|________________/\________________| Ab imo pectore...
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LIÇÃO VIRTUAL N. 1
1. ORIGEM
E EVOLUÇÃO DO LATIM
O latim deriva
de línguas arcaicas faladas no Lácio e em Roma, consolidando-se gramaticalmente
a partir do século III a.C. Do local de sua origem (Lácio – região da Itália
central = Latium, no idioma deles) provém o nome LATIM.
Teve o seu
período clássico entre os anos 81 a.C e 17 d.C., época dos principais
escritores latinos: Cícero, César, Vergílio, Horário, Ovídio, Tito Lívio, entre
outros.
O apogeu do
Império Romano e as guerras de conquistas levaram o latim popular, falado pelos
soldados romanos, para outras regiões da Europa, onde interagindo com idiomas
locais, deu origem às línguas neolatinas.
Como acontece
em todo o idioma, havia a língua gramaticalmente correcta dos literatos e a
língua popular, falada pelo povo de pouca instrução e sem preocupação com a
correcção gramatical. Foi esta última que se espalhou pela Europa, e no
caldeirão dos dialectos regionais, comandou a formação das línguas neolatinas,
inclusive o português.
O português foi
o resultado da mistura do latim com o galego, principal língua falada na região
do Condado Portucalense, que hoje corresponde à região norte de Portugal. Foi
uma das línguas derivadas que mais demorou a se formar, sendo provavelmente
este o motivo de ser o português tão semelhante ao latim.
O latim
literário continuou a ser adoptado e utilizado durante muitos séculos pelos
escritores cristãos, mesmo depois de não ser mais falado como linguagem
corrente na sua região de origem. Por influência dos monges, o latim era
utilizado também como idioma dos intelectuais, filósofos e cientistas, que
escreviam as suas obras em latim, pela facilidade de serem lidos em qualquer
parte da Europa. Somente a partir do século XVII, a literatura filosófica e
científica passou a ser produzida em língua vernácula.
Actualmente, o
latim é a língua oficial da Igreja Católica, utilizado na produção dos
documentos oficiais do Vaticano, seja da Cúria Romana, seja das entidades
agregadas. As Universidades Pontifícias de Roma, por exemplo, expedem os seus
Diplomas em latim ainda hoje. Os documentos oficiais da Igreja Católica,
originalmente escritos em latim, são imediatamente traduzidos no próprio
Vaticano e distribuídos pelos diversos países já no idioma vernáculo.
Fora das
instituições eclesiásticas, a língua latina continua a ser adoptada na notação
científica dos seres vivos, além de ter uso esporádico no ambiente forense.
LIÇÃO VIRTUAL N. 2
2.
ALFABETO LATINO: COMPOSIÇÃO E PRONÚNCIA DAS LETRAS
O
alfabeto latino primitivo era composto de 21 letras, ou seja, o mesmo alfabeto
do português actual, excluindo-se o J, o V e o Z, mas incluindo-se o K. As
letras I e U tinham valores ora de consoante, ora de vogal, conforme o contexto
fónico do vocábulo. Por exemplo, o I e o U tinham valor de consoante quando
vinham precedendo uma vogal, em qualquer posição na palavra. Nos demais casos,
tinham valor de vogal. Daí encontrarem-se expressões do tipo: SVB VMBRA ALARVM
TVARVM ou invés de SUB UMBRA ALARUM TUARUM. (Sob a sombra das tuas asas).
O sinal
K foi logo no início aceite, por influência do grego. Também por essa mesma
influência, a fim de facilitar as transcrições literárias, foram incorporados
os sinais Y e Z. Mais tarde, pelo século XVI, foram incorporados à escrita
latina também os sinais J e V, certamente por influência das próprias línguas
neolatinas, então já existentes. Este assunto, no entanto, não é ponto pacífico
entre os gramáticos.
Outra
que é motivo de controvérsias é a pronúncia do latim. A mais difundida até a
década de 60, era a pronúncia eclesiástica, com forte acento italiano, por
influência dos padres da Igreja Católica.
Os
estudiosos da gramática comparativa, na área de linguística, tentaram construir
uma pronúncia do latim mais original, sendo esta chamada de pronúncia
restaurada. Há ainda a pronúncia aportuguesada, que também era utilizada no
Brasil na época do ensino do latim nas escolas.
Estas
informações têm aqui apenas carácter ilustrativo, já que não se irá praticar a
pronúncia. Para efeitos práticos, sugere-se que se adoptem os mesmos valores
fonéticos das letras na pronúncia portuguesa, observando-se as seguintes
particularidades:
a) as vogais mantêm sempre o seu
som original, em qualquer posição que ocupem no vocábulo, evitando-se
pronunciar o “o” como “u” e o “e” como “i” no final das palavras;
b) os ditongos “ae” (æ) e “oe”
pronunciam-se como “e”;
c) a sílaba “ti”, quando não for tónica
nem precedida por “s”, será pronunciada como “ci”;
d) a letra “x” tem sempre o som de
“ks”, como na palavra “fixo”;
e) o grupo “ch” tem sempre o som de
“k”;
f) os conjuntos “qu” e “gu”
pronunciam-se sempre como se houvesse um trema no “u”;
g) o grupo “ph” tem o som de “f”.
Não
se usavam acentos gráficos em latim, porém em alguns livros se usavam os mesmos
acentos do português, a fim de facilitar a leitura. Como regra geral, atente-se
para o facto de que não existem palavras oxítonas em latim, a não ser aquelas
de uma sílaba só. Havendo dúvida, deve-se consultar um dicionário.
Convém
observar que há divergências entre os gramáticos quanto a algumas das informações
acima expostas. Poderão encontrar pequenas variações, dependendo do autor da
gramática que pesquisarem. Isso é bastante compreensível, uma vez que não se
sabe exactamente como era pronunciado o latim, porque a pronúncia original não
foi conservada, sofrendo influências ao longo dos séculos.
LIÇÃO VIRTUAL N. 3
3.
EXPLICAÇÕES GERAIS SOBRE A ESTRUTURA DA LÍNGUA LATINA
(DECLINAÇÕES,
DESINÊNCIAS E CASOS)
DECLINAÇÃO – O latim é uma língua declinável.
Isto significa que é fundamentada na sintaxe e por isso a terminação das
palavras muda de acordo com a sua função dentro da frase. Da mesma como os
verbos assumem uma forma diferente para cada pessoa (eu, tu, ele, nós, vós,
eles), os substantivos, adjectivos, numerais, bem como os particípios dos
verbos em latim também alteram a terminação de acordo com o contexto. A isto se
chama ‘declinação’.
DESINÊNCIA – Chama-se ‘desinência’ à parte
final da palavra que se altera de acordo com a sua função sintática; chama-se
‘radical’ à parte fixa da palavra. Assim, todas as palavras têm um radical e
uma desinência. Isto vale para verbos, substantivos e adjectivos. Note-se
apenas que os verbos se conjugam, enquanto as outras palavras se declinam.
CASOS – No latim, há cinco declinações,
dentro das quais se enquadram todas as palavras.
Cada
declinação tem seis casos, assim identificados, tomando como exemplo a palavra
‘Maria’:
CASO
FUNÇÃO DA PALAVRA: Nominativo, quando a palavra é
sujeito na frase ou predicativo do sujeito; (ex: Maria é bonita). Vocativo,
quando exprime exclamação, interpelação, (ex: Ó Maria, és bonita); Acusativo,
quando é objecto directo, (ex: Amo Maria); Dativo, quando é objecto indirecto,
(ex: Dei uma rosa a Maria); Genitivo, quando é um complemento restritivo,
regido pela preposição “de”, exprimindo em geral um possessivo’, (ex: A casa de
Maria); Ablativo, complemento que indica modo, meio, origem, condição, lugar,
tempo. Em português, as palavras vêm acompanhadas com uma preposição (com, por,
em), mas em latim esta preposição é geralmente oculta. (ex: com Maria, por
Maria). A regra básica para se identificar a que declinação pertence uma
palavra é verificar a sua desinência do genitivo singular. Nos dicionários, a
palavra sempre aparece na sua forma do nominativo, seguida pelo genitivo.
