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sábado, 7 de maio de 2016

Removing the causes of ignorance…









Surely, a man who is understanding life does not want beliefs. A man who loves, has no beliefs, he loves. 


It is the man who is consumed by the intellect who has beliefs, because intellect is always seeking security, protection; it is always avoiding danger, and therefore it builds ideas, beliefs, ideals, behind which it can take shelter. 

What would happen if you dealt with violence directly, now? 


You would be a danger to society; and because the mind foresees the danger, it says`I will achieve the ideal of nonviolence ten years later´, which is such a fictitious, false process. 


To understand what is, is more important than to create and follow ideals because ideals are false, and what is is the real. 


To understand what is requires an enormous capacity, a swift and unprejudiced mind. It is because we don't want to face and understand what is that we invent the many ways of escape and give them lovely names as the ideal, the belief, God. 


Surely, it is only when I see the false as the false that my mind is capable of perceiving what is true. A mind that is confused in the false can never find the truth. 

Therefore, I must understand what is false in my relationships, in my ideas, in the things about me, because to perceive the truth requires the understanding of the false. 


Without removing the causes of ignorance, there cannot be enlightenment; and to seek enlightenment when the mind is unenlightened is utterly empty, meaningless. 



Therefore, I must begin to see the false in my relationships with ideas, with people, with things. 






When the mind sees that which is false, then that which is true comes into being and then there is ecstasy, there is happiness."




Jiddu Krishnamurti
"The book of life"







Removing

the causes of 

ignorance










O que perturba a mente dos homens não são os eventos, mas os seus julgamentos sobre os eventos. 


Por exemplo, a morte não é nada horrível ou então Sócrates a teria considerado como tal. Não, a única coisa horrível sobre ela está no julgamento dos homens de que ela é horrível. 

E assim, quando estamos impotentes ou perturbados ou ansiosos, nunca venhamos a colocar a culpa sobre os outros; mas sim em nós próprios, ou seja, sobre os nossos próprios julgamentos.



Acusar os outros das nossas desventuras é um sinal de falha de educação; se acusar a si próprio mostra que a educação daquele indivíduo teve início; acusar nem a si próprio nem aos demais mostra que a educação do indivíduo está completa.




Epicteto








Pode sentar-se na postura correcta com a coluna recta, a respirar correctamente, fazer `pranayama´ e tudo o resto, nos próximos dez mil anos, e não estará perto de descobrir o que a verdade é, porque não se compreendeu a si mesmo, de facto, o modo como pensa, o modo como vive. 


Não acabou com o seu sofrimento, e quer encontrar a iluminação. 


Pode fazer todos os tipos de torções e rotações com o seu corpo e isto parece fascinar as pessoas, pois elas sentem que isto lhes vai conferir algum poder, algum prestígio. 

Ora, todos estes poderes são como velas ao sol; são como a luz de velas quando o sol está a brilhar.




Jiddu Krishnamurti







III

"Chegado à cidade mais próxima, enterrada nos bosques, Zaratustra encontrou uma grande multidão na praça pública, porque estava anunciado o espectáculo de um bailarino de corda.

E Zaratustra falou assim ao povo:

Eu vos anuncio o Super-homem

O homem é superável. Que fizestes para o superar?

Até agora todos os seres têm apresentado alguma coisa superior a si mesmos; e vós, quereis o refluxo desse grande fluxo, preferís tornar ao animal, em vez de superar o homem?

Que é o macaco para o homem? Uma irrisão ou uma dolorosa vergonha. Pois é o mesmo que deve ser o homem para Super-homem: uma irrisão ou uma dolorosa vergonha.

Percorrestes o caminho que medeia do verme ao homem, e ainda em vós resta muito do verme. Noutro tempo fostes macaco, e hoje o homem é ainda mais macaco do que todos os macacos.

Mesmo o mais sábio de todos vós não passa de uma mistura híbrida de planta e de fantasma. Acaso vos disse eu que vos torneis planta ou fantasma?

Eu anuncio-vos o Super-homem!

O Super-homem é o sentido da terra. Diga a vossa vontade: seja o Super-homem, o sentido da terra.

Exorto-vos, meus irmãos, a permanecer fiéis à terra e a não acreditar naqueles que vos falam de esperanças supra-terrestres.

São envenenadores, quer o saibam ou não.

São menosprezadores da vida, moribundos que estão, por sua vez, envenenados, seres de quem a terra se encontra fatigada; vão-se por uma vez!

Noutros tempos, blasfemar contra Deus era a maior das blasfémias; mas Deus morreu, e com ele morreram tais blasfémias. 
Agora, o mais espantoso é blasfemar da terra, e ter em maior conta as entranhas do impenetrável do que o sentido da terra.

Noutros tempos a alma olhava o corpo com desdém, e então nada havia superior a esse desdém: queria a alma um corpo fraco, horrível, consumido de fome! Julgava deste modo libertar-se dele e da terra.

