era utilizado também como idioma dos intelectuais, filósofos e cientistas, que escreviam as suas obras em latim, pela facilidade de serem lidos em qualquer parte da Europa. Somente a partir do século XVII, a literatura filosófica e científica passou a ser produzida em língua vernácula.
Actualmente, o latim é a língua oficial da Igreja Católica, utilizado na produção dos documentos oficiais do Vaticano, seja da Cúria Romana, seja das entidades agregadas. As Universidades Pontifícias de Roma, por exemplo, expedem os seus Diplomas em latim ainda hoje. Os documentos oficiais da Igreja Católica, originalmente escritos em latim, são imediatamente traduzidos no próprio Vaticano e distribuídos pelos diversos países já no idioma vernáculo.
Fora das instituições eclesiásticas, a língua latina continua a ser adoptada na notação científica dos seres vivos, além de ter uso esporádico no ambiente forense.





LIÇÃO VIRTUAL N. 2

2. ALFABETO LATINO: COMPOSIÇÃO E PRONÚNCIA DAS LETRAS
O alfabeto latino primitivo era composto de 21 letras, ou seja, o mesmo alfabeto do português actual, excluindo-se o J, o V e o Z, mas incluindo-se o K. As letras I e U tinham valores ora de consoante, ora de vogal, conforme o contexto fónico do vocábulo. Por exemplo, o I e o U tinham valor de consoante quando vinham precedendo uma vogal, em qualquer posição na palavra. Nos demais casos, tinham valor de vogal. Daí encontrarem-se expressões do tipo: SVB VMBRA ALARVM TVARVM ou invés de SUB UMBRA ALARUM TUARUM. (Sob a sombra das tuas asas).
O sinal K foi logo no início aceite, por influência do grego. Também por essa mesma influência, a fim de facilitar as transcrições literárias, foram incorporados os sinais Y e Z. Mais tarde, pelo século XVI, foram incorporados à escrita latina também os sinais J e V, certamente por influência das próprias línguas neolatinas, então já existentes. Este assunto, no entanto, não é ponto pacífico entre os gramáticos.
Outra que é motivo de controvérsias é a pronúncia do latim. A mais difundida até a década de 60, era a pronúncia eclesiástica, com forte acento italiano, por influência dos padres da Igreja Católica.
Os estudiosos da gramática comparativa, na área de linguística, tentaram construir uma pronúncia do latim mais original, sendo esta chamada de pronúncia restaurada. Há ainda a pronúncia aportuguesada, que também era utilizada no Brasil na época do ensino do latim nas escolas.
Estas informações têm aqui apenas carácter ilustrativo, já que não se irá praticar a pronúncia. Para efeitos práticos, sugere-se que se adoptem os mesmos valores fonéticos das letras na pronúncia portuguesa, observando-se as seguintes particularidades:
a) as vogais mantêm sempre o seu som original, em qualquer posição que ocupem no vocábulo, evitando-se pronunciar o “o” como “u” e o “e” como “i” no final das palavras;
b) os ditongos “ae” (æ) e “oe” pronunciam-se como “e”;
c) a sílaba “ti”, quando não for tónica nem precedida por “s”, será pronunciada como “ci”;
d) a letra “x” tem sempre o som de “ks”, como na palavra “fixo”;
e) o grupo “ch” tem sempre o som de “k”;
f) os conjuntos “qu” e “gu” pronunciam-se sempre como se houvesse um trema no “u”;
g) o grupo “ph” tem o som de “f”.
Não se usavam acentos gráficos em latim, porém em alguns livros se usavam os mesmos acentos do português, a fim de facilitar a leitura. Como regra geral, atente-se para o facto de que não existem palavras oxítonas em latim, a não ser aquelas de uma sílaba só. Havendo dúvida, deve-se consultar um dicionário.
Convém observar que há divergências entre os gramáticos quanto a algumas das informações acima expostas. Poderão encontrar pequenas variações, dependendo do autor da gramática que pesquisarem. Isso é bastante compreensível, uma vez que não se sabe exactamente como era pronunciado o latim, porque a pronúncia original não foi conservada, sofrendo influências ao longo dos séculos.





LIÇÃO VIRTUAL N. 3

3. EXPLICAÇÕES GERAIS SOBRE A ESTRUTURA DA LÍNGUA LATINA
(DECLINAÇÕES, DESINÊNCIAS E CASOS)

DECLINAÇÃO – O latim é uma língua declinável. Isto significa que é fundamentada na sintaxe e por isso a terminação das palavras muda de acordo com a sua função dentro da frase. Da mesma como os verbos assumem uma forma diferente para cada pessoa (eu, tu, ele, nós, vós, eles), os substantivos, adjectivos, numerais, bem como os particípios dos verbos em latim também alteram a terminação de acordo com o contexto. A isto se chama ‘declinação’.
DESINÊNCIA – Chama-se ‘desinência’ à parte final da palavra que se altera de acordo com a sua função sintática; chama-se ‘radical’ à parte fixa da palavra. Assim, todas as palavras têm um radical e uma desinência. Isto vale para verbos, substantivos e adjectivos. Note-se apenas que os verbos se conjugam, enquanto as outras palavras se declinam.
CASOS – No latim, há cinco declinações, dentro das quais se enquadram todas as palavras.
Cada declinação tem seis casos, assim identificados, tomando como exemplo a palavra ‘Maria’:
CASO FUNÇÃO DA PALAVRA:  Nominativo, quando a palavra é sujeito na frase ou predicativo do sujeito; (ex: Maria é bonita). Vocativo, quando exprime exclamação, interpelação, (ex: Ó Maria, és bonita); Acusativo, quando é objecto directo, (ex: Amo Maria); Dativo, quando é objecto indirecto, (ex: Dei uma rosa a Maria); Genitivo, quando é um complemento restritivo, regido pela preposição “de”, exprimindo em geral um possessivo’, (ex: A casa de Maria); Ablativo, complemento que indica modo, meio, origem, condição, lugar, tempo. Em português, as palavras vêm acompanhadas com uma preposição (com, por, em), mas em latim esta preposição é geralmente oculta. (ex: com Maria, por Maria). A regra básica para se identificar a que declinação pertence uma palavra é verificar a sua desinência do genitivo singular. Nos dicionários, a palavra sempre aparece na sua forma do nominativo, seguida pelo genitivo. Portanto, assim se reconhecem as declinações das palavras:
1ª. declinação desinência do genitivo em ‘æ’; 2ª. declinação desinência do genitivo em ‘i’; 3ª. declinação desinência do genitivo em ‘is’; 4ª. declinação desinência do genitivo em ‘us’; 5ª. declinação desinência do genitivo em ‘ei’. Pergunta: por que se usa o genitivo para identificar as declinações e não o nominativo, que é a forma original da palavra?
Resposta: porque em algumas declinações, o nominativo pode assumir terminações diversas, mas no genitivo a terminação é sempre a mesma.
Estas informações, ditas assim de forma descritiva podem parecer até confusas ou complexas, no entanto, o conhecimento e a boa compreensão delas será fundamental para o entendimento das noções gramaticais que virão nos próximos capítulos.
Agora, uma curiosidade. Do ponto de vista morfológico, em geral, os adjectivos da língua portuguesa derivam do genitivo das palavras em latim. Por ex: ‘lex’ deu origem a ‘lei’; mas é do seu genitivo ‘legis’ que derivam: legislativo, legista, legal, legislador. ‘Tempus’ deu origem a ‘tempo’, mas é do genitivo ‘temporis’ que derivam: temporal, temporário. ‘Lumen’ deu origem a ‘luz’, mas é do genitivo ‘luminis’ que derivam: luminoso, luminária.






