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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Aliud in ore, aliud in corde…








Aliud in ore, aliud in corde…









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Duas mulheres a carregar lenha
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Duas mulheres desciam pelo caminho carregando lenha na cabeça. 
Uma era idosa e a outra bem jovem, e os fardos que carregavam pareciam bastante pesados. 
Cada uma equilibrava sobre a cabeça, protegida por um rolo de tecido, um longo fardo de galhos secos amarrados com cipós verdes, que o mantinha no lugar com a ajuda de uma das mãos. 
Os seus corpos balançavam livremente enquanto elas desciam o morro com passos ligeiros. 
Elas nada tinham nos pés, embora o caminho fosse áspero. 
O pé parecia encontrar o seu caminho, pois as mulheres não olhavam para baixo, mantinham as suas cabeças erectas, os olhos injectados e distantes. 
Eram muito magras, com as costelas à mostra, e o cabelo da mulher mais velha estava embaraçado e sujo. 
O cabelo da garota deve ter sido penteado e untado recentemente, porque estava ainda um pouco limpo, com fios reluzentes, mas também estava cansada. 
E exalava exaustão. 
Não havia muito tempo que ela brincava e cantava com as outras crianças, mas isso tinha acabado. Agora a sua vida era juntar madeira nos morros, e seria até ela morrer, com um intervalo de vez em quando, com a chegada de um filho. 
Fomos descendo o caminho. 
A cidadezinha ficava a várias milhas distante, e lá venderiam os seus fardos por uma ninharia, só para começar amanhã outra vez. 
Elas conversavam, com longos intervalos de silêncio. 
De repente a mais jovem disse para a mãe que estava com fome, e a mãe respondeu que elas haviam nascido com fome, vivido com fome e morreriam com fome, esse era o destino delas. 
Era a afirmação de um facto, na voz dela não havia reprovação, nem raiva, nem esperança. 
Continuamos descendo o caminho pedroso.
Não havia observador a ouvir, penalizado, e andando atrás delas. Ele não era parte delas por amor e pena, ele era elas. 
Elas não eram os estranhos que ele havia encontrado na subida, elas eram dele, eram dele as mãos que carregavam os fardos, e o suor, a exaustão, o cheiro, a fome, não eram delas, para serem lamentados e compartilhados. 
O tempo e o espaço acabaram. 
Não havia pensamentos nas nossas cabeças, muito cansadas para pensar, e se pensamos, era para vender a madeira, comer, descansar e começar outra vez. 
O pé no caminho pedroso nunca se feria, nem o sol sobre a cabeça. Havia apenas dois de nós descendo aquele morro costumeiro, passando pelo poço onde bebemos como sempre e cruzando o leito seco do córrego que lembrávamos. 



J. Krishnamurti
Commentaries on Living chapter 44
Positive and negative teaching














































































TITO COLAÇO
VIII ___ IX ___ MMXIV

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