Ó! Essa mesma alma era uma alma fraca, horrivel e consumida, e para ela era um deleite a crueldade!

Irmãos meus, dizei-me: que diz o vosso corpo da vossa alma? Não é a vossa alma, pobreza, imundície e conformidade lastimosa?

O homem é um rio turvo. É preciso ser um mar para, sem se toldar, receber um rio turvo.

Pois bem; eu vos anuncio o Super-homem; é ele esse mar; nele se pode abismar o vosso grande menosprezo.

Qual é a maior coisa que vos pode acontecer? Que chegue a hora do grande menosprezo, a hora em que vos enfastie a vossa própria felicidade, de igual forma que a vossa razão e a vossa virtude.

A hora em que digais: `Que importa a minha felicidade! É pobreza, imundície e conformidade lastimosa.

A minha felicidade, porém, deveria justificar a própria existência!`.

A hora em que digais: `Que importa a minha razão! Anda atrás do saber como o leão atrás do alimento. A minha razão é pobreza, imundície e conformidade lastimosa!´.

A hora em que digais: `Que importa a minha virtude? Ainda me não enervou. Como estou farto do meu bem e do meu mal. Tudo isso é pobreza, imundície e conformidade lastimosa!´.

A hora em que digais: `Que importa a minha justiça?! Não vejo que eu seja fogo e carvão! O justo, porém, é fogo e carvão!´.

A hora em que digais: `Que importa a minha piedade? Não é a piedade a cruz onde se crava aquele que ama os homens? Pois a minha piedade é uma crucificação´.

Já falaste assim? Já gritaste assim? Ah! Não vos ter eu ouvido a falar assim!

Não são os vossos pecados, é a vossa parcimónia que clama ao céu! A vossa mesquinhez até no pecado, isso é que clama ao céu!

Onde está, pois, o raio que vos lamba com a sua língua? Onde está o delírio que é mister inocular-vos?

Vede; eu anuncio-vos o Super-homem: `É ele esse raio! É ele esse delírio!´.

Assim que Zaratustra disse isto, um da multidão exclamou: `Já ouvimos falar demasiado do que dança na corda; mostrá-no-lo agora´. E toda a gente se riu de Zaratustra. Mas o dançarino da corda, julgando que tais palavras eram com ele, pôs-se a trabalhar.


IV

Entretanto, Zaratustra olhava a multidão, e assombrava-se. Depois falava assim:

`O homem é corda estendida entre o animal e o Super-homem: uma corda sobre um abismo; perigosa travessia, perigoso caminhar, perigoso olhar para trás, perigoso tremer e parar.

O grande do homem é ele ser uma ponte, e não uma meta; o que se pode amar no homem é ele ser uma passagem e um acabamento.






















Eu só amo aqueles que sabem viver como que se extinguindo, porque são esses os que atravessam de um para outro lado.

Amo os grandes desdenhosos, porque são os grandes adoradores, as setas do desejo ansiosas pela outra margem.

Amo os que não procuram por detrás das estrelas uma razão para morrer e oferecer-se em sacrifício, mas se sacrificam pela terra, para que a terra pertença um dia ao Super-homem.

Amo o que vive para conhecer, e que quer conhecer, para que um dia viva o Super-homem, porque assim quer o seu acabamento.


















Amo o que trabalha e inventa, a fim de exigir uma morada ao Super-homem e preparar para ele a terra, os animais e as plantas, porque assim quer o seu acabamento.

Amo o que ama a sua virtude, porque a virtude é vontade de extinção e uma seta do desejo.

Amo o que não reserva para si uma gota do seu espírito, mas que quer ser inteiramente o espírito da sua virtude, porque assim atravessa a ponte como espírito.

Amo o que faz da sua virtude a sua tendência e o seu destino, pois assim, por sua virtude, quererá viver ainda e deixar de viver.

Amo o que não quer ter demasiadas virtudes. Uma virtude é mais virtude do que duas, porque é mais um nó a que se aferra o destino.

Amo o que prodigaliza a sua alma, o que não quer receber agradecimentos nem restitui, porque dá sempre e se não quer preservar.

Amo o que se envergonha de ver cair o dado a seu favor e que pergunta ao ver tal: `Serei um jogador fraudulento?´, porque quer submergir-se.

Amo o que solta palavras de ouro perante as suas obras e cumpre sempre com usura o que promete, porque quer perecer.

Amo o que justifica os vindouros e redime os passados, porque quer que o combatam os presentes.

Amo o que castiga o seu Deus, porque ama o seu Deus, pois a cólera do seu Deus o confundirá.

Amo aquele cuja alma é profunda, mesmo na ferida, e ao que pode aniquilar um leve acidente, porque assim de bom grado passará a ponte.

Amo aquele cuja alma transborda, a ponto de se esquecer de si mesmo e quanto esteja nele, porque assim todas as coisas se farão para sua ruína.

