On our minds...
O meio e o fim
não estão separados
Podemos estudar história e traduzir o facto histórico de
acordo com os nossos preconceitos, mas ter a certeza do futuro é viver em ilusão.
O
homem não é resultado de uma única influência, é vastamente complexo, e
enfatizar uma influência enquanto minimiza outras é gerar um desequilíbrio que
levará a ainda mais caos e miséria.
O homem é um processo total.
A totalidade
deve ser compreendida e não apenas uma parte, ainda que temporariamente
importante a sua parte possa ser.
O sacrifício do presente pelo futuro é a
insanidade daqueles que são enlouquecidos pelo poder, e o poder é maligno.
Eles
tomam para si o direito da direcção humana, são os novos sacerdotes.
O meio e fim
não estão separados, são um fenómeno conjunto, o meio cria o fim.
Pela
violência nunca poderá haver paz, um Estado policial não pode produzir um
cidadão pacífico, pela compulsão, a liberdade não pode ser alcançada.
Uma
sociedade sem classes não pode ser estabelecida se o partido é todo-poderoso,
ela nunca pode ser resultado de uma ditadura. Tudo isto é óbvio.
J. Krishnamurti
Commentaries on Living Series I
Chapter 32 "Separateness"
Justificar
o mal...
Obviamente, a presente crise pelo mundo afora é
excepcional, sem precedente.
Houve crises de vários tipos em diferentes períodos ao
longo da história, sociais, nacionais, políticas.
As crises vão e vêm, recessões económicas, depressões,
chegam, são modificadas e continuam sob diferente forma.
Sabemos disso, estamos familiarizados com esse
processo.
Certamente a crise actual é diferente, não é?
É diferente, primeiro, porque estamos a tratar não com
dinheiro nem com coisas tangíveis, mas com ideias.
A crise é excepcional porque está no campo da idealização.
Estamos a discutir com ideias, estamos a justificar o
assassinato, em todo o lugar do mundo estamos a justificar o assassinato como
meio para um fim correcto, o que em si não tem precedente.
Antes, o mal era
reconhecido como mal, assassinato era reconhecido como assassinato, mas hoje
assassinato é um meio para se obter um resultado nobre.
O assassinato, seja de uma pessoa ou de um grupo de
pessoas, é justificado, pois o assassino, ou o grupo que o assassino
representa, o justifica como meio de obter um resultado que beneficiará o
homem.
Ou seja, nós sacrificamos o presente pelo futuro, e não importam os
meios que empregamos desde que declaremos que o nosso propósito é produzir um
resultado que afirmamos, será benéfico ao homem.
Assim, a implicação é que um
meio errado produzirá um fim correcto e justifica o meio errado através da idealização.
Nós temos uma magnífica estrutura de ideias para
justificar o mal e, certamente, isso não tem precedente.
Mal é mal, não pode produzir bem.
A guerra não é um meio para a paz.
J. Krishnamurti
“The book of life”
Tito
Colaço
III _
XI _ MMXIV
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