Páginas

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Recede...

















Recede...



















 Retrocesso civilizacional 












São talvez as prioridades dos nossos tempos que acarretam um retrocesso e uma eventual depreciação da vida contemplativa.
Mas há que confessar que a nossa época é pobre em grandes moralistas, que Pascal, Epicteto, Séneca, Plutarco pouco são lidos ainda, que o trabalho e o esforço outrora, no séquito da grande deusa Saúde, parecem por vezes, grassar como uma doença.
Porque faltam tempo para pensar e sossego no pensar, já não se examina as opiniões diferentes: a gente contenta-se em odiá-las. 
Dada a enorme aceleração da vida, o espírito e o olhar são acostumados a ver e a julgar parcial ou erradamente, e toda a gente se assemelha aos viajantes que ficam a conhecer um país e um povo, vendo-os do caminho-de-ferro.
Uma atitude independente e cautelosa em matéria de conhecimento é menosprezada quase como uma espécie de tolice, o espírito livre é difamado, nomeadamente, por eruditos que, na sua arte de observar as coisas, sentem a falta da minúcia e do zelo de formigas que lhes são próprios, e bem gostariam de bani-lo para um canto isolado da ciência: quando ele tem a missão, completamente diferente e superior, de comandar, a partir de uma posição solitária, toda a hoste dos homens da ciência e da erudição, e de lhes mostrar os caminhos e os objectivos da cultura.
Uma lamentação, como a que acaba de ser cantada, terá provavelmente a sua época e calar-se-á por si própria, um dia, quando se der o regresso em força do génio da meditação. 




Friedrich Nietzsche
“Humano, demasiado humano”












































Tito Colaço
XXVI _ XI _ MMXIV








0 comentários:

Enviar um comentário