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The illusion...

"O problema por conseguinte, é este: para que o homem possa transformar-se radicalmente, fundamentalmente, torna-se necessária uma mutação nas próprias células cerebrais da sua mente.

Dizem-nos que devemos mudar, que devemos agir, que devemos transformar a nossa mente, o nosso coração, tornar-nos uma coisa totalmente diferente.

Isso vem sendo pregado há milhares de anos por homens muito sérios, muito ardorosos, e também por charlatães interessados em explorar o povo. Mas, agora, chegamos ao ponto em que não há mais tempo a perder.

Compreendei isto por favor.

Não dispomos de tempo para efectuar gradualmente tal transformação.

Os intelectuais de todo o mundo reconhecem que o homem está à beira de um abismo, na iminência de se destruir a si próprio.

Nem religiões, nem deuses, nem salvadores, nem mestres, nem as lengalengas dos gurus, poderão impedi-los.

Dizem os intelectuais ser necessário inventar uma nova droga, uma 'pílula dourada' capaz de produzir uma completa transformação química, e os cientistas provavelmente descobrirão esta droga. Não sei se estais bem a par dessas coisas.

Ora, conquanto o organismo físico seja um produto bioquímico, pode uma droga, uma super-droga fazer-vos amar, tornar-vos bondosos, generosos, delicados, não violentos?

Não o creio. Nenhum preparado químico pode fazer os homens amarem-se uns aos outros.

O amor não é um produto do pensamento, também não é cultivável, como a flôr que cultivamos no nosso jardim.

O amor não pode ser comprado numa drogaria, e o amor é a única coisa que poderá salvar o homem, e não os artifícios das religiões, nem os seus rituais, nem todos os exércitos do mundo.

Podemos fugir, assistindo a concertos, visitando museus, entregando-nos a divertimentos de toda ordem, debalde!

O homem tem hoje em dia, a presença de um tremendo problema: se tem a possibilidade de se transformar radicalmente, de efectuar uma total mutação da sua consciência, não amanhã, nem daqui a alguns anos, mas agora!

Eis o problema principal: se o homem, em qualquer país que viva, com todas as suas belezas naturais, é capaz de operar uma mutação radical no seu interior, imediatamente.

E não podeis resolvê-lo com as vossas crenças, as vossas ideologias, os vossos deuses, salvadores, sacerdotes e rituais. Essas coisas já não tem o menor significado."

Jiddu Krishnamurti

TITO COLAÇO

XIX ___ IX ___ MMXIV

A revolução exterior tem sido tentada desde que o Homem se apercebeu que podia pensar, daí ter um longo tempo de experiência baseado nessas tentativas.

Será que não basta de tanta ilusão?

A mudança só é possível no interior de cada um.

Toda a mudança provocada pelo exterior é violenta, apela ao uso da violência, não é natural, por não ser o próprio a efectuá-la, mas outrem a provocar, e nunca terá o efeito desejado.

E qual o efeito desejado?

Aquele que não pode ser pensado, porque o pensamento divide, separa o indivíduo da humanidade como um Todo, e o desejo não pode ser pensado, mas só sentido, para ser real.

A mudança só quando sentida pertencente a um Todo, em que não há as divisões pelos condicionamentos que o Homem inventou para se explorar um ao outro, ao longo da sua história, e para isso tem de haver compaixão e amor, as energias propulsionadoras.

Para haver compaixão e amor, tem de haver inteligência, e essa só surge quando essas divisões, das nações, das religiões, das políticas, dos grupos, das tribos, etc, não estiverem jamais presentes, deixarem de existirem, e ser visto como num espelho, não a parte característica física mas a que esta encobre, cada um como parte integrante de um Todo.

Por isso o pensamento é limitado, por se basear no conhecido, no experimentado, do forçar mudanças externas, e não havendo lugar à ferramenta que está ao nosso dispor, porque dela fomos criados, da inteligência, que está fora do âmbito do pensamento (psicologicamente falando), não se consegue atingir o desejado, do motor dessa tal mudança.

TITO COLAÇO

19.09.2014