LIÇÃO VIRTUAL N. 4

4. PRIMEIRA DECLINAÇÃO
A primeira declinação em latim abrange as palavras terminadas em ‘a’ no nominativo e que no genitivo têm a desinência ‘æ’. Isto se aplica aos substantivos, adjectivos, numerais e aos particípios passados dos verbos.
Exemplos:
‘insula’ (pronúncia: ínsula) = ilha;
‘incola’ (pron: íncola) = habitante;
‘rotunda’ (pron. grave) = redonda;
‘deducta’ (grave) = deduzida.
Seguindo a regra já apresentada, temos em ‘insula’ o radical ‘insul’ e a desinência ‘a’; em ‘incola’, o radical é ‘incol’ e a desinência ‘a’. Portanto, na hora de declinar, o que vai alterar é apenas a desinência.
Casos da primeira declinação:
Casos Singular-Plural-Nominativo: insula insulæ; Genitivo: insulæ insularum; Dativo: insulæ insulis; Acusativo: insulam insulas; Vocativo: insula insulæ; Ablativo: insula insulis; Exemplos:
1. A ilha é redonda. – Insula rotunda est. (Note que é comum no latim o verbo vir no final da frase)
Comentários: insula = sujeito; rotunda = predicativo do sujeito; ambos, pois, estão no caso nominativo.
2. O habitante da ilha – Insulæ incola.
Comentários: não há artigos em latim; habitante = incola, por não ter nenhuma regência, fica no nominativo; insulæ = da ilha, possessivo, regido pela preposição ‘de’, portanto, vai para o genitivo.
3. Vejo a ilha. – Insulam video.
Comentários: insulam = a ilha, objecto directo, vai para o acusativo; video = vejo, 1ª. pessoa do singular do verbo ver no indicativo presente. Não existe o artigo.
4. Perigo nas ilhas. – Periculum in insulis.
Comentários: A preposição ‘in’ (em, no, na, nos, nas) sempre rege ablativo, ou seja, a palavra a ela vinculada vai para o ablativo. Daí a palavra ‘insula’ assume a forma ‘in insulis’, porque está no ablativo plural; periculum = perigo, está no nominativo neutro da 2ª. declinação (que será estudada adiante).




LIÇÃO VIRTUAL N. 5

5. PARTICULARIDADES DA PRIMEIRA DECLINAÇÃO
Inicialmente, convém lembrar que os géneros das palavras em latim nem sempre correspondem ao que elas são em português. Na primeira declinação, com terminação ‘a’ no nominativo e ‘æ’ no genitivo, a maioria das palavras é do género feminino. Porém, há também as do género masculino em latim terminadas em ‘a’, como por ex:
‘Incola’ (pron: íncola) = habitante;
‘nauta’ = marinheiro;
‘athleta’ = atleta;
‘agricola’ (pron: agrícola);
‘póeta’ = poeta (note-se que esta palavra tem um acento no ‘o’, para evitar que seja pronunciado ‘e’, assim como em ‘coelum’, que se pronuncia ‘célum’).
Há ainda aquelas palavras que só existem na forma plural, não têm singular, como por ex:
‘Nuptiæ’ (pron: núpcie) = núpcias; ‘divitiæ’ (pron: divície) = riquezas;
‘Athenae’ (pron: aténe) = Atenas (a cidade grega).
Há também algumas palavras que têm um sentido no singular e outro diferente no plural.
Por ex:
‘copia’ (pron: cópia) = no singular, abundância; já ‘copiæ’ (pron: cópie) = no plural, tropas, exército;
‘littera’ (pron: lítera) = no singular, letra; ‘litteræ’ (pron: lítere) = no plural, carta, correspondência;
Há mais dois casos excepcionais em que não se faz o genitivo em ‘æ’, como é a regra. São duas expressões do latim arcaico, que se conservaram pela tradição.
São elas:
‘paterfamilias’ e ‘materfamilias’, respectivamente, pai de família e mãe de família, que são consideradas correctas ao lado de ‘pater familiæ’ e ‘mater familiæ’, as formas que seguem a regra gramatical.
É curioso notar que não há palavras do género neutro na primeira declinação. Só há palavras masculinas ou femininas.
É oportuno observar ainda que a língua latina é muito pródiga em excepções. Evitar-se-á a muitos detalhes, destacando apenas algumas das formas excepcionais mais usadas.





LIÇÃO VIRTUAL N. 6

6. SEGUNDA DECLINAÇÃO
A segunda declinação em latim abrange as palavras terminadas no nominativo em ‘er’, ‘us’ e ‘um’ e que no genitivo têm a desinência ‘i’.
Exemplos:
‘puer’ (pronúncia: púer), ‘pueri’ (gen. pron: púeri) = menino;
‘piger’ (pron: píger) ‘pigri’ (gen. pron: pígri). = preguiçoso;
‘bonus’ (pron. bónus), ‘boni’ (gen. pron: bóni) = bom;
‘verbum’ (grave), ‘verbi’ (gen. pron: vérbi) = palavra.
Observa-se que há uma maior diversidade de formas do caso nominativo, porém, a desinência no genitivo é sempre em ‘i’. Note que as palavras com nominativo em ‘er’, fazem o genitivo apenas acrescentando o ‘i’, no entanto, outras trocam o ‘er’ por ‘ri’. Estes detalhes sempre aparecem nos dicionários e são facilmente perceptíveis na hora da consulta.
Casos da segunda declinação:
Singular:
Nom: puer ager bonus verbum; Gen: pueri agri boni verbi; Dat: puero agro bono verbo; Acus: puerum agrum bonum verbum; Voc: puer ager bone verbum; Abl: puero agro bono verbo
Plural:
Nom: pueri agri boni verba; Gen: puerorum agrorum bonorum verborum; Dat: pueris agris bonis verbis; Acus: pueros agros bonos verba; Voc: pueri agri boni verba; Abl: pueris agris bonis verbis. Em geral, as palavras terminadas no nominativo em ‘er’ e ‘us’ são masculinas, enquanto as terminadas em ‘um’ são do género neutro. Observe que as palavras neutras, fazem o nominativo plural em ‘a’, enquanto as demais o fazem em ‘i’.
Exemplos:
1. Puer bonus est. – O menino é bom.
Comentários: puer = sujeito; bonus = predicativo do sujeito; ambos, pois, ficam no nominativo.
2. Agricolæ filius piger est. = O filho do agricultor é preguiçoso.
Comentários: não há artigos em latim; agricolæ = do agricultor, possessivo regido pela preposição ‘de’, portanto, vai para o genitivo da 1ª. decl.; ‘filius’ e ‘piger’, respectivamente, sujeito e predicativo do sujeito, ficam no nominativo.
3. Templa Romæ video. – Vejo os templos de Roma.
Comentários: ‘templa’= templos, objecto directo, vai para o acusativo plural do neutro que, por coincidência, é igual ao nominativo plural de ‘templum’;
‘Romæ’ – de Roma, possessivo regido por ‘de’, vai para o genitivo da 1ª. declinaçao.
Video (pron: vídeo)– eu vejo, 1ª. pessoa do singular do verbo ver.
4. Discipulus libros Magistri portat. = O aluno (discípulo) leva os livros do Professor.
Comentários: discipulus – aluno, sujeito da frase, fica no nominativo; libros = objecto directo, acusativo plural de ‘liber’. Esta palavra significa ‘livro’, como substantivo, e ‘livre’, como adjectivo.
‘magistri’, possessivo, gen. sing. de ‘magister’ (=professor).
Portat – verbo portare (levar, carregar)
Observe que a ordem das palavras na frase não prejudica a compreensão, porque pela identificação das desinências, é possível saber qual a função da palavra no contexto, independente de sua posição. Por ex: ‘discipulus’ é nominativo, portanto, só pode ser sujeito; ‘libros’ é acusativo, portanto, é objecto directo; temos o verbo ‘portat’ (de ‘portare’ = levar), que é transitivo directo e indirecto (levar algo ou alguém a algum lugar). Assim vemos que ‘libros’ é obj. directo, ‘Magistri’ é gen. sing. de ‘magister’ (=professor). Analisando cada palavra, chega-se à sua tradução. A tradução sempre deve ser feita em vista do contexto todo da frase.