Portanto, assim se reconhecem as declinações das palavras:
1ª.
declinação desinência do genitivo em ‘æ’; 2ª. declinação desinência do genitivo
em ‘i’; 3ª. declinação desinência do genitivo em ‘is’; 4ª. declinação
desinência do genitivo em ‘us’; 5ª. declinação desinência do genitivo em ‘ei’. Pergunta:
por que se usa o genitivo para identificar as declinações e não o nominativo,
que é a forma original da palavra?
Resposta:
porque em algumas declinações, o nominativo pode assumir terminações diversas,
mas no genitivo a terminação é sempre a mesma.
Estas
informações, ditas assim de forma descritiva podem parecer até confusas ou
complexas, no entanto, o conhecimento e a boa compreensão delas será
fundamental para o entendimento das noções gramaticais que virão nos próximos
capítulos.
Agora,
uma curiosidade. Do ponto de vista morfológico, em geral, os adjectivos da
língua portuguesa derivam do genitivo das palavras em latim. Por ex: ‘lex’ deu
origem a ‘lei’; mas é do seu genitivo ‘legis’ que derivam: legislativo,
legista, legal, legislador. ‘Tempus’ deu origem a ‘tempo’, mas é do genitivo
‘temporis’ que derivam: temporal, temporário. ‘Lumen’ deu origem a ‘luz’, mas é
do genitivo ‘luminis’ que derivam: luminoso, luminária.
LIÇÃO VIRTUAL N. 4
4.
PRIMEIRA DECLINAÇÃO
A
primeira declinação em latim abrange as palavras terminadas em ‘a’ no
nominativo e que no genitivo têm a desinência ‘æ’. Isto se aplica aos
substantivos, adjectivos, numerais e aos particípios passados dos verbos.
Exemplos:
‘insula’
(pronúncia: ínsula) = ilha;
‘incola’
(pron: íncola) = habitante;
‘rotunda’
(pron. grave) = redonda;
‘deducta’
(grave) = deduzida.
Seguindo
a regra já apresentada, temos em ‘insula’ o radical ‘insul’ e a desinência ‘a’;
em ‘incola’, o radical é ‘incol’ e a desinência ‘a’. Portanto, na hora de
declinar, o que vai alterar é apenas a desinência.
Casos
da primeira declinação:
Casos
Singular-Plural-Nominativo: insula insulæ; Genitivo: insulæ insularum; Dativo:
insulæ insulis; Acusativo: insulam insulas; Vocativo: insula insulæ; Ablativo:
insula insulis; Exemplos:
1. A
ilha é redonda. – Insula rotunda est. (Note que é comum no latim o verbo vir no
final da frase)
Comentários:
insula = sujeito; rotunda = predicativo do sujeito; ambos, pois, estão no caso
nominativo.
2. O
habitante da ilha – Insulæ incola.
Comentários:
não há artigos em latim; habitante = incola, por não ter nenhuma regência, fica
no nominativo; insulæ = da ilha, possessivo, regido pela preposição ‘de’,
portanto, vai para o genitivo.
3.
Vejo a ilha. – Insulam video.
Comentários:
insulam = a ilha, objecto directo, vai para o acusativo; video = vejo, 1ª.
pessoa do singular do verbo ver no indicativo presente. Não existe o artigo.
4.
Perigo nas ilhas. – Periculum in insulis.
Comentários:
A preposição ‘in’ (em, no, na, nos, nas) sempre rege ablativo, ou seja, a
palavra a ela vinculada vai para o ablativo. Daí a palavra ‘insula’ assume a
forma ‘in insulis’, porque está no ablativo plural; periculum = perigo, está no
nominativo neutro da 2ª. declinação (que será estudada adiante).
LIÇÃO VIRTUAL N. 5
5.
PARTICULARIDADES DA PRIMEIRA DECLINAÇÃO
Inicialmente,
convém lembrar que os géneros das palavras em latim nem sempre correspondem ao
que elas são em português. Na primeira declinação, com terminação ‘a’ no
nominativo e ‘æ’ no genitivo, a maioria das palavras é do género feminino.
Porém, há também as do género masculino em latim terminadas em ‘a’, como por
ex:
‘Incola’
(pron: íncola) = habitante;
‘nauta’
= marinheiro;
‘athleta’
= atleta;
‘agricola’
(pron: agrícola);
‘póeta’
= poeta (note-se que esta palavra tem um acento no ‘o’, para evitar que seja
pronunciado ‘e’, assim como em ‘coelum’, que se pronuncia ‘célum’).
Há
ainda aquelas palavras que só existem na forma plural, não têm singular, como
por ex:
‘Nuptiæ’
(pron: núpcie) = núpcias; ‘divitiæ’ (pron: divície) = riquezas;
‘Athenae’
(pron: aténe) = Atenas (a cidade grega).
Há
também algumas palavras que têm um sentido no singular e outro diferente no
plural.
Por
ex:
‘copia’
(pron: cópia) = no singular, abundância; já ‘copiæ’ (pron: cópie) = no plural,
tropas, exército;
‘littera’
(pron: lítera) = no singular, letra; ‘litteræ’ (pron: lítere) = no plural,
carta, correspondência;
Há
mais dois casos excepcionais em que não se faz o genitivo em ‘æ’, como é a
regra. São duas expressões do latim arcaico, que se conservaram pela tradição.
São
elas:
‘paterfamilias’
e ‘materfamilias’, respectivamente, pai de família e mãe de família, que são
consideradas correctas ao lado de ‘pater familiæ’ e ‘mater familiæ’, as formas
que seguem a regra gramatical.
É
curioso notar que não há palavras do género neutro na primeira declinação. Só
há palavras masculinas ou femininas.
É
oportuno observar ainda que a língua latina é muito pródiga em excepções.
Evitar-se-á a muitos detalhes, destacando apenas algumas das formas
excepcionais mais usadas.
LIÇÃO VIRTUAL N. 6
6.
SEGUNDA DECLINAÇÃO
A
segunda declinação em latim abrange as palavras terminadas no nominativo em
‘er’, ‘us’ e ‘um’ e que no genitivo têm a desinência ‘i’.
Exemplos:
‘puer’
(pronúncia: púer), ‘pueri’ (gen. pron: púeri) = menino;
‘piger’ (pron: píger) ‘pigri’ (gen. pron: pígri). = preguiçoso;
‘bonus’
(pron. bónus), ‘boni’ (gen. pron: bóni)
= bom;
‘verbum’
(grave), ‘verbi’ (gen. pron: vérbi)
= palavra.
Observa-se
que há uma maior diversidade de formas do caso nominativo, porém, a desinência
no genitivo é sempre em ‘i’. Note que as palavras com nominativo em ‘er’, fazem
o genitivo apenas acrescentando o ‘i’, no entanto, outras trocam o ‘er’ por
‘ri’. Estes detalhes sempre aparecem nos dicionários e são facilmente
perceptíveis na hora da consulta.
Casos
da segunda declinação:
Singular:
Nom: puer
ager bonus verbum; Gen: pueri agri boni verbi; Dat: puero agro bono verbo; Acus:
puerum agrum bonum verbum; Voc: puer ager bone verbum; Abl: puero agro bono
verbo
Plural:
Nom:
pueri agri boni verba; Gen: puerorum agrorum bonorum verborum; Dat: pueris
agris bonis verbis; Acus: pueros agros bonos verba; Voc: pueri agri boni verba;
Abl: pueris agris bonis verbis. Em geral, as palavras terminadas no nominativo
em ‘er’ e ‘us’ são masculinas, enquanto as terminadas em ‘um’ são do género
neutro. Observe que as palavras neutras, fazem o nominativo plural em ‘a’,
enquanto as demais o fazem em ‘i’.
Exemplos:
1.
Puer bonus est. – O menino é bom.
Comentários:
puer = sujeito; bonus = predicativo do sujeito; ambos, pois, ficam no
nominativo.
2.
Agricolæ filius piger est. = O filho do agricultor é preguiçoso.
