“No dynamic
golden pill is ever going to solve our human problems.
They can be solved
only by bringing about a radical revolution in the mind and the heart of man.
This demands hard, constant work, seeing and listening, and thus being highly
sensitive.
The highest form of sensitivity is the highest intelligence, and no
drug ever invented by man will give this intelligence.
Without this
intelligence there is no love; and love is relationship.
Without this love
there is no dynamic balance in man. This love cannot be given, by the priests
or their gods, by the philosophers, or by the golden drug. “
Jiddu Krishnamurti
"The only revolution"
Solve in the
mind and the heart...
“Quanta felicidade dá
a grata suavidade das coisas! Como a vida é cintilante e de bela aparência! São
as grandes falsificações, as grandes interpretações que sempre nos têm elevado
acima da satisfação animal, até chegarmos ao humano.
Inversamente: que nos
trouxe a chiadeira do mecanismo lógico, a ruminação do espírito que se
contempla ao espelho, a dissecação dos instintos?
Suponde vós que tudo era reduzido a fórmulas e que a vossa crença era confinada
à apreciação de graus de verosimilhança, e que vos era insuportável viver com
tais premissas... que fazíeis vós?
Ser-vos-ia possível viver com tão má
consciência?
No dia em que o homem sentir como falsidade revoltante a crença na bondade, na
justiça e na verdade escondida das coisas, como se ajuizará ele a si mesmo,
sendo como é parte fragmentária deste mundo? Como um ser revoltante e falso?”
Friedrich Nietzsche
"A vontade de Poder"
107. Irresponsabilidade e inocência.
"A total irresponsabilidade do
homem pelos seus actos e seu ser é a gota mais amarga que o homem do
conhecimento tem de engolir, se estava habituado a ver na responsabilidade e no
dever a carta de nobreza da sua humanidade.
Todas as suas avaliações, distinções,
aversões, são assim desvalorizadas e se tornam falsas: o seu sentimento mais
profundo, que ele dispensava ao sofredor, ao herói, baseava-se num erro; ele já
não pode louvar nem censurar, pois é absurdo louvar e censurar a natureza e a
necessidade.
Tal como ele ama a boa obra de arte,
mas não a elogia, pois ela não pode senão ser ela mesma, tal como ele se coloca
diante das plantas, deve-se colocar diante dos actos humanos e dos seus
próprios actos.
Neles pode admirar a força, a beleza, a
plenitude, mas não lhes pode achar nenhum mérito: o processo químico e a luta
dos elementos, a dor do doente que anseia pela cura, possuem tanto mérito
quanto os embates psíquicos e as crises em que somos arrastados para lá e para
cá por motivos diversos, até enfim nos decidirmos pelo mais forte, como se diz
(na verdade, até o motivo mais forte decidir acerca de nós).
Mas todos esses motivos, por mais
elevados que sejam os nomes que lhes damos, brotaram das mesmas raízes que
acreditamos conter os maus venenos; entre as boas e as más acções não há uma
diferença de espécie, mas de grau, quando muito.
Boas acções são más acções sublimadas;
más acções são boas acções embrutecidas, bestificadas.
O desejo único de
auto-fruição do indivíduo (junto com o medo de perdê-la) satisfaz-se em todas
as circunstâncias, aja o ser humano como possa, isto é, como tenha de agir:
em
actos de vaidade, de vingança, prazer, utilidade, maldade, astúcia, ou em actos
de sacrifício, de compaixão, de conhecimento.
Os graus da capacidade de julgamento
decidem o rumo em que alguém é levado por esse desejo; toda a sociedade, todo o
indivíduo guarda continuamente uma hierarquia de bens, segundo a qual determina
as suas acções e julga as dos outros.
Mas ela muda continuamente, muitas acções
são chamadas de más e são apenas estúpidas, porque o grau de inteligência que
se decidiu por elas era bastante baixo.
E em determinado sentido todas as
acções são ainda estúpidas, pois o mais elevado grau de inteligência humana que
pode hoje ser atingido será certamente ultrapassado: então todos os nossos
actos e juízos parecerão, em retrospecção, tão limitados e precipitados como
nos parecem hoje os actos e juízos de povos selvagens e atrasados.
Compreender tudo isso pode causar dores
profundas, mas depois há um consolo: elas são as dores do parto.
A borboleta
quer romper o seu casulo, ela o golpeia, ela o despedaça: então é cegada e
confundida pela luz desconhecida, pelo reino da liberdade.
Nos homens que são capazes dessa
tristeza, poucos o serão! Será feita a primeira experiência para saber se a
humanidade pode se transformar, de moral em sábia.
O sol de um novo evangelho lança o seu
primeiro raio sobre o mais alto cume, na alma desses indivíduos: aí se acumulam
as névoas, mais densas do que nunca, e lado a lado se encontram o brilho mais
claro e a penumbra mais turva.
Tudo é necessidade, assim diz o novo
conhecimento: e ele próprio é necessidade. Tudo é inocência: e o conhecimento é
a via para compreender essa inocência.
Se o prazer, o egoísmo, a vaidade são
necessários para a geração dos fenómenos morais e do seu rebento mais elevado,
o sentido para a verdade e justiça no conhecimento;
se o erro e o descaminho da
imaginação foram o único meio pelo qual a humanidade pode gradualmente se
erguer até esse grau de auto-iluminação e libertação, quem poderia desprezar
esses meios?
Quem poderia ficar triste, percebendo a meta a que levam esses
caminhos?
Tudo no âmbito da moral veio a ser, é
mutável, oscilante, tudo está em fluxo, é verdade: mas tudo está também numa
corrente: em direcção a uma meta.
Pode continuar a nos reger o hábito que
herdamos de avaliar, amar, odiar erradamente, mas sob o influxo do conhecimento
crescente ele se tornará mais fraco:
um novo hábito, o de compreender, não
amar, não odiar, abranger com o olhar, pouco a pouco se implanta em nós no
mesmo chão, e daqui a milhares de anos talvez seja poderoso o bastante para dar
à humanidade a força de criar o homem sábio e inocente (consciente da
inocência),
da mesma forma regular como hoje produz o homem tolo, injusto,
consciente da culpa, que é, não o oposto, mas o precursor necessário
daquele."
Friedrich Nietzsche
"Humano, demasiado humano I"
t.
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