Into rudimentary conception...
Into
rudimentary conception...
Vi que
para transformar as ideias de tempo e espaço nas de momento e lugar e estas
nas de duração e movimento, era preciso apenas uma coisa: pensá-las.
Com efeito,
pensando a ideia de espaço logo me ocorrerá a ideia de lugar, como logicamente
contida na ideia de espaço, e logo que penso a de lugar me acorrerá a de
movimento, logicamente contida na de lugar.
Compreendi
então que a criação do mundo é um acto de lógica. Dado que o Pensamento supremo
pensasse o tempo, logicamente pensaria logo o momento e logicamente, em
seguida, a duração.
- “Se o professor me dá licença, observarei que
há aí antropomorfismo. O
Professor faz o criador um pensamento à imagem e semelhança do seu pensamento.
- “O contrário, o contrário. Eu não sou
um pensamento senão porque Deus é um pensamento. Eu sou pensamento à imagem e
semelhança de Deus...
Se é Deus
que pensa em mim não sei; mas o que sei é que (..) Pois se não
fosse assim como teria eu por real a realidade; não se dá isso exactamente porque
a força criadora do mundo é a mesma do que a força que em mim é preceptora do
mundo criado?
A
diferença está em que o Criador pensa o todo como todo, naturalmente, e eu o
todo como parte; sou um modo de pensar parcial, diferente de qualquer outro.
O Criador
só é diferente na ideia de o ser de cada um. É o pensamento absoluto.
- “Há
ainda uma objecção que me lembrou ainda agora, por certas palavras que o
Professor disse mas de que, por não o querer interromper, me esqueci.
- “É fácil
explicar isso... não há contradição. Deus em si não é naturalmente um
pensamento - é um mistério...
Para nós
apresenta-se como um pensamento e pensamento é aquela coisa que tem essas leis
que o senhor apresenta. O pensamento tem as leis que Deus lhe deu - é
pensamento justamente por isso...
Nós - já
lhe expliquei - é que somos criados à imagem e semelhança exterior de Deus - pensamos
porque ele pensa, pensa em nós, naturalmente...
Faça desta
vez o que lhe ensinei a fazer da outra: volte o antropomorfismo ao contrário...
“Assim
como me foi concedido rasgar o mistério do tempo e do espaço, ser-me-á dado o
poder de poder usar esta sabedoria, do poder ser super-homem não só no
raciocínio mas também na idealização autêntica, na percepção do inaparente.
- O
mistério primeiro e essencial não o posso, mas também não o preciso saber para
isto, para o que tenciono querer...
E quem me
diz que esta ciência certa das coisas, me não vem de uma obscura já percepção delas,
do espírito estar já a caminho da percepção do passado, vindo-me duma experiência
ainda inconsciente a minha consciente teoria?
Não será
por já começar a viajar (...) no tempo que já começo a saber o que é?
Há-de ser
isto, há-de ser isto. Tudo – raciocínio - tudo deve vir dessa experiência (...).
Mas nisto, por desnecessário, não insisto...
É pelo
pensamento abstracto - não (...), como querem os místicos - que nos aproximamos
do Criador, porque nos aproximamos do tipo absoluto de inteligência... E o que
procura o pensamento abstracto senão exactamente o que o Criador mais de si
tem: as energias do ser e do mundo. Não é esta a força suprema?
É pela
ideia - não pelo sentimento (que naturalmente é uma forma qualquer de ideia -
deixo-lhe isso a raciocinar) - que nós estamos mais perto de Deus.
A ideia, o
pensamento é o que em nós há de mais absoluto, de mais tendente a absoluto...
Conceber
fortemente uma coisa é criá-la...
Deus,
fazendo-se objecto de si mesmo, pensa-se, e pensando-se nasceram as ideias de
tempo e espaço. Daí, logicamente as de número...
Pensa-se
como Sujeito e Objecto: daí tempo e espaço; como não-eu: daí o número, sendo
Deus o fora do número; e como pensante: daí o movimento e a duração (..).
O nosso
pensamento segue as leis que são as da criação: recorda-se realmente.
(...)
Deus,
consciência (única, suprema) tem (não no tempo) consciência de si; tem
consciência de si como Sujeito e Objecto e ao mesmo tempo sujeito.
(...)
O pensamento,
no mortal, é uma rudimentar concepção do mundo.
Deus
pensa-nos e por nós e em nós.
Não pensa
senão por nós, em nós e nós - nós sendo o universo inteiro.
O
argumento racional prova a indivisibilidade real da matéria; o argumento tirado
da experiência igualmente o prova.
- Assim
todo o raciocínio está de acordo com a realidade.
Pero Botelho
“O
vencedor do tempo - Serzedas”
All the
world's a stage,
And all the men and women merely players;
They have their exits and their entrances,
And one man in his time plays many parts,
His acts being seven ages. At first, the infant,
Mewling and puking in the nurse's arms.
Then the whining schoolboy, with his satchel
And shining morning face, creeping like snail
Unwillingly to school. And then the lover,
Sighing like furnace, with a woeful ballad
Made to his mistress' eyebrow. Then a soldier,
Full of strange oaths and bearded like the pard,
Jealous in honor, sudden and quick in quarrel,
Seeking the bubble reputation
Even in the cannon's mouth. And then the justice,
In fair round belly with good capon lined,
With eyes severe and beard of formal cut,
Full of wise saws and modern instances;
And so he plays his part. The sixth age shifts
Into the lean and slippered pantaloon,
With spectacles on nose and pouch on side;
His youthful hose, well saved, a world too wide
For his shrunk shank, and his big manly voice,
Turning again toward childish treble, pipes
And whistles in his sound. Last scene of all,
That ends this strange eventful history,
Is second childishness and mere oblivion,
Sans teeth, sans eyes, sans taste, sans everything.
And all the men and women merely players;
They have their exits and their entrances,
And one man in his time plays many parts,
His acts being seven ages. At first, the infant,
Mewling and puking in the nurse's arms.
Then the whining schoolboy, with his satchel
And shining morning face, creeping like snail
Unwillingly to school. And then the lover,
Sighing like furnace, with a woeful ballad
Made to his mistress' eyebrow. Then a soldier,
Full of strange oaths and bearded like the pard,
Jealous in honor, sudden and quick in quarrel,
Seeking the bubble reputation
Even in the cannon's mouth. And then the justice,
In fair round belly with good capon lined,
With eyes severe and beard of formal cut,
Full of wise saws and modern instances;
And so he plays his part. The sixth age shifts
Into the lean and slippered pantaloon,
With spectacles on nose and pouch on side;
His youthful hose, well saved, a world too wide
For his shrunk shank, and his big manly voice,
Turning again toward childish treble, pipes
And whistles in his sound. Last scene of all,
That ends this strange eventful history,
Is second childishness and mere oblivion,
Sans teeth, sans eyes, sans taste, sans everything.
William Shakespeare
“All the
world's a stage”