Comentários:
não há artigos em latim; agricolæ = do agricultor, possessivo regido pela
preposição ‘de’, portanto, vai para o genitivo da 1ª. decl.; ‘filius’ e
‘piger’, respectivamente, sujeito e predicativo do sujeito, ficam no
nominativo.
3.
Templa Romæ video. – Vejo os templos de Roma.
Comentários:
‘templa’= templos, objecto directo, vai para o acusativo plural do neutro que,
por coincidência, é igual ao nominativo plural de ‘templum’;
‘Romæ’
– de Roma, possessivo regido por ‘de’, vai para o genitivo da 1ª. declinaçao.
Video
(pron: vídeo)– eu vejo, 1ª. pessoa do singular do verbo ver.
4.
Discipulus libros Magistri portat. = O aluno (discípulo) leva os livros do
Professor.
Comentários:
discipulus – aluno, sujeito da frase, fica no nominativo; libros = objecto directo,
acusativo plural de ‘liber’. Esta palavra significa ‘livro’, como substantivo,
e ‘livre’, como adjectivo.
‘magistri’,
possessivo, gen. sing. de ‘magister’ (=professor).
Portat
– verbo portare (levar, carregar)
Observe
que a ordem das palavras na frase não prejudica a compreensão, porque pela
identificação das desinências, é possível saber qual a função da palavra no
contexto, independente de sua posição. Por ex: ‘discipulus’ é nominativo,
portanto, só pode ser sujeito; ‘libros’ é acusativo, portanto, é objecto directo;
temos o verbo ‘portat’ (de ‘portare’ = levar), que é transitivo directo e
indirecto (levar algo ou alguém a algum lugar). Assim vemos que ‘libros’ é obj.
directo, ‘Magistri’ é gen. sing. de ‘magister’ (=professor). Analisando cada
palavra, chega-se à sua tradução. A tradução sempre deve ser feita em vista do
contexto todo da frase.
LIÇÃO VIRTUAL N. 7
7.
TERCEIRA DECLINAÇÃO
A
terceira declinação em latim é a que comporta maiores variações e abrange o
maior número de palavras. Nela se incluem as palavras terminadas no nominativo
em ‘or’, ‘er’, ‘us’, ‘os’, ‘es’, ‘as’, ‘is’, ‘ex’ ‘en’ , consoante mais ‘s’, ou
seja, há uma variedade enorme de terminações, com a única característica em
comum que é no genitivo singular ter a desinência ‘is’.
As
duas primeiras declinações, assim como as duas últimas, que ainda veremos, têm
desinências mais constantes no nominativo. Mas nesta terceira declinação, é
praticamente impossível estabelecer uma regra. Por isso, não sendo conhecida a
palavra, a única alternativa é consultar o dicionário.
Exemplos:
Em
‘or’ – ‘pastor’ (pronúncia: pástor), ‘pastoris’ (pron: pastóris – gen.) =
pastor;
Em
‘er’ – ‘pater’ (pron: páter) ‘patris’ (pron: pátris – gen). = pai;
Em
‘us’ – ‘tempus’ (pron. témpus), ‘temporis’ (pron: témporis – gen.) = tempo;
Em
‘os’ – ‘flos’, ‘floris’ (pron: flóris – gen.) = flor;
Em
‘es’ – ‘vulpes’ (pron: vúlpes), ‘vulpis’ (pron: vúlpis – gen) = raposa;
Em
‘as’ – ‘libertas’ (pron: libértas), ‘libertatis’ (pron: libertátis) = liberdade;
Em
‘is’ – ‘canis’ (pron: cánis), ‘canis’ (gen = nom) = cão, cachorro;
Em
‘ex’ – ‘lex’, ‘legis’ = lei;
Em
‘en’ – ‘lumen’ (pron: lúmen), ‘luminis’ (pron: lúminis) = luz;
Em
consoante + ‘s’ – ‘mors’, ‘mortis’ = morte; ‘princeps’, ‘principis’ (pron: ambos
com tónica na 1ª. sílaba) = príncipe.
Observa-se
que há uma imensa diversidade de formas do caso nominativo, porém, a desinência
no genitivo é sempre em ‘is’.
E
note também que o radical a ser usado para aplicação das desinências nos demais
casos segue o padrão do genitivo, e não o do nominativo.
Casos
da terceira declinação:
Singular:
Nom: pastor
flos lex tempus; Gen: pastoris floris legis temporis; Dat: pastori flori legitem
pori; Acus: pastorem florem legem tempus; Voc: pastorfloslextempusAbl: pastoreflorelegetempore
Plural:
Nom: pastores
flores leges tempora; Gen: pastorum florum legum temporum; Dat: pastoribus floribus
legibus temporibus; Acus: pastores flores leges tempora; Voc: pastores flores leges
tempora; Abl: pastoribus floribus legibus temporibus.
Nos
exemplos citados, apenas a palavra ‘tempus’ é do género neutro. Convém não
esquecer que os géneros das palavras em latim nem sempre correspondem ao que as
palavras são em português. Na dúvida, é necessário consultar um dicionário.
A
título de indicação, apresenta-se alguns exemplos de como as palavras aparecem
nos dicionários, para facilitar a compreensão e a localização delas.
No
dicionário, encontra-se: dolor, oris – significa que o genitivo de ‘dolor’
(pron: dólor) é ‘doloris’ (pron: dolóris); pater, tris – significa que o
genitivo de ‘pater’ é ‘patris'; mulier, eris – significa que o genitivo de
‘mulier’ (pron: múlier) é ‘mulieris’ (pron: mulíeris). E assim sucessivamente.
Labor,
laboris = trabalho;
Uxor,
uxoris = esposa;
Mulier,
mulieris = mulher;
Dolor,
doloris = dor;
Frater,
fratris = irmão;
Iter,
itineris = caminho;
Custos,
custodis = guardião;
Nepos,
nepotis = neto, sobrinho ou descendente familiar;
Mos,
moris = costume;
Miles,
militis = soldado;
Pes,
pedis = pé;
Sermo,
sermonis = sermão, discurso;
Fortitudo,
fortitudinis = fortaleza;
Ratio,
rationis = razão;
Civitas,
civitatis = cidade;
Laus,
laudis = louvor;
Judex,
judicis = juiz;
Urbs,
urbis = cidade;
Grex,
gregis = rebanho
Nomen,
nominis = nome;
Caput,
capitis = cabeça;
Flumen,
fluminis = rio;
Virtus,
virtutis = virtude;
Bos,
bovis = boi;
Pecus,
pecoris = rebanho;
Avis,
avis = ave;
Canis,
canis = cachorro;
Nobilis,
nobilis = nobre;
Sapiens,
sapientis = sábio;
Felix,
felicis = feliz;
Corpus,
corporis = corpo.
Estes
exemplos bem demonstram a variedade de que se compõe a terceira declinação.
Sugiro, como exercício de fixação das desinências, que se tomem estas palavras
ou algumas delas e as declinem em todos os casos, no singular e no plural,
seguindo os exemplos apresentados.
LIÇÃO VIRTUAL N. 8
8.
PARTICULARIDADES DA TERCEIRA DECLINAÇÃO
A
terceira declinação é a que apresenta maior complexidade, maior quantidade e
variedade de palavras e também a que comporta mais excepções. Procura-se aqui evitar
ao máximo estas referências a excepções, porém, é inevitável falar sobre elas.
Vejamos,
pois, algumas informações. Primeiro, há uma distinção entre os dois grupos de
palavras da terceira declinação:
Parassilábicas – aquelas que têm o mesmo número
de sílabas no nominativo e no genitivo. Ex: panis, is (pão), civis, is
(cidadão), navis, is (navio), ignis, is (fogo), sedes, is (sé ou sede, no
sentido de local);
Imparassilábicas – aquelas que têm número de
sílabas no genitivo maior que no nominativo. Ex: labor, laboris (trabalho),
gutur, guturis (obs: sílaba tónica em ‘gu’ nas duas, =garganta), opus, operis
(obra), fraus, fraudis (dano).
