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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Consensus tollit errorem...












 

Consensus tollit errorem...

  

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  Conduta apropriada  

A maior parte das pessoas deixa-se irritar e exasperar pelos actos de negligência, não apenas de parentes e amigos como, inclusive, dos inimigos. Os ralhos, a irascibilidade, a inveja, a malevolência e o ciúme maligno são próprios, tão-somente, das pessoas infectadas por tais pestilências, que afligem e oprimem gente insensata, brigas de vizinhos, apatia de amigos, mau procedimento de funcionários no desempenho das suas obrigações, são instâncias disso. 
Coloca-te em lugar de destaque na lista das pessoas que abominam semelhante conduta, como os doutores em Sófocles, que "bile amarga com remédio amargo purgam", exibes indignação e exasperação para fazer parelha com as suas paixões e destemperos. 
Isto é ilógico. 
O negócio confiado à tua administração é realizado, em boa parte, não por pessoas de carácter recto e direito, como instrumentos apropriados à execução de um trabalho, mas por ferramentas tortas e defraudadas. 
Não imagines que seja de tua responsabilidade corrigi-las, ou que tal seja fácil de fazer. 
Mas se as usares de conformidade com o que são, do mesmo modo por que os médicos usam boticões ou pinças cirúrgicas, revestindo-te da calma e da moderação exigidas pela situação, o prazer que experimentarás com a tua sábia conduta será maior do que o teu vexame pela crueza e depravação dos outros.
Considerarás que estão apenas a agir de acordo com a sua natureza, como cães que latem, e não mais quererás concentrar uma massa de vexação num espírito impotente e mesquinho, à semelhança da borra que se vai acumulando numa pia rasa e vazia, e que te pode infectar com os pesares alheios. 
Certos filósofos chegam mesmo a censurar a piedade dispensada aos infortunados, argumentando que ajudar o próximo é caridade, mas partilhar da sua aflição e a ela render-se não o é. 

(...)




 Serenidade Míope 

Os homens comprazem-se com o brando som dos instrumentos musicais e com o canto dos pássaros; comprazem-se com o espectáculo dos animais a brincar e a divertirem-se, mas ficam aborrecidos se estes rosnam, bramem ou ficam irados. 
Mas quando vêem que as suas próprias vidas são carrancudas, taciturnas, opressas, e perturbadas por paixões intérminas e altamente nocivas, por preocupações e aborrecimentos, não encontram trégua nem alívio para si próprios; como o poderiam?
Não apenas isso, mas quando os outros os incitam a encontrá-los, não dão atenção nenhuma ao argumento cuja aceitação os capacitaria a tolerar o presente sem recriminação, a recordar o passado com gratidão e a enfrentar o futuro sem apreensão nem receio, mas com gaia e luminosa esperança. 



Plutarco
"Do contentamento"





































   O governo ordena: "Vai e mata, por amor à pátria!" Isso é amor? 
A religião preceitua: "Abandona o sexo, pelo amor de Deus". Isso é amor? 
O amor é desejo? Não digas que não. 
Para a maioria de nós, é; desejo acompanhado de prazer, prazer derivado dos sentidos, pelo apego e o preenchimento sexual. 
Não sou contrário ao sexo, mas vede o que ele implica. O que o sexo vos dá momentaneamente é o total abandono de vós mesmos, mas, depois, voltais à vossa agitação; por conseguinte, desejais a constante repetição desse estado livre de preocupação, de problema, do "eu". 
Dizeis que amais vossa esposa. Nesse amor está implicado o prazer sexual, o prazer de terdes uma pessoa em casa para cuidar dos filhos e cozinhar. Dependeis dela; ela vos deu o seu corpo, as suas emoções, os seus incentivos, um certo sentimento de segurança e bem-estar. Um dia, ela vos abandona; aborrece-se ou foge com outro homem, e eis destruído todo o vosso equilíbrio emocional; essa perturbação, de que não gostais, chama-se ciúme. 
Nele existe sofrimento, ansiedade, ódio e violência. 
Por conseguinte, o que realmente estais dizendo é: "Enquanto me pertences, eu te amo; mas, tão logo deixes de pertencer-me, começo a odiar-te. Enquanto posso contar contigo para a satisfação das minhas necessidades sociais e outras, amo-te, mas, tão logo deixes de atender a minhas necessidades, não gosto mais de ti". 
Há, pois, antagonismo entre ambos, há separação, e quando vos sentis separados um do outro, não há amor. 
Mas, se puderdes viver com a vossa esposa sem que o pensamento crie todos esses estados contraditórios, essas intermináveis contendas dentro de vós mesmos, talvez então - talvez - sabereis o que é o amor. Sereis então completamente livre, e ela também; ao passo que, se dela dependeis para os vossos prazeres, sois seu escravo. Portanto, quando uma pessoa ama, deve haver liberdade, a pessoa deve estar livre, não só da outra, mas também de si própria.   


   Jiddu Krishnamurti   















   TITO COLAÇO   
   XXII ___ IX ___ MMXIV   
















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