Amo o que tem o espírito e o coração livres, porque assim a sua cabeça apenas serve de entranhas ao seu coração, mas o seu coração, o leva a sucumbir.

Amo todos os que são como gotas pesadas que caem uma a uma da sombria nuvem suspensa sobre os homens, anunciam o relâmpago próximo e desaparecem como anunciadores.

Vede: eu sou um anúncio do raio e uma pesada gota procedente da nuvem; mas este raio chama-se o Super-homem´.


V

Pronunciadas estas palavras, Zaratustra tornou a olhar o povo, e calou-se. `Riem-se disse o seu coração. Não me compreendem; a minha boca não é a boca que estes ouvidos necessitam.

Terei que principiar por lhes destruir os ouvidos para que aprendam a ouvir com os olhos? Terei que atroar à maneira de timbales ou de pregadores de Quaresma? Ou só acreditarão nos gagos?






















De qualquer coisa se sentem orgulhosos. Como se chama então, isso de que estão orgulhosos? Chama-se civilização: é o que se distingue dos cabreiros.

Isto, porém, não gostam eles de ouvir, porque os ofende a palavra `desdém´.

Falar-lhes-ei, portanto, ao orgulho.

Falar-lhes-ei do mais desprezível que existe, do último homem.

E Zaratustra falava assim ao povo:

`É tempo que o homem tenha um objectivo.

É tempo que o homem cultive o germe da sua mais elevada esperança.

O seu solo é ainda bastante rico, mas será pobre, e nele já não poderá medrar nenhuma árvore alta.

Ai! aproxima-se o tempo em que o homem já não lançará sobre o homem a seta do seu ardente desejo e em que as cordas do seu arco já não poderão vibrar.

Eu vo-lo digo: é preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante.

Eu vo-lo digo: tendes ainda um caos dentro de vós outros.

Ai! Aproxima-se o tempo em que o homem já não dará a luz às estrelas; aproxima-se o tempo do mais desprezível dos homens, do que já se não pode desprezar a si mesmo.

Olhai! Eu vos mostro o último homem.

Que vem a ser isso de amor, de criação, de ardente desejo, de estrela? pergunta o último homem, revirando os olhos.

A terra tornar-se-á então mais pequena, e sobre ela andará aos pulos o último homem, que tudo apouca. A sua raça é indestrutível como a da pulga; o último homem é o que vive mais tempo.

`Descobrimos a felicidade´  dizem os últimos homens, e piscam os olhos.

Abandonaram as comarcas onde a vida era rigorosa, porque uma pessoa necessita calor. Ainda se quer ao vizinho e se roçam pelo outro, porque uma pessoa necessita calor.

Enfraquecer e desconfiar parece-lhes pecaminoso; anda-se com cautela. Insensato aquele que ainda tropeça com as pedras e com os homens!

Algum veneno uma vez por outra, é coisa que proporciona agradáveis sonhos. E muitos venenos no fim para morrer agradavelmente.

Trabalha-se ainda porque o trabalho é uma distração; mas faz-se de modo que a distração não debilite.

Já uma pessoa se não torna nem pobre nem rica; são duas coisas demasiado difíceis. Quem quererá ainda governar? Quem quererá ainda obedecer? São duas coisas demasiado custosas.

Nenhum pastor, e só um rebanho! Todos querem o mesmo, todos são iguais: o que pensa de outro modo vai por seu pé para o manicómio.

`Noutro tempo toda a gente era doida´  dizem os perspicazes, e reviram os olhos.

É-se prudente, e está-se a par do que acontece: desta maneira pode-se zombar sem cessar. Questiona-se ainda, mas logo se fazem as pazes; o contrário altera a digestão.

Não falta um pouco de prazer para o dia e um pouco de prazer para a noite; mas respeita-se a saúde.

`Descobrimos a felicidade´  dizem os últimos homens e reviram os olhos´.


Aqui acabou o primeiro discurso de Zaratustra, que também se chama preâmbulo porque neste ponto foi interrompido pelos gritos e pelo alvoroço da multidão. `Dá-nos esse último homem, Zaratustra exclamaram torna-nos semelhantes a esses últimos homens! perdoar-te-emos o Super-homem`.

E todo o povo era alegria. Zaratustra entristeceu e disse consigo:

`Não me compreendem; não. Não é da minha boca que estes ouvidos necessitam.






















Vivi demais nas montanhas, escutei demais os arroios e as árvores, e agora falo-lhes como um pastor.


A minha alma é sossegada e luminosa como o monte pela manhã; mas eles julgam que sou um frio e astuto chocarreiro.

Ei-los olhando-me e rindo-se, e enquanto se riem, continuam a odiar-me. Há gelo nos seus risos´."




Friedrich Nietzsche
"Assim falou Zaratustra"













t.



























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