LIÇÃO VIRTUAL N. 7

7. TERCEIRA DECLINAÇÃO
A terceira declinação em latim é a que comporta maiores variações e abrange o maior número de palavras. Nela se incluem as palavras terminadas no nominativo em ‘or’, ‘er’, ‘us’, ‘os’, ‘es’, ‘as’, ‘is’, ‘ex’ ‘en’ , consoante mais ‘s’, ou seja, há uma variedade enorme de terminações, com a única característica em comum que é no genitivo singular ter a desinência ‘is’.
As duas primeiras declinações, assim como as duas últimas, que ainda veremos, têm desinências mais constantes no nominativo. Mas nesta terceira declinação, é praticamente impossível estabelecer uma regra. Por isso, não sendo conhecida a palavra, a única alternativa é consultar o dicionário.
Exemplos:
Em ‘or’ – ‘pastor’ (pronúncia: pástor), ‘pastoris’ (pron: pastóris – gen.) = pastor;
Em ‘er’ – ‘pater’ (pron: páter) ‘patris’ (pron: pátris – gen). = pai;
Em ‘us’ – ‘tempus’ (pron. témpus), ‘temporis’ (pron: témporis – gen.) = tempo;
Em ‘os’ – ‘flos’, ‘floris’ (pron: flóris – gen.) = flor;
Em ‘es’ – ‘vulpes’ (pron: vúlpes), ‘vulpis’ (pron: vúlpis – gen) = raposa;
Em ‘as’ – ‘libertas’ (pron: libértas), ‘libertatis’ (pron: libertátis) = liberdade;
Em ‘is’ – ‘canis’ (pron: cánis), ‘canis’ (gen = nom) = cão, cachorro;
Em ‘ex’ – ‘lex’, ‘legis’ = lei;
Em ‘en’ – ‘lumen’ (pron: lúmen), ‘luminis’ (pron: lúminis) = luz;
Em consoante + ‘s’ – ‘mors’, ‘mortis’ = morte; ‘princeps’, ‘principis’ (pron: ambos com tónica na 1ª. sílaba) = príncipe.
Observa-se que há uma imensa diversidade de formas do caso nominativo, porém, a desinência no genitivo é sempre em ‘is’.
E note também que o radical a ser usado para aplicação das desinências nos demais casos segue o padrão do genitivo, e não o do nominativo.
Casos da terceira declinação:
Singular:
Nom: pastor flos lex tempus; Gen: pastoris floris legis temporis; Dat: pastori flori legitem pori; Acus: pastorem florem legem tempus; Voc: pastorfloslextempusAbl: pastoreflorelegetempore
Plural:
Nom: pastores flores leges tempora; Gen: pastorum florum legum temporum; Dat: pastoribus floribus legibus temporibus; Acus: pastores flores leges tempora; Voc: pastores flores leges tempora; Abl: pastoribus floribus legibus temporibus.
Nos exemplos citados, apenas a palavra ‘tempus’ é do género neutro. Convém não esquecer que os géneros das palavras em latim nem sempre correspondem ao que as palavras são em português. Na dúvida, é necessário consultar um dicionário.
A título de indicação, apresenta-se alguns exemplos de como as palavras aparecem nos dicionários, para facilitar a compreensão e a localização delas.
No dicionário, encontra-se: dolor, oris – significa que o genitivo de ‘dolor’ (pron: dólor) é ‘doloris’ (pron: dolóris); pater, tris – significa que o genitivo de ‘pater’ é ‘patris'; mulier, eris – significa que o genitivo de ‘mulier’ (pron: múlier) é ‘mulieris’ (pron: mulíeris). E assim sucessivamente.
Labor, laboris = trabalho;
Uxor, uxoris = esposa;
Mulier, mulieris = mulher;
Dolor, doloris = dor;
Frater, fratris = irmão;
Iter, itineris = caminho;
Custos, custodis = guardião;
Nepos, nepotis = neto, sobrinho ou descendente familiar;
Mos, moris = costume;
Miles, militis = soldado;
Pes, pedis = pé;
Sermo, sermonis = sermão, discurso;
Fortitudo, fortitudinis = fortaleza;
Ratio, rationis = razão;
Civitas, civitatis = cidade;
Laus, laudis = louvor;
Judex, judicis = juiz;
Urbs, urbis = cidade;
Grex, gregis = rebanho
Nomen, nominis = nome;
Caput, capitis = cabeça;
Flumen, fluminis = rio;
Virtus, virtutis = virtude;
Bos, bovis = boi;
Pecus, pecoris = rebanho;
Avis, avis = ave;
Canis, canis = cachorro;
Nobilis, nobilis = nobre;
Sapiens, sapientis = sábio;
Felix, felicis = feliz;
Corpus, corporis = corpo.
Estes exemplos bem demonstram a variedade de que se compõe a terceira declinação. Sugiro, como exercício de fixação das desinências, que se tomem estas palavras ou algumas delas e as declinem em todos os casos, no singular e no plural, seguindo os exemplos apresentados.






LIÇÃO VIRTUAL N. 8

8. PARTICULARIDADES DA TERCEIRA DECLINAÇÃO
A terceira declinação é a que apresenta maior complexidade, maior quantidade e variedade de palavras e também a que comporta mais excepções. Procura-se aqui evitar ao máximo estas referências a excepções, porém, é inevitável falar sobre elas.
Vejamos, pois, algumas informações. Primeiro, há uma distinção entre os dois grupos de palavras da terceira declinação:
Parassilábicas – aquelas que têm o mesmo número de sílabas no nominativo e no genitivo. Ex: panis, is (pão), civis, is (cidadão), navis, is (navio), ignis, is (fogo), sedes, is (sé ou sede, no sentido de local);
Imparassilábicas – aquelas que têm número de sílabas no genitivo maior que no nominativo. Ex: labor, laboris (trabalho), gutur, guturis (obs: sílaba tónica em ‘gu’ nas duas, =garganta), opus, operis (obra), fraus, fraudis (dano).
Por que esta distinção? Pelo seguinte: as parassilábicas fazem o genitivo plural em ‘ium’, enquanto as imparassilábicas fazem o genitivo plural em ‘um’, conforme explicado no capítulo anterior. Por ex: ‘civis’ fica ‘civium’, ‘navis’ fica ‘navium'; porém ‘gutur’ fica ‘guturum’, ‘opus’ fica ‘operum’.
Mas até nesta particularidade há excepções. Por ex: ‘lis, litis’ (processo), embora seja imparassilábico, faz o genitivo plural em ‘ium’ (litium). E há também o oposto, ou seja, parassilábicas que fazem o genitivo plural em ‘um’, por ex: ‘canis’ fica ‘canum’, ‘pater’ fica ‘patrum’. Há ainda algumas palavras que admitem as duas possibilidades. Por ex: ‘apis’ (abelha) pode ficar no genitivo plural ‘apium’ ou ‘apum’, ‘mensis’ (mês) pode ficar ‘mensium’ ou ‘mensum’, ‘vates’ (adivinhador) pode ficar ‘vatium’ ou ‘vatum’. Não há, pois, uma regra monolítica.
Faz-se esta observação não para confundir os iniciantes, mas apenas para que ninguém se espante ao se deparar num texto com esta forma do genitivo plural de algumas palavras.
Há ainda aquelas palavras que fazem o acusativo singular em ‘im’ e o ablativo singular em ‘i’, ao invés de acusativo ‘em’ e ablativo ‘e’, que é a regra. Por ex: ‘sitis’ (sede, necessidade de água) fica ‘sitim’ no acusativo e ‘siti’ no ablativo singular; ‘tussis’ (tosse), fica ‘tussim’ e ‘tussi’, respectivamente; ‘febris’ (febre) fica ‘febrim’ e ‘febri’. São apenas alguns exemplos.
Para tranquilizar alguns mais apressados, aviso que o uso de uma gramática e de um dicionário é sempre necessário para se estudar latim. Não há como memorizar tantas excepcionalidades.
Também há aquelas palavras empregadas apenas no plural, embora em português o seu uso seja admitido no singular. Ex: maiores, um = antepassados; cervices, um = nuca; parentes, um = pais; verbera, um = açoites; moenia, um = muralhas.