Por
que esta distinção? Pelo seguinte: as parassilábicas fazem o genitivo plural em
‘ium’, enquanto as imparassilábicas fazem o genitivo plural em ‘um’, conforme
explicado no capítulo anterior. Por ex: ‘civis’ fica ‘civium’, ‘navis’ fica
‘navium'; porém ‘gutur’ fica ‘guturum’, ‘opus’ fica ‘operum’.
Mas
até nesta particularidade há excepções. Por ex: ‘lis, litis’ (processo), embora
seja imparassilábico, faz o genitivo plural em ‘ium’ (litium). E há também o
oposto, ou seja, parassilábicas que fazem o genitivo plural em ‘um’, por ex:
‘canis’ fica ‘canum’, ‘pater’ fica ‘patrum’. Há ainda algumas palavras que
admitem as duas possibilidades. Por ex: ‘apis’ (abelha) pode ficar no genitivo
plural ‘apium’ ou ‘apum’, ‘mensis’ (mês) pode ficar ‘mensium’ ou ‘mensum’,
‘vates’ (adivinhador) pode ficar ‘vatium’ ou ‘vatum’. Não há, pois, uma regra
monolítica.
Faz-se
esta observação não para confundir os iniciantes, mas apenas para que ninguém
se espante ao se deparar num texto com esta forma do genitivo plural de algumas
palavras.
Há
ainda aquelas palavras que fazem o acusativo singular em ‘im’ e o ablativo
singular em ‘i’, ao invés de acusativo ‘em’ e ablativo ‘e’, que é a regra. Por
ex: ‘sitis’ (sede, necessidade de água) fica ‘sitim’ no acusativo e ‘siti’ no
ablativo singular; ‘tussis’ (tosse), fica ‘tussim’ e ‘tussi’, respectivamente;
‘febris’ (febre) fica ‘febrim’ e ‘febri’. São apenas alguns exemplos.
Para
tranquilizar alguns mais apressados, aviso que o uso de uma gramática e de um
dicionário é sempre necessário para se estudar latim. Não há como memorizar
tantas excepcionalidades.
Também
há aquelas palavras empregadas apenas no plural, embora em português o seu uso
seja admitido no singular. Ex: maiores, um = antepassados; cervices, um = nuca;
parentes, um = pais; verbera, um = açoites; moenia, um = muralhas.
LIÇÃO VIRTUAL N. 9
9.
QUARTA E QUINTA DECLINAÇÕES
A
quarta e a quinta declinações em conjunto por terem regras mais uniformes e
possuírem um menor número de vocábulos. Na quarta declinação estão as palavras
terminadas em ‘us’, que fazem o genitivo singular também em ‘us’. Apenas para
esclarecer, há palavras terminadas em ‘us’, que fazem o genitivo em ‘i’; estas
pertencem à segunda declinação. Para saber se a palavra terminada em ‘us’ fará
o genitivo em ‘us’ (4ª.) ou em ‘i’ (2ª.), temos que recorrer a um dicionário.
Não há regra para isto.
Casos
da quarta declinação: (exemplificaremos uma palavra feminina – manus e uma
palavra neutra – cornu)
Singular:
Nom:
manus (pron: mánus = mão) cornu (pron: córnu = chifre); Gen: manus cornus; Dat:
manui cornui; Acus: manum cornu; Voc: manus cornu; Abl: manu cornu
Plural:
Nom:
manus cornua (pron: córnua); Gen: manuum cornuum; Dat: manibus cornibus; Acus: manus
cornua; Voc: manus cornua; Abl: manibus cornibus.
Temos,
portanto, dois grupos de exemplos. O primeiro se aplica às palavras masculinas
e femininas; o segundo se aplica às do género neutro.
Exemplos:
fructus, (masculino, fruto), exercitus (m., exército), senatus (m, senado),
arcus (m., arco), specus (m, caverna), portus (m., porto), magistratus (m.,
magistrado), acus (f., agulha), domus (f., casa), genu (neutro, joelho).
A
quinta declinação reúne as palavras terminadas em ‘es’, que fazem o genitivo
singular em ‘ei’. Quase todas são femininas, devendo ser feita uma ressalva à
palavra ‘dies’ (dia), que é feminina, quando se trata de um dia determinado,
uma data, mas é masculino, quando se trata de um dia indeterminado.
Casos
da quinta declinação:
Casos
Singular Plural: Nom: dies (pron: díes) dies; Gen: diei (pron: diêi) dierum
(pron: diérum); Dat: diei diebus (pron: diébus); Acus: diem (pron: díem) dies; Voc:
dies dies; Abl: die diebus.
A
quinta declinação contém poucas palavras. Exemplos: res (coisa), fides (fé),
spes (esperança), meridies (meio-dia).
LIÇÃO VIRTUAL N. 10
10. OS GÉNEROS DOS SUBSTANTIVOS
Na língua
latina, há três géneros das palavras (substantivos e adjectivos ou outras
categorias gramaticais quando são usadas como substantivos): masculino,
feminino e neutro. ‘Neutro’ vem da palavra ‘neuter’, que significa ‘nem um nem
outro’, referindo-se às palavras que não são nem masculinas nem femininas.
Não existe um padrão
fixo para se determinar o género de uma palavra em latim, mas podem-se adoptar
as seguintes regras gerais:
Quanto aos
substantivos:
1. São
masculinos os nomes de homens, de povos, de rios, de meses;
2. São
femininos os nomes de mulheres, de países, de ilhas, de cidades, de árvores e
os substantivos abstractos;
3. São neutros
os nomes das letras, dos verbos (no infinitivo, quando são tomados como
substantivos, por ex: o andar, o vestir…).
Quanto aos adjectivos:
1. Os adjectivos
triformes têm o seu género reconhecido pela terminação. Os terminados em ‘us’
são masculinos, os terminados em ‘a’ são femininos e os terminados em ‘um’ são
neutros;
2. Os adjectivos
biformes diferenciam-se pela terminação ‘is’ (masculino e feminino), ‘e’
(neutro). Ex: Nobilis, nobile; tristis, triste; mortalis, mortale; utilis,
utile.
Há ainda os
substantivos comuns de dois géneros e os epicenos quanto ao significado, mas as
palavras têm os seus géneros definidos. Por exemplo:
Dux, ducis
(masc) – o comandante, a comandante;
Civis, civis (masc)
– o cidadão, a cidadã;
Bos, bovis
(masc) – o boi, a vaca;
Canis, canis
(masc)– o cão, a cadela;
Aquila, ae
(fem) – a águia (sem referência ao sexo)
Corvus, i
(masc) – o corvo;
Vulpes, is
(fem)– a raposa;
Anser, i (masc)
– o pato.
Nestes casos,
se for necessário referir-se ao sexo, flexiona-se o adjectivo correspondente ou
acrescem-se os apelativos ‘masculus, mascula (macho) ou femina (fémea).
Exemplos: Civis Romanus (cidadão romano); Civis Romana (cidadã romana); Anser
masculus – anser femina (pato e pata); corvus masculus – corvus femina. Mas
teremos: aquila mascula (águia macho) e aquila femina (águia fémea); vulpes
mascula (raposa macho) e vulpes femina (raposa fémea).
Os substantivos
de origem grega, a maioria nomes próprios e patronímicos, assim se classificam:
são masculinos os terminados em ‘as’ e ‘es'; são femininos os terminados em
‘e’. Exemplos: Os nomes próprios Æneas (Enéias), Anchises (Anquises), Midas,
Epaminondas, Leónidas, Górgias, Orestes são masculinos. Já Cybele, Penelope,
Iocaste (Jocasta), Ismene, Antigone são femininos. Os nomes comuns ‘cometes’ (o
cometa), ‘sophistes’ (o sofista), ‘geometres’ (o geómetra), dynastes (o
príncipe) são masculinos.
LIÇÃO VIRTUAL N. 11
11. CASOS ESPECIAIS DE SUBSTANTIVOS E ADJECTIVOS – EXPRESSÕES TEMPORAIS
Tal como em
todos os idiomas, no latim há também casos específicos para o uso de certas
palavras, formando expressões que nem sempre são encontradas nos dicionários.
