Education
is the
understanding of
oneself...
“The
ignorant man is not the unlearned, but he who does not know himself, and the
learned man is stupid when he relies on books, on knowledge and on authority to
give him understanding.
Understanding comes only through self- knowledge, which
is awareness of one's total psychological process.
Thus education, in the
true sense, is the understanding of oneself, for it is within each one of us
that the whole of existence is gathered.
What
we now call education is a matter of accumulating information and knowledge
from books, which anyone can do who can read.
Such education offers a subtle
form of escape from ourselves and, like all escapes, it inevitably creates
increasing misery.
Conflict and confusion result from our own wrong
relationship with people, things and ideas, and until we understand that
relationship and alter it, mere learning, the gathering of facts and the
acquiring of various skills, can only lead us to engulfing chaos and
destruction.”
know
himself...
"Como dissemos no outro dia, ter
realmente uma educação significa não se conformar, não imitar, não fazer o que
fazem milhões e milhões. Se estiverdes dispostos a isso, muito bem.
Mas estai
alerta para o que fazeis, brigas, ódio, antagonismo, divisão entre pessoas onde
não há de facto nenhum relacionamento, guerras, se quiserdes realmente viver
assim.
Nesse caso, estareis a formular um
convite a toda a confusão que existe em torno de vós, sereis parte dela, não
haverá problema.
Não se disserdes, `Não quero viver desse jeito´, tereis de
descobrir um modo diferente de viver. E isso requer inteligência. O conformista
não precisa ser inteligente, basta-lhe ser esperto.
O mundo é esse e aqui estais (Centro
Educacional em Brockwood Park, Hampshire, Inglaterra) para ser educados
em todos os departamentos da vida, tanto internos quanto externos. O que quer
dizer: por dentro não tenhais medos.
Não ter medos significa que precisais
descobrir como viver sem medo; e por conseguinte, tendes de investigar o que é
o medo. Ao indagar o que é o medo, a vossa mente se tornará inteligente; e a
inteligência vos mostrará como se pode viver neste mundo de maneira
equilibrada.
O medo é um dos grandes problemas do
mundo, porventura o maior de todos. Por isso mesmo tendes de enfrentá-lo,
compreendê-lo e alhear-vos dele.
Dissestes: `Tenho medo do desconhecido,
do amanhã, do futuro´. Mas, afinal de contas, por que pensais no amanhã?
Será
esse um sinal de sensatez? Sois jovens, estais cheios da estranha beleza desta
região rural, sois curiosos de pássaros, da vida, por que vos preocupais com o
amanhã?
Porque a vossa mãe, o vosso pai, os
vizinhos já estão a perguntar o que vos acontecerá amanhã? São pessoas
assustadas, por que lhes caís na armadilha?
O mundo está-se a tornar cada vez
mais povoado, sabeis o que isso significa? Creio que na Índia nascem, todos os
anos, doze ou treze milhões de novos bebés. E na China muitos mais.
O mundo
está a ficar cada vez mais cheio de gente, e todos querem empregos, lares,
filhos, posição, prestígio, poder, dinheiro.
Quanto mais olhardes para isso, tanto
mais assustados ficareis e perguntareis: `O que me acontecerá?´.
Como sabereis
agora o que fareis e o que sereis daqui a vinte anos? Vedes o que estais a
fazer?
Enquanto sois jovens, vivei, gozai, não penseis no futuro.
Se viverdes agora sem medo, quando
crescerdes sereis os mesmos, vivereis, pouco importa o que fordes, jardineiro
ou cozinheiro, tanto faz, será sempre algo feliz para vós.
Mas se disserdes:
`Meu Deus, como me ajustarei a este mundo, como me aviarei quando tiver trinta
anos?´, na realidade vos estareis a destruir.
Vede bem, cada geração se conforma, mais
ou menos, com a geração anterior, de modo que nenhuma delas é uma nova geração.