LIÇÃO VIRTUAL N. 9

9. QUARTA E QUINTA DECLINAÇÕES
A quarta e a quinta declinações em conjunto por terem regras mais uniformes e possuírem um menor número de vocábulos. Na quarta declinação estão as palavras terminadas em ‘us’, que fazem o genitivo singular também em ‘us’. Apenas para esclarecer, há palavras terminadas em ‘us’, que fazem o genitivo em ‘i’; estas pertencem à segunda declinação. Para saber se a palavra terminada em ‘us’ fará o genitivo em ‘us’ (4ª.) ou em ‘i’ (2ª.), temos que recorrer a um dicionário. Não há regra para isto.
Casos da quarta declinação: (exemplificaremos uma palavra feminina – manus e uma palavra neutra – cornu)
Singular:
Nom: manus (pron: mánus = mão) cornu (pron: córnu = chifre); Gen: manus cornus; Dat: manui cornui; Acus: manum cornu; Voc: manus cornu; Abl: manu cornu
Plural:
Nom: manus cornua (pron: córnua); Gen: manuum cornuum; Dat: manibus cornibus; Acus: manus cornua; Voc: manus cornua; Abl: manibus cornibus.
Temos, portanto, dois grupos de exemplos. O primeiro se aplica às palavras masculinas e femininas; o segundo se aplica às do género neutro.
Exemplos: fructus, (masculino, fruto), exercitus (m., exército), senatus (m, senado), arcus (m., arco), specus (m, caverna), portus (m., porto), magistratus (m., magistrado), acus (f., agulha), domus (f., casa), genu (neutro, joelho).
A quinta declinação reúne as palavras terminadas em ‘es’, que fazem o genitivo singular em ‘ei’. Quase todas são femininas, devendo ser feita uma ressalva à palavra ‘dies’ (dia), que é feminina, quando se trata de um dia determinado, uma data, mas é masculino, quando se trata de um dia indeterminado.
Casos da quinta declinação:
Casos Singular Plural: Nom: dies (pron: díes) dies; Gen: diei (pron: diêi) dierum (pron: diérum); Dat: diei diebus (pron: diébus); Acus: diem (pron: díem) dies; Voc: dies dies; Abl: die diebus.
A quinta declinação contém poucas palavras. Exemplos: res (coisa), fides (fé), spes (esperança), meridies (meio-dia).






LIÇÃO VIRTUAL N. 10

10. OS GÉNEROS DOS SUBSTANTIVOS
Na língua latina, há três géneros das palavras (substantivos e adjectivos ou outras categorias gramaticais quando são usadas como substantivos): masculino, feminino e neutro. ‘Neutro’ vem da palavra ‘neuter’, que significa ‘nem um nem outro’, referindo-se às palavras que não são nem masculinas nem femininas.
Não existe um padrão fixo para se determinar o género de uma palavra em latim, mas podem-se adoptar as seguintes regras gerais:
Quanto aos substantivos:
1. São masculinos os nomes de homens, de povos, de rios, de meses;
2. São femininos os nomes de mulheres, de países, de ilhas, de cidades, de árvores e os substantivos abstractos;
3. São neutros os nomes das letras, dos verbos (no infinitivo, quando são tomados como substantivos, por ex: o andar, o vestir…).
Quanto aos adjectivos:
1. Os adjectivos triformes têm o seu género reconhecido pela terminação. Os terminados em ‘us’ são masculinos, os terminados em ‘a’ são femininos e os terminados em ‘um’ são neutros;
2. Os adjectivos biformes diferenciam-se pela terminação ‘is’ (masculino e feminino), ‘e’ (neutro). Ex: Nobilis, nobile; tristis, triste; mortalis, mortale; utilis, utile.
Há ainda os substantivos comuns de dois géneros e os epicenos quanto ao significado, mas as palavras têm os seus géneros definidos. Por exemplo:
Dux, ducis (masc) – o comandante, a comandante;
Civis, civis (masc) – o cidadão, a cidadã;
Bos, bovis (masc) – o boi, a vaca;
Canis, canis (masc)– o cão, a cadela;
Aquila, ae (fem) – a águia (sem referência ao sexo)
Corvus, i (masc) – o corvo;
Vulpes, is (fem)– a raposa;
Anser, i (masc) – o pato.
Nestes casos, se for necessário referir-se ao sexo, flexiona-se o adjectivo correspondente ou acrescem-se os apelativos ‘masculus, mascula (macho) ou femina (fémea). Exemplos: Civis Romanus (cidadão romano); Civis Romana (cidadã romana); Anser masculus – anser femina (pato e pata); corvus masculus – corvus femina. Mas teremos: aquila mascula (águia macho) e aquila femina (águia fémea); vulpes mascula (raposa macho) e vulpes femina (raposa fémea).
Os substantivos de origem grega, a maioria nomes próprios e patronímicos, assim se classificam: são masculinos os terminados em ‘as’ e ‘es'; são femininos os terminados em ‘e’. Exemplos: Os nomes próprios Æneas (Enéias), Anchises (Anquises), Midas, Epaminondas, Leónidas, Górgias, Orestes são masculinos. Já Cybele, Penelope, Iocaste (Jocasta), Ismene, Antigone são femininos. Os nomes comuns ‘cometes’ (o cometa), ‘sophistes’ (o sofista), ‘geometres’ (o geómetra), dynastes (o príncipe) são masculinos.