Vejamos alguns exemplos.
SUBSTANTIVOS COMPOSTOS
Quando são
compostos de dois substantivos ambos no nominativo, os dois se declinam,
conforme o caso. Por exemplo, a palavra ‘respublica’ (res + publica),
declina-se ‘reipublicae’, ‘rempublicam’, … Quando, na composição, um deles está
no genitivo, declina-se só o que está no nominativo. Por exemplo:
iurisconsultus (iuris + consultus, sendo iuris = genitivo e consultus = nominativo),
declina-se iurisconsulti, iurisconsultum, iurisconsultu…. Assim também
agricultura (agri + cultura), legislator (legis + lator = portador da lei).
SUBSTANTIVOS E ADJECTIVOS INDECLINÁVEIS
fas (lícito) –
nefas (ilícito)
nihil (nada)
instar
(semelhança)
mane (manhã)
nequam (mau,
inútil)
tot (tantos),
quot (quantos), aliquot (alguns)
numerais de 4
até 200
EXPRESSÕES RELACIONADAS COM PERÍODOS DO DIA
Mane erat – Era
de manhã.
Summo mane (ou
Primo mane) – De manhã bem cedo.
Hodie mane (ou
hodieno mane) – Hoje de manhã.
Cras mane (ou
crastino mane) – Amanhã de manhã.
Hesterno mane –
Ontem de manhã.
Postero mane –
Na manhã seguinte.
A mane ad
vesperum – De manhã à tarde.
Vesperi – De
tarde.
Heri vesperi –
Ontem de tarde.
SUBSTANTIVOS DEFECTIVOS
São aqueles que
não existem em todos os casos, mas só em situações especiais.
Exemplos:
‘Preces’ só se
declina no plural; no singular, só tem o ablativo ‘prece’.
‘Verbera’ só se
declina no plural; no singular, só tem o ablativo ‘verbere’ (açoite).
Sponte sua (por
sua livre vontade) só existe no ablativo singular. Assim também ‘sponte mea’,
‘sponte nostra’, ‘sponte vestra’.
Rogatu meo (a
meu pedido), Invitatu tuo (a teu convite), Iussu meo (por minha ordem), Iniusso
suo (sem ordem dele) usa-se só no ablativo singular.
Rogatu patris
(a pedido do pai), Invitatu amici (a convite do amigo), Iussu regis (por ordem
do rei), Rogatu populi (a pedido do povo) usa-se o ablativo singular associado
a um genitivo.
Noctu – de
noite, Diu – de dia só têm estas formas.
EXPRESSÕES DE DATA E HORA
Para expressar
datas e horas, usam-se os numerais ordinais.
Exemplos:
Quot hora est?
(Que horas são?)
Nona hora est.
(São nove horas.)
Quot hora? (A
que horas?)
Hora quarta
(ou) Hora sexta (Às quatro horas – às seis horas)
Anno millesimo
nongentesimo nonagesimo nono (em 1999).
Anno bis
millesimo (no ano 2000)
Anno bis
millesimo primo (no ano 2001)
Anno bis
millesimo secundo) no ano 2002)
Quinto quoque
anno (de cinco em cinco anos) – Usa-se a palavra ‘quoque’ = também pare
exprimir regularidade.
Decimo quoque
mense (de dez em dez meses)
Septimo quoque
die (de sete em sete dias).
12. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS
VERBOS EM LATIM – parte I
LIÇÃO VIRTUAL N. 12
1.
Considerações gerais.
Os
verbos constituem a classe gramatical mais difícil do latim, pela sua imensa variedade
e, principalmente, pela sua enorme versatilidade. Além de terem uma conjugação
mais vasta do que em português, chegam a assumir diversos modos excepcionais, o
que torna imprescindível o uso do dicionário e da gramática, para a sua
tradução e conjugação.
Uma
característica importante é que não se usam os pronomes pessoais antes dos
verbos, a não ser raramente, para enfatizar. Devido à sua conjugação assumir
uma desinência diferente para cada pessoa verbal, torna-se desnecessária a
indicação do pronome pessoal.
Os
verbos em latim podem ser (como também em português) transitivos ou
intransitivos, conforme a sua necessidade ou não de objectos para a
complementação do sentido. É importante sempre lembrar que a regência dos verbos
em latim nem sempre corresponde ao seu correspondente em português. Ou seja, um
verbo pode ser transitivo directo em latim e pode não ser assim em português, e
vice-versa.
2.
Vozes do verbo
O
latim tem três formas verbais de conjugação (vozes do verbo): activa, passiva e
depoente. Em português, só há as duas primeiras. A forma depoente é uma
característica do latim e se configura pelo uso da forma verbal na voz passiva,
no entanto, com o significado de voz activa.
Explicando
melhor, exemplificando com o verbo ‘laudare’ (louvar). Na voz activa, a
primeira pessoa é ‘láudo’ (eu louvo); na voz passiva, a primeira pessoa é
‘láudor’ (sou louvado). [OBS: O acento é
apenas representativo da pronúncia.] Como se vê, na voz passiva
acrescenta-se um ‘r’ à primeira pessoa. Mas há, por exemplo, o verbo ‘lóquor’,
que pela forma está escrito na voz passiva, porém significa ‘eu falo’, na voz activa.
Este é um verbo depoente. Conforme se disse, para conhecer as formas dos
verbos, é indispensável o uso do dicionário. Não há regra para isto nem há como
memorizar todos os casos.
3.
Conjugações
A
língua latina tem quatro conjugações verbais, que se distinguem pela terminação
do infinitivo:
1ª
conjugação – verbos terminados em ‘are’;
2ª
conjugação – verbos terminados em ‘ére’
(‘e’ tónico);
3ª
conjugação – verbos terminados em ‘ere’
(‘e’ átono);
4ª
conjugação – verbos teminados em ‘ire’.
Exemplos:
1ª
conjugação: amare (amar), ambulare (andar), laborare (trabalhar), obtemperare
(obedecer), vulnerare (ferir), æstimare (apreciar);
2ª
conjugação: monére (avisar); adhibére (usar); cohibére (reprimir); habére
(ter); merére (merecer); placére (agradar); tacére (calar); prohibére
(proibir);
3ª
conjugação: légere (ler); deféndere (defender); dícere (dizer); accéndere
(subir); statúere (estabelecer); dúcere (conduzir); tóllere (tomar);
4ª
conjugação: audire (ouvir); custodire (guardar); dormire (dormir); erudire
(ensinar); impedire (impedir); munire (fortificar); nutrire (alimentar).
4.
Notações gramaticais
Tendo
em vista que os verbos em latim assumem grande versatilidade nas formas,
costuma-se citar um verbo mencionando as suas formas básicas, que são: primeira
e segunda pessoa do singular do presente, primeira pessoa singular do pretérito
perfeito, supino e infinitivo. É assim que comumente estes se encontram nos
dicionários. Ao verificar estas formas, percebe-se logo se o verbo é regular ou
irregular, bem como orienta-se a sua conjugação, conforme será explicado
posteriormente.
Exemplo
1: o verbo ‘laudare’ (louvar) encontra-se no dicionário assim:
Laudo
[1ª pes. Sing. Pres.), laudas [2ª pes. Sing. Pres.], laudavi [1ª pes. Sing.
Pret. Perf.], laudatum [supino, assemelha-se ao particípio passado], laudare
[infinitivo]. Percebe-se que é um verbo regular, porque conserva as formas
padronizadas da 1ª conjugação (‘avi’ no pret.perf. e ‘atum’ no supino).
Exemplo
2: o verbo ‘monére’ (avisar) encontra-se assim:
Móneo,
mónes, mónui, mónitum, monére – também é regular, pois conserva o padrão da 2ª
conjugação (‘ui’ no pret.perf. e ‘itum’ no supino).
Exemplo
3: o verbo ‘dare’ (dar) encontra-se assim:
Do,
das, dédi, datum, dare – é um verbo irregular, pois não conserva o padrão ‘avi’
no pret.perf. como os verbos
regulares da primeira conjugação (terminação ‘are’).
