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Físico célebre diz que Deus já não é necessário. Mas o que sabe a Física para decidir sobre Deus?
Declarações de Stephen Hawking proferidas no fim de semana reacenderam o velho debate, que de resto é permanente, sobre a relação entre ciência e religião. Analisámos o que foi dito e envolvemos na reflexão uma filósofa e um físico portugueses.
Stephen Hawking: brilhante e polémico / FOTO EPA
Stephen Hawking, um dos cientistas mais importantes do mundo, acaba de declarar que não acredita em Deus. Por ocasião da sua participação numa conferência de astrofísicos em Tenerife (Espanha), o físico britânico deu uma entrevista ao diário "El Mundo" (que o Expresso publicará em exclusivo na Revista da edição impressa do próximo sábado, dia 27) onde sugere que a ideia de um criador divino já não é necessária.
"No passado, antes de entendermos a ciência, era lógico acreditar que Deus criou o Universo. Mas agora a ciência oferece uma explicação mais convincente", diz. Referindo-se à ideia com que termina o seu famoso livro "Uma Breve História do Tempo" - se conseguíssemos elaborar uma Teoria de Tudo, conheceríamos a mente de Deus - explica-a agora deste modo: "O que quis dizer quando disse que conheceríamos a 'mente de Deus' foi que compreenderíamos tudo o que Deus seria capaz de compreender caso existisse. Mas não há nenhum Deus. Sou ateu. A religião crê em milagres, mas estes não são compatíveis com a ciência".
Em rigor, não é a primeira vez que exprime estes pontos de vista. Já na sua obra "O Grande Desígnio" (editada pela Gradiva, como a "Breve História") tinha dito que não era preciso recorrer a Deus para compreender de onde nasceu o Universo. Chegou a afirmar que a matéria podia "criar-se do nada, por geração espontânea". As declarações agora produzidas apenas reacendem o velho debate, que de resto é permanente, sobre a relação entre ciência e religião.
"Ele não está a dizer nada de novo", explica o físico Carlos Fiolhais, professor catedrático da Universidade de Coimbra. "Está a causar alguma confusão, pois estes temas, que em tempos foram muito próximos, hoje são coisas distintas. Não é através do telescópio, do microscópio, do acelerador de partículas, que se consegue chegar a Deus. É mesmo impossível. Não há nenhuma prova científica, e nunca vai haver, da existência de Deus."
Certezas, interrogações e um acontecimento violento
Fiolhais contextualiza as anteriores referências de Hawking à divindade, recordando o exemplo de Einstein. O autor da Teoria da Relatividade também falava de Deus, mas como metáfora para a harmonia cósmica - por exemplo, quando dizia que Deus não jogava aos dados. Era uma maneira de enunciar ideias difíceis de exprimir de outra forma. Quanto à declaração de ateísmo efetuada por Hawking, tem pouco que ver com a posição militante e agressiva de outros cientistas, em especial Richard Dawkins. Ao contrário deste último, Hawking parece não ter qualquer intenção de atacar a religião enquanto tal. Limitou-se a exprimir as conclusões a que o levou o avanço do conhecimento na sua área.
Ainda assim, há quem lamente a confusão de planos a que uma tal posição, assumida por um cientista com a sua proeminência - e em nome daquilo que aprendeu enquanto cientista - pode gerar na opinião pública. "A Física é uma ciência muito séria, com a sua área própria de investigação. Não lhe cabe discutir questões teológicas", diz Olga Pombo, coordenadora do Centro de Filosofia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. "Agora, o homem, o cidadão que se chama Stephen Hawking, pode ser crente ou ateu. São coisas que tem inteira liberdade para ser, pois relativamente a esse problema da existência de Deus, há séculos que a Humanidade anda a pensar nisso e não chegou a nenhuma conclusão. Nem chegará. Produziram-se imensas provas da existência de Deus, mas nenhuma conseguiu convencer os não crentes."
Pombo não fala de modo algum a partir da posição de quem defende a religião, como se vê pelas críticas que faz a outro tipo de situações frequentes em Portugal. "A Igreja Católica tem um peso muito grande e consegue infiltrar-se em todo o lado. Durante muito tempo, até era engraçado. Para uma discussão sobre problemas de Bioética, por exemplo, chamava-se um cientista e ele afinal era padre. Chamava-se também um filósofo e era padre. E, além disso, havia o padre." Não acontecia só em matéria de Bioética. Também terá havido, a certa altura, uma tentativa de importar para o nosso país as teorias que rejeitam a evolução darwiniana. "Essa questão do criacionismo nos Estados Unidos é muito grave. Nalguns casos decidiram proibir o ensino da teoria evolucionista, que é uma teoria científica. O criacionismo não é", refere Olga Pombo.