LIÇÃO VIRTUAL N. 11

11. CASOS ESPECIAIS DE SUBSTANTIVOS E ADJECTIVOS – EXPRESSÕES TEMPORAIS
Tal como em todos os idiomas, no latim há também casos específicos para o uso de certas palavras, formando expressões que nem sempre são encontradas nos dicionários. Vejamos alguns exemplos.
SUBSTANTIVOS COMPOSTOS
Quando são compostos de dois substantivos ambos no nominativo, os dois se declinam, conforme o caso. Por exemplo, a palavra ‘respublica’ (res + publica), declina-se ‘reipublicae’, ‘rempublicam’, … Quando, na composição, um deles está no genitivo, declina-se só o que está no nominativo. Por exemplo: iurisconsultus (iuris + consultus, sendo iuris = genitivo e consultus = nominativo), declina-se iurisconsulti, iurisconsultum, iurisconsultu…. Assim também agricultura (agri + cultura), legislator (legis + lator = portador da lei).
SUBSTANTIVOS E ADJECTIVOS INDECLINÁVEIS
fas (lícito) – nefas (ilícito)
nihil (nada)
instar (semelhança)
mane (manhã)
nequam (mau, inútil)
tot (tantos), quot (quantos), aliquot (alguns)
numerais de 4 até 200
EXPRESSÕES RELACIONADAS COM PERÍODOS DO DIA
Mane erat – Era de manhã.
Summo mane (ou Primo mane) – De manhã bem cedo.
Hodie mane (ou hodieno mane) – Hoje de manhã.
Cras mane (ou crastino mane) – Amanhã de manhã.
Hesterno mane – Ontem de manhã.
Postero mane – Na manhã seguinte.
A mane ad vesperum – De manhã à tarde.
Vesperi – De tarde.
Heri vesperi – Ontem de tarde.
SUBSTANTIVOS DEFECTIVOS
São aqueles que não existem em todos os casos, mas só em situações especiais.
Exemplos:
‘Preces’ só se declina no plural; no singular, só tem o ablativo ‘prece’.
‘Verbera’ só se declina no plural; no singular, só tem o ablativo ‘verbere’ (açoite).
Sponte sua (por sua livre vontade) só existe no ablativo singular. Assim também ‘sponte mea’, ‘sponte nostra’, ‘sponte vestra’.
Rogatu meo (a meu pedido), Invitatu tuo (a teu convite), Iussu meo (por minha ordem), Iniusso suo (sem ordem dele) usa-se só no ablativo singular.
Rogatu patris (a pedido do pai), Invitatu amici (a convite do amigo), Iussu regis (por ordem do rei), Rogatu populi (a pedido do povo) usa-se o ablativo singular associado a um genitivo.
Noctu – de noite, Diu – de dia só têm estas formas.
EXPRESSÕES DE DATA E HORA
Para expressar datas e horas, usam-se os numerais ordinais.
Exemplos:
Quot hora est? (Que horas são?)
Nona hora est. (São nove horas.)
Quot hora? (A que horas?)
Hora quarta (ou) Hora sexta (Às quatro horas – às seis horas)
Anno millesimo nongentesimo nonagesimo nono (em 1999).
Anno bis millesimo (no ano 2000)
Anno bis millesimo primo (no ano 2001)
Anno bis millesimo secundo) no ano 2002)
Quinto quoque anno (de cinco em cinco anos) – Usa-se a palavra ‘quoque’ = também pare exprimir regularidade.
Decimo quoque mense (de dez em dez meses)
Septimo quoque die (de sete em sete dias).




12. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS VERBOS EM LATIM – parte I

LIÇÃO VIRTUAL N. 12

1. Considerações gerais.
Os verbos constituem a classe gramatical mais difícil do latim, pela sua imensa variedade e, principalmente, pela sua enorme versatilidade. Além de terem uma conjugação mais vasta do que em português, chegam a assumir diversos modos excepcionais, o que torna imprescindível o uso do dicionário e da gramática, para a sua tradução e conjugação.
Uma característica importante é que não se usam os pronomes pessoais antes dos verbos, a não ser raramente, para enfatizar. Devido à sua conjugação assumir uma desinência diferente para cada pessoa verbal, torna-se desnecessária a indicação do pronome pessoal.
Os verbos em latim podem ser (como também em português) transitivos ou intransitivos, conforme a sua necessidade ou não de objectos para a complementação do sentido. É importante sempre lembrar que a regência dos verbos em latim nem sempre corresponde ao seu correspondente em português. Ou seja, um verbo pode ser transitivo directo em latim e pode não ser assim em português, e vice-versa.
2. Vozes do verbo
O latim tem três formas verbais de conjugação (vozes do verbo): activa, passiva e depoente. Em português, só há as duas primeiras. A forma depoente é uma característica do latim e se configura pelo uso da forma verbal na voz passiva, no entanto, com o significado de voz activa.
Explicando melhor, exemplificando com o verbo ‘laudare’ (louvar). Na voz activa, a primeira pessoa é ‘láudo’ (eu louvo); na voz passiva, a primeira pessoa é ‘láudor’ (sou louvado). [OBS: O acento é apenas representativo da pronúncia.] Como se vê, na voz passiva acrescenta-se um ‘r’ à primeira pessoa. Mas há, por exemplo, o verbo ‘lóquor’, que pela forma está escrito na voz passiva, porém significa ‘eu falo’, na voz activa. Este é um verbo depoente. Conforme se disse, para conhecer as formas dos verbos, é indispensável o uso do dicionário. Não há regra para isto nem há como memorizar todos os casos.
3. Conjugações
A língua latina tem quatro conjugações verbais, que se distinguem pela terminação do infinitivo:
1ª conjugação – verbos terminados em ‘are’;
2ª conjugação – verbos terminados em ‘ére’ (‘e’ tónico);
3ª conjugação – verbos terminados em ‘ere’ (‘e’ átono);
4ª conjugação – verbos teminados em ‘ire’.
Exemplos:
1ª conjugação: amare (amar), ambulare (andar), laborare (trabalhar), obtemperare (obedecer), vulnerare (ferir), æstimare (apreciar);
2ª conjugação: monére (avisar); adhibére (usar); cohibére (reprimir); habére (ter); merére (merecer); placére (agradar); tacére (calar); prohibére (proibir);
3ª conjugação: légere (ler); deféndere (defender); dícere (dizer); accéndere (subir); statúere (estabelecer); dúcere (conduzir); tóllere (tomar);
4ª conjugação: audire (ouvir); custodire (guardar); dormire (dormir); erudire (ensinar); impedire (impedir); munire (fortificar); nutrire (alimentar).
4. Notações gramaticais
Tendo em vista que os verbos em latim assumem grande versatilidade nas formas, costuma-se citar um verbo mencionando as suas formas básicas, que são: primeira e segunda pessoa do singular do presente, primeira pessoa singular do pretérito perfeito, supino e infinitivo. É assim que comumente estes se encontram nos dicionários. Ao verificar estas formas, percebe-se logo se o verbo é regular ou irregular, bem como orienta-se a sua conjugação, conforme será explicado posteriormente.
Exemplo 1: o verbo ‘laudare’ (louvar) encontra-se no dicionário assim:
Laudo [1ª pes. Sing. Pres.), laudas [2ª pes. Sing. Pres.], laudavi [1ª pes. Sing. Pret. Perf.], laudatum [supino, assemelha-se ao particípio passado], laudare [infinitivo]. Percebe-se que é um verbo regular, porque conserva as formas padronizadas da 1ª conjugação (‘avi’ no pret.perf. e ‘atum’ no supino).
Exemplo 2: o verbo ‘monére’ (avisar) encontra-se assim:
Móneo, mónes, mónui, mónitum, monére – também é regular, pois conserva o padrão da 2ª conjugação (‘ui’ no pret.perf. e ‘itum’ no supino).
Exemplo 3: o verbo ‘dare’ (dar) encontra-se assim:
Do, das, dédi, datum, dare – é um verbo irregular, pois não conserva o padrão ‘avi’ no pret.perf. como os verbos regulares da primeira conjugação (terminação ‘are’).
Exemplo 4: o verbo ‘manére’ (permanecer) encontra-se assim:
Máneo, mánes, mánsi, mánsum, manére – é um verbo irregular, pois não conserva o padrão ‘ui’-‘itum’ da 2ª conj.
5. Dicas
Ao consultar um verbo no dicionário, deve-se pesquisar pela primeira pessoa do presente, pois é assim que eles aparecem. Não seguir o padrão dos dicionários de português, que colocam o verbo no infinitivo. Ex: o verbo ‘investigare’ (investigar) deve ser procurado no dicionário latino pela sua primeira pessoa, ou seja, ‘investigo’.
A terceira conjugação tem a maioria dos verbos irregulares. É impossível estabelecer um parâmetro comum. Alguns destes verbos passam para formas tão diferentes nos tempos verbais que os bons dicionários colocam até estas formas, a fim de orientar os estudantes.