Exemplo
4: o verbo ‘manére’ (permanecer) encontra-se assim:
Máneo,
mánes, mánsi, mánsum, manére – é um verbo irregular, pois não conserva o padrão
‘ui’-‘itum’ da 2ª conj.
5.
Dicas
Ao
consultar um verbo no dicionário, deve-se pesquisar pela primeira pessoa do
presente, pois é assim que eles aparecem. Não seguir o padrão dos dicionários
de português, que colocam o verbo no infinitivo. Ex: o verbo ‘investigare’
(investigar) deve ser procurado no dicionário latino pela sua primeira pessoa,
ou seja, ‘investigo’.
A
terceira conjugação tem a maioria dos verbos irregulares. É impossível
estabelecer um parâmetro comum. Alguns destes verbos passam para formas tão
diferentes nos tempos verbais que os bons dicionários colocam até estas formas,
a fim de orientar os estudantes.
LIÇÃO VIRTUAL N. 13
CONSIDERAÇÕES
SOBRE OS VERBOS EM LATIM (PARTE 2)
1.
Tempos primitivos
A
consulta dos verbos no dicionário deve ser feita pela primeira pessoa do
singular, conforme dito antes. Associados a ela encontramos os tempos
primitivos do verbo, pelos quais é possível verificar se o verbo tem conjugação
regular ou irregular e ainda é possível compor os seus diversos tempos
conjugáveis.
Por
exemplo: o verbo ‘laborare’ (trabalhar) aparece na seguinte sequência:
laboro,
as, avi, atum, are. Isto significa que:
1.ª
pessoa do presente do indicativo = laboro;
2.ª
pessoa do presente do indicativo = laboras;
1.ª
pessoa do pretérito perfeito do indicativo = laboravi;
supino
= laboratum
infinitivo
= laborare.
Trata-se
de um verbo regular da primeira conjugação. Aliás, os verbos da primeira
conjugação, na sua grande maioria, são de conjugação regular.
Outro
exemplo:
Compare
o verbo ‘respondere’ (responder), que fica assim:
respondeo,
es, respondi, responsum, respondere
com o
verbo ‘eligere’ (eleger, escolher) está assim: eligo, is, elegi, electum,
eligere.
Observa-se
que:
a)
são verbos irregulares, porque alteram os radicais (respond- e elig-) nos
tempos primitivos;
b) o
verbo ‘respondere’ é da segunda conjugação pois tem a segunda pessoa do
presente do indicativo em ‘es’;
c) o
verbo ‘eligere’ é da terceira conjugação, pois faz a segunda pessoa em ‘is’;
d)
assim sendo, o verbo ‘respondére’ é paroxítono e o verbo ‘elígere’ é proparoxítono
(terminação verbal tónica na 2.ª conjugação e átona na 3.ª);
e) a
maioria dos verbos de conjugação irregular encontra-se na 2.ª e na 3.ª
conjugações.
2.
Derivação a partir dos tempos primitivos
Os
demais tempos verbais derivam dos tempos primitivos, do seguinte modo:
a) do
radical do presente do indicativo derivam: o imperfeito, o futuro do presente e
o gerúndio;
b) do
radical do pretérito perfeito derivam: os mais que perfeitos do indicativo e do
subjuntivo;
c) do
radical do supino derivam: todos os tempos compostos passivos.
d) O
radical do infinitivo identifica a qual conjugação o verbo pertence.
Exemplos:
Exemplifiquemos
o verbo ‘eligere’:
Presente
do indicativo: eligo, eligis, eligit, eligimus, eligitis, eligunt;
derivações
–
imperfeito
indicativo (eligebam, eligebas, eligebat, eligebamus, eligebatis, eligebant);
imperfeito
subjuntivo (eligam, eligas, eligat, eligamus, eligatis, eligant);
futuro
do presente (eligam, eligas, eligat, eligamus, eligatis, eligant).
Pretérito
perfeito indicativo: elegi, elegisti, elegit, elegimus, elegitis, elegerunt;
derivações
–
mais
que perfeito indicativo (elegeram, elegeras, elegerat, elegeramus, elegeratis,
elegerant);
mais
que perfeito subjuntivo (elegissem, elegisses, elegisset, elegissemus, elegissetis,
elegissent).
Supino:
electum;
derivações
:
electus
sum (eu fui eleito), electus eram (eu fora eleito); electus sim (eu tenha sido
eleito).
OBS:
Nos tempos compostos, conjuga-se com o auxílio do verbo ‘esse’ (ser).
Este
paradigma é apenas para ilustrar o que se disse acima. O desenvolvimento deste
assunto passa a ser muito complexo para os limites a que nos propomos nestas
simplificadas anotações. A sua visualização numa tabela é bem mais intuitiva.
LIÇÃO VIRTUAL N. 14
14.
O MODO SUBJUNTIVO DOS VERBOS
No
modo indicativo, os verbos exprimem a acção ou o estado do sujeito de forma
directa. No modo subjuntivo, os verbos designam esta acção ou estado de forma
indirecta. Desta forma, o presente do subjuntivo pode expressar um desejo ou
exprimir uma exortação; o imperfeito do subjuntivo assinala uma condição.
O
subjuntivo dos verbos, em português e em latim, é regido geralmente por uma
preposição. Por exemplo: UT – que, para que, a fim de que; pode também vir
acompanhado de uma interjeição, por exemplo, UTINAM – oxalá, quando se trata de
expressões positivas. Usa-se NE (que não, para que não) quando se trata de uma
expressão negativa.
Observemos
o exemplo do verbo ESSE (SER, ESTAR). No modo subjuntivo, temos:
PRESENTE
IMPERFEITO: Sim
(seja) Essem (estivesse); Sis (sejas) Esses (estivesses); Sit (seja) Esset
(estivesse); Simus (sejamos) Essemus (estivessemos); Sitis (sejais) Essetis
(estivésseis); Sint (sejam) Essent (estivessem)
a)
O SUBJUNTIVO ENQUANTO DESEJO, OU SUBJUNTIVO OPTATIVO
Exemplos:
Ut
felix sim. – Para que eu seja feliz.
Ut
felices simus. – Para que sejamos felizes.
Utinam
felix sis. – Oxalá, sejas feliz.
Ne
ægrotus sim. – Que eu não fique doente.
Ignavi
ne simus. – Para que não sejamos covardes.
b)
O SUBJUNTIVO ENQUANTO EXORTAÇÃO
Exemplos:
Amici,
læti simus. – Amigos, sejamos alegres.
Milites,
ignavi ne sitis. – Soldados, não sejais covardes.
Discipuli,
ne piger, sed seduli sitis. – Alunos, não sejais preguiçosos, mas diligentes.
c)
O SUBJUNTIVO ENQUANTO CONDIÇÃO
OBS:
No latim, o futuro condicional ou futuro do pretérito se confunde com o
imperfeito do subjuntivo, portanto, ‘essem’ significa tanto ‘eu estivesse’ como
‘eu estaria’, ‘eu fosse’ ou ‘eu seria’.
Exemplos:
Contentus
essem si Maria sana esset. – Seria (ficaria) contente se Maria estivesse sã.
Magistri
contenti essent se discipuli seduli essent. – Os mestres seriam (ficariam)
felizes se os alunos fossem aplicados.
Si
semper diligenti essetis, patres vestri læti essent. – Se vós sempre fosseis
diligentes, vossos pais ficariam alegres.
Puer
orat ut pater ejus mox sanus sit. – O menino ora para que o pai dele em breve
esteja são.
d)
O MODO SUBJUNTIVO NAS QUATRO CONJUGAÇÕES
1ª.
CONJUGAÇÃO – ‘ARE’
PRESENTE
IMPERFEITO / CONDICIONAL: Amem (eu ame) Amarem (eu amasse ou amaria); Ames (tu
ames) Amares (tu amasses ou amarias); Amet (ele/ela ame) Amaret (ele/ela amasse
ou amaria); Amemus (nós amemos) Amaremus (nós amássemos ou amaríamos); Ametis
(vós ameis) Amaretis (vós amásseis ou amaríeis); Ament (eles/elas amem) Amarent
(eles/elas amassem ou amariam)
2ª.
