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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Minstrel...

















Minstrel...


















Minstrel...
















Rufa ao longe um tambor. Dir-se-ia ser o arranco
Dum mundo que desaba; aí vai tudo em tropel!
Vão ver passar na rua um velho saltimbanco
E uma fera que dança atada a um cordel.


Ó funâmbulos vis, comediantes rotos,
O vosso riso alvar agrada à multidão!
E quando vós passais o arcanjo dos esgotos
Atira-vos a flor que mais encontra à mão!


Lá vai tudo a correr: são as grotescas danças
Duns velhos animais que já foram cruéis
E agora vão sofrendo os risos das crianças
E os apupos da turba a troco de dez réis.


Conta um velho histrião, descabelado e pálido,
Da fera sanguinária o instinto vil e mau,
E vai chicoteando um urso meio inválido
Que lambe as mãos ao povo e faz jogo de pau.


Depois inclina a face e obriga a que lha beije
A fera legendária olhada com pavor:
E uma deusa gentil, vestida de barege,
Anuncia o prodígio a rufo de tambor!


E as mães erguem ao colo uns filhos enfezados
Que nunca tinham visto a luz dos ouropéis:
E acresce à multidão a turba dos soldados,
— ao hilota da cidade o escravo dos quartéis.


E o funâmbulo grita; impõe qual evangelho
À turba extasiada a grande narração.
E sobre um cão enfermo um orangotango velho
Passeia nobremente os gestos de truão.


Correi de toda a parte, aligeirai o passo,
Deixai a grande lida e vinde à rua ver
As prendas duma fera, as galas dum palhaço,
E um arcanjo que sua e pede de beber!


A tua imagem tens, ó povo legendário
No cómico festim que mal podes pagar,
Pois tu ainda és no mundo o velho dromedário
Que a vara do histrião nas praças faz dançar.










Guilherme de Azevedo
“A velha farsa” In “A alma nova”













































































Men of to‑day and yester's nought,
Before you were the things we see
Who gave a guess or gave a thought
That such as you to‑day should be?
Ah, passers by the common way,
Who thought of ye before to‑day?


Men of to‑day, to‑morrow's dust,
When years have past where shall ye go?
What vulgar daub or hurried lust [...]
Shall chronicle your joy and woe?
Waves on the crest of life's swift sea,
After to‑day who'll think of ye?


Genius alone can rouse the fire
That in your glorious nature lies;
Genius alone can strike the Iyre
And raise your name to mortal skies;
Genius of death can tear the pall
And yester's nought may be an all.


But virtue, fool, like human tears,
By sand of earth too surely drunk,
Sinks in the dust of passing years,
Nor knowest thou where has it sunk.
Let genius then the laurel wear;
To‑morrow's dust may live for e'er.






Alexander Search
“Men of to-day”




































































































Tito Colaço



XII _ I _ MMXV

































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