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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O miseras hominum mentes...










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O miseras hominum mentes...



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    A inutilidade de guerras e revoluções    


As guerras e as revoluções, há sempre uma ou outra em curso, chegam, na leitura dos seus efeitos, a causar não horror mas tédio. 
Não é a crueldade de todos aqueles mortos e feridos, o sacrifício de todos os que morrem batendo-se, ou são mortos sem que se batam, que pesa duramente na alma: é a estupidez que sacrifica vidas e haveres a qualquer coisa inevitavelmente inútil.
 Todos os ideais e todas as ambições são um desvairo de comadres homens. Não há império que valha que por ele se parta uma boneca de criança. 
Não há ideal que mereça o sacrifício de um comboio de lata. 
Que império é útil ou que ideal profícuo?Tudo é humanidade, e a humanidade é sempre a mesma, variável mas inaperfeiçoável, oscilante mas improgressiva. 
Perante o curso inimplorável das coisas, a vida que tivemos sem saber como e perderemos sem saber quando, o jogo de mil xadrezes que é a vida em comum e luta, o tédio de contemplar sem utilidade o que se não realiza nunca, que pode fazer o sábio senão pedir o repouso, o não ter que pensar em viver, pois basta ter que viver, um pouco de lugar ao sol e ao ar e ao menos o sonho de que há paz do lado de lá dos montes. 


Fernando Pessoa
"Livro do Desassossego" 


















































































































































































  TITO COLAÇO  
  IV ___ IX ___ MMXIV  











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