O que estamos a tentar fazer aqui é criar uma geração nova, ainda que sejam
quarenta pessoas, isso já será suficientemente bom, que não sentirão medo, não
se conformarão, terão inteligência bastante para descobrir o que fazer quando
crescerem; essa inteligência vos dirá o que devereis fazer. Mas se tiverdes
medo, daqui por diante estareis agarrados.
Tendes medo de ficar só? Sabeis o que
quero dizer com isso? Tendes medo, Rachel? Tendes medo de ficar só? Não no
escuro, não.
`Só´ significa não ter companheiros, não depender de pessoas, das
lisonjas delas, dos incentivos delas, de frases que elas possam dizer, como:
`Sois maravilhosa!´. Dependeis de alguém?
Dependemos, obviamente, do leiteiro, de
quem nos fornece os alimentos, de quem os cozinha, somos dependentes dessa
maneira. Mas dependemos emocionalmente de alguém?
Averiguai-o! Examinai o caso.
O amor exige dependência?
`Eu vos amo´, quer dizer, dependo de vós?
Ou dependo
de mim emocionalmente?
Posso ganhar dinheiro, esse é um tipo
diferente de dependência. Mas psicológica, interiormente, nos nossos
sentimentos, quando dizemos `Amo´, significa isso, por acaso, que dependo de vós,
que sem vós eu estaria perdido?
O amor é gostar e desgostar?
Essa é uma forma
de dependência, estais a compreender? Percebeis a diferença entre gostar e
amar, entre amor e prazer? Gostar é uma forma de prazer, não é?
Pergunta: Se eu disser, `Gosto de vós´,
estarei a dizer que escolhi, mas se eu não escolher, está tudo bem.
J. Krishnamurti: Atentai! Estou a dizer:
dependeis psicologicamente de alguém? Se dependerdes, nisso haverá medo.
Porque, se alguma coisa vos acontecer, ficarei assustado. Ficarei com ciúme se
olhardes para outra pessoa. O que dá a entender que vos possuo, certo?
Dependo
de vós, por isso preciso certificar-me de que vos possuo em todos os sentidos,
pois de contrário, estarei perdido. Por isso tenho medo, por isso me torno cada
vez mais dependente, cada vez mais ciumento. Dependeis de alguém? Toda essa
dependência é geralmente chamada amor, não é?
Pergunta: Dependência é o medo de ficar
`sem´.
J. Krishnamurti: Averiguai, não
concordeis, verificai se sois dependente. Em seguida averiguai por que o sois,
e vede quais são as implicações da dependência, o medo, a solidão, a falta de
conforto.
Se não dependerdes das pessoas não tereis medo. Não vos fará mossa
ficar só. E não ficais só porque estais com medo; assim que ficais só, sois
muito mais sincero, muito mais seguro, ninguém pode corromper-vos, ninguém pode
magoar-vos.
Portanto, verificai se sois dependente das pessoas. E não apenas
das pessoas, mas também da bebida, do fumo, da prosa fiada, das cavaqueiras
intermináveis a respeito de nada.
Pergunta: Nós dependemos dos nossos
pais, não dependemos?
J. Krishnamurti: Dependemos dos nossos
pais porque eles nos trouxeram ao mundo, sentem-se responsáveis por nós; e
dependemos deles porque nos deram dinheiro para a nossa educação. É uma espécie
diferente de dependência.
Pergunta: De uma dependência necessária.
J. Krishnamurti: Necessária. Eu dependo
do carteiro. Quando entro num comboio, dependo do maquinista.
Pergunta: Somos dependentes quando
pensamos sem cessar num objecto ou numa pessoa?
J. Krishnamurti: É claro que sim.
Pergunta: Parece-me que uma das
principais coisas é que a sociedade depende da sua arte, que se torna parte de
qualquer forma de auto-expressão, e a arte torna-se incrivelmente importante.
