Amor et potestas impaciens consortis
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O amor nunca
se ajusta.
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Pode tratar as palestras que temos tido como uma troca de ideias,
como um processo de aceitar novas ideias e descartar antigas, ou como um
processo de negar novas ideias e se prender às antigas.
Nós não estamos
absolutamente a tratar de ideias. Estamos a tratar de factos.
E quando se está
interessado em factos, não existe ajustamento, ou o aceita ou o nega.
Ou pode dizer, “Não gosto dessas ideias, prefiro as antigas, vou viver na
minha própria confusão” ou pode seguir com o facto.
Não pode entrar num
acordo, não se pode ajustar. Destruição não é ajustamento.
Ajustar-se, dizer,
“Eu devo ser menos ambicioso, não tão invejoso”, não é destruição.
E a pessoa
deve, certamente, ver a verdade que ambição, inveja, é feia, estúpida, e a
pessoa deve destruir todos estes absurdos.
O amor nunca se ajusta.
Apenas o desejo, o medo, a esperança se ajustam.
É por isso que o amor é uma coisa destrutiva,
porque ele se recusa a adaptar-se ou a se conformar num padrão.
Então,
começamos a descobrir que quando há a destruição de toda a autoridade que o homem
criou para si mesmo no seu desejo de estar seguro interiormente, então há
criação.
Destruição é criação.
Assim, se abandonou ideias, e não está a se
ajustar ao seu próprio padrão de existência, ou a um novo padrão que pensa que o orador está a criar , se chegou tão longe , verá que o cérebro
pode, e deve, funcionar só em relação a coisas externas, responder só a
demandas externas, daí o cérebro ficar completamente quieto.
Isto significa que
a autoridade da experiência dele chegou ao fim, e, assim, ele é incapaz de criar
ilusão.
E para descobrir o que é verdade, é essencial que o poder de criar
ilusão sob qualquer forma chegue ao fim.
E o poder de criar ilusão é o poder do
desejo, o poder da ambição, de querer ser aquilo e não ser isso.
Assim o
cérebro deve funcionar neste mundo com razão, com sensatez, com clareza, mas
internamente deve estar completamente quieto.
É-nos dito pelos biólogos
que se passaram milhões de anos até o cérebro chegar ao estágio actual, e que se
passarão milhões de anos para se desenvolver mais. Ora, a mente religiosa não
depende do tempo para o seu desenvolvimento.
Gostaria que acompanhasse isto.
O que quero transmitir, é que quando o cérebro, que deve funcionar com as suas
respostas na existência externa, se torna quieto internamente, então não há
mais o mecanismo de acumular experiência e conhecimento, e portanto,
internamente ele está completamente quieto mas totalmente vivo, e então pode saltar o "milhão de anos".
J. Krishnamurti
Saanen 9th Public Talk 13th August 1961
TITO COLAÇO
XIV ___ IX ___ MMXIV
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