"O que é que acontece com essas teorias terríveis do intelligent design?", continua Pombo, referindo-se a uma linha argumentativa dos criacionistas. "Mais uma vez, há uma confusão de planos. Os cientistas ligados a isso dizem que conseguem provar a existência de um arquiteto, de um designer que teria feito o Universo. Isso não tem nada que ver com ciência nem com Filosofia. Também aí, é uma confusão que tem que ver com interesses ideológicos".
Fiolhais insiste igualmente na necessidade de distinguir religião e ciência e dá um exemplo que quase contraria Hawking: "O mundo existe, sobre isto não há dúvidas. Mas hoje sabemos que no início do Big Bang há uma transição da não-existência para a existência. Passa-se do nada para o ser. Como? Isto sempre foi uma questão filosófica. Ele diz que as modernas teorias da Física permitem o aparecimento do Universo. Mas a Física não pode falar sobre o que aconteceu antes do Big Bang. Não tem informação sobre isso. Não há experiência nenhuma, observação nenhuma. Aquilo foi um acontecimento de tal forma violento, com tanta energia, que apagou qualquer informação sobre o mundo atrás do nosso mundo".
Para boa compreensão, eis o que Hawking disse ao "El Mundo" sobre as possibilidades das ciências: "Acredito que conseguiremos entender a origem e a estrutura do Universo. De facto, mesmo agora já estamos perto de lograr esse objetivo. Não há nenhum aspeto da realidade fora da mente humana."
No próximo sábado, dia 27, a entrevista integral de Stephen Hawking ao diário "El Mundo" estará disponível na Revista da edição impressa do Expresso, em exclusivo para Portugal.
Fonte: http://expresso.sapo.pt/fisico-celebre-diz-que-deus-ja-nao-e-necessario-mas-o-que-sabe-a-fisica-para-decidir-sobre-deus=f890658#ixzz3EAU8Ircl
Sou um menino que descobriu que atrás
de uma árvore, esconde um vasto vale, e que para isso, tem de o ver, não com os
olhos do que lhe dizem ser, não do que lhe ensinaram ser o correcto dizer,
fazer ou sentir.
Deixei de gatinhar, para ir eu mesmo, de olhos fechados, e sentir
o que realmente é aquela árvore e o que esta esconde.
Mas assisto observando, a outros muitos meninos
e meninas, que apesar de todo o conhecimento humano acumulado, de toda a
experiência humana vivida, do tanto sofrimento, das inúmeras guerras, infindáveis
explorações e outros tantos crimes, se
negam a ir também ver por si, sentir dentro de si, e rejeitar todo esse caminho
humano já percorrido e demonstrado, implodido por ser exterior à real inteligência, criadora de tudo,
inclusive, do pensamento humano, que continua a dividir e a ver com os olhos de
quem quer continuar a gatinhar.
Chamam-se detentores do conhecimento
científico e das ciências capazes de raciocinar pelas criações do pensamento,
das teorias, das imagens que possam explicar, reunir consensos de cada
circunstância e época, do que por sua vez, nunca será capaz de cognescer, por
esta ser fruto de um cérebro limitado e por sua vez, de um pensamento limitado.
O menino, que se nega em levantar e
descobrir por si próprio, dentro de si, sem a intromissão do limitado pensamento, e logo
poluído do manancial produto humano, nunca terá a sequer leve noção daquilo a que
chamou de Deus, ou outro nome para essa "coisa", visto que, continua a negar a
sua existência, fora de toda a realidade cogniscível que empreenda, ou reconhecendo a sua existência pela mesmíssima ponderação.
Por muito magoado pela realidade
individual que imprima uma visão mental, logo parcial, dos fenómenos deste
mundo, que todo o pensamento condicionado, pelas divisões criadas, e repito, de todas, desde das
nações, religiões, crenças, diferenças raciais, culturais, científicas, etc, possam
interferir, e que continuarão a vedar a
humanidade de atingir um modus vivendi de real plenitude.
A educação de todos os meninos, seria
então, baseada na instigação natural, aliada ao saber básico da linguagem verbal, porque a outra ainda não tem os conectores adequados, da procura e da visão interna, da real compreensão de que todo o pingo de
água, é que torna um rio, e todos são pingos iguais na importância, embora diferentes na característica física (tamanho, peso, tonalidade, etc), que lhes dá a óbvia singularidade, para formar o mesmo, para o qual,
ao nascer, cada pingo, será parte integrante desse todo, e por isso, na tenra consciência
de que, se um sofrer, sofrerão todos como um todo, e se somos parte integrante,
porquê nos comportarmos como se não o fossemos, ao longo destes milhares de anos?
TITO COLAÇO
Extracto de "O amanhã é hoje disfarçado de ontem"
2014
TITO COLAÇO
XXIII ___ IX ___ MMXIV
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