No início, tudo era desordem, o
universo estava imergido em trevas, pois o Caos, o único deus, que
existia desde sempre, reinava sobre o nada, sozinho.
Não se sabe ao certo se na
GAIA mitologia assim o diz, mas um dia, parece que Caos cansou-se de ser um solitário, e
decide criar o mundo.
Então, começou por criar Gaia, que
pode ser considerada como a Mãe Terra, cheia de força vital.
A seguir, foi
criado Eros para ser a divindade do amor.
Por fim, o deus Caos decidiu criar o
Tártaro, que nada mais era do que uma espécie de localidade, mais precisamente, o
inferno grego.
O reino do Tártaro localizava-se perto do centro da Terra, mas ficava muito longe da superfície, assim como a
Terra é distante do céu. Para se ter uma ideia, uma bala de canhão, lançada da
Terra, demoraria nada mais do que nove dias completos para atingir o chão do
Tártaro.
No coração tartárico, existe o palácio da Noite que é envolvido por
nuvens negras e é onde a Noite fica durante o dia.
Depois de algum tempo, Gaia criou
Urano, que viria a ser a representação do céu e que seria também o amante de
Gaia.
No entanto, Caos, Gaia,
Tártaro e Eros eram como forças da natureza que estavam misturadas entre si,
sem que houvesse um espaço certo para cada uma delas, e daí surgiu o espaço-tempo.
Urano, então, tem diversos filhos com
Gaia, as mulheres eram as Titânidas e os homens os Titãs, sendo que o mais
importante deles era Cronos. Todos tinham uma força descomunal e sobre-humana e uma beleza incrível. Como nasceram entre Tártaro e as
profundidades de Gaia, os Titãs eram tidos como amedrontadores, violentos e
sempre fascinantes.
Como estes, nasceram de Urano e
Gaia, três Ciclopes que eram iguais aos titãs, mas que tinham apenas um olho no
meio da testa e que possuíam domínios sobre os elementos que seriam a origem
dos poderes de Zeus: o raio, o relâmpago e o trovão.
O facto é que Urano não gosta de nenhum
dos seus filhos, e isso porque teme que um deles fique não só com o seu lugar de soberano, mas também com Gaia. Por isso, Urano lacra-os nas profundezas do
Tártaro, no ventre de Gaia, e isso faz com que os seus filhos e até mesmo Gaia
planeiem se vingar dele, pois Gaia não aguentava mais ter tantos filhos dentro
de si.
Cronos, então propõe que a sua mãe
fizesse um podão, uma espécie de tesoura, que seria usada para cortar a
genitália do pai.
O plano é posto em prática e depois que Cronos corta Urano, o
sangue do seu pai se espalha pelo mundo e dá origem a diversas divindades.
As primeiras foram Aleto, Tisífone e
Megera, que representam o ódio, a vingança e a discórdia, mas por incrível que
pareça, na mitologia estas possuem até um bom papel, pois vingavam os crimes
familiares e aqueles cometidos contra a hospitalidade, entre outros.
Depois, nasceu a deusa Afrodite,
personificação da beleza e do amor, mas que é capaz de tudo para impressionar a
pessoa que deseja, inclusive mentir. Nasceram ainda muitas criaturas temíveis,
como os gigantes.
Por causa do crime
cometido e da dor sentida, Urano separa-se de Gaia e dá lugar ao espaço, e com
isso, os seus filhos podem crescer e se desenvolver, facto que faz o tempo começar
a rodar. Cronos toma noção de que o tempo pode mudar uma situação, e por isso
decide, ao tomar o lugar de poder do pai, que a história não deveria ser
mudada, mas sim destruída.
Isso faz com que Cronos faça quase a mesma coisa que
Urano fez com os seus filhos, e decide matar a sua própria prole, comendo-os.
Só que felizmente, um deles consegue sobreviver: ZEUS!
Fonte: Adaptado in Grimal, Pierre.(1988)."A Mitologia Grega". Publicações Europa América, Mem Martins.
| A morte não é nada para nós |
Habitua-te a
pensar que a morte não é nada para nós, pois que o bem e o mal só existem na
sensação.
Donde se segue que um conhecimento exacto do facto de a morte não ser
nada para nós permite-nos usufruir esta vida mortal, evitando que lhe
atribuamos uma ideia de duração eterna e poupando-nos o pesar da imortalidade.
Pois nada há de temível na vida para quem compreendeu nada haver de temível no
facto de não viver.
É pois, tolo quem afirma temer a morte, não porque a sua
vinda seja temível, mas porque é temível esperá-la.
Tolice afligir-se com a
espera da morte, pois trata-se de algo que, uma vez vindo, não causa mal.
Assim, o mais espantoso de todos os males, a morte, não é nada para nós, pois
enquanto vivemos, ela não existe, e quando chega, não existimos mais.
Não há morte,
então, nem para os vivos nem para os mortos, porquanto para uns não existe, e
os outros não existem mais.
Mas o vulgo, ou a teme como o pior dos males, ou a
deseja como termo para os males da vida.
O sábio não teme a morte, a vida não
lhe é nenhum fardo, nem ele crê que seja um mal não mais existir.
Assim como
não é a abundância dos manjares, mas a sua qualidade, que nos delicia, assim
também não é a longa duração da vida, mas o seu encanto, que nos apraz.
Quanto
aos que aconselham os jovens a viverem bem, e os velhos a bem morrerem, são uns
ingénuos, não apenas porque a vida tem encanto mesmo para os velhos, como
porque o cuidado de viver bem e o de bem morrer constituem um único e mesmo
cuidado.
Epicuro
"A conduta na vida"
TITO COLAÇO
XXIX ___ IX ___ MMXIV
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