CONJUGAÇÃO – ‘ERE’ (longo)
PRESENTE
IMPERFEITO / CONDICIONAL: Moneam (eu avise) Monerem (eu avisasse ou avisaria); Moneas
(tu avises) Moneres (tu avisasses ou avisarias); Moneat Moneret ;Moneamus Moneremus;
Moneatis Moneretis; MoneantMonerent
3a.
CONJUGAÇÃO – ‘ERE’ (breve)
PRESENTE
IMPERFEITO / CONDICIONAL: Legam (eu leia) Legerem (eu lesse ou leria); Legas (tu
leias) Legeres (tu lesses ou lerias); Legat Legeret; Legamus Legeremus; Legatis
Legeretis; Legant Legerent
4a.
CONJUGAÇÃO – ‘IRE’
PRESENTE
IMPERFEITO / CONDICIONAL: Audiam (eu ouça) Audirem (eu ouvisse ou ouviria); Audias
(tu ouças) Audires (tu ouvisses ou ouvirias); Audiat Audiret; Audiamus Audiremus;
Audiatis Audiretis; Audiant Audirent.
Alguns
exemplos:
Patrem
et matrem amemus. – Amemos pai e mãe.
Deus
dixit ut amaremus patrem et matrem. – Deus disse que amássemos pai e mãe.
Puer
secat alas avium ne volent. – O menino corta as asas das aves para que não
voem.
Utinam
hodie vocem ejus audiatis… – Oxalá, hoje ouçais a voz dele…
…Ut
dirigat pedes nostros in viam pacis. – … Para que dirija os nossos pés no
caminho da paz.
LIÇÃO VIRTUAL N. 15
15.
EXPLICAÇÕES GERAIS SOBRE OS ADJECTIVOS NA LÍNGUA LATINA
ADJECTIVOS
DE PRIMEIRA CLASSE E DE SEGUNDA CLASSE
Os
adjectivos em latim são divididos em duas classes, para fins de enquadramento
nas declinações. Assim, os adjectivos que seguem as duas primeiras declinações,
ou seja, a forma feminina segue a primeira declinação e as formas masculina e
neutra seguem a segunda, são considerados adjectivos da primeira classe.
Exemplos
de adjectivos da 1ª. classe:
Bonus,
bona, bonum – bom, boa; (bona segue a 1ª. declinação; bonus e bonum seguem a 2ª.)
Pulcher,
pulchra, pulchrum – belo, bela;
Dignus,
a, um – digno, digna;
Jucundus,
a, um – alegre;
Liber,
libera, liberum – livre;
Os
adjectivos que seguem a terceira declinação em todas as suas formas são considerados
de segunda classe. Estes adjectivos podem ser uniformes, biformes ou triformes,
dependendo de terem uma única forma para todos os géneros, ou de terem a mesma
forma para o masculino e o feminino e uma outra forma para o neutro ou então
terem uma forma para cada género.
Exemplos
de adjectivos uniformes:
Sapiens,
sapientis – sábio;
Velox,
velocis – veloz – assumem a mesma forma no masculino, no feminino e no neutro;
Exemplos
de adjectivos biformes:
Communis,
commune – comum; (a primeira forma corresponde ao masculino e feminino; a outra
é o neutro)
civilis,
civile – civil;
Omnis,
omne – todo, toda.
Exemplos
de adjectivos triformes:
Celeber,
celebris, celebre – célebre, famoso; (masculino, feminino e neutro)
Terrester,
terrestris, terrestre – terrestre.
CASOS
ESPECIAIS
1 –
Os particípios presentes dos verbos em latim terminam sempre em ‘ns’ e são
conjugados como adjectivos de segunda classe, seguindo a terceira declinação.
Exemplos:
Docens,
docentis – docente, aquele que ensina;
Discens,
discentis – discente, aquele que aprende;
Laborans,
laborantis – aquele que trabalha, o trabalhador;
Dicens,
dicentis – dizente, aquele que diz;
Dormiens,
dormientis – aquele que dorme.
2 –
Quase sempre, os adjectivos desta classe são empregados também como
substantivos.
3 –
Ao adjectivo empregue na forma neutra plural, desacompanhado de substantivo, na
tradução para o português, é necessário acrescentar a palavra ‘coisa’, que em
latim fica subentendida.
Exemplos:
Omnia
viventia – todas (as coisas) vivas (seres vivos);
Bona
iuvant. – (as coisas) boas agradam;
Mirabilia
laudo semper. – Louvo sempre (as coisas) admiráveis.
LIÇÃO VIRTUAL N. 16
16.
GRAUS DOS ADJECTIVOS NA LÍNGUA LATINA
Os
adjectivos em latim admitem três graus: o normal, o comparativo e o
superlativo, da mesma forma como se usa na língua portuguesa. A diferença está
no seguinte facto: em português, ao mudar de grau, o adjectivo em geral não
muda de forma, recebendo apenas algumas palavras complementares.
Exemplos
dos graus dos adjectivos:
Grau
normal: O filósofo é sábio.
Grau
comparativo: O filósofo é mais sábio do que o agricultor.
Grau
superlativo: O filósofo é o mais sábio de todos os homens.
Conforme
se observa, o adjectivo ‘sábio’ não sofreu nenhuma alteração mórfica, recebendo
o acréscimo do advérbio ‘mais’ para indicar a mudança de grau. Em latim, porém,
o próprio adjectivo sofrerá modificações.
FORMAÇÃO
DO GRAU COMPARATIVO EM LATIM
A
passagem dos adjectivos para o grau comparativo em latim se faz com o acréscimo
do sufixo ‘IOR’ para o marculino e feminino, e ‘IUS” para o neutro. O
procedimento para adicionar este sufixo é o mesmo adoptado para mudança das
desinências nas declinações dos diversos casos, conforme já foi explicado
anteriormente, ou seja, encontra-se o radical da palavra no genitivo singular e
acrescenta-se a terminação ‘ior’ ou ‘ius’, de acordo com o caso.
Exemplos:
O
adjectivo ‘pulcher, pulchra, pulchrum’ (belo, bela) segue a segunda declinação
(pulcher, pulchri).
No
caso do grau comparativo (mais belo, mais bela), torna-se ‘pulchrior’
(masculino e feminino) e ‘pulchrius’ (neutro).
O
adjectivo ‘jucundus, a, um’ (alegre) segue a segunda declinação (jucundus,
jucundi).
Para
formar o grau comparativo (mais alegre) transforma-se em ‘jucundior’.
O
adjectivo ‘sapiens’ (sábio, sábia) segue a terceira declinação (sapiens,
sapientis).
Na
formação do grau comparativo fica ‘sapientior’ (mais sábio).
FORMAÇÃO
DO GRAU SUPERLATIVO EM LATIM
Os
adjectivos são lançados no grau superlativo com o acréscimo da terminação
‘issimus, issima, issimum’, para o masculino, feminino e neutro,
respectivamente. Em português, admitem-se duas modalidades do grau superlativo:
o sintético (felicíssimo) e analítico (o mais feliz); porém, em latim, os adjectivos
no grau superlativo têm sempre a forma sintética.
Exemplos:
Gravis
– gravissimus, gravissima, gravissimum (masculino, feminino e neutro).
Jucundus
– jucundissimus, jucundissima, jucundissimum.
Sapiens
– sapientissimus, sapientissima, sapientissimum.
Outros
exemplos de graus comparativo e superlativo:
Velox,
velocis (veloz) – velocior (comparativo) – velocissimus (superlativo).
Celeber,
celebris (célebre, famoso) – celebrior (comparativo) – celebrissimus
(superlativo).
Nobilis,
nobilis (nobre) – nobilior (comparativo) – nobilissimus (superlativo).
Felix,
felicis (feliz) – felicior (comparativo) – felicissimus (superlativo)
Sanctus,
sancti (santo) – sanctior (comparativo) – sanctissimus (superlativo).