J. Krishnamurti: `Auto-expressão´, o que
significa isso?
`Preciso expressar-me´, `Preciso ser eu mesmo´. Examinai essas
frases com cuidado. `Eu´ preciso expressar-me. `Eu´ preciso ser eu mesmo. `Eu´
preciso encontrar a minha identidade, eu. Conhecei-las todas.
Agora, dizei-me:
o que significa: `Eu preciso ser eu mesmo?´. Esse `eu´ é o medo, o `eu´
invejoso, o `eu´ que diz: `Tenho tanto medo do futuro, que é o que vai
acontecer-me?´.
O `eu´ que diz: `É a minha casa, o meu livro, o meu marido, o
meu namorado?´. Esse é o `eu´, não é? E esse `eu´ proclama, `preciso expressar-me´,
como tudo isso soa tolo! Não soa?
Pergunta: Expressão não é criatividade?
J. Krishnamurti: Averiguai-o. Expressão
é criatividade? Pintar um quadro, escrever um poema, fazer um pote, é
criatividade?
Não estou a dizer que é nem que não é.
Pergunta: Isso dá existência a alguma
coisa que antes não estava aqui.
J. Krishnamurti: Fazer alguma coisa que
antes não estava aqui é ser criativo?
Pergunta: Não é o que quereis dizer?
J. Krishnamurti: Não sei. As pessoas
dizem que expressão é criatividade. Acompanhai o raciocínio passo a passo, a
auto-expressão é criativa. Auto-expressão: que vem a ser auto-expressão?
Pergunta: Esse tipo de criatividade é
limitado.
J. Krishnamurti: Atentai para estas
palavras: `Expresso-me, portanto sou criativo´. O que significam?
Pergunta: Talvez seja uma espécie de
terapia, ser capaz de fazer isso.
J. Krishnamurti: Estais a dizer que,
pelo facto de expressar-vos, vós vos tornareis saudáveis, sadios? Prestai
atenção: `A auto-expressão é criativa´. Pensai nessa frase.
Pergunta: Imagino que seja uma simples
identificação consigo mesmo.
J. Krishnamurti: Olhai apenas. O que é o
`eu´?
Examinai-o, não aceiteis esses termos: `Estou-me a expressar´.
O que
significam? Quem é o `eu´?
Os meus cabelos compridos, os meus
cabelos curtos, a minha raiva, o meu ciúme, as minhas lembranças, os meus
prazeres, a minha antipatia, o meu sexo, o meu prazer, esse é o `eu´?
Esse é o
`eu´ que quer expressar-se, que é a minha raiva, o meu ciúme, o meu isto e meu
aquilo, seja lá o que for.
Será isto criativo? Por conseguinte, o que é
criatividade?
Eis aí uma pergunta imensa. O homem criativo, ou a mente
criativa, pensam alguma vez em expressão?
Pergunta: Não.
J. Krishnamurti: Esperai. Isto é meio
difícil. Não digais sim ou não. Quem quer que diga: `Estou-me a expressar´,
deveria levar um chuto nos fundilhos.
Pergunta: Expressar alguma coisa não
significa ser criativo...
J. Krishnamurti: Por conseguinte, o que
quer dizer criatividade? Existo e expresso-me, isso é criatividade?
Ou só há
criatividade quando o `eu´ não está? Quando o `eu´ diz: `Preciso expressar-me
chutando alguém´, o `eu´ que se expressa é violência.
Então, o estado
de criatividade consiste na ausência do `eu´? Quando o `eu´ está ausente,
sabeis que sois criativo? Isso é tudo! Entendestes?
Quando fazeis alguma coisa
levado por um motivo, granjear popularidade, fama, dinheiro, não estais a fazer
o que realmente gostais de fazer.
Um músico que diz: `Amo a música´, mas fica a
observar quantas pessoas portadoras de títulos de nobreza há no meio do
auditório, quanto dinheiro ganhará, não é criativo, não é músico; vale-se da
música para se tornar famoso, para ganhar dinheiro.