LIÇÃO VIRTUAL N. 13

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS VERBOS EM LATIM (PARTE 2)
1. Tempos primitivos
A consulta dos verbos no dicionário deve ser feita pela primeira pessoa do singular, conforme dito antes. Associados a ela encontramos os tempos primitivos do verbo, pelos quais é possível verificar se o verbo tem conjugação regular ou irregular e ainda é possível compor os seus diversos tempos conjugáveis.
Por exemplo: o verbo ‘laborare’ (trabalhar) aparece na seguinte sequência:
laboro, as, avi, atum, are. Isto significa que:
1.ª pessoa do presente do indicativo = laboro;
2.ª pessoa do presente do indicativo = laboras;
1.ª pessoa do pretérito perfeito do indicativo = laboravi;
supino = laboratum
infinitivo = laborare.
Trata-se de um verbo regular da primeira conjugação. Aliás, os verbos da primeira conjugação, na sua grande maioria, são de conjugação regular.
Outro exemplo:
Compare o verbo ‘respondere’ (responder), que fica assim:
respondeo, es, respondi, responsum, respondere
com o verbo ‘eligere’ (eleger, escolher) está assim: eligo, is, elegi, electum, eligere.
Observa-se que:
a) são verbos irregulares, porque alteram os radicais (respond- e elig-) nos tempos primitivos;
b) o verbo ‘respondere’ é da segunda conjugação pois tem a segunda pessoa do presente do indicativo em ‘es’;
c) o verbo ‘eligere’ é da terceira conjugação, pois faz a segunda pessoa em ‘is’;
d) assim sendo, o verbo ‘respondére’ é paroxítono e o verbo ‘elígere’ é proparoxítono (terminação verbal tónica na 2.ª conjugação e átona na 3.ª);
e) a maioria dos verbos de conjugação irregular encontra-se na 2.ª e na 3.ª conjugações.
2. Derivação a partir dos tempos primitivos
Os demais tempos verbais derivam dos tempos primitivos, do seguinte modo:
a) do radical do presente do indicativo derivam: o imperfeito, o futuro do presente e o gerúndio;
b) do radical do pretérito perfeito derivam: os mais que perfeitos do indicativo e do subjuntivo;
c) do radical do supino derivam: todos os tempos compostos passivos.
d) O radical do infinitivo identifica a qual conjugação o verbo pertence.
Exemplos:
Exemplifiquemos o verbo ‘eligere’:
Presente do indicativo: eligo, eligis, eligit, eligimus, eligitis, eligunt;
derivações –
imperfeito indicativo (eligebam, eligebas, eligebat, eligebamus, eligebatis, eligebant);
imperfeito subjuntivo (eligam, eligas, eligat, eligamus, eligatis, eligant);
futuro do presente (eligam, eligas, eligat, eligamus, eligatis, eligant).
Pretérito perfeito indicativo: elegi, elegisti, elegit, elegimus, elegitis, elegerunt;
derivações –
mais que perfeito indicativo (elegeram, elegeras, elegerat, elegeramus, elegeratis, elegerant);
mais que perfeito subjuntivo (elegissem, elegisses, elegisset, elegissemus, elegissetis, elegissent).
Supino: electum;
derivações :
electus sum (eu fui eleito), electus eram (eu fora eleito); electus sim (eu tenha sido eleito).
OBS: Nos tempos compostos, conjuga-se com o auxílio do verbo ‘esse’ (ser).
Este paradigma é apenas para ilustrar o que se disse acima. O desenvolvimento deste assunto passa a ser muito complexo para os limites a que nos propomos nestas simplificadas anotações. A sua visualização numa tabela é bem mais intuitiva.





LIÇÃO VIRTUAL N. 14

14. O MODO SUBJUNTIVO DOS VERBOS
No modo indicativo, os verbos exprimem a acção ou o estado do sujeito de forma directa. No modo subjuntivo, os verbos designam esta acção ou estado de forma indirecta. Desta forma, o presente do subjuntivo pode expressar um desejo ou exprimir uma exortação; o imperfeito do subjuntivo assinala uma condição.
O subjuntivo dos verbos, em português e em latim, é regido geralmente por uma preposição. Por exemplo: UT – que, para que, a fim de que; pode também vir acompanhado de uma interjeição, por exemplo, UTINAM – oxalá, quando se trata de expressões positivas. Usa-se NE (que não, para que não) quando se trata de uma expressão negativa.
Observemos o exemplo do verbo ESSE (SER, ESTAR). No modo subjuntivo, temos:
PRESENTE IMPERFEITO: Sim (seja) Essem (estivesse); Sis (sejas) Esses (estivesses); Sit (seja) Esset (estivesse); Simus (sejamos) Essemus (estivessemos); Sitis (sejais) Essetis (estivésseis); Sint (sejam) Essent (estivessem)
a) O SUBJUNTIVO ENQUANTO DESEJO, OU SUBJUNTIVO OPTATIVO
Exemplos:
Ut felix sim. – Para que eu seja feliz.
Ut felices simus. – Para que sejamos felizes.
Utinam felix sis. – Oxalá, sejas feliz.
Ne ægrotus sim. – Que eu não fique doente.
Ignavi ne simus. – Para que não sejamos covardes.
b) O SUBJUNTIVO ENQUANTO EXORTAÇÃO
Exemplos:
Amici, læti simus. – Amigos, sejamos alegres.
Milites, ignavi ne sitis. – Soldados, não sejais covardes.
Discipuli, ne piger, sed seduli sitis. – Alunos, não sejais preguiçosos, mas diligentes.
c) O SUBJUNTIVO ENQUANTO CONDIÇÃO
OBS: No latim, o futuro condicional ou futuro do pretérito se confunde com o imperfeito do subjuntivo, portanto, ‘essem’ significa tanto ‘eu estivesse’ como ‘eu estaria’, ‘eu fosse’ ou ‘eu seria’.
Exemplos:
Contentus essem si Maria sana esset. – Seria (ficaria) contente se Maria estivesse sã.
Magistri contenti essent se discipuli seduli essent. – Os mestres seriam (ficariam) felizes se os alunos fossem aplicados.
Si semper diligenti essetis, patres vestri læti essent. – Se vós sempre fosseis diligentes, vossos pais ficariam alegres.
Puer orat ut pater ejus mox sanus sit. – O menino ora para que o pai dele em breve esteja são.
d) O MODO SUBJUNTIVO NAS QUATRO CONJUGAÇÕES
1ª. CONJUGAÇÃO – ‘ARE’
PRESENTE IMPERFEITO / CONDICIONAL: Amem (eu ame) Amarem (eu amasse ou amaria); Ames (tu ames) Amares (tu amasses ou amarias); Amet (ele/ela ame) Amaret (ele/ela amasse ou amaria); Amemus (nós amemos) Amaremus (nós amássemos ou amaríamos); Ametis (vós ameis) Amaretis (vós amásseis ou amaríeis); Ament (eles/elas amem) Amarent (eles/elas amassem ou amariam)
2ª. CONJUGAÇÃO – ‘ERE’ (longo)
PRESENTE IMPERFEITO / CONDICIONAL: Moneam (eu avise) Monerem (eu avisasse ou avisaria); Moneas (tu avises) Moneres (tu avisasses ou avisarias); Moneat Moneret ;Moneamus Moneremus; Moneatis Moneretis; MoneantMonerent
3a. CONJUGAÇÃO – ‘ERE’ (breve)
PRESENTE IMPERFEITO / CONDICIONAL: Legam (eu leia) Legerem (eu lesse ou leria); Legas (tu leias) Legeres (tu lesses ou lerias); Legat Legeret; Legamus Legeremus; Legatis Legeretis; Legant Legerent
4a. CONJUGAÇÃO – ‘IRE’
PRESENTE IMPERFEITO / CONDICIONAL: Audiam (eu ouça) Audirem (eu ouvisse ou ouviria); Audias (tu ouças) Audires (tu ouvisses ou ouvirias); Audiat Audiret; Audiamus Audiremus; Audiatis Audiretis; Audiant Audirent.
Alguns exemplos:
Patrem et matrem amemus. – Amemos pai e mãe.
Deus dixit ut amaremus patrem et matrem. – Deus disse que amássemos pai e mãe.
Puer secat alas avium ne volent. – O menino corta as asas das aves para que não voem.
Utinam hodie vocem ejus audiatis… – Oxalá, hoje ouçais a voz dele…
…Ut dirigat pedes nostros in viam pacis. – … Para que dirija os nossos pés no caminho da paz.