CASOS
ESPECIAIS
1 –
Os adjectivos terminados em ‘er’ no masculino, adoptam a terminação ‘errimus’
em vez de ‘issimus’ no superlativo.
Exemplos:
Pulcher
– pulchrior (comparativo) – pulcherrimus (superlativo).
Niger
– nigrior (comparativo) – nigerrimus (superlativo).
2.
Alguns adjectivos terminados em ‘ilis’ fazem o superlativo com ‘limus’.
Exemplos:
Facilis,
facilis (fácil) – facilior (comparativo) – facillimus (superlativo). OBS: dobra
a letra ‘L’.
Humilis,
humilis (humilde) – humilior (comparativo) – humillimus (superlativo).
3.
Alguns adjectivos têm formação irregular dos graus comparativo e superlativo,
tal e qual em português.
Exemplos:
Bonus
(bom) – melior (melhor) – optimus (óptimo).
Malus
(mau) – pejor (pior) – pessimus (péssimo).
Magnus
(grande) – major (maior) – maximus (máximo).
Parvus
(pequeno) – minor (menor) – minimus (mínimo).
4. O
latim é um idioma pródigo em excepções, isto ocorre também na formação dos
graus dos adjectivos. Portanto, além dos casos especiais citados, há ainda
diversos outros que podem ser encontrados nas boas gramáticas e que deixam de
ser mencionados aqui em virtude da própria natureza elementar destes
apontamentos.
APLICAÇÃO
PRÁTICA DOS GRAUS DOS ADJECTIVOS NA CONSTRUÇÃO DE FRASES
1ª.
situação: comparação entre duas pessoas. Neste caso, usa-se a conjunção
comparativa ‘quam’, colocando-se a segunda palavra no mesmo caso da primeira.
Exemplos:
Pedro
é mais sábio do que o irmão. – Petrus est sapientior quam frater.
O
filho é mais rico do que o pai. – Filius est divitior quam pater.
2ª. situação:
comparação entre duas qualidades. Neste caso, usa também a conjunção ‘quam’ e a
segunda qualidade também fica no comparativo.
Exemplo:
Pedro
é mais sábio do que rico. – Petrus est sapientior quam divitior.
3ª.
situação: superlativo relativo. Quando o superlativo também se refere a outras
pessoas ou qualidades, o segundo termo pode ir para o genitivo ou para o
ablativo com ‘ex’ ou para o acusativo com ‘inter’.
Exemplo:
Francisco
é o mais humilde dos homens. A tradução pode ser:
Franciscus
est humillimus hominum. (hominum – genitivo plural de homo, hominis).
Franciscus
est humillimus ex hominibus. (hominibus – ablativo plural de homo, hominis).
Franciscus
est humillimus inter homines. (homines – acusativo plural de homo, hominis).
LIÇÃO N. 17 (FINAL)
EXEMPLOS
E EXERCÍCIOS
Do
que já apresentamos até aqui, conclui-se que o “caso” indica a função sintática
da palavra na frase. Vejamos alguns exemplos. Analisemos a frase seguinte:
AQUILA
VOLAT. (pronúncia: áquila vólat), Teremos:
aquila,
ae – substantivo da 1ª. Declinação (águia)
volat
– 3ª pessoa singular do verbo “volare” (voar).
Tradução:
A
ÁGUIA VOA. Note que, em latim, não há artigos, mas na tradução deve-se colocar.
No caso, poderia ser também UMA ÁGUIA VOA, mas em algumas situações não se pode
trocar o artigo sem causar algum conflito.
Agora,
uma pergunta clássica: quem voa? Resposta: a águia, portanto, águia é sujeito e
sendo sujeito, fica no caso nominativo.
Outro
exemplo: AQUILAM HABEO. (pronúncia: áquilam hábeo), Teremos:
aquila,
ae – substantivo da 1ª. Declinação (águia)
habeo
– 1ª pessoa singular do verbo “habere” (ter). Tradução:
Eu
tenho a águia (ou uma águia).
Agora,
vamos às perguntas: 1. Quem tem a águia? Resposta: eu (sujeito oculto); 2. O
que eu tenho? Resposta: A águia (uma águia) (objecto directo do verbo ter).
Portanto, sendo águia objecto directo, vai para o caso acusativo, mudando a sua
desinência ou terminação para “aquilam”.
Mais
um exemplo: ALA AQUILÆ (= ALA AQUILAE) (pronúncia: ála áquileh). Colocou-se este
‘h’ no final para lembrar que o ‘e’ não deve ser pronunciado como ‘i’. Teremos:
aquila,
ae (explicado acima)
ala,
ae – substantivo da 1ª. Declinação (asa).
Tradução:
A ASA
DA ÁGUIA. A expressão “da águia” é um complemento restritivo de “asa”, regido
pela preposição “de”. Por isso, fica no caso genitivo (aquilae), enquanto “ala”
permanece no caso nominativo (forma original).
Examine
agora a seguinte frase:
ALAM
AQUILAE VIDEO. (pronúncia: álam áquileh vídeo).
Sendo
“video” a 1ª pessoa singular do verbo “videre” (ver), diremos que a tradução
será:
EU
VEJO A ASA DA ÁGUIA. Por que? Vamos às perguntas clássicas:
pergunta
1 – Quem vê? Resposta: Eu (sujeito oculto);
pergunta
2 – O que eu vejo? Resposta: A asa (objeto direto);
pergunta
3 – Asa de quem? Resposta: Da águia (complemento restritivo);
Portanto:
eu –
sujeito oculto, pode até ser omitido na tradução;
asa –
objecto direto, vai para o caso acusativo (alam);
da
águia – complemento restritivo, vai para o caso genitivo (aquilae)
A
título de fixação, proponho os seguintes exercícios inspirados nos exemplos
acima:
Faça
a tradução e a análise sintática das frases seguintes:
Habeo
mensam et cathedram.
Rosa
pulchra est.
Puella
habet rosam pulchram.
Video
puellam et rosam.
Avia
puellae cantat.
Puella
dat rosam aviae.
Historia
magistra vitæ est.
Glossário
auxiliar:
Substantivos
– mensa (mesa), cathedra (cadeira), pulchra (bela), puella (garota), avia
(avó), magistra (mestra);
Verbos
– est (é), habet (tem), cantat (canta), dat (dá).
FONTE: “mutatis mutandis” (adaptado e
coligido com as devidas alterações e de acordo com o português europeu anterior
ao AO1990): http://cursodelatim.wordpress.com
Um grande
número de livros-texto com respostas, disponível in:
B.L. D'Ooge, Latin for
Beginners + answer key
Sugestões de
textos de fácil leitura:
Gramáticas e dicionários (sugestão):
MIRANDA, Manuel Francisco de, Gramática
Latina, Depósito do Seminário de Braga, 1962 (8.ª ed.).
FERREIRA, António Gomes, Dicionário de
Latim-Português, Porto Editora (várias edições, várias datas)
|
Estudos:
ALARCÃO, J., “Portugal romano”. Lisboa, Verbo, 1973.
ALARCÃO, J., “O domínio romano em Portugal”. Mem Martins, Europa-América, 1988.
CLIMENT, Mariano Bassols de, “Sintaxis Latina”, 2 vols, Madrid,
CSIC, 1956 [811.124'367 Bas, M 1-CC e 2-CC]
CLIMENT, Mariano Bassols de, “Fonetica Latina”, Madrid, CSIC, 1962
[811.124'34 Bas, M-CC]
ERNOUT, A., “Morphologie historique du latin”. Paris,
Klincksieck, 1953 [811.124’366 ERN, A-CC]
FABIÃO, CARLOS, “A romanização do actual território
português”, in MATOSO, José (dir.), “História
de Portugal”, Lisboa, Círculo de Leitores, 1992, vol. 1, 203-299.
PALMER, L. R., “The Latin language”.
London, Faber & Faber, 1966R [811.124 Pal, L-CC]
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TºIT
TITO C
TITO COLAÇO
VI ___ IX ___ MMXIV
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