Portanto, não pode haver
criatividade quando agimos movidos por um motivo. Vede-o por vós mesmos.
Por conseguinte, quando dizemos:
`Preciso expressar-me´, `Preciso ser criativo´, `Preciso identificar-me´, o que
dizemos não tem sentido. Quando efectivamente o vedes, viveis assim e o
compreendeis, a vossa mente já está livre do `eu´.
Pergunta: É válido fazer coisas de
beleza?
J. Krishnamurti: Válido para quem?
Pergunta: Para vós mesmos.
J. Krishnamurti: O que quereis dizer com
`vós mesmos´?
Estais lembrados de que falamos em
beleza no outro dia?
Olhai para essa árvore, para a sombra e para a luz do sol:
isso é beleza. Como sabeis o que é belo? Porque alguém vos contou?
Um famoso
artista pintou um quadro, ou um grande poeta escreveu um poema sobre aquela
luz, a árvore, as nuvens, as sombras e o movimento das folhas. E dizeis: `É um
grande homem, gosto disso, é bonito´.
A beleza é alguma coisa que vos chega
através de outra pessoa?
A beleza é alguma coisa de que vos
falaram?
O que é então, o sentido da beleza? Não estou a perguntar o que é
belo, mas o que é o sentido da beleza?
Essa beleza reside no edifício, na
árvore, no rosto da pessoa, na música, num poema, nas coisas exteriores?
Ou as coisas que vedes se tornam muito
mais intensificadas porque tendes esse sentido, o sentido da beleza? Entendeis
o que quero dizer?
Porque tendes o sentimento da beleza. E assim, quando vedes
alguma coisa extraordinária como essa, deliciais-vos com ela porque tendes em
vós esse sentido.
Agora, como chegais a isto, ou como vos sucede ter este
sentido? Como o obtereis? Podereis consegui-lo pelo treinamento, através de uma
imagem, de leituras, de estudos, de colecionamento de quadros, da posse de uma
casa bonita? Como acontece isto?
Estais lembrados do que dissemos no
outro dia? Isso acontece quando sois fisicamente muito sensíveis, a observar,
sensíveis, não somente a vós mesmos, mas também aos outros, a tudo, sensíveis
ao quanto comeis, à vossa maneira de sentar, de falar, de andar.
Focalizarei
agora um assunto muito prático. Vi muitos de vós a comer: quando tocais alguma
coisa, lambeis os dedos, e pegais outra coisa, achais que isso é sensível?
Pergunta: Mas aí já está no nosso prato.
J. Krishnamurti: Não me referi a isso.
Podeis fazer o que quiserdes no vosso prato. Mas lambeis o dedo e depois pegais
num pedaço de pão.
Pergunta: É anti-higiénico?
J. Krishnamurti: Não quero provar o
vosso cuspo! Vi todos a fazerem o mesmo. Primeiro que tudo não é higiénico.
Toco na minha boca e depois pego num pedaço de pão ou qualquer outra coisa,
estais a entender? Acabo por contaminar o que peguei.
Não tendes consciência do que estais a
fazer, fazei-lo automaticamente.
Ora, fazer alguma coisa automaticamente não é
ser sensível, e pronto. Portanto, quando tomais consciência do facto, das
implicações, deixais de fazê-lo. Quando vos sentais para comer, alguns de vós
não mastigais a comida, apenas a engolis. Ora, a comida foi feita para ser
mastigada.
Quando tendes consciência de tudo, tornais-vos sensíveis e ser
sensível é ter consciência da beleza, ter o sentido da beleza.
E sem o sentido
da beleza interna podereis fazer as coisas mais maravilhosas, mas elas não
conterão a chama indispensável."
Jiddu Krishnamurti
"O começo da aprendizagem"
t.
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