LIÇÃO VIRTUAL N. 15

15. EXPLICAÇÕES GERAIS SOBRE OS ADJECTIVOS NA LÍNGUA LATINA
ADJECTIVOS DE PRIMEIRA CLASSE E DE SEGUNDA CLASSE
Os adjectivos em latim são divididos em duas classes, para fins de enquadramento nas declinações. Assim, os adjectivos que seguem as duas primeiras declinações, ou seja, a forma feminina segue a primeira declinação e as formas masculina e neutra seguem a segunda, são considerados adjectivos da primeira classe.
Exemplos de adjectivos da 1ª. classe:
Bonus, bona, bonum – bom, boa; (bona segue a 1ª. declinação; bonus e bonum seguem a 2ª.)
Pulcher, pulchra, pulchrum – belo, bela;
Dignus, a, um – digno, digna;
Jucundus, a, um – alegre;
Liber, libera, liberum – livre;
Os adjectivos que seguem a terceira declinação em todas as suas formas são considerados de segunda classe. Estes adjectivos podem ser uniformes, biformes ou triformes, dependendo de terem uma única forma para todos os géneros, ou de terem a mesma forma para o masculino e o feminino e uma outra forma para o neutro ou então terem uma forma para cada género.
Exemplos de adjectivos uniformes:
Sapiens, sapientis – sábio;
Velox, velocis – veloz – assumem a mesma forma no masculino, no feminino e no neutro;
Exemplos de adjectivos biformes:
Communis, commune – comum; (a primeira forma corresponde ao masculino e feminino; a outra é o neutro)
civilis, civile – civil;
Omnis, omne – todo, toda.
Exemplos de adjectivos triformes:
Celeber, celebris, celebre – célebre, famoso; (masculino, feminino e neutro)
Terrester, terrestris, terrestre – terrestre.
CASOS ESPECIAIS
1 – Os particípios presentes dos verbos em latim terminam sempre em ‘ns’ e são conjugados como adjectivos de segunda classe, seguindo a terceira declinação.

Exemplos:
Docens, docentis – docente, aquele que ensina;
Discens, discentis – discente, aquele que aprende;
Laborans, laborantis – aquele que trabalha, o trabalhador;
Dicens, dicentis – dizente, aquele que diz;
Dormiens, dormientis – aquele que dorme.
2 – Quase sempre, os adjectivos desta classe são empregados também como substantivos.
3 – Ao adjectivo empregue na forma neutra plural, desacompanhado de substantivo, na tradução para o português, é necessário acrescentar a palavra ‘coisa’, que em latim fica subentendida.
Exemplos:
Omnia viventia – todas (as coisas) vivas (seres vivos);
Bona iuvant. – (as coisas) boas agradam;
Mirabilia laudo semper. – Louvo sempre (as coisas) admiráveis.




LIÇÃO VIRTUAL N. 16

16. GRAUS DOS ADJECTIVOS NA LÍNGUA LATINA
Os adjectivos em latim admitem três graus: o normal, o comparativo e o superlativo, da mesma forma como se usa na língua portuguesa. A diferença está no seguinte facto: em português, ao mudar de grau, o adjectivo em geral não muda de forma, recebendo apenas algumas palavras complementares.
Exemplos dos graus dos adjectivos:
Grau normal: O filósofo é sábio.
Grau comparativo: O filósofo é mais sábio do que o agricultor.
Grau superlativo: O filósofo é o mais sábio de todos os homens.
Conforme se observa, o adjectivo ‘sábio’ não sofreu nenhuma alteração mórfica, recebendo o acréscimo do advérbio ‘mais’ para indicar a mudança de grau. Em latim, porém, o próprio adjectivo sofrerá modificações.
FORMAÇÃO DO GRAU COMPARATIVO EM LATIM
A passagem dos adjectivos para o grau comparativo em latim se faz com o acréscimo do sufixo ‘IOR’ para o marculino e feminino, e ‘IUS” para o neutro. O procedimento para adicionar este sufixo é o mesmo adoptado para mudança das desinências nas declinações dos diversos casos, conforme já foi explicado anteriormente, ou seja, encontra-se o radical da palavra no genitivo singular e acrescenta-se a terminação ‘ior’ ou ‘ius’, de acordo com o caso.
Exemplos:
O adjectivo ‘pulcher, pulchra, pulchrum’ (belo, bela) segue a segunda declinação (pulcher, pulchri).
No caso do grau comparativo (mais belo, mais bela), torna-se ‘pulchrior’ (masculino e feminino) e ‘pulchrius’ (neutro).
O adjectivo ‘jucundus, a, um’ (alegre) segue a segunda declinação (jucundus, jucundi).
Para formar o grau comparativo (mais alegre) transforma-se em ‘jucundior’.
O adjectivo ‘sapiens’ (sábio, sábia) segue a terceira declinação (sapiens, sapientis).
Na formação do grau comparativo fica ‘sapientior’ (mais sábio).


FORMAÇÃO DO GRAU SUPERLATIVO EM LATIM
Os adjectivos são lançados no grau superlativo com o acréscimo da terminação ‘issimus, issima, issimum’, para o masculino, feminino e neutro, respectivamente. Em português, admitem-se duas modalidades do grau superlativo: o sintético (felicíssimo) e analítico (o mais feliz); porém, em latim, os adjectivos no grau superlativo têm sempre a forma sintética.
Exemplos:
Gravis – gravissimus, gravissima, gravissimum (masculino, feminino e neutro).
Jucundus – jucundissimus, jucundissima, jucundissimum.
Sapiens – sapientissimus, sapientissima, sapientissimum.
Outros exemplos de graus comparativo e superlativo:
Velox, velocis (veloz) – velocior (comparativo) – velocissimus (superlativo).
Celeber, celebris (célebre, famoso) – celebrior (comparativo) – celebrissimus (superlativo).
Nobilis, nobilis (nobre) – nobilior (comparativo) – nobilissimus (superlativo).
Felix, felicis (feliz) – felicior (comparativo) – felicissimus (superlativo)
Sanctus, sancti (santo) – sanctior (comparativo) – sanctissimus (superlativo).
CASOS ESPECIAIS
1 – Os adjectivos terminados em ‘er’ no masculino, adoptam a terminação ‘errimus’ em vez de ‘issimus’ no superlativo.
Exemplos:
Pulcher – pulchrior (comparativo) – pulcherrimus (superlativo).
Niger – nigrior (comparativo) – nigerrimus (superlativo).
2. Alguns adjectivos terminados em ‘ilis’ fazem o superlativo com ‘limus’.

Exemplos:
Facilis, facilis (fácil) – facilior (comparativo) – facillimus (superlativo). OBS: dobra a letra ‘L’.
Humilis, humilis (humilde) – humilior (comparativo) – humillimus (superlativo).
3. Alguns adjectivos têm formação irregular dos graus comparativo e superlativo, tal e qual em português.
Exemplos:
Bonus (bom) – melior (melhor) – optimus (óptimo).
Malus (mau) – pejor (pior) – pessimus (péssimo).
Magnus (grande) – major (maior) – maximus (máximo).
Parvus (pequeno) – minor (menor) – minimus (mínimo).
4. O latim é um idioma pródigo em excepções, isto ocorre também na formação dos graus dos adjectivos. Portanto, além dos casos especiais citados, há ainda diversos outros que podem ser encontrados nas boas gramáticas e que deixam de ser mencionados aqui em virtude da própria natureza elementar destes apontamentos.
APLICAÇÃO PRÁTICA DOS GRAUS DOS ADJECTIVOS NA CONSTRUÇÃO DE FRASES
1ª. situação: comparação entre duas pessoas. Neste caso, usa-se a conjunção comparativa ‘quam’, colocando-se a segunda palavra no mesmo caso da primeira.
Exemplos:
Pedro é mais sábio do que o irmão. – Petrus est sapientior quam frater.
O filho é mais rico do que o pai. – Filius est divitior quam pater.
2ª. situação: comparação entre duas qualidades. Neste caso, usa também a conjunção ‘quam’ e a segunda qualidade também fica no comparativo.

Exemplo:
Pedro é mais sábio do que rico. – Petrus est sapientior quam divitior.
3ª. situação: superlativo relativo. Quando o superlativo também se refere a outras pessoas ou qualidades, o segundo termo pode ir para o genitivo ou para o ablativo com ‘ex’ ou para o acusativo com ‘inter’.
Exemplo:
Francisco é o mais humilde dos homens. A tradução pode ser:
Franciscus est humillimus hominum. (hominum – genitivo plural de homo, hominis).
Franciscus est humillimus ex hominibus. (hominibus – ablativo plural de homo, hominis).
Franciscus est humillimus inter homines. (homines – acusativo plural de homo, hominis).



LIÇÃO N. 17 (FINAL)


EXEMPLOS E EXERCÍCIOS
Do que já apresentamos até aqui, conclui-se que o “caso” indica a função sintática da palavra na frase. Vejamos alguns exemplos. Analisemos a frase seguinte:
AQUILA VOLAT. (pronúncia: áquila vólat), Teremos:
aquila, ae – substantivo da 1ª. Declinação (águia)
volat – 3ª pessoa singular do verbo “volare” (voar).

Tradução:
A ÁGUIA VOA. Note que, em latim, não há artigos, mas na tradução deve-se colocar. No caso, poderia ser também UMA ÁGUIA VOA, mas em algumas situações não se pode trocar o artigo sem causar algum conflito.
Agora, uma pergunta clássica: quem voa? Resposta: a águia, portanto, águia é sujeito e sendo sujeito, fica no caso nominativo.
Outro exemplo: AQUILAM HABEO. (pronúncia: áquilam hábeo), Teremos:
aquila, ae – substantivo da 1ª. Declinação (águia)
habeo – 1ª pessoa singular do verbo “habere” (ter). Tradução:
Eu tenho a águia (ou uma águia).
Agora, vamos às perguntas: 1. Quem tem a águia? Resposta: eu (sujeito oculto); 2. O que eu tenho? Resposta: A águia (uma águia) (objecto directo do verbo ter). Portanto, sendo águia objecto directo, vai para o caso acusativo, mudando a sua desinência ou terminação para “aquilam”.
Mais um exemplo: ALA AQUILÆ (= ALA AQUILAE) (pronúncia: ála áquileh). Colocou-se este ‘h’ no final para lembrar que o ‘e’ não deve ser pronunciado como ‘i’. Teremos:
aquila, ae (explicado acima)
ala, ae – substantivo da 1ª. Declinação (asa).
Tradução:
A ASA DA ÁGUIA. A expressão “da águia” é um complemento restritivo de “asa”, regido pela preposição “de”. Por isso, fica no caso genitivo (aquilae), enquanto “ala” permanece no caso nominativo (forma original).
Examine agora a seguinte frase:
ALAM AQUILAE VIDEO. (pronúncia: álam áquileh vídeo).
Sendo “video” a 1ª pessoa singular do verbo “videre” (ver), diremos que a tradução será:
EU VEJO A ASA DA ÁGUIA. Por que? Vamos às perguntas clássicas:
pergunta 1 – Quem vê? Resposta: Eu (sujeito oculto);
pergunta 2 – O que eu vejo? Resposta: A asa (objeto direto);
pergunta 3 – Asa de quem? Resposta: Da águia (complemento restritivo);
Portanto:
eu – sujeito oculto, pode até ser omitido na tradução;
asa – objecto direto, vai para o caso acusativo (alam);
da águia – complemento restritivo, vai para o caso genitivo (aquilae)
A título de fixação, proponho os seguintes exercícios inspirados nos exemplos acima:
Faça a tradução e a análise sintática das frases seguintes:
Habeo mensam et cathedram.
Rosa pulchra est.
Puella habet rosam pulchram.
Video puellam et rosam.
Avia puellae cantat.
Puella dat rosam aviae.
Historia magistra vitæ est.
Glossário auxiliar:
Substantivos – mensa (mesa), cathedra (cadeira), pulchra (bela), puella (garota), avia (avó), magistra (mestra);
Verbos – est (é), habet (tem), cantat (canta), dat (dá).






FONTE: “mutatis mutandis” (adaptado e coligido com as devidas alterações e de acordo com o português europeu anterior ao AO1990):  http://cursodelatim.wordpress.com

Um grande número de livros-texto com respostas, disponível in:
     B.L. D'Ooge, Latin for Beginners + answer key

Sugestões de textos de fácil leitura:
       Ritchie's Fabulae Faciles (histórias fáceis)
      Lhomond's De Viris Illustribus (usado por gerações de crianças nas escolas para aprender latim)
       O site Latin Vulgate Bible

 Gramáticas e dicionários (sugestão):
    MIRANDA, Manuel Francisco de, Gramática Latina, Depósito do Seminário de Braga, 1962 (8.ª ed.).
    FERREIRA, António Gomes, Dicionário de Latim-Português, Porto Editora (várias edições, várias datas)

 Estudos:
 ALARCÃO, J., “Portugal romano”. Lisboa, Verbo, 1973.
ALARCÃO, J., “O domínio romano em Portugal”. Mem Martins, Europa-América, 1988.
CLIMENT, Mariano Bassols de, “Sintaxis Latina”, 2 vols, Madrid, CSIC, 1956 [811.124'367 Bas, M 1-CC e 2-CC]
CLIMENT, Mariano Bassols de, “Fonetica Latina”, Madrid, CSIC, 1962 [811.124'34 Bas, M-CC]
ERNOUT, A., “Morphologie historique du latin”. Paris, Klincksieck, 1953 [811.124’366 ERN, A-CC]
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 TºIT
 TITO C
 TITO COLAÇO 
 VI ___ IX ___ MMXIV 
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